RADIOATIVIDADE PARA O ALMOÇO

Panorama Ambiental
São Paulo(SP) – Brasil
Abril de 2011

Ativistas do Greenpeace oferecem peixes de Fukushima e batatas de Chernobyl na porta de almoço promovido pela Eletronuclear para promover energia atômica a empresários.

O cardápio do almoço oferecido hoje pelo ex-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, presidente da Eletronuclear, a executivos no Rio de Janeiro ganhou um tempero indigesto: radioatividade. Na porta do encontro, promovido pelo ex-almirante no intuito de ressaltar os supostos benefícios do programa nuclear brasileiro, ativistas do Greenpeace serviram peixes e batatas, simbolizando a contaminação das águas de Fukushima e dos solos de Chernobyl, regiões afetadas por graves acidentes atômicos.

Quem chegava para o almoço na sede do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF), no centro da cidade, por volta do meio-dia, era recebido na porta por um manifestante vestido de cozinheiro, oferecendo em uma bandeja os ícones da contaminação alimentar. Dois cartazes advertiam ainda que consumir alimentos atômicos causa diarreia e impotência. Houve constrangimentos entre os convidados. O ex-almirante não apareceu na porta para degustar o menu. No convite para o evento, cuja tema era “a razão de se explorar energia nuclear”, a Eletronuclear classificava o desastre japonês de “incidente”.

“Em um momento dramático para o mundo, em que o aniversário de 25 anos do acidente nuclear de Chernobyl, atual Ucrânia, divide a atenção com outro sério desastre, de igual proporção, em Fukushima, no Japão, o presidente da Eletronuclear promove encontro para fazer lobby com empresários em favor de uma energia perigosa para o Brasil”, diz Pedro Torres, da Campanha de Clima e Energia. “Esta atitude é arrogante, insensível e completamente descabida”, classifica Torres.

Na véspera do aniversário de Chernobyl, dia 25 de abril, segunda-feira, o Greenpeace reuniu seus ativistas no Rio de Janeiro e simulou um acidente nuclear com um gás laranja não tóxico em frente à sede do BNDES, com um pedido ao banco para que interrompa o apoio econômico que dá para a construção da usina de Angra 3. A Alemanha, parceria do projeto, anunciou revisão de sua cota de contribuição ao projeto.

“O Brasil tem potencial de sobra para abastecer sua demanda de energia e crescer economicamente com energias renováveis como eólica, solar e biomassa, dispensando o uso de nuclear”, afirma Pedro Torres. “Ainda assim, na contramão da postura de diversos países, que após o recente desastre japonês começaram a reavaliar seus projetos nucleares, o governo brasileiro se mantém calado frente a este debate”, conclui Torres.

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O Greenpeace enviou carta ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pedindo que a instituição suspenda o financiamento de R$ 6 bilhões para a construção da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro.

O dinheiro, que pertence a todos os brasileiros, está empenhado no término de uma obra que traz riscos à população. O governo alemão, fiador do projeto, já suspendeu o empréstimo de R$ 3 bilhões que faria ao empreendimento – uma ação coerente com sua decisão de repensar a escolha por energia nuclear após o grave acidente ocorrido em Fukushima, no Japão – até que a segurança de Angra 3 seja atestada. Os alemães vão aguardar sentados.

O acordo firmado entre Brasil e Alemanha para os projetos nucleares em Angra data de 1975 e os quesitos de segurança e o tipo de tecnologia para as usinas, da década de 1980. O programa nuclear brasileiro parou no tempo. Se avançou em algum ponto foi apenas no descaso com a segurança.

A Eletronuclear admite que o lixo atômico produzido em duas décadas de operação nuclear em Angra dos Reis até hoje não tem um descarte seguro. A usina de Angra 2 funciona sem a autorização definitiva da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e com um plano de evacuação falho, em uma área sensível a eventos extremos, como deslizamentos de terra. A licenciamento ambiental de Angra 3 está cheio de furos e irregularidades.

“O BNDES, como gestor do dinheiro dos brasileiros, deveria fazer a opção inteligente por investir em fontes renováveis de energia, em vez de financiar um poço de insegurança como Angra 3”, afirma Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energia do Greenpeace. “Beira o crime manter planos de investimento na energia nuclear em solo brasileiro enquanto todo o mundo repensa tal escolha.”

Há um mês, um terremoto de 9 pontos na escala Richter, seguido de um tsunami, matou quase 13 mil pessoas, deixou outras 14 mil desaparecidas até agora e provocou o pior acidente nuclear visto pelo Japão. Três explosões em usinas nucleares na cidade de Fukushima levaram ao vazamento de radiação. Solo, água e ar foram contaminados e cerca de 1 milhão de pessoas estão sob ameaça.

Hoje, o governo japonês aumentou a área de evacuação de 20 para 30 quilômetros de raio, após o Greenpeace apresentar resultados de uma análise da radioatividade encontrada na região próxima das usinas.


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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