VIGIAR E PROTEGER

Panorama Ambiental
São Paulol(SP) – Brasil
Abril de 2011

Passado um mês do terremoto seguido de tsunami que atingiu o Japão e deflagrou uma das maiores crises nucleares mundais, o governo japonês respondeu ao pedido do Greenpeace pelo aumento do raio de evacuação das zonas próximas à usina.

Seguido à coletiva de imprensa realizada em Tóquio, onde a ONG apresentou os resultados do monitoramento independente de radiação realizado na área por duas semanas, e que concluiu haver níveis muito acima do recomendado fora da zona considerada crítica pelo Japão, o governo aumentou o raio de evacuação de 20km para 30km e se comprometou a isolar em um mês as cidades de Namie, Iitate e partes de Minamisoma.

Porta-vozes da ONG felicitaram a atitude japonesa, mas lembraram que ainda é pouco frente ao desafio de proteger a população do pior acidente nuclear desde o desastre em Chernobyl, há 25 anos. “Um mês se passou e ainda o povo japonês está mal informado sobre os riscos, come alimentos contaminados e continua morando em locais onde o ar está tóxico”, afirma Rianne Teule, especialista em radiação do Greenpeace que chefia um dos times de monitoramento.

Segundo Teule, toda a grande Fukushima deveria ser elevada à zona de proteção oficial, o que aumenta os padrões de proteção. A equipe alerta ainda para a existência de contaminação em pontos críticos, ou acima de 4 microSievert por hora, ignorados pelo governo e pede pela retirada imediata de mulheres grávidas e crianças das proximidades das cidades de Fukushima e Koriyama.

“A declaração de zona de proteção oficial obriga o governo a fazer testes mais criteriosos e realizar trabalhos de descontaminação, o que garantiria segurança a mais de 1 milhão de pessoas que vivem na área e estão fora do perímetro de proteção”, explica Teule.

A análise dos dados coletados nas visitas do Greenpeace revelou que a população em Fukushima poderá ser exposta a doses de radiação maiores que 5 miliSievert por ano, o limite estabelecido em 1986 para o isolamento completo das proximidades da cidade ucraniana de Chernobyl.

A equipe encontrou doses que variam entre 2,8 e 4 microSievert por hora, o que significa que quem esteve em contato com este ar receberá em algumas semanas a dose anual de radiação considerada segura. Também nas cidades de Fukushima, Koriyama e Minamisoma foram detectados níveis altos em vegetais tanto de hortas caseiras quanto do supermercado.

“Uma das amostras encontradas estava tão radioativa que poderia ser classificada como lixo atômico”, conta Teule. “A contaminação do solo está alta, com indicações de que seja por césio-137, o mais perigoso e duradouro dos elementos. Isso significa que extensas áreas fora do perímetro de segurança de 30km podem ser inutilizadas para agricultura.”

O Greenpeace tem duas equipes de monitoramento trabalhando no momento no Japão, a primeira focada em controlar os níveis de radiação no ar e a segunda, em checar contaminação de alimentos. Eles já estiveram nas regiões de Fukushima, Iitate, Namie, Koriyama e Minamisoma, além de vilarejos no caminho.

“O trabalho tem sido motivador, pois sabemos do papel essencial que o Greenpeace tem em fornecer análises independentes e seguras do problema para a população e para o mundo. Por outro lado, estar na região e ver a população desinformada sobre o perigo que corre nos deixa muito nervosos”, resume Rianne Teule.

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Gado ilegal na mira do Ministério Público

O Ministério Público Federal no Acre (MPF/AC), Ministério Público Federal do Trabalho (MPT), e o Ministério Público Estadual do Acre (MP/AC) entraram, nesta quarta-feira, com ação civil pública contra 14 frigoríficos – entre eles a JBS – e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), pedindo o fim do comércio ilegal de carne na região. Segundo o MPF, a JBS, maior exportadora de produtos bovinos do mundo, foi indiciada por comprar gado tanto de fazendas embargadas por desmatamento ilegal quanto de propriedades cujos donos respondem a processos por trabalho escravo.

O valor total das multas e indenizações por danos ambientais superam a casa dos R$ 2 bilhões.

A ação segue uma sequência de iniciativas do Ministério Público de firmar Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) para limpar a cadeia de produção de gado na Amazônia. As primeiras denúncias relacionadas ao setor vieram à tona há mais de um ano, e já enquadraram empresas e fazendeiros nos estados do Mato Grosso e Pará. Há mais de um ano, também, o MPF no Acre tentava firmar um TAC com os frigoríficos. Durante este período, o texto foi modificado seis vezes, a pedido dos próprios frigoríficos. O prazo para assinatura venceu há 15 dias.

“Esse novo episódio indica claramente que os esforços dos frigoríficos para livrar sua produção de envolvimento com desmatamento e de trabalho escravo ainda não passam de promessas e declaração de boas intenções”, diz Paulo Adario, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace. “Cabe aos frigoríficos acusados se explicar pública e imediatamente sobre essas novas e graves acusações. Quanto aos clientes desses frigoríficos, nosso alerta do ano passado continua mais do que nunca válido: enquanto não forem capazes de assegurar a origem dos produtos que comercializam, comprar ou vender carne e couro provenientes da Amazônia é uma atividade de risco.”

Em outubro de 2009, os três maiores frigoríficos que operam na Amazônia – entre eles a JBS – assinaram um compromisso público prometendo excluir da sua lista de fornecedores fazendas que cometessem novos desmatamentos, envolvidas com trabalho escravo e com a criação de gado dentro de áreas embargadas ou protegidas. A adesão das empresas ao fim do desmatamento veio na esteira do relatório "A Farra do Boi na Amazônia", lançado pelo Greenpeace em junho de 2009. O documento mostra como a pecuária se tornou o principal agente de derrubadas da floresta no Norte do país, e mobilizou grandes compradores nacionais e internacionais de produtos bovinos brasileiros, que passaram a exigir uma produção que não estivesse manchada pelo desmatamento.

Para o coordenador da campanha de agropecuária do Greenpeace, Márcio Astrini, os frigoríficos que operam com carne e derivados bovinos devem mostrar a seus clientes e a opinião pública o que suas empresas fizeram até o momento para cumprir os compromissos assumidos. “Isso deve ser feito por meio de auditorias sérias, independentes e transparentes”, diz Astrini. “Caso contrário, não há garantias de que qualquer cliente que compre desses frigoríficos não esteja adquirindo também desmatamento, trabalho escravo e outras ilegalidades”.

Segundo o Greenpeace, relutância dos frigoríficos em assinar o TAC proposto há mais de um ano pelo MPF está também relacionada à crença de empresas e produtores de que os crimes ambientais na Amazônia serão anistiados por decisão do Congresso.

¨As promessas irresponsáveis de lideranças do agronegócio e políticos da bancada ruralista estão fazendo com que o produtor adie a regularização ambiental de suas propriedades. A indústria não pode compactuar com essa situação. Seus empresários sabem que isso joga contra a imagem da indústria no Brasil e no exterior”, observa Astrini.


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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