MUNICÍPIOS DO LITORAL NORTE PAULISTA SOFREM COM INVASÕES EM ÁREAS DE MATA ATLÂNTICA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2011

16/07/2011 - Daniel Mello
São Paulo – A perspectiva de uma vida a beira mar e a possibilidade de uma qualidade de vida melhor do que em outras regiões tornam atraentes as cidades do litoral norte de São Paulo. Essa qualidade também é causa das invasões e desmatamentos em uma região fundamental para a conservação da Mata Atlântica.

“É uma região extremamente importante do ponto de vista da conservação da biodiversidade e também, ao mesmo tempo, é uma das mais ameaçadas. Todo mundo gosta de praia, do litoral e todo mundo quer viver próximo”, disse Márcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento da organização não governamental (ONG) SOS Mata Atlântica.

Em São Sebastião, um levantamento feito por associações de bairro constatou 100 invasões e construções irregulares erguidas em um período de um ano e meio.

Na vizinha Caraguatatuba, a prefeitura está ampliando o número de fiscais para prevenir as ocupações irregulares. “O litoral norte e, principalmente, Caraguatatuba, está nessa fase de novos empreendimentos, com a vinda da Petrobras para região. E isto acaba atraindo uma perspectiva de trabalho muito grande, principalmente das pessoas que vêm do norte de Minas [Gerais] e do Nordeste”, declarou o secretário adjunto de Meio Ambiente, Paulo André Cunha.

Segundo Cunha, existem no município 45 ocupações irregulares no entorno do Parque Estadual da Serra do Mar. Dessas, 29 estão em áreas de risco e a remoção das famílias, prioridade para a prefeitura, deverá ocorrer até dezembro.

O secretário de Cidadania e Desenvolvimento Social de Ubatuba, Claudinei Salgado, disse que a cidade tem 22 áreas de ocupação irregular, onde vivem cerca de 2 mil pessoas. Essas regiões foram “congeladas”, colocadas sob vigilância para evitar a expansão das invasões.

Márcia Hirota atribui as invasões a uma falta de planejamento para o crescimento dos municípios. “Esses municípios precisam desenvolver um plano de expansão das cidades, justamente para evitar essas ocupações irregulares”.

É fundamental, segunda a diretora da SOS Mata Atlântica, que sejam definidas as regiões onde serão construídos os empreendimentos que atenderão às novas demandas por habitação. “O que nós não podemos permitir que aconteça é desmatar áreas nativas para essa expansão, como ocorre em algumas regiões”, declarou.

O monitoramento das prefeituras também é indispensável na contenção das ocupações irregulares, de acordo com Márcia Hirota. Explicou que como os desmatamentos são pequenos, menores que 3 hectares, até a vigilância via satélite é difícil. “Se não for imagem de alta resolução, é impossível ver no levantamento que a gente faz”, diz referindo-se ao trabalho de acompanhamento dos remanescentes de Mata Atlântica realizado pela ONG.

A cooperação com a população foi a maneira que a prefeitura de Ubatuba encontrou para contornar a falta de recursos. Segundo Claudinei Salgado, a administração municipal tenta conscientizar os atendidos pelos programas de habitação para que denunciem a ocorrência de novas invasões. “Eles mesmos fiscalizam, se alguém for fazer alguma construção, eles mesmo denunciam para a prefeitura”, disse o secretário de Desenvolvimento Social.

A ampliação dos programas habitacionais e a contratação de mais fiscais são as estratégias adotadas pela prefeitura de Caraguatatuba. “Estamos investindo na construção de unidades populares. Fazendo várias parcerias com CDHU [Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo] para que a gente possa ter unidades habitacionais com um capacidade de aquisição para a população de baixa renda local”, disse Paulo André Cunha.

Apesar do esforço, ele admite que a cidade ainda tem dificuldades em reprimir as ocupações em regiões de mata nativa. “Todas as medidas que você acaba tomando não são suficientes para conter a demanda do problema”.

O tamanho dos municípios é uma das grandes dificuldades, segundo o secretário de Meio Ambiente de São Sebastião, Eduardo Hipólito. Além disso, ele aponta como problema a atuação de moradores da região, que comercializam ilegalmente lotes em pontos de difícil acesso. “Eles conhecem bem o território, vendem com mais facilidade para as pessoas que não têm um conhecimento sobre toda a papelada necessária”.

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Mais de 100 ocupações irregulares em área de mata nativa são identificadas no litoral norte de SP em 18 meses

16/07/2011 - Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A Federação Pró Costa Atlântica - formada por 18 associações de bairro de São Sebastião - constatou, ao longo de 18 meses de monitoramento, a ocorrência de 100 invasões em uma faixa de 60 quilômetros de vegetação nativa em de áreas de Mata Atlântica, no litoral norte de São Paulo. São casas isoladas, ou pequenos grupos de habitações que, segundo o presidente da federação, Sérgio Pereira de Souza, estão se multiplicando rapidamente. “Dia a dia estão aumentando o número de casas e construções”, disse.

As invasões, com derrubada de áreas de Mata Atlântica, são identificadas em sobrevoos de paraglider, um tipo de paraquedas motorizado. “De15 em 15 dias nós passamos no mesmo local”, declarou Souza. Segundo ele, na maioria dos casos, nada foi feito para remover as construções ilegais e, em alguns casos, foram iniciadas novas obras. “O monitoramento aéreo comprova que não houve medida efetiva naqueles locais”.

Além da destruição da vegetação nativa, Souza destaca que parte das casas foi erguida em áreas de risco, como encostas e margens de rios. “Quando acontecem grandes inundações as pessoas que são ribeirinhas perdem tudo e o Poder Público tem que socorrer”, disse.

A preocupação é compartilhada pelo secretário de Meio Ambiente de São Sebastião, Eduardo Hipólito. “Além da ocupação propriamente dita, da retirada de cobertura vegetal, você tem a perda da flora e da fauna. Você tem também muitos casos de contaminação do solo. As pessoas que ocupam essas áreas se utilizam das águas dos rios e das cachoeiras para fazer o lançamento dos seus esgotos”, declarou.

Apesar de reconhecer a gravidade do problema, Hipólito admite que a prefeitura não tem os recursos necessários para combater a situação de maneira efetiva. Ele reconhece que a Federação Pro Costa Atlântica tem denunciado as invasões sistematicamente, mas a faltam funcionários e equipamentos para que sejam adotadas providências. “Você tem a denúncia mais não tem como atender, porque não tem veículos ou meios para chegar até o local”.

De acordo com o secretário, a prefeitura de São Sebastião tem tentado compensar os carências com a sinergia de esforços dentro da administração municipal e parcerias com a sociedade civil e o governo estadual. Hipólito disse que a prefeitura tem sido auxiliada pela fiscalização do Parque Estadual da Serra do Mar e, além disso, busca fazer com que todas os órgãos municipais auxiliem na contenção das invasões.


 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras

 
 
 
 

 

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