AGRICULTURA PODE AVANÇAR EM 128 MI DE
HECTARES SEM DERRUBAR FLORESTA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2011

15 Agosto 2011 - As atividades agropecuárias no Brasil podem crescer significativamente, contribuindo para satisfazer a crescente demanda por alimentos no planeta, sem praticar novos desmatamentos. A informação está presente no estudo Conciliando Produção Agrícola com Conservação e Restauração de Florestas, apresentado pelo professor Britaldo Soares Filho, do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais.

De acordo com o levantamento apresentado, existem 128 milhões de hectares que poderiam ser utilizados para a expansão da atividade agropecuária. Deste total, 90 milhões estariam no Cerrado e na Mata Atlântica. “O principal debate gira em torno de flexibilizar ou viabilizar o Código Florestal. Acho que devemos viabilizar”, destacou, afirmando que a legislação ambiental brasileira é uma peça “à frente de seu tempo”.

Britaldo Soares Filho lembra que o Brasil conseguiu, nos últimos anos, se tornar o terceiro maior exportador de commodities agrícolas do planeta, obtendo simultaneamente significativas reduções nas taxas de desmatamento na Amazônia. Diante desse quadro, concluiu que seria viável a agricultura brasileira seguir dando substanciais contribuições para alimentar a crescente população mundial, sem colocar em risco os recursos naturais e a biodiversidade.

O professor da UFMG elencou algumas políticas que contribuiriam para a recuperação de áreas degradadas, bem como para elevar a produtividade do agronegócio brasileiro, mas que demandariam mecanismos de financiamento mais consistentes que os atuais. Entre elas estariam projetos de sequestro de carbono, sistemas internacionais de redução de CO2, enriquecimento de espécies madeireiras em áreas de reserva legal, mercado de compensação de terras florestadas e intensificação da agropecuária.

“Nossa pecuária apresenta uma média em torno de 1,1 cabeça de gado por hectare, que poderia tranquilamente ser elevada para 1,5. Tanto que os Estados Unidos, com um rebanho de 80 milhões de cabeças, produzem mais carne que o Brasil, que tem 180 milhões de cabeças de gado”, exemplificou Britaldo Soares Filho.

De acordo com Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, superintendente de Conservação do WWF-Brasil, além do mercado de carbono, existem outras alternativas que contribuiriam para viabilizar o cumprimento do Código Florestal. Como exemplo, ele citou projetos que remuneram proprietários por recursos hídricos e apoio a indústrias verdes, como foi feito na Coreia do Sul.

Scaramuzza também lembrou que é necessário adotar soluções com embasamento científico, muitas delas já disponíveis no país a partir de estudos coordenados por instituições da mais alta credibilidade. “Temos uma condição muito interessante de apoiar o processo político de tomada de decisões sobre o Código Florestal, mas infelizmente isso não está acontecendo nesse debate. O aparato de Ciência & Tecnologia não tem sido utilizado para propor as mudanças.”, avaliou o superintendente de Conservação do WWF-Brasil.

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Código florestal ruralista elimina reservas legais

15 Agosto 2011 - Em meio ao emaranhado jurídico do projeto de lei em tramitação no Congresso como reforma do Código Florestal Brasileiro, o especialista em Direito ambiental e ex-consultor jurídico do Ministério do Meio Ambiente, Gustavo Trindade, elencou um conjunto de pontos que simplesmente dá fim às reservas legais, a porção de florestas que toda propriedade rural deveria manter, e abre áreas de preservação permanente a usos econômicos.

Segundo ele, se o texto aprovado em maio na Câmara dos Deputados e que agora será apreciado no Senado for transformado em lei, produtores rurais que eliminaram toda a vegetação nativa de suas terras ficarão isentos de recuperar esses estragos. Ou seja, quem tem zero de reservas legais assim poderá ficar, e ainda avançar com agropecuária sobre as áreas de preservação permanente e receber anistia por crimes ambientais. “O projeto de lei foi feito para quem descumpriu a lei”, ressaltou hoje (15/8) durante Seminário para Jornalistas sobre o Código Florestal, realizado na Universidade de Brasília.

Conforme Trindade, esse pacote de regalias é formado por um conjunto de “pegadinhas” distribuídas ao longo do texto forjado por ruralistas e capitaneado na Câmara pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP).

Em propriedades onde não há mais vegetação fora das áreas de preservação permanente, imóveis com até quatro módulos fiscais ficam dispensados de reserva legal e, nos demais, somando-se dispositivos como zoneamento ecológico-econômico, possibilidade de se somarem reservas legais e áreas de preservação permanente, de recuperação de reservas legais com espécies exóticas e da regularização dos desmatamentos até julho de 2008, chega-se à eliminação das reservas legais.

Para o advogado, tal possibilidade merece ser rechaçada pelos senadores, pois desvirtua a essência do Código Florestal e trará prejuízos socioambientais em benefício de um setor isolado da economia.

“Desde 1934 o Código Florestal já via uma função protetora nas florestas e já impunha uma reserva legal de 25% das propriedades. E foi após as enchentes de 1989, que devastaram o Vale do Itajaí (SC), que foram consolidados o Código Florestal em áreas urbanas e aumentados as faixas de preservação permanente nas beiras cursos d´água”, disse.

Todavia, a pressão contrária à fiscalização ou controles mais rígidos sobre o uso da terra se intensificou com a aprovação da Lei de Crimes Ambientais, em 1998, e com um decreto de 2008 que impõe multas de até R$ 100 mil para aqueles que não averbarem suas reservas legais. Tal decreto teve sua entrada em vigor estendida para dezembro deste ano.

O quadro abaixo é um comparativo entre o atual Código Florestal e os efeitos da proposta em tramitação no Congresso em quem cumpriu a lei e em quem desmatou ilegalmente.


 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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