SENADO, DESLIGA A MOTOSSERRA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Setembro de 2011

O projeto de lei que desfigura o Código Florestal agora é apreciado pelos senadores. O Greenpeace vai para oito cidades chamar a população para engrossar o coro contra o texto.
Maioria na Câmara dos Deputados, a bancada ruralista aprovou em maio, mesmo sem apoio da sociedade, o projeto que desfigura o Código Florestal. Agora o texto passa pelo Senado e o Greenpeace vai para oito capitais brasileiras para chamar a população a conhecer mais o assunto e mandar seu recado para os políticos desligarem a motosserra.

Ao longo de um mês, os voluntários do Greenpeace vão passar por Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio, Salvador e São Paulo. Durante a estada nessas capitais, os voluntários da ONG participarão de palestras, entregarão folhetos explicativos e convidarão a todos a serem ativistas por um dia, tirando sua fotografia e enviando para a página do Greenpeace no Facebook.

Se o projeto de lei que altera o Código Florestal for aprovado do jeito que está hoje, o Congresso enterrará a possibilidade de o Brasil ser a primeira potência econômica e ambiental do mundo. “As mudanças propostas no Código Florestal vão contra os alertas das maiores instituições científicas do país: se for aprovado assim, quem sai perdendo é o próprio Brasil”, afirma Tatiana de Carvalho, da campanha Amazônia do Greenpeace. “Ao abrir espaço para mais devastação do território nacional, o Congresso cava caminho para mais tragédias que vão afetar a vida de todos nós, como enchentes, deslizamentos e secas.”

Uma pesquisa da Datafolha desse ano mostrou que pelo menos 79% dos brasileiros são contra a anistia a quem desmatou ilegalmente. É justamente esse um dos pilares da proposta em trâmite. O resultado dessas promessas já tiveram resultado prático no campo: depois de dois anos de queda acentuada, a taxa de desmatamento na Amazônia voltou a subir. O governo de Mato Grosso inclusive admite que a causa é a expectativa de perdão gerada pelo texto em discussão.

É um movimento ilegal e especulatório. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) já mostraram, em estudo, que o país tem 61 milhões de hectares de terras que também poderiam ser usados para a produção de alimentos. Além disso, representantes da agricultura familiar – segundo o IBGE, os pequenos produtores são responsáveis por 75% dos alimentos que vão para a mesa dos brasileiros – também se colocaram publicamente contra o projeto de lei, argumentando que ele só beneficia o agronegócio.

“Os parlamentares são irresponsáveis ao aprovar um projeto que é criticado por tantos e distintos atores. Está muito claro que, caso o texto vire lei, inclusive a agricultura brasileira perde, pois ela depende da floresta, do solo saudável e da água para continuar forte”, diz Tatiana. “Além disso, a Rio +20 está batendo à porta e, se a presidente Dilma não frear esse trator, ela terá de explicar ao mundo como deixou passar uma legislação que joga para o alto os compromissos brasileiros de reduzir suas emissões de gases-estufa.”

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O nosso 11 de setembro de 2001

Naquele fatídico dia para o mundo, o Greenpeace estava embrenhado na Amazônia, com o povo indígena Deni. Começou ali a demarcação de sua terra, por conta própria.

No mapa: equipe do Greenpeace capacita o povo Deni a fazer a demarcação de sua terra. Foto: © Greenpeace/Flavio Cannalonga
O rio Xeruã, no sudoeste do Amazonas, acordou esta semana com boas novas. Em cerimônia, o povo indígena Deni celebrou a conclusão do plano de gestão de sua terra. Em se tratando dos Deni, isso não é pouca coisa. Depois de esperar mais de 15 anos pelo reconhecimento do seu território, faz exatamente uma década que a comunidade empunhou bússolas e GPS para demarcar, por conta própria, a área que lhes pertencia. O Greenpeace estava lá.

“Naquele 11 de setembro, às 10 da manhã, enquanto as torres gêmeas do World Trade Center desabavam em Nova York, o navio Sunrise, do Greenpeace, estava em Manaus para anunciar à imprensa que nós iríamos ajudar os Deni a demarcar 1,6 milhão de hectare de floresta, reivindicado historicamente por eles como sua terra”, recorda o diretor da campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adario, que estava a bordo da embarcação. A 1.480 km de distância de barco da capital amazonense, um time de voluntários e de ativistas e vários patarahu (chefes) Deni esperavam a entrevista começar em torno de um sofisticado sistema de comunicação montado pelo Greenpeace.

Até então smi-isolados em suas aldeias, os Deni iriam falar pela primeira vez na vida via satélite com jornalistas, com ajuda nossos técnicos e de um tradutor.. A entrevista foi tecnicamente um sucesso. Mas a repercussão, nos dias seguintes, foi mínima: a atenção da mídia e da opinião pública estaria, por longo tempo, voltada para a tragédia de Nova York.

“O ataque às torres gêmeas, que causou tantas mortes, provocou um outro tipo de estrago a milhares de quilômetros de Nova York : transformou em quase sussuro a voz do povo Deni exatamente no mesmo momento em que eles decidiram gritar ao Brasil e ao mundo que estavam cansados de esperar que o governo demarcasse seu território e que haviam decidido fazer o serviço por eles mesmos. Os Deni foram vítimas indiretas de Bin Laden”, diz Adario.

Meses antes, chegava pelo rio Xeruã um time de voluntários do Greenpeace e de organizações indigenistas, como Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). A equipe contava com sociólogos, agrimensores, engenheiros e antropólogos, que capacitaram os indígenas a mexer com os instrumentos que fariam o traçado dos limites do território.

Nas semanas seguintes, os Deni mergulharam no trabalho de demarcação, enquanto o Greenpeace redobrava os esforços de comunicação entre o grupo que estava nas florestas do Xeruã e o mundo externo. “O governo finalmente reagiu, mas foi para ordenar que a gente parasse a demarcação. Nós não paramos, já que os Deni disseram que éramos seus convidados e que, tecnicamente, o Greenpeace não estava demarcando nada: o trabalho estava sendo feito pelos próprio indígenas”, conta Adario. A resposta dos Deni à ordem vinda de Brasília foi uma carta enviada à Fundação Nacional do Índio para dizer que a empreitada só teria fim quando o governo assumisse o trabalho.

A iniciativa veio depois que o Greenpeace descobriu, em investigação, que uma madeireira da Malásia, a WTK, extraía madeira ilegal da região. Quase 50% da área explorada pela empresa se sobrepunha à terra Deni. Após receberem o treinamento técnico necessário, os indígenas abriram quilômetros de trilhas nas fronteiras de seu território e colocaram placas ao longo delas avisando: “Entrada Proibida: Terra Deni”.

O protesto caiu na imprensa brasileira e internacional. Depois de muita negociação e resistência dos órgãos oficiais, os esforços foram recompensados: em outubro de 2001, o Ministério da Justiça reconheceu os direitos daquele povo sobre sua terra. Dois anos mais tarde, em maio de 2003, chegavam os técnicos para a demarcação oficial do território. Ela foi concluída em agosto de 2003, com a instalação de marcos e placas identificando a área com o selo do governo federal. Em 2004, o então presidente Lula deu a canetada final, homologando a terra indígena.Deni.

Desde então, a mineração e a exploração industrial de madeira estão proibidas por ali. São 1,53 milhão de hectares protegidos por lei, formando um corredor de 3,6 milhões de hectares se somado a outras terras indígenas na região. O anúncio dos Deni naquele 11 de setembro foi abafado pelo ataque às torres gêmeas nos Estados Unidos. Mas, como se vê, eles continuaram em frente.


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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