ALEGRIA RURALISTA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Novembro de 2011

Na pressa para a votação, até o fim deste mês, do Projeto de Lei que tenta acabar com a proteção das florestas, foi convocada uma reunião extraordinária da Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado, para a leitura do último relatório da matéria, feito por Jorge Viana (PT-AC). Segundo o próprio senador, as mudanças que fez “não tinham intenção de desautorizar o que veio da Câmara”. E por isso mesmo, os principais problemas permanecem no texto.

“As melhorias prometidas pelo relator foram insuficientes e não atingiram o principal do texto. Em geral, os mesmos erros graves cometidos pelos deputados foram mantidos, como a anistia, a impunidade a quem desmatou ilegalmente, e a redução de proteção às florestas. O relatório fez a alegria da bancada ruralista, mas com certeza eles ainda vão querer mais”, disse Marcio Astrini, da Campanha Amazônia do Greenpeace.

O texto apresentado hoje deixa claro que foi feito um grande acordo em torno da proposta ruralista, patrocinado pelo governo e no qual as florestas só têm a perder. A proposta do novo Código Florestal continua agradando apenas aos grandes proprietários de terra, que desmataram ilegalmente e querem desmatar ainda mais.

Os benefícios a quem desmatou ilegalmente vão de abatimentos, no Imposto de Renda, dos gastos com adequação à lei, até a permissão de que desmatadores se legalizem com plantação de 50% de espécies exóticas na Reserva Legal, num prazo de 20 anos. E isso ainda poderá contar como crédito de carbono.

O relatório também permite que compensações de Reserva Legal sejam feitas no mesmo bioma até fora dos estados, e mantém disposições de anistia que colocam num mesmo bolo quem desrespeitou e quem cumpriu a lei.

“O texto continua muito ruim e pelo q vimos hoje, daqui para frente, se algo mudar no senado, deve ser para pior. A presidente Dilma continua sem se pronunciar, acatando o progresso do texto e deixando que o trator ruralista siga sua rota de destruição. Na próxima fase, ela terá que manter sua palavra de veto, ou irá fechar com os ruralistas e quebrar suas promessas de campanha”, concluiu Astrini.

A proposta segue para votação na CMA na próxima quarta-feira e, em seguida, vai ao plenário do Senado. Com as mudanças no texto que veio dos deputados, o Projeto de Lei segue para uma nova votação na Câmara. Por último, vai à sanção da presidente Dilma Rousseff, que prometeu vetar uma lei que provocasse novos desmatamentos. Será?

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No colo do governo

Era para ser uma votação de emendas que modificariam o relatório do novo Código Florestal, aprovado ontem em duas comissões do Senado. Mas a sessão foi esvaziada pelos parlamentares. Mais uma vez, não houve qualquer manifestação ou esforço do governo para melhorar o texto, cujo teor a presidente Dilma Rousseff prometeu não aceitar durante sua campanha eleitoral.

Das 20 propostas de alteração apresentadas pelas comissões de Ciência e Tecnologia e de Agricultura, uma foi aprovada e duas, rejeitadas. As demais foram simplesmente retiradas da pauta de votação e jogadas para a próxima etapa, na Comissão de Meio Ambiente (CMA), sob a relatoria do senador Jorge Viana (PT-AC).

A justificativa dos senadores é de que havia um grande acordo sobre o que seria aprovado ou rejeitado hoje. “O acordo funcionou muito bem enquanto se tratava de rejeitar as emendas que fariam o texto ficar ‘menos ruim’. Porém, quando chegou a vez de aprovar mudanças no projeto que diminuiriam o ronco da motosserra, aí o acordo deixou de valer”, disse Marcio Astrini, da Campanha da Amazônia do Greenpeace.

Pontos mais polêmicos, como as emendas apresentadas pelo presidente da CMA, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), por exemplo, mesmo com parecer favorável do relator Luis Henrique (PMDB-SC), foram deixados para serem incorporados no próximo relatório. Elas propunham maior proteção às Áreas de Preservação Permanente (APPs) e que apenas fossem aceitos como imóveis de quatro módulos fiscais aqueles que assim os tivessem definidos até a data de 22 de julho de 2008. A idéia era barrar o fracionamento de terras pelos grandes proprietários.

Os senadores, portanto, continuaram com o mesmo argumento que utilizam desde que o projeto chegou ao Senado, de que ele será melhorado na comissão seguinte. De concreto mesmo, pôde ser visto apenas o texto ruralista avançando mais um quadrado nesse tabuleiro de peças marcadas. Isto é, o desmatamento e a anistia continuam mantidos com força total no Projeto de Lei do Código Florestal.

“O Rollemberg fez questão de dizer em público que seu voto contrário às emendas 53 e 58 do senador Valadares – Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), foi em sacrifício ao acordo feito entre os senadores, pois ele concordava com as emendas. Porém, logo em seguida, quando era para aprovar as propostas que melhorariam alguma coisa no texto, esse mesmo acordo foi descumprido. Parece que hoje ficou bem claro como funcionam os acordos com ruralistas”, afirmou Astrini.

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A caminho do fim

O saldo da reunião de hoje na Comissão de Meio Ambiente do Senado foi resumido pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ): foi feita uma negociata na “calada da noite” entre setores do governo e a bancada ruralista, para passar goela abaixo o texto que condena as florestas brasileiras. O resultado desse acordo foi a aprovação, por apenas um voto contra, do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), do relatório de Jorge Viana (PT-AC) que desmonta o Código Florestal.

“O relatório continua a anistiar de forma indiscriminada quem desmatou ilegalmente, e a promover novos desmatamentos. O que antes era um crime ambiental, agora virou um grande negócio”, diz Marcio Astrini, da Campanha Amazônia do Greenpeace. Além de Lindbergh, os senadores do PSOL Randolfe Rodrigues (AP) e Marinor Brito(PA) também fizeram duras críticas ao texto.

A vontade do governista Jorge Viana de aprovar logo o texto – a despeito da necessidade clara de mais debate – ficou explícita quando tentou votar emendas que nem sequer estavam disponíveis aos senadores antes do início da sessão, na manhã de hoje. Viana fez ouvidos moucos ao pedido de adiamento e a votação das emendas só ficou para amanhã porque as atividades no plenário do Senado começaram.

Sempre pode piorar

Uma das emendas aprovadas hoje e que piorou muito o texto que já estava ruim foi apresentada pelo senador Luiz Henrique (PMDS-SC). Ele foi relator do Código Florestal em outras três comissões. Quando governador de seu Estado, foi responsável por um Código Ambiental danoso para o ambiente – e que hoje sofre uma ação direta de inconstitucionalidade.

Essa emenda altera partes significativas do texto, aumentando ainda mais a anistia de matas ciliares e facilitando a vida de quem lucra com o desmatamento. Essa foi a exigência da bancada ruralista, que foi acatada por Viana. Os ruralistas ainda defenderam o fim do tratamento diferenciado aos pequenos produtores e a anistia para todos. Por outro lado, as emendas que propõem a diminuição do desmatamento e o desmatamento zero na Amazônia e no Brasil foram rejeitadas pelo relator, mostrando sua real intenção com o texto.

“Com a votação, amanhã, das emendas destacadas, eles vão tentar piorar ainda mais o texto, que já está péssimo e acaba com a proteção das matas, dos rios e da biodiversidade brasileira. O acordo de hoje funciona assim: o governo entra com as florestas do povo brasileiro, e os ruralistas com a motosserra”, concluiu Astrini.


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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