SINAIS DE FUMAÇA DO PRÉ-SAL

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Dezembro de 2011

Estudo do Greenpeace mapeia a dimensão da indústria brasileira do petróleo e revela que com exploração, emissões de CO2 do país podem aumentar em 197%

Cerca de 200 países estão reunidos neste momento na África do Sul para decidir o futuro climático no planeta e tentar reverter a catástrofe que se apresenta. Enquanto duram as negociações na COP-17, o Brasil mantém o terceiro lugar no ranking dos países que mais emitem gases do efeito estufa. Mas esse cenário ainda pode piorar. O governo brasileiro tem como uma de suas principais bandeiras a descoberta do petróleo em camadas profundas do oceano – o pré-sal, e pretende investir pesadamente nesse combustível sujo, que será um dos responsáveis pelo aumento de 197% nas emissões de CO2 na atmosfera até 2020.

Com base em dados de setembro de 2010 a agosto de 2011 sobre a produção dos mais de 9 mil poços atualmente em operação no país – em terra ou no mar –, um estudo recente realizado pelo Greenpeace mostrou a real dimensão da indústria petrolífera no Brasil, e a sua contribuição para a instabilidade do clima planetário.

O relatório demonstra que, neste mesmo período, o petróleo foi responsável pela emissão de 321,5 milhões de toneladas de CO2 – aqui ou nos países para onde o óleo foi exportado e refinado. A caráter ilustrativo, isso equivale a 5,7 bilhões de viagens de avião entre Rio de Janeiro e São Paulo. Essas emissões consolidarão o Brasil na incômoda posição de estar entre os três maiores emissores de gases do efeito estufa do mundo.

O impacto do investimento em energia suja é alto. Subtraindo a parcela exportada, a queima do petróleo no Brasil foi responsável por 282,6 milhões de toneladas de CO2 equivalente – aproximadamente 12% do total de gases que o país emite por ano, algo na casa dos 2,4 bilhões de toneladas.

“O Brasil tinha tudo para se tornar a potência energética limpa do planeta. Mas escolheu a estrada que leva ao passado”, afirma o coordenador do trabalho, Nilo D’Ávila. “No momento em que existe um esforço global para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, o Brasil aposta em suas reservas de petróleo como o mais rápido atalho para o desenvolvimento econômico e social. Mas pode descobrir que entrou em um caminho sem volta, com consequências desastrosas ao meio ambiente.”

O futuro com o pré-sal

Terceiro mais emissor mundial – atrás somente de China e Estados Unidos, respectivamente – o Brasil tem tudo para se manter entre os principais responsáveis pelas mudanças climáticas, mesmo se sua principal contribuição para o problema, o desmatamento, seguir a tendência de queda dos últimos anos.

Puxado pelas reservas do pré-sal, o Brasil produzirá 6,09 milhões de barris de petróleo por dia até 2020. Isso representa 955,82 milhões de toneladas de CO2 a mais na conta das emissões mundiais – um crescimento de 197% comparado com os números atuais.

Considerando que a demanda interna será responsável por consumir 48% da produção de petróleo nacional, 488,69 milhões de toneladas de CO2 entrarão exclusivamente na fatura brasileira.

Por falar em pré-sal, suas reservas estão estimadas em até 80 bilhões de barris de petróleo. Se todo este óleo um dia virar fumaça, será responsável pela emissão de até 35 bilhões de toneladas de CO2 durante um prazo de 40 anos.

De acordo com D’Ávila, os investimentos brasileiros para petróleo e gás somarão R$ 686 bilhões até 2020. Grande parte disso será usada para viabilizar a exploração do pré-sal, já que a tecnologia atual ainda não permite, em larga escala, a extração de óleo de camadas tão profundas.

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Quanto valem as florestas?

Desmantelar o Código Florestal é uma das maiores ambições da bancada ruralista no Congresso há muito tempo. Historicamente, a sanha contra a lei de florestas sempre encontrou obstáculos, seja pela difícil justificativa para o grande público, dada sua óbvia falta de nobreza, seja pela reação que o tema causava no governo federal, temeroso do prejuízo político com a opinião pública nacional e internacional. Mas, no governo Dilma, as coisas mudaram.

O plano ruralista começou a prosperar quando seus autores decidiram importar, de outro público, a justiça que lhes faltava. O truque foi esconder a anistia a grandes criminosos ambientais, a facilitação ao desmatamento e a diminuição da proteção florestal atrás da foto do agricultor familiar e do necessitado rural, verdadeiros merecedores de tratamento especial na lei. Assim, o embuste para sustentar o discurso estava armado. Mas ainda faltava o principal: furar a histórica barreira do Executivo.

O que prometia ser o maior problema revelou-se como a parte mais fácil. No Planalto, a batalha anticódigo encontrou uma apatia para o assunto que, pouco a pouco, passou de apoio velado a festejos públicos entre governo e ruralistas. Cenário que nem mesmo o mais otimista parlamentar do agronegócio seria capaz de apostar.

Durante sua jornada, o texto do “novo” Código Florestal proposto para mudar a lei atual foi reprovado por diversos segmentos da opinião pública. Juristas apontam-lhe ilegalidades e agressões à Constituição. A ciência o coloca no rol dos potenciais causadores de desastres ambientais. Em recente nota, a CNBB o avalia como “uma clara opção por um modelo de desenvolvimento que desrespeita limites da ação humana”.

As críticas não estão na tratativa dispensada a pequenos e pobres agricultores, ou no sadio desejo de regularizar propriedades produtivas. Tais iniciativas são bem-vindas e necessárias, desde que feitas com justificativa social e com amparo técnico, legal e científico. O problema do texto encontra-se onde o benefício para a regularização é tamanho que esfacela as regras gerais, ofertando descontos à lei por meio de critérios sem justificativas, a ponto de igualar reais merecedores àqueles que destruíram florestas apostando na impunidade. Baseado no enfraquecimento da legislação, seu triste saldo não apresenta qualquer ganho para a preservação ambiental e transforma o que ontem era desmatamento criminoso em um grande negócio.

A presidente Dilma está às vésperas de receber um texto recheado de más intenções e que colocará à prova suas promessas de campanha, sua palavra empenhada em vetar anistia e desmatamento e os compromissos internacionais assumidos pelo país na questão climática.

Hoje, no Congresso, o único interesse que o Código Florestal ainda aparenta despertar no Executivo é a chance de usá-lo para negociar trocas de favores em temas igualmente espinhosos. Após todos os descontos ofertados pelo governo Dilma, a barganha parece, para o Planalto, ser o único valor de nossas florestas. A sentença final, assim como suas consequências, ainda aguarda a decisão da presidente.


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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