MUDANÇAS NA LEI DAS ÁGUAS

Panorama Ambiental
Novembro de 2012

Quarta, 07 Novembro 2012
Marcelo SpataforaIzabela: setor privado precisa participar

Ministra defende reajuste no pagamento pelo uso do recurso natural por parte dos grandes consumidores, feito da mesma forma há dez anos.

PAULENIR CONSTÂNCIO
A ministra do Meio Ambiente Izabella defendeu, nesta quarta-feira (07/11), o fortalecimento da Agência Nacional de Águas (ANA), a modernização da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei das Águas) e o reajuste no pagamento pelo uso por parte dos grandes consumidores, feito da mesma forma há dez anos. Segundo ela, a legislação, de 1997, é bem elaborada, mas precisa se tornar mais exequível e mais atrelada às demais políticas ambientais. Ela participou de debate sobre o uso da água no Fórum da Sustentabilidade, promovido pela revista Exame, em São Paulo.

“A lei precisa trazer novos patamares legais de regulação que permitam o engajamento do setor privado”, disse a ministra. O setor empresarial é responsável por mais de 80 por cento da demanda pelo recurso natural. Somente a irrigação para a produção de alimentos consome 60 por cento de toda a água utilizada pelo homem no Brasil.

O presidente da ANA, Vicente Andreu, classificou o sistema de gestão da água é voltado para si mesmo e dialoga pouco com a população brasileira. “O sistema parece se justificar pela sua própria condição de implementação dos instrumentos, é difícil de ser entendido”, analisou. Afirmou, contudo, tratar-se de “opinião” e que não há ainda nenhuma ação concreta no sentido de buscar as mudanças necessárias. Ele defendeu um status de agência reguladora e mais autonomia para a ANA.

NOVO AMBIENTE

Izabella Teixeira convocou os empresários brasileiros a se engajarem nos entendimentos com o governo em torno de um novo ambiente empresarial, voltado para o desenvolvimento com sustentabilidade. “Essa é uma condição para a sobrevivência e para competitividade das empresas no mercado”, disse. Ela destacou que é necessário reavaliar o custo da água nos processos produtivos. “Estamos exportando água”, completou, lembrando que há países que incluem esse serviço ambiental como componente de formação de preços e competitividade.

Para a ministra, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), ocorrida em julho, estabeleceu novo patamar nas discussões internacionais. A agenda atual está centralizada em desenvolvimento econômico com preservação ambiental e erradicação da pobreza. “Há espaço hoje no setor público brasileiro para o setor produtivo e toda a sociedade ampliarem esse debate”, afirmou.

Até 2015, comissão formada por países que participaram da conferência vai elaborar documento com as metas de desenvolvimento sustentável para os próximos 20 anos. Para a ministra, o Brasil é privilegiado nesse debate. É que a nova lei florestal avançou de uma discussão em torno de desenvolvimento sem degradar, incluindo a obrigatoriedade de recuperar o que foi usado sem preocupações de preservação.

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Pela revitalização do Velho Chico

Luciene de Assis/MMAPedro Wilson, em Penedo: esgoto despejado no rio precisa acabar
“O tema do século 21 não é petróleo, mas água”, salienta o secretário Pedro Wilson Guimarães.
LUCIENE DE ASSIS
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) promove, nesta terça-feira (27/11), em Penedo (AL), a V Oficina de Acompanhamento do Programa de Revitalização de Bacias Hidrográficas. Participam do evento representantes de 15 órgãos públicos, como o MMA, por intermédio da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU), além de três ministérios – Integração Nacional, Turismo e Cidades – empresas usuárias de água, governos estadual e municipal, Ministério Público, universidades e sociedade civil organizada, incluindo comunidades indígenas, ciganos e quilombolas.
Até o próximo dia 29 acontece, também, a XXII Reunião Plenária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).

De acordo com o secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, Pedro Wilson Guimarães, o evento busca alternativas para vencer os problemas relacionados ao uso da água e aos esgotos que ainda são jogados no rio. “O tema do século 21 não é petróleo, mas água”, lembrou. Para o diretor do Departamento de Revitalização da SRHU, Renato Ferreira, entre os objetivos da V Oficina estão o compartilhamento de informações e a busca de correção de erros, construindo uma visão de conjunto das ações já implantadas e das que forem propostas.

PASSIVO AMBIENTAL

O secretário de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente de Penedo, Luiz Carlos Galindo, reforçou a importância econômica do Rio São Francisco para o desenvolvimento do município e de todas as cidades e estados por onde ele passa. Por outro lado, disse Galindo, há que se reconhecer a existência de um passivo ambiental muito grande por parte do governo e também da sociedade. “Um evento dessa natureza propicia a avaliação do que está sendo feito e permite propor novas ações que revitalizem o rio e as comunidades que o cercam”, acrescentou.

O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo de Miranda, lembrou que esse programa está completando dez anos “e estamos aqui para debater os seus problemas e apresentar soluções factíveis”. O principal, segundo Miranda, é fazer com que os diferentes órgãos públicos dialoguem entre si para evitar o corporativismo, o paralelismo, propondo investimentos que tenham uma lógica de inclusão social.

DIFICULDADES

O secretário Pedro Wilson chamou atenção dos participantes: “Se não cuidarmos do Rio São Francisco, o prejuízo será incomensurável”. Ele considera “essencial” debater não apenas as dificuldades relacionadas ao uso da água, mas também a questão do lixo “e a conservação das águas subterrâneas, como o aquífero Guarani”. O líder indígena Dipeta Tuxá disse concordar com as colocações de Wilson e falou da vontade e necessidade do cultivo de alimentos pelos povos locais, quilombolas e comunidades ribeirinhas. “Mas o problema das nossas comunidades é justamente a falta de água, que não chega onde é necessária”, salientou.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) é um órgão colegiado, formado por representantes dos usuários; do poder público federal, estaduais e municipais; da sociedade civil organizada; e das comunidades tradicionais. Foi criado por decreto presidencial em maio de 2001 com a finalidade de promover a gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos, visando assegurar a proteção dos mananciais e o desenvolvimento sustentável da bacia.

IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

A área de drenagem da bacia hidrográfica do rio São Francisco corresponde a 8% do território nacional. Estende-se por mais de 638 mil quilômetros quadrados, nascendo na Serra da Canastra, em Minas Gerais, desembocando no Oceano Atlântico, mas influenciando fortemente as economias de Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Bahia, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Alagoas.

Nas regiões do alto, médio, submédio e baixo São Francisco vivem mais de 15,5 milhões de pessoas, 8,5% da população do Brasil, em diferentes realidade e contrastes sociais e econômicos, com áreas de grande riqueza e densidade populacional e outras vivendo com baixo nível de renda e de quantidade de habitantes por quilômetro quadrado.

As atividades produtivas da bacia do São Francisco contemplam culturas de subsistência, geração de energia elétrica, polos agrícolas irrigados, turismo, pesca, navegação comercial, artesanato, indústria de mineração e extrativismo vegetal, entre outras. De acordo com a área técnica da CBHSF, muitas dessas atividades têm provocado vulnerabilidades ambientais e conflitos de interesses em relação ao uso da água do rio, representando um desafio para a gestão dos recursos hídricos de toda a bacia.


 

Fonte: Ministério do Meio Ambiente
Ascom

 
 
 
 

 

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