CRUELDADE DESNECESSÁRIA

Panorama Ambiental
Dezembro de 2012

Terça, 04 Dezembro 2012
Documento interministerial regulamenta pesca de tubarões e arraias. Proíbe, inclusive, a devolução ao mar de animais ainda vivos, mas mutilados.
LUCIENE DE ASSIS
A partir de agora, o Brasil passa a exigir de pescadores o desembarque, no litoral brasileiro, de tubarões e arraias (ou raias) com todas as nadadeiras naturalmente aderidas ao corpo. É o que estabelece a Instrução Normativa Interministerial nº 14, publicada no Diário Oficial da União, que também dispõe sobre normas e procedimentos para o desembarque, transporte, armazenamento e comercialização de tubarões e raias capturados nas águas jurisdicionais brasileiras e em alto mar por embarcações nacionais e estrangeiras arrendadas no Brasil.

A exigência coloca o Brasil à frente das iniciativas de conservação, já que esta é considerada, hoje, a melhor medida de controle do “finning” (pesca de nadadeiras). Sabe-se que, a cada ano, são caçados, no mundo, cerca de 100 milhões de tubarões, sendo que 70% destinam-se ao preparo de sopa de barbatana, feita a partir de cartilagem das nadadeiras desses animais.

PRÁTICA CRUEL

O “finning” consiste na retirada das barbatanas do tubarão, descartando-se o restante do corpo e aproveitando-se, apenas, 2% a 5% do animal para comercialização e consumo. As barbatanas são vendidas para produção de sopa, principalmente em países asiáticos, e atingem preços muito mais elevados do que os da carne do animal. O “finning” é uma prática antiga e de difícil monitoramento, admitem especialistas no assunto.

Nas águas jurisdicionais brasileiras, são capturados de 1.500 a 2 mil toneladas de tubarão azul, de 10 mil a 12 mil toneladas das demais espécies de tubarões e sete mil toneladas de arraias marinhas, segundo dados referentes ao período 2008-2010. As modalidades de pescaria que mais incidem sobre tubarões e arraias são as que utilizam o espinhel pelágio horizontal de superfície (que é o uso de vários anzóis pendurados na superfície, com iscas, e presos a boias), a pesca de emalhe (feita com uso de rede) e a pesca de arrasto de fundo (consiste no arrastamento de gigantescas redes, ao longo do fundo do mar, sustentadas por grandes placas metálicas e rodas de borracha presas a essas redes, que se movem ao no fundo e esmagam praticamente tudo no seu caminho).

VULNERABILIDADE

“Por isso mesmo, a norma é de grande importância para a conservação desse grupo de animais porque melhora o controle do “finning”, uma prática cruel que consiste em cortar as nadadeiras do animal e devolvê-lo ao mar, muitas vezes ainda vivo, agonizando”, comemora a gerente de Biodiversidade Aquática e Recursos Pesqueiros (GBA) da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA, Mônica Brick Peres. Os procedimentos necessários para fiscalizar o desembarque, armazenamento, conservação, beneficiamento, transporte e comercialização de barbatanas e nadadeiras serão definidos em norma específica, a ser editada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) num prazo de 90 dias.

A pesca de nadadeiras (denominada “finning” em inglês) tem sido criticada mundialmente pela crueldade. Porém, o Brasil foi um dos primeiros países a proibir a prática já em 1998. Mônica Peres explica que a maior parte das espécies de tubarões e arraias é muito vulnerável por serem animais de grande porte, viverem muito, crescerem lentamente, terem pequeno número de filhotes, serem predadores do topo da cadeia e que costumam formar cardumes numerosos, tornando-se alvos fáceis de todas as modalidades de pesca.

Por causa disso, o grupo tem recebido atenção internacional diferenciada com vistas a garantir sua sobrevivência. “Por sua vulnerabilidade intrínseca, as presenças de tubarões e arraias são indicadores da saúde dos oceanos e da pesca bem manejada”, afirma Mônica.

NA DIANTEIRA

Dados mostram que o “finning” potencializa os efeitos destrutivos da pesca sobre as populações das espécies-alvo de tubarões, muitas das quais consideradas raras ou vulneráveis. Essa prática também afeta, diretamente, a integridade dos ecossistemas marinhos e de populações de outras espécies de interesse comercial, por potencializar a remoção de predadores de topo (que estão no alto da cadeia alimentar). Dificulta, inclusive, a obtenção de informações específicas essenciais ao monitoramento da atividade pesqueira e à implantação de políticas de manejo sustentável.

O desembarque das barbatanas naturalmente aderidas ao corpo dos tubarões resolve o problema das espécies que possuem barbatanas com peso superior a 5% do peso da carcaça, excluindo a possibilidade de embarcações contendo essas espécies ficarem em situação irregular na hora da pesagem no porto. Também soluciona a questão de diferentes tipos de cortes para a remoção das barbatanas e de distintos processamentos aplicados a bordo (barbatanas congeladas, frescas ou secas), que podem alterar seu peso relativo.

A medida pode, ainda, maximizar a qualidade e o preço das barbatanas e carcaças, facilitando a identificação das espécies e permitindo a melhor obtenção de dados científicos para políticas de gestão pesqueira, como informa a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), além de facilitar o trabalho de fiscalização e de controle efetivos. “Essa norma é um indicador do amadurecimento da sociedad e brasileira, pois não só o MMA, através do IBAMA e ICMBio, e o MPA, mas muitas outras pessoas e instituições trabalharam, por anos, para qu e isso fosse possível, ou aceitável no Brasil”, explica Mônica Peres.

+ Mais

De volta à fábrica

Quarta, 19 Dezembro 2012
AÍDA CARLA DE ARAÚJO
O Ministério do Meio Ambiente e as entidades representativas do setor assinaram nesta quarta-feira (19/12), em Brasília, o primeiro acordo setorial para os sistemas de logística reversa para embalagens plásticas de óleos lubrificantes. A medida insere-se na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010. Entre os conceitos introduzidos está a logística reversa, instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo, em outros ciclos produtivos ou outra destinação.

Durante a solenidade, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou que as novas medidas para controlar o descarte de resíduos sólidos, especialmente aqueles de alta periculosidade, vão ajudar a combater a exclusão social, melhorando a qualidade de vida da população. “Não estamos falando só da indústria, essa questão envolve o comércio varejista, o consumidor e a mudança de comportamento do governo” salientou. “Será um aprendizado para todo mundo”.

HISTÓRICO

As negociações sobre a logística reversa para embalagens plásticas de óleos lubrificantes foram conduzidas por grupos de trabalho, nos últimos dois anos, composto por técnicos dos ministérios do Meio Ambiente, Saúde, Agricultura e Pecuária, Indústria e Comércio e Fazenda e do setor privado, supervisionados pelo Comitê Orientador para implantação da Logística Reversa (CORI).

Outras propostas de acordos setoriais para implantação do sistema de logística reversa aguardam aprovação do Comitê, entre elas a de lâmpadas fluorescentes, descarte de medicamentos e de resíduos eletroeletrônicos. No início de janeiro, encerra-se o prazo para o envio de propostas para o sistema de logística reversa de embalagens em geral.


Fonte: Ministério do Meio Ambiente
Ascom

 
 
 
 

 

Universo Ambiental  
 
 
 
 
     
VEJA
NOTÍCIAS AMBIENTAIS
DIVERSAS
Acesse notícias variadas e matérias exclusivas sobre diversos assuntos socioambientais.

 
 
 
 
Conheça
Conteúdo
Participe
     
Veja as perguntas frequentes sobre a Agência Ecologia e como você pode navegar pelo nosso conteúdo.
Veja o que você encontrará no acervo da Agência Ecologia. Acesse matérias, artigos e muito mais.
Veja como você pode participar da manutenção da Agência Ecologia e da produção de conteúdo socioambiental gratuito.
             
 
 

 

 

 

 
 
 
 
 
     
ACESSE O UNIVERSO AMBIENTAL
DE NOTÍCIAS
Veja o acervo de notícias e matérias especiais sobre diversos temas ambientais.

 
 
 
 
Compromissos
Fale Conosco
Pesquise
     
Conheça nosso compromisso com o jornalismo socioambiental independente. Veja as regras de utilização das informações.
Entre em contato com a Agência Ecologia. Tire suas dúvidas e saiba como você pode apoiar nosso trabalho.
A Agência Ecologia disponibiliza um banco de informações ambientais com mais de 45 mil páginas de conteúdo online gratuito.
             
 

 

 

 

 

 

 
 
 
 
 
 
Agência Ecologia
     
DESTAQUES EXPLORE +
SIGA-NOS
 

 

 
Agência Ecologia
Biodiversidade Notícias Socioambientais
Florestas Universo Ambiental
Avifauna Sobre Nós
Oceano Busca na Plataforma
Heimdall Contato
Odin Thor
  Loki
   
 
Direitos reservados. Agência Ecologia 2024-2025. Agência Ambiental Pick-upau 1999-2025.