CÓDIGO FLORESTAL: SEMPRE PODE PIORAR

Panorama Ambiental
Março de 2014

Notícia - 11 - mar – 2014 - Bancada ruralista segue em sua ofensiva para enfraquecer a legislação florestal. Agora, no campo da regulamentação.
O ataque às florestas segue agora no campo da regulamentação do novo Código Florestal. Depois de desfigurar a legislação florestal em 2012, fragilizando o texto e diminuindo a proteção ambiental no Brasil, a bancada ruralista do Congresso segue determinada em seu propósito de afrouxar ainda mais as regras que eles mesmos ajudaram a criar.

A bola da vez é o Sistema de Cadastro Ambiental Rural - SICAR, laureado pelo governo e representantes do agronegócio como mecanismo importante na conservação das florestas existentes e na obrigação de reflorestar o que foi desmatado ilegalmente e uma das pré-condições para eliminar o passivo ambiental.

O novo Código prevê normas mais brandas de recomposição de áreas desmatadas para pequenos proprietários. Esse é o pulo do gato - dos gatunos, melhor dizendo - do novo ataque às florestas: com o apoio do Ministério da Agricultura, a bancada da moto-serra quer trocar o conceito de "cadastro por imóvel rural" (que compreende toda a área da propriedade) por "cadastro para cada matrícula do imóvel".

Traduzindo para o bom e velho português das ruas: um número enorme de fazendas possuem várias "matrículas" - uma para cada lote de terra que foi incorporada à propriedade ao longo do tempo ou ainda, propriedades grandes que são espertamente divididas em áreas menores com diferentes registros, colocados no nome de esposas, filhos ou qualquer que seja o laranja da vez.

Ou seja, os ruralistas estão querendo se beneficiar das exceções reservadas aos pequenos proprietários. Se permitir o cadastro por matrícula, como querem os ruralistas, o governo se alinhará, mais uma vez, com os grandes proprietários. Na prática, o Governo estaria abrindo mão de grande quantidade de florestas, demonstrando, em pleno ano eleitoral, que considera meio ambiente mera moeda de troca. Este alerta foi feito publicamente, lá no final de 2011, em texto publicado na versão digital do jornal O Globo e assinado por Paulo Adário e Marcio Astrini, da campanha Amazônia do Greenpeace Brasil.

Vale lembrar que no Senado e na Câmara Federal também está em curso uma ofensiva de decretos, projetos de lei e portarias que visa abrir áreas protegidas - públicas, diga-se de passagem - ao bel prazer (e interesse) de poucos. A extinção da reserva extrativista Jaci-Paraná, em Rondônia, e a proposta de acabar com a Floresta Estadual do Amapá, são exemplos vivos da ofensiva ruralista em curso no Brasil, em ambas as esferas, estadual e federal.

Este ano temos Copa do Mundo. Se a coisa continuar nesse ritmo, não vai ter copa é de árvore que sobreviva. No final do ano passado, o governo já havia recebido uma fatura cara da aliança com a bancada. A primeira medição do desmatamento depois do novo Código Florestal e após quatro anos consecutivos de queda, registrou 5.843 quilômetros quadrados de floresta derrubadas - um valor 28% superior ao mesmo período do ano anterior.

Também é ano de eleições. E se nossa política não se imbuir de bons valores, o jogo deve continuar com as regras impostas pelos mesmos grupos de sempre, interessados na manutenção do status quo e dos diferentes projetos de poder - que não podemos jamais confundir com projeto de país.

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Repensar o agronegócio

Notícia - 25 - mar – 2014 - Durante Fórum de Agribusiness, diretor-executivo do Greenpeace Internacional, Kumi Naidoo, fala sobre mudanças climáticas e segurança alimentar
“É possível que um país cresça, distribua sua riqueza e, ao mesmo tempo, preserve e proteja o meio ambiente. Com agroecologia é possível produzir alimentos orgânicos de qualidade.” Essa foi a frase que o diretor-executivo do Greenpeace Internacional, Kumi Naidoo, pegou emprestada da presidenta Dilma Roussef para falar sobre segurança alimentar e desenvolvimento agrícola durante o debate “Clima afetando a geografia da agricultura” no Global Agribusiness Forum 2014.

Naidoo reforçou a importância de se falar dos impactos climáticos na agricultura e daqueles que são os mais afetados: as populações mais pobres nos países em desenvolvimento. Ainda ressaltou que enquanto a proposta do debate era discutir os efeitos das mudanças climáticas, a pergunta que na verdade deveria ser feita era “qual tipo de modelo de agricultura temos que adotar para evitá-las?”

Hoje, a forma como o Brasil produz alimentos é baseada em uso intensivo de químicos que degradam os recursos naturais dos quais os agricultores dependem – solo, água e biodiversidade – e é extremamente dependente de combustíveis fósseis que produzem os pesticidas e os fertilizantes. “Trata-se de um modelo mais vulnerável”, afirmou Naidoo durante sua apresentação.

Sobre modelos de agricultura, ele ainda disse que “hoje, há dois modelos paralelos. Um que é baseado em monoculturas que usam químicos de forma intensiva, enquanto há outro mais saudável para a população e para o planeta que é o de agricultura familiar ecológica”. E continuou afirmando que “o Brasil tem um papel único a desempenhar na escolha e adoção desse segundo modelo, mais apropriado para lidar com as mudanças climática.”

A agroecologia é uma forma do Brasil avançar na construção deste novo modelo de agricultura, ajudando a alcançar mitigação e adaptação das mudanças climáticas. Uma medida que poderia ser implementada imediatamente é a assinatura do decreto que estabelece o CAR (Cadastro Ambiental Rural).

Os outros participantes – da Embrapa, do Ministério de Meio Ambiente e do Climate Policy Initiative - abordaram as soluções tecnológicas para lidar com as incertezas climáticas, as políticas públicas nacionais e internacionais que já estão sendo colocadas em prática e a necessidade de alterações no modo de produção brasileiro e de vontade política para agir em relação às mudanças climáticas.

Falando para uma plateia que estava repleta de representantes do agronegócio, o diretor-executivo terminou sua fala com uma provocação. “A situação no Brasil ilustra os problemas e falhas do nosso sistema alimentar. A monocultura representa perda de diversidade na dieta nacional, o que por sua vez afeta a saúde pública. Acho que está claro que precisamos repensar o modelo de produção”, concluiu Naidoo.

 


Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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