A EXPANSÃO DA SOJA

Panorama Ambiental
Março de 2014

11 Março 2014 | No ano passado, 270 milhões de toneladas de soja foram produzidas e 93% desse cultivo é oriunda de apenas seis países: Brasil, Estados Unidos, Argentina, China, Índia e Paraguai. Além disso, a projeção é de um aumento de 59% da produção até 2021-22 para atender ao mercado chinês que passa a importar cada vez mais soja. O desafio é atender a essa demanda sem causar mais impactos ambientais negativos. Isso é possível?

Para responder a essa pergunta, a Rede WWF apresenta o estudo Crescimento da Soja: Impactos e Soluções lançado no dia 11 de março, em toda América Latina. Ele apresenta um panorama da indústria da soja e os problemas em torno dele. O objetivo deste relatório é detalhar os usos da soja, traçar o seu índice de crescimento extraordinário, apresentar os dados sobre onde ela é produzida e consumida, e principalmente, explicar a extensão do problema, as causas por trás dele, e como todos têm um papel importante a desempenhar na implementação de soluções.

Rica em proteína e energia, a soja produz mais proteínas por hectare do que qualquer outro grande cultivo. Trata-se de um dos produtos agrícolas mais rentáveis. O seu crescimento, no entanto, teve um custo. Nos últimos 50 anos, a produção de soja multiplicou-se por dez e aumentou de 27 para 269 milhões de toneladas. Atualmente, o cultivo ocupa uma área de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados – o que equivale à área total da França, Alemanha, Bélgica e Holanda juntas. O crescimento mais rápido nesses últimos anos ocorreu na América do Sul, onde a produção aumentou em 123% entre 1996 e 2004.

Os principais importadores de soja atualmente são a União Europeia e a China. Os Estados Unidos têm o maior consumo per capita. Embora o ser humano possa comer a soja em grão (consumo direto), a maior parte é esmagada para produzir farelo de soja, bem como óleo vegetal e seus subprodutos. Apenas 6% da soja em grão são consumidos diretamente pelo homem como tofu e molho de soja, principalmente nos países asiáticos.

O óleo de soja é usado na alimentação, na fabricação de outros produtos de consumo, tais como cosméticos e sabonetes, e também como biocombustível. O farela é usado principalmente como ração de gado. Aproximadamente três quartos da soja mundial são utilizados na ração animal, especialmente para aves e suínos. A produção da oleaginosa deve aumentar rapidamente à medida que o desenvolvimento econômico resulte em maior consumo de proteína animal, principalmente nos países emergentes. Projeções recentes da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) indicam um aumento de 515 milhões de toneladas até 2050; outras projeções indicam um aumento de 2,2% ao ano até 2030.

Perdas ambientais - Nas últimas décadas, vastas áreas de florestas, pastagens e savanas foram convertidas ao uso agrícola. No Brasil, por exemplo, o Ministério da Agricultura (MAPA) projeta a expansão das plantações de soja desde os 23 milhões de hectares de hoje para 26.5 milhões de hectares até 2018-19. A expectativa é de que isso será alcançado por meio de um aumento anual de 2,43% na produtividade e um incremento anual de 1,95% na área de produção, fundamentalmente nas regiões do Cerrado e da Amazônia. Isso significa substituir o gado e outros cultivos por plantações de soja, além de fazer a conversão da vegetação nativa.

No Brasil, as áreas que enfrentam maior risco provocado pela expansão da soja são: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica.

Ponto de equilíbrio - Nas próximas décadas, a demanda por soja continuará em ascensão. Se mantivermos as tendências atuais e continuarmos a fazer tudo do mesmo jeito, teremos mais perda de ambientes naturais, como visto anteriormente, e as perdas de biodiversidade serão irreversíveis.

No entanto, um futuro alternativo ainda é possível. Segundo o relatório, “o que se precisa é um conjunto de intervenções complementares por parte de vários atores, inclusive os governos de países produtores e consumidores de soja, as empresas ao longo de toda a cadeia de produção, instituições financeiras, organizações da sociedade civil e consumidores.”

No documento são apresentadas algumas soluções possíveis e atuais para que se comece a caminhar na direção de uma indústria de soja mais responsável. Essas soluções compreendem iniciativas de legislação tanto para os países produtores como para os países consumidores, incentivos de mercado para premiar os produtores progressistas e mecanismos voluntários para catalisar mudanças, valorizar os sistemas de certificação voluntária desenvolvidos em colaboração com organizações da sociedade civil – como, por exemplo, a Mesa Redonda sobre Soja Responsável (RTRS, de Round Table on Responsible Soy).

Com relação ao abastecimento, as Melhores Práticas de Manejo (BMPs, na sigla em inglês) e as políticas de investimento responsável podem aumentar a sustentabilidade da produção e, ao mesmo tempo, limitar a expansão irresponsável da indústria. No que se refere à demanda, as iniciativas para reduzir o desperdício e o consumo excessivo podem assegurar que a expansão corresponda à necessidade real e não ao esbanjamento.

Para os produtores que já têm uma alta produtividade - tais como na Argentina, no Brasil e nos Estados Unidos - as Melhores Práticas de Manejo podem ajudar a produzir a mesma quantidade (ou mais) utilizando menos agrotóxicos e menos água e, ao mesmo tempo, aumentar a qualidade do solo. Por exemplo, no Mato Grosso o WWF Brasil, por meio do programa Agricultura e Meio Ambiente, trabalha com mulheres produtoras que cultivam soja sustentável e apoiam a proteção da diversidade.

As lições apreendidas nesse projeto serão utilizadas para educar outros pequenos produtores rurais. “O WWF Brasil incentiva a certificação RTRS como uma ferramenta para a implementação destas boas práticas, além de possibilitar maior acesso de mercado”, complementa a Analista de Conservação do programa Agricultura e Meio Ambiente, Cynthia Cominesi.

 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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