Plástico na Antártica é o novo desafio do planeta

A chamada “plastisfera” pode criar um novo ecossistema e colocar em risco espécies

 
 

22/05/2025 – Embora a Antártica seja considerada o continente mais remoto e inóspito, ela também não escapa da poluição marinha. Onde há atividade humana, os detritos plásticos inevitavelmente a acompanham. É difícil imaginar o que os primeiros exploradores dessa região selvagem e gelada pensariam ao ver o continente alterado por atividades pesqueiras permanentes, estações de pesquisa, presença militar, turismo e seus impactos ambientais.

Entre os efeitos mais preocupantes está a poluição plástica, que deu origem a um novo nicho ecológico no oceano. Quando os plásticos entram na água, suas superfícies podem ser rapidamente colonizadas por comunidades microbianas, formando o biofilme conhecido como "plastisfera". Essa comunidade representa uma ameaça significativa aos ecossistemas marinhos, especialmente nas águas frias e pouco estudadas do Oceano Antártico.

Conforme os detritos plásticos se deslocam pelo oceano, a plastisfera se forma por meio de uma sucessão ecológica natural, gradualmente se tornando uma comunidade microbiana especializada e complexa. Esses plásticos não servem apenas como abrigo para microrganismos, mas também atuam como vetores, permitindo que patógenos como Vibrio spp., Escherichia coli e bactérias resistentes a antibióticos se propaguem pelos ambientes marinhos, chegando até áreas remotas e intocadas.

Além de seu papel como habitat para micróbios, a plastisfera pode alterar o equilíbrio ecológico marinho em nível microscópico. Essas transformações não se limitam ao ambiente aquático e podem se estender a outras áreas, afetando o ciclo do carbono oceânico e a produção de gases de efeito estufa, com repercussões para o ar que respiramos globalmente. No entanto, nem tudo é negativo, pois algumas bactérias, como Alcanivorax sp., Aestuariicella sp., Marinobacter sp. e Alteromonas sp., conhecidas por sua capacidade de degradar plásticos e hidrocarbonetos, frequentemente são encontradas nesses plásticos.

Ainda sabemos pouco sobre a plastisfera, especialmente no Oceano Antártico, onde compreender sua dinâmica é essencial para entender os impactos dessa nova comunidade microbiana em um dos ambientes marinhos mais remotos e vulneráveis do planeta. Nosso estudo recente teve como objetivo investigar a abundância e diversidade das comunidades microbianas na plastisfera antártica, com foco na colonização inicial dos detritos plásticos.

Reprodução/Pixabay

 



Trabalhar na Antártica, porém, é uma tarefa desafiadora. Além das dificuldades de acesso ao continente, os cientistas enfrentam condições ambientais extremas, como temperaturas congelantes, ventos fortes, icebergs e o constante desafio do tempo limitado para realizar suas pesquisas, tornando cada momento no campo essencial e de valor incomensurável.

Para abordar este estudo de forma controlada e gerenciável, os pesquisadores montaram aquários com água do mar coletada perto da estação de pesquisa espanhola na Ilha Livingston, nas Shetlands do Sul. Dentro dos aquários, colocaram pequenos grânulos de três tipos comuns de plástico que poluem o mar: polietileno, polipropileno e poliestireno. Esses plásticos foram mantidos em condições ambientais, com temperaturas em torno de 0ºC e entre 13 e 18 horas de luz solar, por um período de cinco semanas, com o objetivo de replicar as condições mais próximas do ambiente natural. Para comparar a colonização bacteriana, também utilizaram vidro, uma superfície inerte, e coletaram amostras de plástico e vidro periodicamente para rastrear o processo de colonização.

Pesquisar bactérias é tornar visível o invisível, por isso os pesquisadores adotaram uma abordagem multifacetada para entender melhor a plastisfera. Utilizando microscopia eletrônica de varredura para obter imagens de biofilme, combinaram citometria de fluxo e cultura bacteriana para contar células e colônias, e sequenciaram o gene 16S rRNA para identificar a sucessão de colonizadores bacterianos. Essa metodologia revelou que o tempo foi o principal fator de mudança, com os micróbios colonizando rapidamente o plástico. Em menos de dois dias, bactérias do gênero Colwellia já estavam fixadas na superfície, demonstrando uma progressão clara dos colonizadores iniciais para um biofilme maduro e diversificado, incluindo outros gêneros como Sulfitobacter, Glaciecola e Lewinella.

Embora essas espécies também sejam encontradas na água, elas mostram uma clara preferência por viver em comunidades de biofilme. Os pesquisadores não observaram diferenças significativas entre as comunidades bacterianas de plásticos e vidros, sugerindo que qualquer superfície estável pode abrigar essas comunidades. Embora processos semelhantes ocorram em outros oceanos, na Antártica, devido às temperaturas mais baixas, o desenvolvimento bacteriano parece ser mais lento.

A principal descoberta foi a presença da bactéria Oleispira sp. no polipropileno, que é capaz de degradar hidrocarbonetos, como o petróleo e outros poluentes. Isso levanta a questão de se essas bactérias poderiam ajudar a mitigar os impactos da poluição por plástico, o que seria crucial para o futuro da Antártica e dos oceanos. No entanto, ainda há muito a ser investigado, especialmente sobre seu potencial de biorremediação em ambientes extremos, e entender esses processos pode abrir caminho para estratégias inovadoras para enfrentar o crescente problema dos resíduos plásticos nos ecossistemas marinhos.

Da Redação, com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay

 
 
 

 

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