17/12/2025
– A economia global do plástico continua baseada em
um modelo linear de extrair, produzir e descartar. Apesar de alguns
avanços pontuais e de compromissos voluntários assumidos
por empresas, uma análise da Fundação Ellen
MacArthur indica que 80% do mercado de embalagens plásticas
ainda não iniciou uma transição efetiva. Os
dados fazem parte de um monitoramento anual realizado em parceria
com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente,
com base em informações reportadas voluntariamente
por empresas signatárias do Compromisso Global.
Com índices alarmantes de reciclagem
— 9% no mundo e apenas 1,3% no Brasil —, a crise do
plástico evidencia a dificuldade de avançar rumo à
economia circular. Diante desse cenário, a Fundação
Ellen MacArthur lançou a Agenda de Plásticos 2030
para Empresas, que propõe acelerar a transição
por meio de advocacy coletivo, ação colaborativa e
iniciativas individuais. A agenda destaca entraves como baixa reciclabilidade
e falta de infraestrutura e reforça que o desafio do plástico
é estrutural, não apenas ambiental.
Segundo Victoria Almeida, da Fundação
Ellen MacArthur, o uso massivo do plástico ocorreu sem soluções
adequadas para lidar com a poluição gerada pelo descarte,
típica da economia linear. Ela destaca que enfrentar o problema
exige ir além da reciclagem, com redução do
plástico no mercado, eliminação de itens problemáticos
e ampliação do reuso.
A crise do plástico persiste
devido a entraves regulatórios, econômicos e estruturais.
Normas sanitárias voltadas a embalagens descartáveis
dificultam a adoção de modelos reutilizáveis,
enquanto a reciclagem enfrenta baixo valor de mercado e dificuldades
técnicas para muitos tipos de plástico. Esse cenário
limita a atuação de catadores e cooperativas e mantém
o sistema dependente de iniciativas voluntárias, insuficientes
para promover mudanças em larga escala.
A especialista afirma que
o Brasil reúne, pela primeira vez, um conjunto amplo de políticas
com potencial para transformar o setor de plásticos, desde
que sejam aprovadas, integradas e efetivamente implementadas. Entre
elas estão propostas e estratégias de economia circular,
metas obrigatórias de logística reversa e reciclagem
e iniciativas voltadas ao combate ao plástico nos oceanos.
Segundo Victoria, a mudança só ocorrerá com
metas claras, coordenação entre políticas e
mecanismos consistentes de monitoramento.
A Fundação Ellen MacArthur
articula iniciativas voluntárias globais, como o Compromisso
Global, que reúne empresas responsáveis por cerca
de 20% das embalagens plásticas mundiais e já resultou
na redução do uso de plástico virgem, no aumento
do conteúdo reciclado e na eliminação de itens
problemáticos. Apesar dos avanços, Victoria ressalta
que agendas voluntárias têm limites e não substituem
ações coletivas e mudanças políticas
necessárias para uma transformação sistêmica,
alertando ainda para riscos ambientais e econômicos para empresas
que não se adaptarem.
O Compromisso Global já evitou
a produção de 14 milhões de toneladas de plástico
virgem e reúne experiências internacionais de reuso,
refill e Pactos Nacionais do Plástico que envolvem mais de
700 empresas. No Brasil, iniciativas mostram que a economia circular
é viável quando há articulação
entre indústria, design e reciclagem.
A Agenda de Plástico 2024 propõe
concentrar esforços em três frentes: ampliar o reuso
com sistemas retornáveis e de refil, desenvolver soluções
para embalagens flexíveis e fortalecer a infraestrutura de
coleta e reciclagem. Victoria ressalta que é necessário
reconhecer o plástico como um problema estrutural para avançar
de um modelo linear, que gera poluição, para um sistema
circular em que o material seja usado de forma eficiente e permaneça
em circulação.
Da Redação, com
informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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