19/02/2019 
                – O destino parecia trágico e certo para Dasan e 
                Illika, dois condores do Andes. Segundo a Fundação 
                Neotropical, as aves poderiam estar mortas por envenenamento, 
                mas felizmente já bicam as grades do recinto, com desejo 
                de retornarem a voar pela cadeia montanhosa da Colômbia. 
                 
               
              O macho Dasan, segundo relatos, 
                foi o primeiro a sucumbir. Agricultores o encontraram em novembro 
                de 2018, em Cerrito, no Almorzadero, a 400 km de Bogotá, 
                fraco e dócil, nem de longe parecendo o rei dos Andes, 
                como é conhecido. Depois foi a vez de Illika, uma fêmea 
                encontrada a cerca de 200 metros do primeiro indivíduo. 
                Os sintomas pareciam ser algum tipo de intoxicação. 
                 
               
              
                  Considerados, por criadores 
                da região, como uma ameaça a criação 
                de ovelhas, cabras e vacas, ao menos cinco condores dos Andes 
                foram encontrados envenenados, provavelmente por carniça 
                contaminada, afirma a Fundação Neotropical. 
                 
               
              Localizados a 4 mil metros acima 
                do nível do mar, os “páramos” são 
                ecossistemas de alta montanha de zonas equatoriais, de vegetação 
                pujante, com capacidade de conservar água e aguentar as 
                severas variações de temperatura. Apesar de não 
                ser um local adequado para pastos e criações, atividades 
                humanas começaram a se desenvolver e pressionar a vida 
                selvagem da região. 
                 
               
              "Nos países andinos, 
                o páramo é nossa reserva de água. Sem ele, 
                estaríamos literalmente secos e mortos", explica à 
                AFP Sebastian Kohn, diretor da Fundação Condor Andino 
                do Equador. "O gado tem um impacto negativo no páramo, 
                mas se o retirarmos de uma vez, o condor não terá 
                o que comer", acrescenta. 
                 
               
              Mesmo sendo símbolo na 
                Colômbia, o condor andino está classificado no país 
                como "em perigo de extinção". Segundo 
                a União Internacional para a Conservação 
                da Natureza (IUCN), a espécie não está ameaçada 
                em escala global, apesar de a população estar em 
                redução. Pesando entre 9 e 15 kg e medindo mais 
                de três metros de envergadura, o condor dos Andes é 
                uma das maiores aves do mundo. 
                 
               
              
                  Apesar de não 
                haver um censo oficial, pesquisadores estimam que haja apenas 
                150 indivíduos vivendo na Colômbia. Conhecidos como 
                necrófagos, alimentando-se de carniças e carcaças, 
                parece que os condores passaram a atacar animais vivos, dizem 
                moradores de Derrito. "Se os condores virem um animal se 
                movimentar, os golpeiam com as asas. Duas, três vezes. Quando 
                veem que já não se movem mais, começam a 
                comê-lo", explica Eduin Conde, de 38 anos, um criador 
                de ovelhas. 
                 
               
              Cerrito tem 80% de sua área 
                configurada como pântano úmido, onde nascem rios, 
                como o Arauca, que abastece a Venezuela. Segundo Fausto Sáenz, 
                diretor científico da Neotropical, cerca de 30 condores 
                vivem na região. 
                 
               
              Dasan e Illika citados no inicio 
                da matéria, foram resgatados pela Neotropical, em parceria 
                com a Condor Andino do Equador, a organização não 
                governamental The Peregrine Fund e o Zoológico do Parque 
                Jaime Duque, localizado a 35 km da capital colombiana, Bogotá. 
                Após os primeiros socorros, ainda no local, as aves foram 
                transferidas de helicóptero para o zoo. "Eles não 
                reagiam a estímulos", recorda Sáenz, e os dois 
                apresentavam os mesmos sintomas, indicando que "se alimentaram 
                da mesma fonte de intoxicação". 
                 
               
              Carlos Romero, prefeito de Cerrito, 
                afirmou a AFP, que uma investigação em curso, deve 
                determinar se houve envenenamento das aves. Dasan e Illika ficaram 
                dois meses em isolamento se recuperando e sendo monitorados sobre 
                os níveis de toxicidade. Segundo especialistas, o envenenamento 
                na Colômbia é a principal ameaça ao condor, 
                que é encontrado em praticamente toda Cordilheira dos Andes, 
                desde a Venezuela ao sul da Argentina e Chile. Cerca de 6.700 
                indivíduos vivem na região.  
                 
               
              
                  A espécie que 
                choca um ovo a cada dois anos, enfrenta ainda a caça e 
                outros impactos humanos, como a fiação elétrica, 
                o avança da agricultura e da pecuária. Dasan e Illika 
                tiveram sorte nessa batalha de vida e morte e agora foram devolvidos 
                a natureza. A soltura foi acompanhada por cerca de cem pessoas, 
                na mesma região onde foram encontrados. 
                 
               
              Criado em 2015, dentro do setor 
                de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma 
                Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e 
                conservação desses animais. Pesquisas científicas 
                como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre 
                frugivoria e dispersão de sementes, polinização 
                de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção 
                e plantio de espécies vegetais, além de atividades 
                socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a 
                importância em atuar na conservação das aves. 
                Parcerias estratégicas como patrocínios da Petrobras 
                e da Mitsubishi Motors incentivam essa iniciativa. 
                 
               
              Da Redação, 
                com informações do Jornal do Brasil 
                Fotos: Reprodução/Pixabay  |