27/04/2021 
                – Os Estados Unidos têm visto um grande crescimento 
                da energia eólica. Em 2020, cerca de 8% da energia elétrica 
                do país veio dessa fonte. O número representa 50 
                vezes mais que o registrado em 2000, de acordo com dados Administração 
                de Informação de Energia dos Estados Unidos. 
                 
               
              Os benefícios para conter 
                os efeitos das mudanças climáticas são promissores, 
                mas como qualquer outra fonte de energia, inclusive aquelas consideradas 
                limpas, tem algum tipo de impacto ao meio ambiente. No caso da 
                energia eólica as principais vítimas são 
                as aves. 
                 
               
              Estimativas indicam que 140 mil 
                a 500 mil aves morram por ano por causa das colisões com 
                turbinas eólicas. Segundo o Departamento de Energia dos 
                EUA, esse número pode atingir 1,4 milhão de aves 
                por ano, quando a capacidade instalada chegar a 20% da demanda 
                de energia do país até 2030. 
                 
                 
               
              
                  Cientistas e conservacionistas 
                defendem o uso de dados científicos sobre aves migratórias 
                para a definição da construção de 
                novos parques e que possam prevenir mortes consideradas evitáveis. 
                Para os pesquisadores, as companhias poderiam usar esses dados 
                para mitigar as mortes de aves. Com planejamento isso seria possível. 
                 
               
              E no papel para fornecer dados, 
                a ciência cidadã tem se mostrado capaz de fornecer 
                importantes informações. Segundo o eBird, entre 
                2007 e 2018, mais de 180 mil observadores de aves encaminharam 
                dados sobre águias americanas (Haliaeetus leucocephalus). 
                 
                 
                  
              Usando essas informações 
                a pesquisadora Viviana Ruiz-Gutierrez e colegas puderam estimar 
                a ocorrência dessas aves nos Estados Unidos e relacionar 
                com a presença das turbinas eólicas. Diferente de 
                dados coletados em pesquisas tradicionais, os dados da ciência 
                cidadão trazem informações bem mais abrangentes 
                de todo o país, durante o ano inteiro, informam os pesquisadores 
                ao Journal of Applied Ecology. “O que podemos fazer é 
                realmente aproveitar a força que apenas a ciência 
                cidadã possui”, diz Ruiz-Gutierrez, do Laboratório 
                Cornell de Ornitologia. 
                 
               
              O Serviço de Pesca e Vida 
                Selvagem dos Estados Unidos também recomendou a utilização 
                de mapas de ocorrência das águias-carecas para identificar 
                áreas de colisão com baixo risco e mais adequadas 
                para a implantação de turbinas eólicas. 
                 
               
              Segundos os estudos, as turbinas 
                eólicas também podem afetar indiretamente animais, 
                alterando seus habitats. A cada ano os grous (Grus americana), 
                aves ameaçadas de extinção, realizam migração 
                da costa do Texas para o Canadá, indo e voltando, uma viagem 
                de cerca de 8.000 quilômetros, sobrevoando diversos estados 
                americanos que são produtores de energia eólica. 
                Para analisar como essa infraestrutura afeta as aves, os pesquisadores 
                analisaram dados de localização de GPS de 57 grous 
                rastreados entre 2010 e 2016. 
                 
                 
               
              
                  Segundo o estudo, os 
                grous evitaram pousar em locais, ao longo da rota de migração, 
                que estavam próximos a turbinas eólicas. “[As 
                aves são] menos propensas a usar locais de parada se uma 
                estrutura eólica, ou grupo de estruturas eólicas, 
                estiver dentro de cerca de cinco quilômetros", diz 
                o biólogo de vida selvagem Aaron Pearse, do US Geological 
                Survey, ao Ecological Applications. 
                 
               
              Durante a pesquisa, os cientistas 
                descobriram que a quantidade de turbinas eólicas no corredor 
                de migração dos grous mais que triplicou de 2.215 
                para 7.622. Se esse crescimento continuar, sem os devidos estudos 
                sobre a vida selvagem, haverá um declínio na população 
                dessas espécies. Esses dados colocaram os grous em primeiro 
                lugar na lista de perigo. 
                 
               
              Criado em 2015, dentro do setor 
                de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma 
                Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e 
                conservação desses animais. Pesquisas científicas 
                como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre 
                frugivoria e dispersão de sementes, polinização 
                de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção 
                e plantio de espécies vegetais, além de atividades 
                socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a 
                importância em atuar na conservação das aves. 
                 
               
              Da Redação, com 
                informações da Science News e de agências 
                internacionais 
                Fotos: Reprodução/Pixabay 
                 
               
              V. Ruiz-Gutierrez et 
                al. Um caminho para dados da ciência do cidadão 
                para informar a política: um estudo de caso usando dados 
                do eBird para definir áreas de colisão de baixo 
                risco para o desenvolvimento de energia eólica. Journal 
                of Applied Ecology. Publicado online em 14 de março de 
                2021. doi: 10.1111 / 1365-2664.13870. 
                A. Pearse et al. A migração de guindastes 
                evita a infraestrutura de energia eólica ao selecionar 
                o habitat de parada. Aplicações ecológicas. 
                Publicado online em 7 de março de 2021. doi: 10.1002 / 
                eap.2324. 
                Administração de informações de energia 
                dos EUA. O vento explicou. 17 de março de 2021. 
                Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA. Turbinas eólicas. 
                18 de abril de 2018.  |