04/05/2021 
                – A Endesa, empresa espanhola de fornecimento de energia 
                elétrica está sendo processada por causar a morte 
                de centenas de aves eletrocutadas em postes e cabos de energia 
                e por descumprir legislações de proteção 
                da vida selvagem. 
                 
               
              Depois de três anos de investigação, 
                o procurador-geral do meio ambiente em Barcelona, Antoni Pelegrín, 
                abriu um processo contra a Endesa e seis executivos da empresa, 
                por crimes ambientais e por supostamente não cumprir regras 
                de segurança. 
                 
               
              Segundo o processo, somente entre 
                2018 e 2020, 255 aves foram eletrocutadas em postes de Osona, 
                no norte da Catalunha. A maioria aves de grande porte como cegonhas, 
                abutres, além de águias e falcões-peregrinos. 
                 
               
              Em Sant Quirze de Besora, durante 
                2018, morreram 72 cegonhas-brancas, aves migratórias. Entre 
                2019 e 2020 outras 93 foram mortas pelo mesmo motivo. Claro que 
                isso é um problema global, mas entendemos que na Espanha 
                é um caso particularmente grave. O motivo é a quantidade 
                de aves migratórias que passam pela Península Ibérica 
                e o Estreito de Gibraltar, cruzando os Pirineus todos os anos. 
                 
               
              A 
                morte de águias-douradas e de Bonelli, ambas ameaçadas 
                de extinção, por eletrocussão é comum 
                no país, segundo a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO). 
                As estimativas apontam que 33.000 aves de rapina morram todos 
                os anos na Espanha. 
                 
               
              
                  A morte de aves menores 
                é mais incomum. Mas para as maiores os riscos se ampliam 
                quando abrem as asas e encostam-se a algum dispositivo que esteja 
                inadequadamente isolado. “Eles causam a morte não 
                apenas de milhares de aves por eletrocussão, mas nosso 
                relatório estima que cerca de 5 milhões morrem ao 
                colidir com os cabos”, disse o oficial de conservação 
                de espécies da SEO, Nicólas López, que participou 
                da investigação. 
                 
               
              López diz que há 
                pouca vontade política para pressionar empresas poderosas 
                na Espanha. “Sabemos do problema e das medidas que precisam 
                ser tomadas para evitar a eletrocussão desde a década 
                de 1980, mas ainda estão instalando novas linhas que não 
                atendem às regulamentações”, disse 
                ele em entrevista ao The Guardian. 
                 
               
              A ação afirma que 
                a Endesa deve “a adotar as medidas necessárias para 
                evitar riscos ou danos incorridos pelo transporte de eletricidade 
                não só às pessoas, mas à flora, à 
                fauna e ao meio ambiente em geral”. 
                 
               
              Apesar de ter apresentado em 2013 
                um plano para a conformidade ao governo regional da Catalunha, 
                cinco anos depois a Endesa não efetuou as promessas, diz 
                a ação. A empresa realizou apenas ajustes pontuais 
                nas suas linhas de transmissão apesar de “ter sido 
                solicitada e repetidamente informada da necessidade de realizar 
                um plano sério e eficaz para tornar seguras essas instalações 
                perigosas”, diz a ação. 
                 
               
              A Endesa não respondeu 
                formalmente à acusação e afirmou que este 
                ano irá investir € 4,6 milhões na proteção 
                de aves e que em 2020 construiu 659 postes seguros a um custo 
                de € 2,2 milhões. Em 2018, em um acórdão 
                inédito, um tribunal de Castela-La Mancha, multou uma empresa 
                de energia em 149 mil euros pela morte, por eletrocussão, 
                de uma águia-imperial-ibérica, espécie ameaçada 
                de extinção. 
                 
               
              
                  “Achamos que este 
                caso é realmente importante porque não é 
                apenas contra a empresa, mas também traz acusações 
                criminais contra seis de seus executivos seniores. Isso é 
                diferente de apenas multar a empresa, cujo custo eles repassam 
                para o consumidor de qualquer maneira. Mas sabemos que eles têm 
                muito dinheiro para contratar advogados e podem arrastar o caso 
                por anos”, conclui López. 
                 
               
              Criado em 2015, dentro do setor 
                de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma 
                Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e 
                conservação desses animais. Pesquisas científicas 
                como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre 
                frugivoria e dispersão de sementes, polinização 
                de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção 
                e plantio de espécies vegetais, além de atividades 
                socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a 
                importância em atuar na conservação das aves. 
                 
               
              Da Redação, com 
                informações do The Guardian agências internacionais 
                Fotos: Reprodução/Pixabay  |