05/07/2021 
                – A biodiversidade sofre todos os tipos imagináveis 
                de agressão, aqui no Brasil vivemos tempos estranhos. Na 
                área ambiental os desafios que já eram imensos, 
                agora parecem quase uma tarefa impossível. Mas o fato é 
                que desafios são inerentes ao ativismo ambiental no Brasil 
                e em qualquer parte do mundo. 
                 
               
              
                 
                   
                      Reprodução/Instagram 
                        Pick-upau  
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              Há dois meses uma ativista 
                da Agência Ambiental Pick-upau, ao realizar pesquisas de 
                mercado de insumos para a organização se deparou 
                com o equipamento intitulado “Espanta Pássaro Guardian 
                2 Eco À Gás Portátil Com Pedestal Fixo”. 
                Uma espécie de bazuca que deveria ser conectado em um botijão 
                de gás GLP, e que prometia, segundo sua descrição, 
                espantar pássaros (sic), roedores, morcegos e qualquer 
                outro animal que pudesse ser considerado uma ameaça para 
                sua produção no campo. 
                 
                 
               
              
                  Tudo parecia um erro 
                naquele anúncio. Uma imagem agressiva, que nada combinava 
                com a plataforma; o uso de gás GLP, por certo um risco 
                imenso à vida, até o próprio anunciante alertava 
                para uso longe de crianças, entre outros cuidados no uso; 
                a ausência completa de estudos ou justificativas científicas 
                que aquele equipamento não causaria danos à saúde 
                humana ou a biodiversidade. Até o escárnio de chamar 
                o produto de ‘eco’, querendo atribuir ao equipamento 
                um teor ecológico que jamais teria. 
                 
               
              Os danos à biodiversidade 
                podem ser inúmeros. A bióloga-chefe da Agência 
                Ambiental Pick-upau, Viviane Rodrigues Reis, explica, por exemplo, 
                com ruídos podem afetar bandos mistos de aves. “Bandos 
                mistos são associações de duas ou mais espécies, 
                cuja coesão está relacionada à cadeia de 
                interações entre os indivíduos dos bandos. 
                Bandos mistos de aves podem ser caracterizados segundo a dieta 
                dos membros que integram o bando e sua posição no 
                estrato vertical. Existem bandos heterogêneos, bandos do 
                sub-bosque e bandos de copa. Os bandos mistos de copa são 
                formados principalmente por espécies que se alimentam tanto 
                de insetos como de frutos e tendem a ser instáveis, enquanto 
                que os bandos de sub-bosque são compostos em sua grande 
                maioria por espécies com dieta basicamente insetívora, 
                possuindo elevada estabilidade e diversidade de espécies 
                (Munn & Terborgh 1979, Powell 1979, Gradwohl & Greenberg 
                1980, Munn 1985, Jullien & Thiollay 1998). (Maldonado-Coelho, 
                M. & Marini, M. A., 2003). Os ruídos podem afetar igualmente 
                estas espécies no que se refere à reprodução, 
                defesa contra predadores e saúde destes animais”. 
                 
                 
               
              
                  Diante do absurdo que 
                aquele anúncio representava a Pick-upau, por meio do Projeto 
                Aves, solicitou que a Magalu retirasse o produto imediatamente 
                de sua plataforma, enviando um ofício à empresa 
                com argumentos técnicos, científicos e conservacionistas, 
                explicando os riscos de conformidade, estratégico, de integridade 
                e de reputação em que a empresa estaria sujeita. 
                 
                 
               
              Dois dias após a solicitação 
                da Pick-upau, o Magalu baniu o equipamento de sua plataforma, 
                confirmando sua responsabilidade ambiental nesse caso. A Organização 
                identificou a oferta desse produto em dez empresas de varejo online, 
                sendo nove empresas de grande porte, que dominam o mercado no 
                Brasil. 
                 
               
              Apesar do banimento do equipamento, 
                que estava sendo vendido pelo sistema de parceria marketplace, 
                ou seja, anunciado pelo Magalu, mas vendido por outro fornecedor, 
                a empresa não informou desde quando o anúncio estava 
                online ou quantos equipamentos foram vendidos. De qualquer forma, 
                a Agência Ambiental Pick-upau agradeceu a iniciativa da 
                Magalu em banir o produto de sua plataforma. 
                 
                 
               
              
                  Criado em 2015, dentro 
                do setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma 
                Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e 
                conservação desses animais. Pesquisas científicas 
                como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre 
                frugivoria e dispersão de sementes, polinização 
                de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção 
                e plantio de espécies vegetais, além de atividades 
                socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a 
                importância em atuar na conservação das aves. 
                 
               
              Da Redação  
                Fotos: Reprodução/Pixabay  |