11/11/2025
– Um estudo publicado nesta semana no periódico Ecology
mostrou que 4.103 aves colidiram com janelas de vidro em um período
de sete décadas em 11 países das Américas
Central e do Sul.
Segundo a pesquisa, coordenada
por dois pesquisadores brasileiros e por um cientista da Universidade
de Helsinque (Finlândia), observou que mais de 500 espécies
sofreram acidentes com essas estruturas, algumas ameaçadas
de extinção, entre 1946 e 2020.
O levantamento mostrou que 2.537
aves morreram imediatamente após as colisões, e
1.515 foram encontradas vivas e encaminhadas a centros de reabilitação.
As épocas em que ocorreram os acidentes provavelmente coincidem
com períodos de migração e reprodução
das espécies, de acordo com o estudo.
Apenas no Brasil, foram analisados
os registros de 1.452 incidentes, incluindo indivíduos
de espécies ameaçadas de extinção,
como gavião-pombo-pequeno (Buteogallus lacernulatus), cigarrinha-do-sul
(Sporophila falcirostris) e saíra-pintor (Tangara fastuosa),
endêmicas da Mata Atlântica.
A pesquisa foi liderada por Augusto
João Piratelli, da Universidade Federal de São Carlos,
Bianca Ribeiro, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, e por
Ian MacGregor-Fors (Universidade de Helsinki, Finlândia).
Também colaboraram com o estudo mais de 100 pesquisadores,
incluindo vários brasileiros.
Pesquisadora do Instituto
Nacional da Mata Atlântica (INMA), Flávia Guimarães
Chaves, foi uma das colaboradoras do estudo. Segundo ela, o levantamento
mostra que janelas e outras estruturas urbanas de vidro ameaçam
as aves, já que elas não enxergam essa barreira.
"Na cidade de São
Paulo, foram 629 colisões de aves. Não havia muita
diferença se o vidro dessas residências ou prédios
era translúcido ou reflexivo", explica a pesquisadora.
De acordo com a pesquisadora,
o estudo poderá subsidiar políticas públicas,
normas de construção e campanhas de conscientização
voltadas à redução das colisões com
vidros, um passo importante para tornar as cidades mais amigáveis
à biodiversidade.
"Um passo importante para
tornar as cidades mais amigáveis [para as aves] são
ações simples como a aplicação de
adesivos nos vidros, como bolinhas numa distância entre
dez e 15 centímetros, de forma simétrica, que fazem
com que as aves possam enxergar esses vidros. Outra possibilidade
é utilizar cortinas antirreflexo e persianas nas janelas.
No período da construção ou reforma, pode-se
optar por vidros que sejam serigrafados, que possuem faixa UV
na sua composição e são enxergadas pelas
aves". Vitor Abdala - Repórter Da Agência Brasil.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Agência Brasil
Fotos: Reprodução/Pixabay
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