05/12/2025
– Regiões tropicais, como as florestas da América
Central e do Sul e as savanas do norte da Austrália, abrigam
milhares de espécies de aves, incluindo araras, tucanos
e beija-flores. No entanto, uma nova pesquisa revela que as mudanças
climáticas estão colocando essas aves em risco,
com um aumento de até dez vezes nos dias perigosamente
quentes em comparação com 40 anos atrás.
Entre 1950 e 2020, eventos de calor extremo causaram uma redução
de 25% a 38% nas populações de aves tropicais, segundo
estudo publicado na Nature Ecology and Evolution.
O estudo aponta que eventos de
calor extremo são um dos principais fatores na perda de
espécies, ajudando a explicar a queda nas populações
de aves até mesmo em áreas remotas e preservadas.
Segundo James Watson, coautor do estudo e professor na Universidade
de Queensland, isso reforça a urgência de reduzir
as emissões de gases de efeito estufa, já que esses
eventos extremos tendem a se intensificar. A pesquisa analisou
mais de 90.000 registros científicos de mais de 3.000 populações
de aves, comparando-os com dados climáticos diários
desde 1940, para avaliar os impactos de eventos extremos, como
chuvas intensas e ondas de calor.
Os pesquisadores compararam suas
descobertas com dados sobre atividade industrial humana para isolar
os impactos das mudanças climáticas. Eles constataram
que a exposição a extremos de calor — temperaturas
acima do 99? percentil — causou redução nas
populações de aves em latitudes abaixo de 55 graus,
com os efeitos mais severos nos trópicos (abaixo de 23
graus). O estudo concluiu que esses extremos de calor são
mais prejudiciais às aves do que o aumento gradual da temperatura
média ao longo do tempo.
A queda nas populações
de aves já era conhecida — um estudo de 2019 mostrou
uma redução de 30% nos EUA e Canadá desde
1970, principalmente devido à perda de habitat e outros
impactos humanos diretos. No entanto, a nova pesquisa destaca
o calor extremo como uma ameaça crescente, especialmente
nas regiões tropicais, ajudando a explicar o declínio
de aves mesmo em áreas remotas e protegidas, antes vistas
como refúgios de biodiversidade.
O estudo revelou que,
em florestas tropicais preservadas no Panamá e na Amazônia,
as populações de aves caíram mais de 50%
entre 1977 e 2020 e entre 2003 e 2022, respectivamente. O calor
extremo afeta gravemente as aves, que, por não suarem,
recorrem ao ofegamento e à exposição da pele
para se resfriar. Isso pode levá-las à desidratação,
desorientação, perda de consciência e até
à morte. Além disso, o calor pode causar danos internos
e comprometer a reprodução das aves.
Os trópicos abrigam uma
biodiversidade excepcional devido à presença de
espécies com populações pequenas e altamente
adaptadas a faixas estreitas de temperatura. No entanto, essa
especialização também as torna extremamente
vulneráveis às mudanças climáticas.
Segundo especialistas, quando as temperaturas ultrapassam esses
limites, as aves tropicais têm grande dificuldade de adaptação,
devido às suas populações reduzidas e baixa
capacidade evolutiva — uma combinação que
torna os trópicos particularmente frágeis diante
do aquecimento global.
O pesquisador Golo Maurer afirma
que o estudo deixa claro que não se pode presumir que espécies
estão seguras apenas por estarem em áreas protegidas,
já que a mudança climática é abrangente
o suficiente para afetar até esses locais. Ele destacou
ter observado os impactos do clima nas aves em sua própria
região, no norte de Queensland, Austrália, conhecida
por sua alta biodiversidade e grande número de espécies
endêmicas.
Maurer observou que, na floresta
tropical de Queensland, os observadores da BirdLife têm
precisado subir a altitudes mais elevadas para encontrar os pássaros-jardineiros
dourados, indicando que essas aves estão sendo forçadas
a mudar de habitat devido ao calor. Já Watson destacou
que o estudo é mais um alerta sobre os graves impactos
das mudanças climáticas na biodiversidade, especialmente
nos trópicos, e reforçou que combater as emissões
de gases de efeito estufa deve ser uma prioridade para evitar
a perda de inúmeras espécies.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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