05/12/2025
– Desde 1970, a América do Norte perdeu cerca de
3 bilhões de aves, principalmente por causa da perda e
degradação de habitats. No entanto, um estudo recente
realizado em uma floresta comercial no Maine trouxe uma surpresa
positiva: ao repetir uma pesquisa feita 30 anos antes, os pesquisadores
encontraram mais aves do que antes. Segundo Michael Reed, coautor
do estudo, a expectativa era encontrar dados negativos, mas os
resultados mostraram melhorias para a maioria das espécies
analisadas.
A pesquisa analisou mudanças
nas populações de aves e no uso do habitat em uma
floresta comercial no Maine, considerando as alterações
no manejo florestal desde os anos 1990. Segundo Reed, práticas
como o corte raso se tornaram menos comuns, com a extração
de madeira sendo feita de forma mais espaçada e distribuída.
O estudo, publicado na Biological Conservation, revelou que 26
das 47 espécies observadas aumentaram significativamente
em número e 13 permaneceram estáveis. Esses resultados
contrastam com a tendência continental, onde 75% das mesmas
espécies mostraram declínio populacional no mesmo
período.
As florestas comerciais do Maine
se destacam por abrigarem populações de aves em
crescimento, ao contrário de outras regiões da América
do Norte. Segundo Reed, embora existam vários fatores envolvidos,
um deles é claro: a região do centro-norte do Maine
é quase inteiramente coberta por florestas, o que favorece
a conservação das aves. Esses resultados sugerem
que é possível aprender com o manejo florestal do
Maine para promover a recuperação de aves em outras
áreas.
O estudo foi realizado em uma
floresta comercial de 588.000 acres, parte de uma paisagem contínua
de 10 milhões de acres de áreas florestais comerciais,
públicas e protegidas — a maior extensão de
floresta não desenvolvida a leste do Mississippi. Reconhecida
como uma Área Importante para a Conservação
de Aves, essa região é crucial para a proteção
da biodiversidade. Além disso, por ser uma das áreas
mais escuras da Costa Leste, pode atrair aves migratórias
noturnas, que se orientam pelas estrelas e buscam locais escuros
e seguros para pousar e se reproduzir.
O estudo revelou que
muitas espécies de aves são mais flexíveis
no uso do habitat do que se pensava, conseguindo prosperar mesmo
em florestas de qualidade média próximas a áreas
de alta qualidade. Esse comportamento, aliado à tendência
de aves retornarem ao local de nascimento e de se agruparem onde
outras de sua espécie já estão, pode explicar
o aumento das populações — um fenômeno
que Reed descreve como "os ricos ficam mais ricos".
Curiosamente, o crescimento não veio da expansão
do habitat, mas do aumento da densidade de aves por acre, com
algumas espécies duplicando sua presença em áreas
cujo tamanho permaneceu igual ou até diminuiu desde os
anos 1990.
Os dados sobre o regulus sauria
mostram que o manejo florestal influencia diretamente o sucesso
das espécies. Enquanto essa ave está em declínio
na maior parte da América do Norte, incluindo nas florestas
comerciais do Canadá, sua população está
crescendo no Maine. A diferença pode estar no tipo de manejo:
no Canadá, as florestas são replantadas de forma
uniforme, criando ambientes mais simples, com pouca diversidade.
Já no Maine, a regeneração natural resulta
em florestas mais densas e variadas. Os pesquisadores acreditam
que essa diversidade oferece melhores condições
de abrigo e alimento, favorecendo a reprodução da
espécie.
Embora muitas espécies
de aves tenham aumentado na área estudada, cerca de 30%
— incluindo o wren-de-inverno e a toutinegra-do-canadá
— ainda apresentaram declínio. Os pesquisadores planejam
investigar as causas dessas quedas e avaliar se práticas
florestais comerciais poderiam ser ajustadas para apoiar melhor
essas espécies. Uma preocupação central é
a redução de árvores maduras, com mais de
200 anos, que podem ser essenciais para algumas aves. No entanto,
os cientistas alertam que os fatores podem estar ligados às
áreas de migração ou de inverno das aves,
fora do alcance das florestas do Maine.
Embora dois terços das
florestas dos EUA sejam usadas para produção de
madeira, este é o primeiro estudo a analisar, ao longo
de décadas, as mudanças nas populações
de aves em uma floresta comercial. Diante do declínio das
aves em todo o continente e da expansão humana, os pesquisadores
destacam a importância de entender como diferentes tipos
de manejo florestal podem contribuir para a conservação.
Florestas comerciais em estados como Michigan, Wisconsin e Minnesota
— com manejo semelhante ao do Maine — também
podem estar ajudando espécies a prosperar. Reed ressalta
que, assim como fazendas cultivam milho, florestas comerciais
cultivam árvores, e podem ser habitats valiosos.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Saiba mais: Fen S. Levy et al.,
Aumento da abundância de aves ao longo de 30 anos em uma
extensa paisagem florestal comercial, Biological Conservation
(2025). DOI: 10.1016/j.biocon.2024.110934
Da Redação, com
informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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