Na Chapada dos Guimarães
a realidade torna-se um sonho, o lugar é simplesmente maravilhoso.
Suas formações rochosas avermelhadas se misturam aos vales
verdejantes e os campos de cerrados. Com uma área de 33
mil ha, a Chapada nos oferece, entre outras formações rochosas
de arenito, o Cogumelo de Pedra, Pedra Furada, Jacaré de
Pedra, Mesa do Sacrifício, Portão do Inferno e a Cidade
de Pedra.
Fora todas essas maravilhas, o parque ainda dispõe de 46
sítios arqueológicos que apresentam pinturas e inscrições
rupestres, além de fósseis de animais pré-históricos, um
verdadeiro tesouro para a humanidade. Hotéis e pousadas
estão por toda a parte na cidade, mas se você preferir algo
mais rústico poderá ficar no camping Aldeia Velha, a 8 km
da cidade sentido Cuiabá. Entre os animais que vivem no
parque, estão o lobo-guará, raposas, antas, tatus, onças
(parda, preta, e pintada), araras, tucanos, maritacas, papagaios
e urubus-rei. Composta de cerrado em quase todo o parque,
a vegetação rala é predominante no local, tendo mata fechada
apenas entre cânions. O pequi e o ipê são as principais
árvores encontradas.
O artesanato local é inspirado em animais da região e do
pantanal mato-grossense. Apesar destes estarem distante
da Chapada, pode-se encontrar araras, tuiuiús, onças, papagaios
e tucanos, de todos os tamanhos e posições. As imagens de
São Francisco de Assis feitas por crianças de Poconé, encontradas
somente em quiosques próximos a cachoeiras, são de
uma sensibilidade incrível. A forte influência bandeirante
e indígena na ocupação da Chapada, onde os jesuítas chegaram
a montar uma missão que reunia índios bororós, caiapós,
xavantes, paiaguás e guaicurus, no século XVIII, fica bem
clara não só na culinária, mas também no artesanato. O parque
é inteiramente formado por arenito, uma rocha sedimentar
em cuja constituição, predominam grãos de areia consolidados
por cimento. A natureza do cimento varia, podendo ser constituída
de calcário, calcedônia, limonita e argila endurecida.
São vários os tipos de arenito. Por ser uma rocha de grande
beleza, é usada em revestimentos de edificações. Seu uso
já vem de milhões de anos atrás, quando servia de abrigo
para o "homo sapiens". A característica da pré-história
é a falta de documentação escrita. Através de fósseis e
inscrições (desenhos) encontrados por antropólogos e arqueólogos,
foi possível idealizar a linha de evolução do ser humano.
Os trabalhos artísticos produzidos pelos homens pré-históricos
da região são fascinantes e provam que estamos aqui a bem
mais tempo que imaginamos. Essas pinturas podem ser encontradas
em quase todas as cavernas da região, porém a mais bonita
delas é a caverna Aroe Jari, com sua entrada guardada por
dezenas de papagaios, maritacas, periquitos e araras. Durante
muito tempo, procuramos respostas do universo olhando para
o futuro, mas talvez a resposta esteja no passado, que hoje
é um presente da Chapada dos Guimarães.
Outro um fato curioso sobre a região. Há uma disputa entre
Cuiabá e a Chapada dos Guimarães sobre onde fica o centro
geodésico da América do Sul. Enquanto os cuiabanos reivindicam
o título, baseados nos cálculos do marechal Cândido Rondon,
os chapadenses alegam que o sensoreamento remoto por satélite
mostra o centro do subcontinente sul-americano à beira de
um precipício em seu município. Devido à briga, os cuiabanos
roubaram o marco de bronze que indicaria o local na Chapada,
mas com certeza não podem esconder a beleza estonteante
do sol poente iluminando por baixo as nuvens que pairam
acima do planalto central do Brasil.
A Cidade de Pedra é um dos locais mais impressionantes da
Chapada, cujas esculturas naturais, moldadas caprichosamente
nas rochas pela ação do vento, foram escolhidas como cenário
da novela Fera Ferida, exibida pela TV Globo há alguns
anos. Sem dúvida, quem conhece a Chapada, terá aulas de
ecologia, história, geologia, antropologia, mistérios esotéricos
e até conceitos básicos do ser humano, que as vezes são
esquecidos, como se apaixonar, por exemplo. |