Emissões
de gases do efeito estufa crescem 58% em SP
Setores precisarão rever conceitos para que essa
história mude
O
primeiro Inventário Estadual de São Paulo
de Emissões Antrópicas dos Gases do Efeito
Estufa mostrou que essas emissões aumentaram 58%
entre 1990 e 2008 no estado.
Nesse levantamento somou-se as cinco grandes áreas
do Estado e conclui-se que o setor energético é
o mais poluidor, contribuindo com 57,2% das emissões
totais. Nesse setor estão incluídos todo o
tipo de transporte. O segundo mais poluidor é o setor
da agropecuária com 21,3% das emissões, seguido
pela indústria com 14,7% e o lixo com 6,7%.
O único setor que retirou os gases da atmosfera ao
invés de emitir, segundo o relatório, foi
o de uso e ocupação do solo, por conta das
chamadas florestas plantadas (pinus e eucalipto), não
pela restauração de matas originais do Estado.
O inventário mostrou as diferenças entre os
principais poluidores no âmbito nacional. Como exemplo
tem-se o setor uso e ocupação do solo como
o grande vilão na Amazônia e o que menos poliu
em São Paulo, onde o titulo de pior resultado foi
para o setor energético.
Saiba mais sobre Inventário
O
inventário que é o primeiro do Estado, indicou
que em 2005, São Paulo emitiu 88.844 gigramas de
CO2, principal contribuinte do Efeito Estufa e este número
servirá como parâmetro para a meta de 20% de
redução do CO2 até 2020, de acordo
com o que ficou estabelecido na Política Estadual
de Mudanças Climáticas de São Paulo-
PEMC (Lei Estadual nº 13.798/2009).
Divulgação/Pick-upau |
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Vista
da Pedra Grande, no Parque Estadual da Cantareira. |
O
principal objetivo da PEMC é estabelecer os compromissos
do Estado referente aos embates das mudanças climáticas
mundiais e preparar as condições necessárias
para as adaptações frente aos impactos advindos
das mudanças climáticas colaborando com a
redução ou estabilização das
concentrações dos Gases do Efeito Estufa na
atmosfera.
Bruno
Covas, secretário do Meio Ambiente, disse que conter
as emissões é uma tarefa imprescindível,
referindo-se a necessidade da criação de medidas
mitigação e adaptação. “É
parte fundamental do compromisso assumido por São
Paulo de participar ativamente dos esforços de proteção
do sistema climático global e de promover a transição
para uma economia de baixo carbono no estado”.
Covas
aproveitou, que Luciano Almeida, presidente da Agência
Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade-Investe,
estava presente e ressaltou que a SMA não é
contrária aos novos investimentos, mas acha necessário
discutir em que empresas investir, visando a economia verde.
“O meio ambiente está aqui para balizar e orientar
o desenvolvimento. Mais que respeitar a legislação
na implantação de políticas públicas
para a mitigação e redução dos
gases de efeito estufa, estamos visando à preservação
da vida neste planeta”, completou o secretário.
O
presidente da CETESB, Otavio Okano, acha que a partir dos
resultados apontados no inventário, há a possibilidade
de conhecimento do perfil das fontes emissoras e distinguir
as prioridades para a implantação dos programas
de minimização das emissões de GEE
no estado. “Este documento tem grande relevância
também, no reconhecimento por parte do governo, da
opinião pública, das indústrias e demais
áreas produtivas, da importância do tema e
da necessidade de que medidas sejam tomadas”.
O
inventário foi organizado pelo Programa Estadual
de Mudanças Climáticas-PROCLIMA, instituído
em 1995 pela CETESB e SMA. João Wagner Alves, coordenador
do programa, disse que “Impulsionada pela oportunidade
de aprendizado adquirida na participação da
elaboração do inventário nacional de
emissões de GEE do setor de resíduos junto
ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT),
a CETESB procurou desenvolver um inventário estadual
com um nível de rigor e credibilidade compatíveis
com a relevância do Estado de São Paulo no
contexto nacional.”
Alves
explicou que o inventário foi realizado conforme
os métodos aprovados pelo Painel Intergovernamental
de Mudanças do Clima – IPCC e à semelhança
da publicação federal a fim de garantir coerência
e comparabilidade aos resultados nacionais.
Josilene
Ferrer, gerente do setor clima e energia da CETESB e secretária
do PROCLIMA, afirmou que a conclusão bem sucedida
foi devido à confiança e o apoio da Embaixada
Britânica no Brasil, além da participação
de universidades, institutos de pesquisa, órgãos
governamentais, empresas do setor público e privado
e voluntários que tiveram participação
na obtenção das emissões dos setores
da economia estadual. “No total, participaram 320
pesquisadores e 120 entidades e empresas, representando
o setor público e privado do Estado”.
Alan
Charlton, embaixador do Reino Unido no Brasil, fez muitos
elogios às iniciativas da CETESB e da SMA e salientou
que o inventário do estado de São Paulo é
um dos mais completos existentes. Ele mencionou que a mudança
para a economia de baixo carbono é a “Revolução
Industrial do Século 21” e esses inventários
são fundamentais para esse processo.
Para
a apresentação do documento, estavam presente
o secretário adjunto do Meio Ambiente, Rubens Rizek,
o secretário adjunto de Saneamento e Recursos Hídricos,
Rogério Menezes, o coordenador de Energias Renováveis
da Secretaria Estadual de Energia, Marco Antonio Mroz, o
ex-secretário Fábio Feldmann e os diretores
da CETESB, Ana Cristina Pasini, de Tecnologia, Qualidade
e Avaliação Ambiental; Geraldo Amaral, de
Licenciamento e Gestão Ambiental, e Sergio Meirelles,
de Gestão Corporativa. Além de muitas outras
autoridades que em conjunto com técnicos e representantes
das além de várias outras autoridades, que
junto com técnicos e representantes de prefeituras,
secretarias de Meio Ambiente, universidades, assessorias
ambientais, entidades ambientalistas e empresas, encheram
as dependências do auditório Augusto Ruschi.
Inventário
completo e detalhado
Durante
a apresentação do inventário, João
Wagner Alves, coordenador do PROCLIMA, salientou a importância
do relatório, devido às diferenças
na realidade encontrada a nível estadual e nacional.
“No inventário do país, o desmatamento
é responsável por 75% das emissões,
muito diferente da realidade em São Paulo”.
O
relatório mostrou que as emissões estaduais
de gás carbônico cresceram 63% entre os anos
de 1990 e 2008. Recentemente, entre 2005 e 2008 o crescimento
foi de 10%.
Alves
comparou as emissões de GEE com o PIB do Estado de
São Paulo e do Brasil, e concluiu que São
Paulo é responsável por 33% do PIB nacional
e 6,5% das emissões de GEE totais do país.
“Em outras palavras, para cada mil reais produzidos
no país, são emitidos 0,72 tco2eq., enquanto
no Estado de São Paulo, a mesma produção
corresponde a 0,14 tco2eq., o que equivale a 20% do indicador
nacional”.
O
inventário mostra que em 2005 as emissões
antrópicas foram de 88.488 GgCO2, 1.268 GgCH4; 63
GgN2O; 0,002 GgSF6 e 0,8 GgHCFC-141b e em 2008 foram 95.762
GgCO2; 1.152 GgCH4; 41GgN2O; 0,002GgSF6 e 1,1 GgHCFC-141b.
As
emissões totais do estado de São Paulo, entre
1990 e 2008, de CO2, CH4 (metano) e N2O (óxido nitroso)
alteraram em 63%, 12% e -3% respectivamente. Já em
relação aos GEE indiretos no ano de 2008 foram
554 GgNOx; 889 GgCO; e 567 GgVOC, variando 10% de CO2 e
-9,1% de CH4.
As
emissões de CO2 foram divididas em setores: Energia;
Processos Industriais; Agropecuária; Uso da Terra,
Mudança do Uso da Terra e Florestas – UTMUTF;
e Resíduos. No setor energético, as emissões
totais de CO2 derivadas da queima de combustíveis
fósseis passou de 56.957 GgCO2 em 1990, para 79.231
GgCO2 em 2008, representando um aumento de 39%, com média
anual de 1,85%. Os combustíveis derivados do petróleo
foram os responsáveis por 78% das emissões
seguido pelo mineral e seus derivados com 14% e por ultimo
o gás natural com 8%.
O
documento indicou que o aumento das emissões de CO2
dos combustíveis fósseis foi menor que a aumento
da oferta total de energia, fato que mostrou um maior uso
de combustíveis menos intensivos em carbono, como
é o caso do gás natural.
Outra
dado destacado no inventário foi o fato de que entre
os setores de maior contribuição para o aumento
das emissões, o destaque foi para o setor do Transporte
(56% em 2005), com o Rodoviário foi o responsável
por 81% das emissões totais, apesar de que os automóveis
representaram uma parte expressiva nas emissões.
Já o setor Industrial que contribuiu com 29% das
emissões, um crescimento de 25% no período
de 1990 e 2008 sendo destaque o subsetor de ferro gusa e
aço, com 34% das emissões totais.
Para
obedecer as normas internacionais definidas pelo IPCC, o
documento será elaborado periodicamente, a fim de
gerar informações para comparações
nacionais e internacionais quantificando tais emissões
estadual no contexto mundial.
Sobre
o ‘Atmosfera’
Atmosfera é um projeto socioambiental que permite
a neutralização e a compensação
de emissões de gases do efeito estufa (GEE), sobretudo
o dióxido de carbono (CO2). Toda e qualquer atividade
antrópica gera a emissão de gases do efeito
estufa, o que tem levado ao desequilíbrio das condições
climáticas da Terra, comumente chamado de aquecimento
global. Estas ações - ou pelo menos, parte
delas -, podem e devem ser neutralizadas por pessoas físicas
ou jurídicas, por meio do plantio de árvores
nativas brasileiras, identificadas por georreferenciamento
e monitoradas ao longo de seu desenvolvimento. Atualmente,
empresas que atuam de forma planejada para o desenvolvimento
sustentável, têm se destacado. As maiores corporações
do planeta têm investido em ações de
responsabilidade socioambiental. Saiba mais: www.atmosfera.org.br
Sobre
o Projeto Refazenda
O Projeto Refazenda é uma iniciativa do Pick-upau,
uma organização não-governamental sem
fins lucrativos de caráter ambientalista, 100% brasileira,
em parceria com o Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável e a aldeia guarani Tenonde Porã.
O programa tem entre seus principais objetivos a produção
de mudas nativas da mata atlântica, como forma de
fomento da economia da comunidade indígena beneficiada
e o aumento da oferta de produtos florestais destinados
a recuperação e ampliação da
cobertura vegetal de um dos biomas mais ameaçados
do país, a mata atlântica. Saiba mais: www.refazenda.org.br
Da Redação
Com informações da Folha de São Paulo
e SMA-SP