09/09/2025
– Novas pesquisas da Universidade de East Anglia indicam
que os esforços de conservação podem ser
mais eficazes ao focar nas necessidades climáticas específicas
das aves. O estudo analisou como a amplitude de nicho climático
— a variedade de condições climáticas
que uma espécie pode tolerar — está relacionada
à sua vulnerabilidade às mudanças climáticas.
Espécies com menor amplitude são mais propensas
ao declínio, o que sugere que entender melhor esses limites
pode ajudar a priorizar a proteção das aves mais
ameaçadas.
Espécies de aves que vivem
em áreas geográficas semelhantes, mas toleram uma
maior variedade de condições climáticas,
tendem a sofrer menos declínios populacionais — e
até a crescer — em comparação com aquelas
que têm preferências climáticas mais restritas.
Segundo os autores do estudo, publicado no Journal of Biogeography,
esses resultados destacam a amplitude do nicho climático
como um fator-chave para prever a vulnerabilidade das aves às
mudanças climáticas.
Os pesquisadores recomendam que
os nichos climáticos das espécies sejam considerados
nas avaliações de risco das mudanças climáticas,
para orientar melhor as estratégias de conservação.
Eles argumentam que a variação das condições
climáticas dentro da área de distribuição
de uma espécie pode oferecer uma compreensão mais
detalhada de sua resiliência populacional. A autora principal,
Karolina Zalewska, ressalta que identificar quais espécies
estão mais ameaçadas é complexo, pois os
declínios populacionais podem ter diversas causas.
O estudo destaca que, embora espécies
raras e com distribuição limitada sejam geralmente
mais vulneráveis às mudanças climáticas,
aves amplamente distribuídas, como o pardal-doméstico
e o estorninho-comum, também podem estar em risco. Espécies
com nichos climáticos mais restritos são mais suscetíveis
às rápidas mudanças no clima, o que pode
explicar parte dos declínios populacionais observados.
Os pesquisadores reforçam a importância de considerar
a exposição à variabilidade climática
na avaliação da vulnerabilidade das espécies
e no planejamento de conservação em longo prazo.
As mudanças climáticas
causadas pelo ser humano são uma ameaça crescente
à biodiversidade global, mas seu impacto varia entre as
espécies. Isso se deve a diferenças nas histórias
de vida e à exposição desigual a mudanças
ambientais, como variações de temperatura e precipitação.
Embora espécies com ampla distribuição geográfica
sejam teoricamente mais expostas a diferentes condições
climáticas — e, portanto, mais resilientes —,
os recentes declínios populacionais de algumas delas indicam
que outros fatores também influenciam. A amplitude das
condições climáticas que uma espécie
vivencia pode ser um indicador importante de sua resiliência
às mudanças climáticas.
A professora Aldina
Franco, coautora do estudo, enfatizou que, diante da crise global
da biodiversidade e das mudanças climáticas, é
crucial avaliar rapidamente a vulnerabilidade das espécies
para definir prioridades de conservação. O estudo
reforça a importância de priorizar espécies
com exigências ambientais mais restritas, que estão
mais expostas ao risco climático. Para isso, os pesquisadores
analisaram dados populacionais de 159 espécies de aves
nidificantes em 29 países europeus, ao longo de 40 anos,
relacionando essas tendências com as condições
climáticas enfrentadas e com a distribuição
geográfica das espécies.
Os pesquisadores utilizaram 30
anos de dados climáticos das áreas de reprodução
das aves para construir representações dos seus
nichos climáticos e criaram um novo índice de amplitude
de nicho climático que considera também a área
de distribuição das espécies. A análise
incluiu ainda fatores como dieta, habitat primário, status
migratório e massa corporal média, para entender
como esses elementos influenciam as tendências populacionais
de longo prazo. Segundo Karolina Zalewska, essas descobertas ajudam
a identificar ameaças ligadas às mudanças
climáticas e oferecem uma ferramenta valiosa para orientar
a conservação das espécies.
O estudo demonstrou que o índice
de amplitude do nicho climático ajustado à área
de distribuição pode ajudar a prever quais espécies
são mais vulneráveis ao declínio populacional.
Das 159 espécies analisadas, 58 estavam em declínio,
68 apresentavam populações estáveis e 33
estavam em crescimento. Consistente com pesquisas anteriores,
os resultados mostraram que aves de habitats agrícolas,
como o trigueirão e a cotovia, têm maior chance de
declínio, enquanto espécies adaptadas a ambientes
modificados pelo homem, como o melro e o chapim-azul, tendem a
ter crescimento populacional.
Saiba mais: Karolina Zalewska
et al. Declínio de aves nidificantes europeias associado
a nichos climáticos mais estreitos, Journal of Biogeography
(2025). DOI: 10.1111/jbi.15127
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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