21/12/2012 - DE SÃO PAULO - Em uma sessão polêmica,
a Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou na noite
de quinta-feira (20) projeto do governo estadual para renovar
e ampliar a concessão à iniciativa privada de parte
do Parque Estadual Fontes do Ipiranga (zona sul da cidade).
A intenção do governo é erguer um centro
de convenções, um hotel e um pavilhão no
local, para ampliar o Centro de Exposições Imigrantes
e atrair mais feiras de negócios a São Paulo. O
investimento previsto é de cerca de R$ 320 milhões.
O Parque do Estado, como é conhecido, já tem uma
área concedida à iniciativa privada, onde funciona
um pavilhão de exposições. A concessão
atual vigorou por 20 anos e venceria em março de 2013.
O projeto aprovado ontem renova a concessão por mais 30
anos e aumenta a área concedida dos atuais 213 mil m²
para 382 mil m². A área total do parque estadual é
de 5,26 milhões de metros quadrados --equivale a três
parques Ibirapuera.
A votação levantou polêmica na última
sessão do ano na Assembleia. Ambientalistas e moradores
da região afirmam que os novos empreendimentos no local
devem provocar o aumento na circulação de pessoas
e automóveis e, consequentemente, a saturação
do bairro, levando problemas como piora do trânsito, desmatamento
de mata atlântica, impermeabilização do solo
em torno das nascentes do rio Ipiranga e aumento de enchentes.
"Os moradores são prejudicados com essas feiras
de eventos. As ruas do bairro são muito estreitas, não
comportam. Já somos prejudicados há 20 anos",
criticou a presidente da Associação de Moradores
e Amigos da Água Funda, Izabel Ramos, que foi ontem para
a Assembleia tentar pressionar pela não aprovação
do projeto.
Segundo dados da associação, pelo menos 175 mil
moradores de bairros vizinhos serão afetados pelas mudanças
no local.
Funcionários da Secretaria de Agricultura e Abastecimento
também criticaram o projeto. Pela nova lei, a sede do órgão,
que está na área da nova concessão, terá
que mudar de local.
"O Estado precisa refletir: por que vai trocar aquilo por
dinheiro? Amanhã vai querer vender mais", critica
o servidor Hélio Cava, representante da Associação
dos Assistentes Agropecuários do Estado de São Paulo.
"Diante da especulação imobiliária
que se tem hoje na cidade, esse projeto deveria ter no mínimo
um debate com a sociedade moradora do entorno do parque",
criticou o deputado José Zico Prado (PT), que votou contra
o projeto.
O líder do governo, Samuel Moreira (PSDB), defendeu a proposta
do Executivo, afirmando que não haverá danos ao
meio ambiente por se tratar se uma área já ocupada
pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
O deputado tucano acrescentou que os recursos pagos pela iniciativa
privada serão aplicados na preservação do
parque e melhoria das instalações já existentes.
O projeto de lei foi encaminhado à Assembleia pelo governador
Geraldo Alckmin (PSDB) em outubro. Agora o Estado deve abrir licitação
para contratar um novo administrador para a área.
Da Folha de SP
Editoria de Arte/Folhapress
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