23/09/2012 –
Se depender do governo do Estado de São Paulo, mais especificamente,
pela vontade do vice-governador Guilherme Afif Domingos, a capital
paulista pode colocar em risco uma das últimas e mais importantes
reservas de Mata Atlântica da cidade, segundo uma fonte do
Palácio dos Bandeirantes.
(LEIA NOTA DO VICE-GOVERNADOR NO FIM DA PÁGINA).
O Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, antigo Parque do Estado,
que abriga importantes instituições, como a Fundação
Parque Zoológico de São Paulo, o Parque de Ciência
e Tecnologia da Universidade de São Paulo – CIENTEC/USP
e o Instituto de Botânica está ameaçado por
um megaempreendimento que o governo pretende instalar nas áreas
de abrangência do parque com recursos na iniciativa privada.
A ideia do governo é ampliar a área do Centro de
Exposições Imigrantes, atingindo os prédios
da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, já
de malas prontas para saída, as instalações
do Instituto Geológico, o Centro de Esportes, Lazer e Cultura
– CECL e até mesmo o CAISM – Água Funda
- Centro de atenção integrada de saúde mental
“Dr. David Capistrano da Costa Filho”.
Aproveitando que a concessão do Centro de Exposição
Imigrantes está vencendo o governo pretende estender essa
permissão por mais 30 anos e com isso, através de
uma PPP - Parceria Público-Privada que pode investir até
R$ 390 milhões, segundo o próprio governo.
Reprodução |
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Proposta
de ampliação do Centro de Exposições
Imigrantes no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga. |
O Palácio dos Bandeirantes, através da Secretaria
de Planejamento e Desenvolvimento Regional de São Paulo,
alega que o Parque Anhembi está saturado e que a cidade
de São Paulo tem perdido importantes feiras e eventos para
o Rio de Janeiro.
Com o argumento que o novo complexo trará progresso para
a região, o governo tem tratado o assunto com muito segredo.
Somente na última semana, aquilo que vinha sendo apenas
um rumor, transformou-se uma confusa apresentação
por parte da Secretaria de Planejamento. O complexo que prevê
a construção de hotéis, grandes áreas
para estacionamento e até área de shows é
na verdade o começo do fim do Parque Estadual das Fontes
do Ipiranga, que hoje já suporta até mega casamentos
na área do Jardim Botânico, graças a uma equivocada
resolução e uma administração questionável.
Tratando o CONDEPEFI – Conselho de Defesa do Parque Estadual
das Fontes do Ipiranga como um mero conselho consultivo, a Secretaria
de Planejamento fez uma apresentação como se o projeto
já fosse uma realidade, um processo irreversível,
já que a maior parte do conselho é composta por
membros do próprio governo. Mostrando total desconhecimento
do parque e de suas atribuições, a Secretaria, também
não levou em conta que o conselho tem representantes da
sociedade civil organizada, no caso o Pick-upau, que pode contestar
o projeto na Justiça, se for o caso.
Reprodução |
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Vista
do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga. |
Segundo o diretor-executivo e coordenador de pesquisas científicas
da Agência Ambiental Pick-upau, J. Andrade, o assunto, que
até então era mantido em segredo, agora aparece
como se estivesse sendo preparado há muito tempo e como
uma decisão consolidada. “O governo está tratando
o caso como se fosse uma prova de 100 metros rasos, quando na
verdade, terá pela frente, no mínimo, uma prova
de 400 metros com barreira”, diz Andrade, em referência
a facilidade que o governo pensa em resolver a questão.
“Não há dúvidas que esse projeto é
um equívoco, estão desconsiderando que a área
pertence a uma Unidade de Conservação consolidada,
estão querendo inutilizar o CONDEPEFI, rasgar o Plano de
Manejo do parque, desconsiderar a Avenida Miguel Estefano com
uma estrada-parque, transferir de maneira unilateral as instituições
que compõem o parque e transgredir o próprio SNUC.
Se realmente quiserem avançar com esse projeto, vão
ter que rever todos esses documentos. Eu me pergunto, se o governo
realmente quer isso, e se tratando de um investidor privado, se
ele vai correr o risco de ter seu projeto contestado na Justiça,
algo que será inevitável, se a proposta permanecer
como está.”, completou Andrade.
Divulgação/Pick-upau |
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Vista
do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga. |
A Agência Ambiental Pick-upau solicitou cópia da
apresentação feita pela Secretaria de Planejamento,
que até o fechamento desta matéria ainda não
havia sido liberado pelo diretor geral do Instituto de Botânica,
o Sr. Luiz Mauro Barbosa, para analisar os caminhos que serão
tomados. Primeiramente devemos fazer uma análise detalhada
do projeto em sua totalidade, e verificar se ele infringe o plano
de manejo e as legislações vigentes em que se enquadra
o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga. Ainda segundo o diretor-executivo
do Pick-upau, a organização cobrará um posicionamento
oficial da Secretaria do Meio Ambiente e de seu secretário,
Bruno Covas.
Vice-governador de SP emite nota sobre caso “PEFI”
Guilherme Afif Domingos desvincula sua participação
em projeto que pretende dobrar centro de exposições
em uma Unidade de Conservação
17/10/2012 – No dia 23 de setembro de 2012, a Agência
Ambiental Pick-upau publicou a matéria “Governo do
Estado quer transformar parque estadual em centro de exposições”,
onde o vice-governador do Estado de São Paulo era citado
como um dos responsáveis pelo projeto que pretende renovar
e ampliar a concessão ao Centro de Exposição
Imigrantes, localizado no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga
– PEFI. A informação havia sido confirmada
por uma fonte do próprio Palácio dos Bandeirantes,
entretanto, o vice-governador emitiu nota desvinculando sua responsabilidade
direta sobre o projeto. Ainda segundo a assessoria de imprensa
do vice-governador, no dia 14/08/2012, na 49ª reunião
do Conselho Gestor das PPPs, foi rejeitada a Manifestação
de Interesse da Iniciativa Privada (MIP) para o projeto do complexo
de exposições Imigrantes como PPP (Parceria Público
Privada), ou seja, o Conselho não acatou o projeto como
sendo uma PPP e deferiu que este é um modelo de cessão
do bem público. Desta forma o projeto está sob os
cuidados do Estadual de Desestatização (Secretaria
de Planejamento).
Leia a nota na integra
Caros,
Há um equívoco na matéria “Governo
do Estado quer transformar parque estadual centro de exposições”,
publicada neste portal, dia 26/09.
Ao contrário do que afirma a reportagem, devo esclarecer
que o projeto poderia estar sob minha responsabilidade caso estivesse
sendo pensado como Parceria Público Privada (PPP), já
que sou presidente do Conselho Gestor das PPPs. Entretanto, trata-se
de um projeto de concessão, não tendo, dessa forma,
nenhuma ingerência de minha parte.
Quando o repórter afirma que a obra aconteceria “mais
especificamente, pela vontade do vice-governador Guilherme Afif
Domingos”, ele leva informações equivocadas
aos seus leitores, já que concessão passa longe
de minhas atribuições.
Assim sendo, solicito a correção do texto.
Atenciosamente,
Guilherme Afif Domingos, vice-governador do Estado de São
Paulo e presidente do Conselho Gestor das PPPs
Sobre o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga
Também conhecido como Parque do Estado ou Parque da Água
Funda, o PEFI tem sua origem no século XIX, precisamente
em 12 de setembro de 1893. A partir da Lei de 17 de agosto de
1892 que autorizava o reforço do abastecimento de água
em São Paulo, resultou o Decreto Estadual nº 204 de
12 de setembro de 1893 que declarou de utilidade pública
os terrenos da Bacia do Ribeirão Ipiranga, pertencente
à época a diversos proprietários. O parque
inicialmente englobava uma área de 6.969.000 m2, cerca
de 22% maior do que é hoje. A área do parque evidência
suas qualidades e riquezas naturais que o coloca ainda como referência
na área dos conhecimentos científicos voltados para
a botânica e a zoologia. Na década de 1920 instala-se
no PEFI o Horto Botânico, hoje denominado Jardim Botânico.
A função de abastecimento de água findou-se
na década de 1930 com a reformulação dos
sistemas de abastecimento de água para o município.
Em 1942 a vocação do Parque reafirma-se com a criação
do Departamento de Produção Animal-DPA, implantado
através do Decreto-Lei nº 12.504 de 10 de janeiro
de 1942. E com a reorganização do Departamento de
Botânica em meados de 1946 é criada, em área
transferida do DPA, a Escola de Horticultura da Diretoria de Ensino
Agrícola. Pouco mais tarde, no mesmo ano, é criado
o Instituto Astronômico e Geofísico (IAG), incorporado
à Universidade de São Paulo através do Decreto
nº 16.622, de 30 de dezembro de 1946.
Posteriormente, em 1953 a área da Escola de Horticultura
é cedida ao Serviço Social do Estado. Cerca de duas
décadas depois, em 1971, parte dessa área é
transferida para o Centro Estadual de Agricultura.
Outras importantes alterações ocorrem na década
de 1950, quando, através do Decreto 30.487, de 24 de dezembro
de 1957, instala-se no parque o Hospital Psiquiátrico e
o Departamento de Assistência aos Psicopatas, hoje denominado
Hospital CAISM Dr. David Capistrano da Costa Filho.
Um ano depois, em 1958, é criada a Fundação
Parque Zoológico de São Paulo. O Zoológico,
por força da Lei nº 5.116, de 31 de dezembro de 1958,
passa então a utilizar uma área transferida do Instituto
de Botânica. Posteriormente, em 1963, o IAG, através
da Lei nº 7.721, de 22 de janeiro de 1963, transfere mais
uma área para a Fundação Parque Zoológico.
Pouco mais tarde, em 1966, o IAG concede mais uma porção
de seu terreno, desta vez para o Instituto de Botânica,
que recebe esta denominação em 1938.
Em 1969 a Siderúrgica Allipertti sofre uma ação
de desapropriação através do Decreto 50.620,
de 31 de outubro de 1969, para ampliação do Jardim
Botânico.
No início dos anos 70 começam as obras da construção
da Rodovia dos Imigrantes e muitas áreas foram incorporadas
pelo DERSA. Há inclusive algumas áreas remanescentes,
situadas depois das faixas de rodagem do que é hoje a Avenida
Ricardo Jafet, que estão completamente dissociadas do PEFI,
algumas inclusive invadidas.
Em 1972, é criado o Parque Simba Safári, em área
cedida pela Fundação Parque Zoológico para
a iniciativa privada. Recentemente a concessão encerrou-se
e a Fundação Parque Zoológico assumiu as
atividades, alterando o sistema de gestão e a denominação
para Zoo Safári, que continua sendo uma das atrações
do PEFI.
Em 1974, através do Decreto nº 3628 de 7 de maio
de 1974, a Fundação do Bem -Estar do Menor -Pró-Menor,
denominada Fundação do Bem-Estar do Menor - FEBEM/SP,
a utilizar a titulo precário, imóvel situado a Rua
Ambores nº 145, então Instituto de Menores Dona Paulina
de Souza Queiroz.
Em 1975, o Instituto de Botânica sofre uma exclusão
de parte de sua área em favor de herdeiros de Salomão
Bumaruff - Processo nº 216/56 de 12 de abril de 1976, 1ª
Vara da Fazenda Estadual. Ainda em 1975, o Instituto de Botânica
transfere parte de sua área para a Fundação
Parque Zoológico de São Paulo - Processo 71.555/75,
transferência esta assegurada legalmente até a data
de 31 de dezembro de 2008.
Neste mesmo ano, foi criado o Instituto Geológico (IG),
vinculado à Secretaria da Agricultura, com a finalidade
de coordenar todos os trabalhos relacionados às áreas
de Geologia e Geodésia.
As origens do instituto remontam à Comissão Geográfica
e Geológica (CGG) da Província de São Paulo,
criada em 1886, com o objetivo de planejar e executar as pesquisas
para subsidiar a ocupação do território paulista.
A CGG existiu durante 45 anos, e seus serviços foram gradativamente
sendo transferidos para outras instituições antes
de sua extinção, particularmente para a Secretaria
de Agricultura. Entre as instituições estavam o
Instituto de Botânica e o Instituto Geográfico e
Geológico (IGG). O IGG foi transferido para a Secretaria
de Economia e Planejamento em 1975, e extinto no mesmo ano, originando
o Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC) e o
Instituto Geológico (IG). Em 1976 o IG se instalou no Centro
Estadual da Agricultura, no PEFI.
A Secretaria do Meio Ambiente foi criada pelo Decreto nº
24.932 de 24 de março de 1986, que instituiu o Sistema
Estadual do Meio Ambiente. Em 1987 os Institutos de Botânica
e o Geológico foram transferidos para esta pasta (Decreto
nº 26.942), mas continuaram fisicamente instalados no PEFI.
Em 2001, a área pertencente a FEBEM (Decreto 3.628, de
07/05/1974), é transferida para a Secretaria de Assistência
e Desenvolvimento Social (Decreto nº 46.270, de 12/11/2001),
onde foi criado o Centro de Esportes, Cultura e Lazer. Este Centro
conta com um complexo esportivo e oferece um infocentro com acesso
gratuito a Internet, cursos profissionalizantes, atividades culturais,
artísticas e socioeducativas para toda a comunidade.
Em 2001, o antigo Instituto Astronômico e Geofísico
passou a se denominar Parque de Ciência e Tecnologia da
USP e em 2004, através do Decreto 48.604/04 foi criado
o Centro de Logística e Exportação (CELEX)
com objetivo de apoiar as empresas com informações
e fomento às atividades exportadoras do Estado de São
Paulo.
Por fim, o PEFI abriga ainda o 97º Distrito de Polícia
Militar e o 2º Batalhão da Polícia Ambiental
do Estado de São Paulo, importantes colaboradores na segurança
dos usuários do PEFI e vigilância deste Centro de
Conservação de Biodiversidade e do patrimônio
Histórico destinado à pesquisa, cultura, lazer,
saúde, centro de negócios, exportação
e desenvolvimento nacional.
Acesse: www.condepefi.sp.gov.br
Matéria atualizada em 15/10/2012.