RODRIGO BURGARELLI - Agência Estado
O governo estadual quer transformar o Centro de Exposição
Imigrantes, na zona sul da capital, em um megacomplexo de eventos
com quase o dobro do tamanho atual. A ideia é construir
um pavilhão de exposições com 50 mil metros
quadrados, um hotel para receber turistas e um centro de convenções,
além de reformar as estruturas já existentes. Ambientalistas
protestam contra a medida, alegando impacto a uma das últimas
reservas de Mata Atlântica na mancha urbana da Grande São
Paulo.
A proposta faz parte de projeto de lei enviado pelo governador
Geraldo Alckmin (PSDB) à Assembleia Legislativa, que prevê
a retirada de uma área de 167 mil m² que hoje pertence
ao Parque Estadual Fontes do Ipiranga, antigo Parque do Estado.
Essa área abriga prédios institucionais de órgãos
como a Secretaria da Agricultura e será incorporada ao
centro de exposições, que fica bem ao lado. A ampliação,
segundo o governo, é importante para estimular o turismo
de negócios na capital e não trará impacto
ambiental significativo.
Atualmente, o centro de exposições é administrado
por uma empresa contratada pelo governo, mas essa concessão
vai expirar em março do próximo ano. Uma nova licitação,
portanto, deverá ser feita para contratar o novo administrador.
Ele terá de investir cerca de R$ 320 milhões nos
30 anos de concessão para as obras de ampliação
do local. Além disso, outros R$ 26 milhões serão
gastos para as compensações viárias.
Parte do lucro gerado pelo negócio vai para a conta do
governo, uma vez que será exigido um valor de outorga da
empresa vencedora da concessão - quem oferecer o maior
valor leva o negócio. Também está previsto
o repasse anual de 1% do faturamento para os cofres estaduais.
A expectativa é de que o pavilhão de exposições
fique pronto até 2014. O hotel e o centro de convenções
devem ser inaugurados entre 2017 e 2018.
Para o ambientalista Júlio Andrade, diretor executivo
da ONG Pick-upau - que faz parte do conselho de defesa do parque
-, o impacto ambiental do projeto é gigantesco. "A
impermeabilização desse local, que hoje tem espaços
abertos e funciona como corredor para a fauna e como área
de amortização, será imensa. Aqui temos bugios,
répteis e marsupiais vivendo livremente. O aumento do fluxo
de pessoas também vai afetar esse equilíbrio."
Ele afirma que a ONG vai pressionar a Assembleia para mudar o
projeto.
Funcionários públicos dos prédios que serão
desocupados também criticam a proposta. Além de
reclamar do aumento do deslocamento até o trabalho - uma
vez que a maioria mora por ali e os órgãos deverão
ser transferidos para o centro da cidade - e de outras facilidades
como creches e ambulatórios, eles dizem que os locais passaram
por reformas recentes, pagas com dinheiro público. As informações
são do jornal O Estado de S.Paulo.
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