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Construção Ecológica
Edificações Sustentáveis

MATERIAL ECOLÓGICO NÃO DEVASTA ORÇAMENTO

Optar pelos materiais chamados ecológicos nem sempre pesa mais no bolso. De madeira de reflorestamento a carpete de amido de milho, itens ecologicamente corretos começam a ganhar a preferência do público e podem ajudar a levantar uma casa sem devastar também o orçamento.

Para Márcio Augusto Araújo, consultor do Idhea (Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica), dizer que os produtos ecológicos são necessariamente mais caros é um engano. "Pode ser apenas exploração da marca ecológica", comenta.

Dentre todos os itens, a madeira é a que pode custar mais. As certificadas e provenientes de áreas de reflorestamento chegam a ter preços 20% maiores do que as outras.

"O processo de certificação é demorado e custoso, porque é preciso se adequar a um sistema mais rigoroso de produção, que envolve cuidados com o ambiente e com os funcionários", explica Fabio de Albuquerque, diretor superintendente da Ecolog, que comercializa produtos feitos com madeira certificada.

O administrador de empresas Luiz Eduardo Gros, resolveu fazer sua casa de campo com madeira de reflorestamento e afirma que ficou 15% mais caro do que seria com madeira comum.

"Sou a favor do manejo sustentado." Ele só recuou quando viu o preço do sistema de reaproveitamento de água. "Inviável."

CUSTOS...

Para a arquiteta Flávia Ralston, a madeira do eucalipto é a que sai mais em conta no mercado. "O que influência no preço é seu tratamento e o grau de tecnologia utilizado no projeto", afirma.

Alternativas a materiais que correm risco de extinção vêm da Amazônia. "São tão boas quanto as tradicionais, mas não tão conhecidas", completa o arquiteto Guilherme Wiedman, listando cumaru, garapeira, muracatiara e tatajuba como exemplos.

O peso no orçamento depende da quantidade de madeira. Uma "log home" (casa feita totalmente com toras de madeira roliça) é mais cara do que aquela em que apenas a estrutura é de madeira.

De acordo com a Tora, empresa especializada nessas casas, "o custo do produto com madeira de reflorestada e tratada é maior. Não em função da matéria-prima, mas sim dos serviços técnicos e da qualidade do produto final".

Mas a arquiteta Lisiane Pinto Nogueira, destaca que, apesar de as cifras aumentarem no orçamento, o sistema da Tora evita o desperdício e economiza em custos, pois a construção é mais rápida.

Por Bruna Martins
Fonte: Folha de São Paulo (www.folha.com.br)

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PROCURA ABATE PREÇO DA MADEIRA CERTIFICADA

Quem trabalha com madeira certificada afirma que, como há mais empresas atuando no ramo, o preço não deve demorar a cair.

"Há três anos havia seis empresas certificadas, e hoje são quase cem", contabiliza Nagib Orro, sócio-proprietário da Orro & Christensen, que faz móveis com madeira certificada.

Para Fabio de Albuquerque, da Ecolog, a conscientização do consumidor é vital para pressionar a queda dos preços. "A madeira é mais cara porque a demanda é maior do que a produção.

"De acordo com dados do Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), o consumo de madeira certificada no Estado de São Paulo é de 1,2 milhão de metros cúbicos ou 20% do total que vai para as obras.

"O preço só vai cair quando os clientes procurarem mais esse tipo de material, puxando um aumento no número de produtores", conclui Albuquerque.

DECORAÇÃO...

Na esteira da discussão sobre a madeira, a decoração também sai mais cara quando a preocupação ecológica entra em jogo.

A Valcucine, por exemplo, importa mobiliário italiano, feito de madeiras de áreas de manejo florestal e de materiais recicláveis (como alumínio e vidro). As madeiras não são tratadas com produtos químicos, e sim com óleo, tinturas naturais e cera de abelha.

Uma de suas linhas de cozinhas é feita com cerca de 84% a 90% de material reciclável. O diretor Luiz Roberto Guimarães, afirma que os projetos são mais caros porque toda a preocupação que preserva o ambiente é custosa.

Mas nem tudo o que é verde deve ser caro. O carpete feito com amido de milho, por exemplo, sai por um preço 10% menor do que o de sua versão em náilon, segundo o fabricante Interface.

Por esse caminho também vai o tijolo de solo e cimento (feito de terra, cimento e areia). "por esse modular e auto-encaixável, colabora para uma obra limpa, com pouco desperdício", ressalta Márcio Augusto Araújo, consultor do Idhea (Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica).

E, para banir de vez o amianto da cobertura, as telhas ganham novos materiais. Dois que já estão sendo usados são tipos de pasta de dente e embalagens de leite longa vida reciclados.

Já o arquiteto Guilherme Wiedman testou em sua tese de doutorado a viabilidade de fazer telhas com fibras de coco. Aprovadas em testes no IPT (Instituto de Pesquisa Tecnológicas), elas estão em fase de viabilização comercial.

"A fibra é bonita e recebe muito bem acabamentos como outras madeiras, além de a telha ter alta resistência", comenta o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo Carlos Zibel.

NA PRÁTICA...

O engenheiro André Rubini Sobanski, usou vários desses materiais novos. Em sua nova casa, paredes foram feitas com tijolos de solo e cimento, telhas e forros de material reciclado e madeiras como o cumaru e a muracatiara.

"É difícil separar o joio do trigo quando se procura materiais alternativos. Procurei consultoria [do Idhea]", revela o engenheiro.

Na hora de fazer as contas, ele avalia que o mais caro foi instalar um sistema de tratamento de água e que, apesar de ser mais caro, o tijolo de solo cimento rendeu economia de material e mão-de-obra. "Pude gastar o que economizei com o tijolo em outros cômodos, mas, se a casa fosse mais ecológica, sairia mais cara."

Por Bruna Martins
Fonte: Folha de São Paulo (www.folha.com.br)

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PRESERVAÇÃO AMBIENTAL COMEÇA NO PROJETO

Às vezes, diminuir o impacto ambiental de uma construção não custa quase nada a mais. A preocupação parte do projeto.

"Pode-se favorecer a iluminação e ventilação naturais para diminuir os gastos com energia", recomenda Alcir Vilela Júnior, professor da faculdade Senac de Engenharia Ambiental.

"Além da preocupação com material, deve-se pensar no quanto a construção, a manutenção e a demolição vão impactar o ambiente", diz Vanderlei John, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Diminuir ou reciclar o entulho, contratar empresas autorizadas e certificadas pela prefeitura para fazer o "bota-fora" e ter locais adequados para descartar solventes são algumas dicas de Jorge Manubens, vice-presidente da Racional Engenharia.

"O modo de processar a obra também precisa ter o mesmo espírito ecológico", comenta.

"Usar materiais da região também pode ajudar no desenvolvimento sustentável daquele local, como a palha de coco e o sisal no Nordeste", completa a arquiteta Flavia Ralston.

Por Bruna Martins
Fonte: Folha de São Paulo (www.folha.com.br)

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PRODUTOS ECOLÓGICOS: INSTITUTO SEPARA AUTÊNTICOS DE OPORTUNISTAS

Produto ecológico é aquele que tem o mínimo de interferência no ambiente, segundo Márcio Augusto, consultor do Idhea. Seguindo o raciocínio, pode-se, por exemplo, utilizar matérias-primas regionais e reincorporar dejetos sem degradar o ambiente.

Mas é difícil separar o produto que realmente tem baixo ou médio impacto ambiental daquele que é fruto de marketing e pega carona na onda ecológica. "No Brasil há certificação para madeira e produtos orgânicos, mas nenhuma para os ecológicos", diz Araújo.

A madeira de reflorestamento, por exemplo, é identificada por um selo do FSC (Forest Stewardship Council). No site do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), por exemplo, há uma lista de empresas certificada no Brasil (www.imaflora.org.br).

"Na especificação na nota fiscal, deve haver o número da certificação e o símbolo do FSC", avisa José Luiz Lopes, gerente da Leo Madeiras.

O Idhea, por exemplo, se pauta por parâmetros europeus sobre construção sustentável para avaliar o impacto ambiental dos produtos.

"Só recomendamos produtos com laudos de institutos reconhecidos, mas, por outro lado, esses só atendem a normas da construção e não a aspectos ecológicos", ressalva Araújo.

Os critérios mais consensuais para avaliar se o produto é de fato ecológico são o material de que é feito (se é natural e renovável), a energia gasta para fazê-lo e os resíduos que ele gera.

PÉ ATRÁS...

Alguns produtos já são amplamente usados na construção, como tintas à base de água, reguladores de vazão e sanitários com caixa acoplada.

Mas os mais novos ainda não conquistaram a confiança do consumidor. "Para muitos, o reciclado é lixo. Ainda há quem pergunte se as telhas de leite longa vida têm mau cheiro", exemplifica Araújo.

Para Alcir Vilela Júnior, professor da Faculdade Senac de Engenharia Ambiental, essa desconfiança é natural. "Esses produtos precisam de mais tempo e aplicação para ter a aceitação do cliente."

Por Bruna Martins
Fonte: Folha de São Paulo (www.folha.com.br)

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CONHEÇA ALGUNS PRODUTOS ECOLÓGICOS

  • Assoalhos e deck's
    Podem ser feitos em madeira como tatajuba, muiracatiara, roxinho, curupixá, pequiá, cumaru e garapeira; são resistentes ao tempo, à umidade e à ação do sol.
  • Conduíte reciclado
    Fabricado com embalagens de agrotóxicos descartadas e recicladas; material 100% inerte, não oferece risco no uso.
  • Forro reciclado
    Feito com materiais 100% reciclados, é impermeável, isolante termoacústico, resiste à umidade e a agentes químicos, aceita pintura e impermeabilizante.
  • Impermeabilizante vegetal
    É produzido à base de poliuretano vegetal, formado por um derivado do óleo de mamona e um componente de origem petroquímica; inodoro, tem elevada resistência química e mecânica e não incorpora solventes agressivos.
  • Blocos reciclados de concreto
    Elaborados a partir da areia descartada de fundições; têm alta resistência e dão um excelente acabamento.
  • Carpete de amido de milho
    Tecido biodegradável derivado do amido de milho, pintado com tinta biodegradável e colado com adesivo à base de água; com boa durabilidade (garantia de 15 anos), tem aspecto similar ao do náilon.
  • Isolante térmico
    Não possui solventes e substâncias agressivas, é impermeabilizante, não inflamável, possui antifungo e resiste a raios ultravioletas.
  • Madeira de reflorestamento
    As espécies usadas no país são o eucalipto e o pinus; são resistentes, mas requerem tratamento para evitar ataque de cupins, brocas, fungos etc.
  • Miniestação de água e esgoto
    Não requer uso de energia elétrica, degrada a carga org6anica contida na água e evita doenças e contaminação do lençol freático.
  • Piso ecocerâmico
    Produzido com matérias-primas minerais naturais e minerais reaproveitadas, não leva pigmentos à base de metais pesados, e toda a água utilizada em sua elaboração é tratada e reciclada.
  • Solvente ecológico
    Obtido de óleos cítricos, é usado para diluir esmaltes sintéticos, tintas a óleo e vernizes, tem baixa toxicidade, não contém benzeno, é biodegradável e possui aroma de frutas cítricas.
  • Telha de fibra de coco
    As placas são moldas com resina de tanino e depois recebem uma película plastificadora isolante; resistente, aceita revestimentos como madeira ou tinta.
  • Telhas de material reciclado
    Feitas com embalagens de leite longa vida ou tubos de pasta de dentes; têm elevada resistência mecânica e à ação dos raios solares, são 100% impermeáveis e leves.
  • Telha de taubilha
    Artesanais, nascem do reaproveitamento de sobras de maçaranduba, seringana e guajará; não requerem produtos químicos para conservação e têm alta durabilidade.
  • Verniz ecológico
    Produto a base de poliuretano vegetal, formado por derivado do óleo de mamona e componente de origem petroquímica; possui elevada resistência, não libera vapores tóxicos e não agride a camada de ozônio.

Por Bruna Martins Fonte: (Folha de São Paulo)

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USAR MATERIAIS DE DEMOLIÇÃO É ECOLÓGICO, MAS DEVE-SE FICAR ATENTO AOS PREÇOS

Pouco importa se o estilo é arrojado ou conservador. Quando o assunto é material de demolição, decoradores de todas as escolas vasculham as cinzas dos depósitos para ressuscitar peças. E os especialistas fazem coro: mais importante que saber garimpar e ter bom gosto para adaptar os itens sem quebrar a harmonia.

Para testar a hipótese de que há espaço parra esse material em vários estilos de decoração, a Folha convidou os arquitetos Ana maria vieira Santos e Léo Shehtman, para percorrer alguns depósitos paulistanos. Ambos se definem como contemporâneos, embora a primeira seja dona de um estilo mais sóbrio, e o segundo tenha na ousadia seu traço mais marcante.

"Fugir do convencional e assumir a diferença é o ponto de partida", afirma Vieira Santos, e Shehtman concorda. Outros consensos: é importante valorizar a peça, mostrando seus "defeitos" e sua procedência; os objetos devem ser sempre usados como detalhe, e não é de bom-tom que sejam maioria no ambiente o significado e a utilidade da peça.

MATERIAIS 'REENCARNAM' COM NOVA FUNÇÃO...

A melhor maneira de valorizar o "tesouro" encontrado no depósito de material de demolição é achar uma utilização diferente daquela que a peça tinha antes de vir abaixo. "É preciso saber inovar. Esse é o ponto forte da decoração feita com esse tipo de material", explica Shehtman.

No processo, vale tudo. Banheiras viram fontes de jardim, janelas passam a ser usadas como biombos, dormentes de linha de trem se transforma em batentes de portas e janelas, gradis aparecem como belo tampos de mesas.

São inúmeras as possibilidades de adaptação. "A imaginação é o limite. Disponde de bons profissionais de marcenaria e serralheria, é possível adaptar os objetos de acordo com o ambiente, sem descaraterizá-los", explica a arquiteta Carolina Albuquerque.

Outra dica para produzir uma releitura é utilizar itens de demolição como matéria-prima para idéias novas. Um exemplo clássico é a utilização de ripas de pinho-de-riga na construção de móveis, lambris, bancadas de bar, molduras de lareira, "borders" de mesa, assoalhos e até cabeceira de cama.

"Os tijolos também são uma matéria-prima que imprime estilo à decoração. Antes coberto pelo reboco, tinham apenas a função estrutural. Agora ficam à vista, em paredes de ambiente nobres, como a sala de jantar e a de visitas", lembra Albuquerque.

HISTÓRIA...

Tão importante quanto saber escolher é conhecer os cuidados com a manutenção das peças. Isso evita futuros problemas e, muitas vezes, é o que mantém o aspecto original dos objetos.

A maioria dos depósitos vende o material já pronto para ser utilizado. Quando isso não acontece, o correto é recorrer a oficinas especializadas em restauração.

"É fundamental não descaraterizar as peças. Sinais como buracos de prego na madeira, por exemplo, devem ser mantidos. Tudo que é visual não deve ser transformado, apenas o que representar um risco de manutenção para o material. É interessante ficar evidente a origem e o tempo das peças", conta a arquiteta Ana Vieira Santos.

Para o também arquiteto Gil Carvalho, "o bacana é tirar partido e mostrar que são peças de demolição, exclusivas e originais".

PREÇO...

Mas toda essa história tem um preço, que pode variar de R$ 30 a R$ 15 mil por artigo, com chance de extrapolar esse limite, dependendo da procedência do objeto. O valor é calculado de acordo com a época, o lugar, o tipo de arquitetura e as pessoas que habitaram a construção original.

"Tudo tem um contexto. Quando adquirimos os materiais, sabemos exatamente onde, quando e como foram utilizados. Muitas vezes, a história de vida de uma família é o que determina o preço final do produto", explica Iracema Rodrigues Arcanjo dos Santos, proprietária de O Velhão, um dos maiores depósitos de "antigüidades" de São Paulo.

"Essas peças agregam cultura, conhecimento e fragmentos da história. Isso valoriza a decoração com material de demolição", define a arquiteta Bya Barros.

Apesar da importância do passado, muitos arquitetos e decoradores chegam a um depósito estimulados muito mais por fatores econômicos do que históricos.

"Em geral, as peças são mais baratas, mas pode acontecer de uma ou outra ter um preço mais elevado, em função de sua procedência", ensina o arquiteto e paisagista Alex Hanazaki.

GARIMPO EXIGE OLHO CRÍTICO E PACIÊNCIA...

Ter paciência para procurar é um dos principais critérios quando o assunto é garimpar peças e objetos nos bagunçados depósitos de materiais de demolição. Em segundo lugar está o olhar crítico para saber escolher.

As madeiras não podem estar corroídas por cupins ou mofadas. Também é bom manter distância de cerâmicas e azulejos com rachaduras. Telas sem encaixe perfeito devem ser evitadas.

Outro elemento que pode trazer problemas no momento da aplicação são os tijolos. A arquiteta Carolina Albuquerque aconselha que seja feita uma pesquisa.

"É preciso calcular antes e verificar se o depósito dispõe da quantidade necessária. Caso contrário, existem duas saídas: criar um detalhe decorativo com dois ou mais tipos diferentes ou procurara em outros depósitos."


ONDE ENCONTRAR...

  • Armazém do Arquiteto:
    al. Gabriel Monteiro da Silva, 57, Jardim Paulistano, tel. 0/xx/11/3083-6964; mesas, arcazes, armários e aparadores.
  • Aroeira Móveis:
    r. Vieira Maciel, 49, Jardim Paulista, tel. 0/xx/11/3887-8621; portas, janelas, caixilhos, móveis, vitrais, dormentes, cruzetas e vigas.
  • O Bagulhão:
    al. Do Pamaris, 294, Moema, tel. 0/xx/11/5041-2579; vitrais antigos e novos.
    Cemitério do Azulejo: r. Tamoios, 50, Jardim Aeroporto, tel. 0/xx/11/5034-3868
  • Construvelho:
    av. Prudente de Moraes, 2.285, Suzano (Grande São Paulo), tel. 0/xx/11/4748-8778; portas, janelas, grades, vitrais, tijolos, telhas e madeiras.
  • Depósito Evidência:
    r. Marechal Tito, 5.805, Itaim Paulista, tel. 0/xx/11/6562-1560; portas, janelas, vitrôs e grades.
  • Depósito Gonçalves:
    av. Engenheiro Antônio Eiras Garcia, 2.1000, Jardim Maria Luiza, tel. 0/xx/11/3733-4821; tijolos, portas, janelas, vitrôs e grades.
  • Galpão Demolições:
    rodovia Raposo Tavares, km 22,5, tel. 0/xx/11/4612-4494; portas, janelas, tijolos e dormentes.
    JAF Demolições e Antigüidades: r. Alvarenga, 1.139, Butantã, tel. 0/xx/11/3815-7687; peças de ferro e madeira, janelas e portas.
  • Museu das Telhas:
    r. Professor Vaía de Abreu, 339, Vila Olímpia, tel. 0/xx/11/3846-0070.
    Rodrigues e Teles: av. Rebouças, 1.605, tel. 0/xx/11/3085-0285; vitrais, peças de ferro e portas antigas de pinho-de-riga.
  • O Velhão:
    estrada de Santa Inês, 3.000, Santana, tel. 0/xx/11/4485-1964; portas, janelas, grades, caixilhos, assoalhos, móveis, postes, madeiras, colunas e blocos de cimento e tijolos.

Por Isabela Leal Fonte: (Folha de São Paulo)

RECICLADO, ENTULHO BARATEIA A RECONSTRUÇÃO...

Reciclar os resíduos da demolição ajuda a preservar o ambiente e, ao mesmo tempo, o bolso do construtor, que economiza dinheiro. É o que demonstra o projeto Reciclar para Construir, desenvolvido pelo departamento de engenharia de construção civil da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).

"Moídos, os resíduos minerais (tijolo, concreto, argamassa e material cerâmico) frutos da demolição substituem todo o agregado convencional do concreto, principalmente brita e areia", explica o engenheiro Sérgio Zordan, que participa do projeto.

Segundo ele, algumas construtoras grandes já usam esse recurso em suas obras. Mas o consumidor que está erguendo sua casa também pode se beneficiar.

"O ideal é separar toda a fração mineral da construção e, com uma marreta, triturá-la até o tamanho de uma pedra de brita. Assim, pode-se usar normalmente no contrapiso", afirma Zordan.

Ele recomenda ainda "que não haja mistura de terra ou outros materiais orgânicos, para não reduzir a resistência". Para mais informações: www.reciclagem.pcc.usp.br.

Por Nathalia Barboza
Fonte: Folha de São Paulo (www.folha.com.br)

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SAIBA MAIS: MADEIRA AMAZÔNICA AGORA POSSUI CÓDIGO DE BARRAS PARA DETER ILEGALIDADE

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) lançou um sistema informatizado de controle da atividade madeireira que promete dificultar a exploração ilegal na Amazônia.

A idéia do Sisprof (Sistema Integrado de Monitoramento e Controle dos Recursos e produtos Florestais) é substituir a partir de março de 2003 as autorizações para transporte de produtos florestais, ou ATPFs, por um selo em código de barras que contém informações sobre a origem da madeira, a espécie e o volume que está sendo transportado.

Essa informações poderão ser verificadas por fiscais do Ibama durante o transporte - usando uma leitora de códigos de barras comum - e deverão ser conferidas a partir de informações disponíveis na base de dados do Sisprof quando a madeira for vendida para uma serraria, por exemplo. Se não baterem, o dono da serraria não poderá vendê-las depois.

A sistema de autorização hoje em vigor, que usa ATPFs, está sujeito a fraude. Segundo o Ibama, cerca de 60% de todos os produtos florestais comercializados têm origem ilegal. Para o Greenpeace, 80% da madeira exportada pelo Brasil é clandestina.

"As ATPFs são como um cheque em branco para o madeireiro", diz Paulo Barreto, do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), em Belém.

Para obter uma ATPF, o madeireiro precisa solicitar uma licença de exploração ao Ibama, dizendo quantos metros cúbico de que espécie ele pretende explorar naquele ano. A autorização é concedida com base nessa declaração, que nem sempre é averiguada em campo devido à falta de fiscais. Cada ATPF dá o direito de transportar de 10 a 12 m³ de madeira.

A fraude acontece de várias formas: primeiro, devido à falta de fiscalização na estrada, o madeireiro usa uma só autorização para transporte vários carregamentos. "Como a ATPF não tem código nem numeração, ele faz dez viagens", disse à Folha Paulo Fontes, coordenador de gestão de recursos florestais do Ibama.

Outro trambique possível é usar ATPF para uma madeira mais barata para transportar mogno, por exemplo. Ou, simplesmente comprar ATPFs no mercado negro. Na Amazônia, segundo um relatório da ONG Amigos da Terra, uma autorização custa até R$ 15 no "paralelo".

Fontes diz que, com o selo, que deverá substituir todas a ATPFs dentro de seis meses, isso deve acabar. "vamos poder acompanhar o fluxo da madeira. O comprador precisará dar baixa [obter um OK do Ibama] nos selos do que ele está comprando para obter um outro selo para vender". Se o vendedor trapacear, prejudica o comprador e não poderá vender para ele outra vez.

Barreto diz não ver muita diferença entre o selo e a ATPF. "Antes era um cheque, agora são cédulas", afirma. Em Minas Gerais, onde o selo começou a ser usado [em carvoarias], o pessoal 'economizava' selos e explorava o cerrado do sul da Bahia." Para ele, o código de barras só funcionará se a fiscalização em campo aumentar - algo difícil na Amazônia.

Um sistema mais eficiente de controle, segundo o engenheiro florestal do Imazon, é o que começará a ser testado pelo Programa Pró-Manejo, também do Ibama, no primeiro semestre de 2003: o rastreamento eletrônico de caminhões e jangadas com carregamento de madeira.

Por meio de satélite, seria possível localizar a qualquer momento os veículos e saber quanto cada veículo estaria transportando, e para onde. Se um caminhão (que transporta cerca de 10 m³) declarar que está transportando menos madeira, os fiscais já teriam uma pista de onde está a irregularidade, já que, por uma questão de custo, as cargas são sempre as máximas. "O que estou propondo é eliminar autorizações em papel."

PRODUTOS MADEIREIROS AGORA TÊM SELO DE ORIGEM...

Em seis meses, o comércio ilegal de ATPFs deve se extinguir, graças à informática e aos satélites. ATPFs são Autorizações para Transporte de Produtos Florestais, papéis-base do atual sistema de fiscalização do setor madeireiro, que costumam ser fraudados, sustentando um forte esquema de corrupção na comercialização da madeira, em geral, e do mogno, em especial. Tais papéis serão substituídos por um novo Sistema Integrado de Monitoramento e Controle dos Recursos e Produtos Florestais (ou Sisprof), lançado hoje, em Brasília, pelo Ibama.

"Consideramos o sistema imune a fraudes porque ele se baseia na emissão de um Selo de Origem Florestal (SOF), a ser impresso em gráficas de segurança, com nove itens de controle de falsificações, como o papel moeda", afirma o engenheiro florestal Paulo Fortes, do Ibama. Cada selo deverá custar R$ 1 e servirá de autorização para o transporte de um metro cúbico de madeira, seja qual for a espécie, origem ou destino da madeira.

PREÇO...

O preço é equivalente ao de uma ATPF, que custa R$ 10 e serve para 10m3 a 12 m3. A diferença é que o selo não pode ser fraudado, tem código de barras e permite rastrear a origem da madeira, com a conferência, em tempo real, da veracidade das informações prestadas pelo transportador, comerciante ou exportador.

A expectativa é de que o preço do selo seja suficiente para custear todo o sistema e rastrear cerca de 30 milhões de metros cúbicos de madeira, hoje extraídos da Amazônia. No caso do mogno, o Sisprof facilitará o cumprimento das novas exigências de controle, derivadas da inclusão da espécie no Apêndice II da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Ameaçadas (Cites). As regras internacionais são diferentes das necessidades nacionais, mas a rastreabilidade e garantia de origem são partes importantes do processo.

Fortes apresentou o Sisprof em Santiago, no Chile, durante a última reunião da Cites, no início do mês, e afirma que não há sistemas operacionais semelhantes, em nenhum outro país.

DISTRIBUIÇÃO EXTERNA...

Como dupla garantia de que selos verdadeiros não serão vendidos para "esquentar" madeira ilegal, como atualmente acontece com as ATPFs, a distribuição não será feita pelo Ibama. "A autorização é requerida através de um sistema informatizado; os dados são conferidos num cadastro constituído com informações geoprocessadas dos planos de manejo, já monitorados por satélite.

Se estiver tudo em ordem, é expedida uma autorização de confecção dos selos, correspondente à quantidade de madeira a ser transportada. A autorização vai direto para a gráfica de segurança, que envia os selos prontos ao requerente por correio, como é feito hoje com passaportes e outros documentos", afirma Fortes. "É uma emissão quase personalizada e os correios vão se responsabilizar pela entrega".

Os selos de origem florestal começarão a ser distribuídos em março. A expectativa é de que a implantação do sistema se complete em seis meses, quando então as ATPFs deixariam de valer para a madeira. Com o tempo, o mesmo sistema seria implantado para outros produtos florestais como o palmito, carvão, sementes e cipós. "Como 90% dos problemas de fiscalização estão relacionados à madeira, este será o primeiro produto trabalhado", diz Fortes.

A equipe técnica do Ibama, que desenvolveu o sistema, testou e aperfeiçou os selos durante um ano. A elaboração de todo o Sisprof levou cerca de 4 anos.

SISPROF - O OLHO ELETRÔNICO DO IBAMA...

Estima-se que mais de 60 por cento dos produtos e subprodutos florestais comercializados no país sejam ilegais. Para reverter essa situação e fechar o cerco contra a exploração, o transporte, e o comércio irregulares desses produtos o Ibama utilizará tecnologia de última geração: satélites e informática. É o SISPROF - Sistema Integrado de Monitoramento e Controle dos Recursos e Produtos Florestais, que será apoiado na ponta por um Selo de Origem Florestal que substituirá as atuais ATPFs - Autorizações para Transporte dos Produtos Florestais. A prioridade do revolucionário sistema eletrônico é incentivar o manejo sustentável para manter a integridade e a perenidade das florestas.

A meta do Ibama é que os produtos florestais só saiam da mata para o comércio se identificados com o inédito e informatizado Selo de Origem Florestal (SOF), imune a fraudes, que o ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, e o presidente do Ibama, Rômulo Mello, lançaram em 26/11/02, como parte do novo sistema que funcionará em tempo real como o "olho eletrônico do Ibama".

O SISPROF é a grande arma de fiscalização eletrônica do Ibama para manter a integridade das florestas, reduzir os desmatamentos ilegais, monitorar as áreas de reserva legal e de preservação permanente. Em elaboração na diretoria de Florestas do Ibama há quatro anos, o sistema foi idealizado por um grupo de técnicos do Instituto, coordenados pelo engenheiro florestal Paulo Fontes, para incentivar o manejo sustentável em detrimento das práticas predatórias dos recursos naturais.

O revolucionário sistema é uma ferramenta de gestão florestal que será usada, também, para desburocratizar e facilitar o acesso dos usuários aos recursos florestais. Eles poderão enviar seus projetos para o Ibama analisar e autorizar a exploração em planos de manejo florestal, uso alternativo do solo, licença ambiental rural para propriedades, ofícios de aprovação e pendências para planos já analisados, como realizar consultas pela Internet onde encontrarão informações atualizadas dos procedimentos para executar corretamente projetos florestais.

Na inauguração do sistema, o presidente do Ibama afirmou que o SISPROF é mais um instrumento de desburocratização, modernização e informatização dos serviços colocados à disposição da sociedade que "privilegiará o bom usuário e o bom empresário". Ele também anunciou que o Ibama recebeu mais 75 viaturas para atender o SISPROF e as atividades de fiscalização - num esforço contínuo de melhorar as condições técnicas e dos serviços oferecidos pelo órgão aos cidadãos.

Baseada nas imagens dos satélites, a parte do geoprocessamento no SISPROF foi preparada para fiscalizar e monitorar as áreas das propriedades rurais com permissão para extração florestal e execução de outros projetos do setor, permitindo ao Ibama atuar preventivamente e impedir possíveis infrações. Para isso, o sistema será sustentado por um banco de dados centralizado no Ibama-sede, em Brasília, que manterá o cadastro atualizado destas propriedades.

Também pela Internet e por monitoramento remoto, o SISPROF acompanhará se os projetos estão sendo executados corretamente. Os computadores regionais ficarão interligados à rede central instalada no Ibama-sede, em Brasília, com capacidade para trabalhar com imagens e softwares do tipo ArcView e ArcInfo - os mais modernos e eficientes programas de geoprocessamento dirigidos para monitorar e fiscalizar as áreas com projetos florestais em execução.

O banco de dados do SISPROF já funciona em caráter experimental em todas as capitais dos nove estados da Amazônia Legal, totalizando 15 das 23 bases que serão instaladas para cobrir e dar atendimento prioritário aos usuários do Ibama em um raio de 200 km quadrados cada uma. Segundo Paulo Fontes, nestas regiões já foram cadastrados cerca de seis mil propriedades rurais, abrangendo uma área de 28 milhões de hectares e 2,8 mil planos de manejo, equivalentes a 4,8 milhões de hectares.

"O monitoramento on-line das propriedades, via satélite, é uma das mais eficientes ferramentas de gestão porque permitirá ao Ibama fiscalizar em tempo real a exploração e o fluxo dos produtos florestais nos planos de manejo sustentável, impedindo e/ou barrando as irregularidades" ressaltou o coordenador-geral de Gestão dos Recursos Florestais, Paulo Fontes, responsável pela elaboração e funcionamento do SISPROF.

Três pilares sustentam o SISPROF: geoprocessamento, banco de dados, e vistorias técnicas dos planos de manejo - estas fazendo o cruzamento das informações para comprovar em campo se as ações foram ou não realizadas. Paulo Fontes adiantou que as vistorias são indispensáveis para validar os dados de campo inseridos no sistema que dependem do monitoramento e do controle do uso dos recursos florestais.

SELOS DE ORIGEM FLORESTAL...

Colados à nota fiscal, os selos deverão comprovar a origem e a legalidade dos produtos e dos subprodutos florestais. A meta do Ibama é que os recursos florestais só saiam da mata, selados. São cinco tipos de selos contendo nove itens de segurança. Eles serão usados para identificar madeira oriunda de manejo sustentável e de desmatamento, para o transporte do comércio interno e internacional.

Praticamente imune a fraudes, o selo será a ponta do SISPROF. Confeccionado em papel e tinta térmica especiais, barra de código monitorada com pistola tipo de supermercado, o modelo é totalmente seguro, mas simples o suficiente para que os próprios fiscais detectem qualquer irregularidade ainda na fase de exploração do produto e barrem a tentativa de falsificação na própria floresta, garantiu Paulo Fontes. Na dúvida da legalidade do selo, o fiscal contará com o apoio de peritos treinados na sua identificação.

Cada tipo de selo terá uma tonalidade: verde, para identificar se o produto é proveniente de manejo sustentável; vermelho, de desmatamento; marrom, para transferência no comércio interno; e, azul, para exportação.

O Selo para Exportação do Ibama funcionará como a prova de origem legal do produto para os importadores. "Dará ao comerciante a certeza de legalidade do produto", adiantou Paulo Fontes. Inicialmente, a obrigatoriedade do selo será para madeira em tora e serrada, pronta para comercialização e beneficiamento. Progressivamente, o selo será exigido para todos os produtos e subprodutos florestais.

Com o SISPROF implantado em todo o país, Paulo Fontes espera que o Ibama tenha o primeiro perfil do fluxo da matéria prima florestal, possível com o cruzamento das várias fontes de informações de tudo o que sai da floresta para o comércio interno e externo que passará a ser fiscalizado pelos internautas do sistema.

Também faz parte do Sisprof o controle da prestação de contas das empresas ao Ibama. Mesmo com tanta tecnologia de ponta, o Ibama não dispensará o trabalho em campo. Este trabalho, porém, será facilitado pelo Sisprof, que dará aos fiscais informações e orientação corretas sobre os locais onde há evidência de fraudes nas autorizações do Instituto.

O Selo de Origem Florestal foi criado a partir de uma experiência inédita e de total sucesso implantada pelo governo de Minas Gerais para o controle da exploração e do comércio de carvão desde 1993, época em que aprovou a Lei Florestal Estadual.

Julio Silva de Oliveira, mineiro formado em Educação Física, é o inventor do Selo Verde. Ele desenvolveu o projeto quando trabalhava no Instituto Florestal de Minas Gerais com Humberto Candeias Cavalcanti, atual Diretor de Florestas do Ibama, que o trouxe para o Programa de Prevenção aos Desmatamentos no Arco do Desflorestamento - ProArco/Ibama. Incentivado por Humberto, Julio colocou o modelo à disposição do Instituto.
"Se o Selo Verde funciona para o carvão proveniente da madeira, é sinal que funcionará também para impedir a exploração e o comércio ilegais de todos os produtos e subprodutos florestais", acredita Julio, que enumerou várias tentativas de falsificação das notas fiscais seladas do setor carvoeiro de Minas Gerais, todas descobertas com facilidade, comemorou. Para desenhar o selo, o Ibama contratou um design do Rio de Janeiro, com experiência em confecção de cédulas.

Por Claudio Angelo e Liana John
Fonte: Folha de São Paulo (www.folha.com.br)
O Estado de São Paulo (www.estado.com.br)

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SAIBA MAIS: SÃO PAULO DESPERDIÇA MADEIRA AMAZÔNICA

São Paulo é, individualmente, o maior consumidor de madeira amazônica de todo o planeta, conforme dados da Organização Internacional de madeira Tropical (ITTO, em inglês), com sede no Japão, e do Instituto Homem e natureza (Imazon), em Belém. São 5,2 milhões de metros cúbicos de madeira em tora transformados todos os anos, em construção civil, mobiliário, decoração e outras utilidades do dia-a-dia. O que se faz com tanta madeira? Alguns exemplos mostram que a voracidade dos paulistas por madeira amazônica não representa um consumo nobre.

Cedro-rosa, madeira da Amazônia apreciada em decoração, é vendida em toras na capital paulista por R$ 1.200 o metro cúbico. Onde?/ na avenida Marquês de São Vicente, no número 277, ao lado das obras inacabadas do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), pivô do escândalo que mantém preso o juiz Nicolau dos Santos Neto. O vendedor, Ary, informa: "Vendo a tora e ela é cortada no formato que o cliente quiser". De fato, ao lado das toras há pilhas de tábuas, pilares e pontaletes em todas as medidas.

Cambará, cedro-mangue e jaguará, também madeiras amazônicas, são usadas na construção civil. Escoram formas de concreto em obras públicas e particulares. Um exemplo e o Viaduto Antártica, na zona oeste, recentemente danificado por um incêndio no refeitório de seus operários - feito em madeira, naturalmente. Usos pouco nobres? Sim, mas se as tábuas de 20 centímetros de largura custam menos de R$ 3 o metro linear, é um dos materiais mais baratos que os construtores, de qualquer porte, podem comprar. Tão baratas que podem ser usadas uma única vez e descartadas.

Anualmente são comercializados 28 milhões de metros cúbicos de madeira amazônica em tora. Desse total, apenas 4 milhões vêm de planos de manejo aprovados pelo Ibama. Todos os 24 milhões de metros cúbicos restantes vêm de desmatamentos legais e ilegais.

E quanto se desmata? O Instituto Nacional de Pesquisas (Inpe) contabiliza 2 milhões de hectares de floresta amazônica desaparecendo todos os anos para serem convertidos em terra nua, pasto ou plantação. O resultado: 12 metros cúbicos de madeira por hectare de floresta amazônica riscados do mapa. Mesmo nas áreas mais rarefeitas são centenas de metros cúbicos, em troncos de diâmetro maior que 45 centímetros, de um mínimo de 40 espécies diferentes.

Por Roberto Kishinami
O Estado de São Paulo (www.estado.com.br)

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SAIBA MAIS: FSC CERTIFICA FLORESTA COMUNITÁRIA EM XAPURI

O primeiro selo verde para um projeto madeireiro comunitário no Brasil será entregue em Xapuri, no Acre, para moradores da floresta onde viveu e trabalhou Chico Mendes. A certificação FSC (Conselho de Manejo Florestal), a de maior credibilidade internacional, garante que a madeira foi retirada de forma ambientalmente sustentável, socialmente justa e economicamente viável.

O certificado será entregue à Associação dos Moradores e Produtores do Projeto Agro-extrativista Chico Mendes, proprietária da floresta, pelo Imaflora, representante no Brasil da Rainforest Alliance - Smartwood Program, certificadora credenciada pelo FSC. A madeira certificada irá abastecer o pólo moveleiro de Xapuri, onde já existe uma indústria de móveis e objetos de madeira certificada, a Aver Amazônia.

O processo de certificação contou com apoio do WWF-Brasil, organização não-governamental ambientalista, que cobriu os custos de auditoria e equipamentos, regularização de documentos e capacitação para o manejo conforme os padrões do FSC. "Nossa colaboração foi da ordem de R$ 30 mil, mas o projeto já vinha caminhando e teve muito mais colaboradores", explica Luís Menezes, do WWF.

Segundo Leônidas Ribeiro, coordenador do Pólo Industrial de Manejo Florestal de Xapuri, a certificação de 900 hectares (ha) de floresta amazônica nativa irá beneficiar 9 famílias da Associação Chico Mendes, no primeiro momento, chegando a 19 famílias até o fim do ano, num total de mais de 130 pessoas. "O objetivo é conservar a floresta e proporcionar melhor qualidade de vida para os seringueiros tradicionais, que irão complementar a renda obtida com a extração da borracha e a coleta de castanha."

Ribeiro explica que a idéia é atrair os pequenos marceneiros da região para o pólo madeireiro, oferecendo, além de madeira certificada, qualificação profissional. "Queremos produzir um móvel com melhor acabamento e abastecer o mercado local com produtos de melhor qualidade, além de abrir novas frentes comerciais. Também buscamos concentrar toda a cadeia produtiva na região, trabalhando a madeira, nessa primeira fase, e mais tarde fazer o mesmo com a borracha e a castanha".

A expectativa é que o pólo madeireiro crie entre 50 e 100 empregos diretos em Xapuri neste primeiro ano. Ribeiro conta que o pólo industrial irá absorver toda a produção da Associação Chico Mendes, que deve chegar a 500 m3 em 2002. "Em 2001, foram extraídos somente 21 m3 de madeira, mas era uma fase experimental, para a elaboração do projeto de certificação", conta Ribeiro. As principais espécies de árvores colhidas nessa floresta são cedro, breu, maçaranduba, cumaru ferro, tauari e louro abacate.

PROJETO SOCIAL...

O Brasil possui hoje 1.157.465 ha de florestas certificadas, sendo 333.313 ha de floresta amazônica nativa e o restante de plantações (reflorestamento), além de uma pequena área de mata atlântica nativa. O selo FSC é muito valorizado nos mercados europeu e norte-americano e significa um passaporte para a exportação.

Walter Suiter, secretário-executivo do FSC no Brasil, conta que existem atualmente mais 8 projetos comunitários em processo de certificação no País - 2 no Acre, 2 em Rondônia, 2 no Pará e 2 no Amapá. "A diferença entre os projetos empresariais e os comunitários é o alcance social, pois nestes últimos a comunidade vai desfrutar mais diretamente das vantagens econômicas da certificação."

Segundo Suiter, mesmo sendo empreendimentos menores, os projetos comunitários estão sujeitos às mesmas exigências dos empresariais. "O impacto ambiental dos grandes empreendimentos e maior, mas a certificação dos projetos comunitários é importante para que possam competir em igualdade de condições no mercado", diz.

Por Maura Campanili
O Estado de São Paulo (www.estado.com.br)

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SAIBA MAIS: MÓVEL DE MADEIRA CERTIFICADA GARANTE MERCADO CRESCENTE

A Orro & Christensen descobriu na produção de móveis e artefatos de madeira certificada pelo Conselho de Manejo Florestal , o Forest Stewardship Council (FSC) um novo nicho de mercado a explorar.

Pamplona diz que países como Inglaterra e Alemanha valorizam mais o produto certificado. Esse é, na sua opinião, um dos caminhos mais diretos de ampliar as exportações do setor.

Entre os R$ 12 milhões investidos pelo setor e seus fornecedores na modernização e capacitação das indústrias moveleiras, parte vai para o manejo florestal e reflorestamento, diz.

A Orro & Christensen utilizou o aglomerado da Eucatex e o MDF da Duratex na fabricação da linha WWF de móveis. Os dois fornecedores são certificados pelo FSC.

Para este ano, a Associação Brasileira das Indústrias de Móveis (Abimóvel) espera crescimento de 20% nas exportações e 15% no faturamento. Em 2001, o setor exportou US$ 483 milhões e faturou R$ 9,7 bilhões. Os móveis de madeira correspondem a 83% deste volume.

Fonte: Jornal do Brasil

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SAIBA MAIS: PRÊMIO DESTACA MÓVEIS DE MADEIRA ALTERNATIVA

Uma mesa fabricada em louro-faia, da arquiteta paulista Júlia Krantz, foi a vencedora do Prêmio Ibama/Movelsul de Madeiras Alternativas, criado para incentivar moveleiros a valorizar e a utilizar as cerca de três mil madeiras alternativas da Amazônia brasileira. A premiação será na próxima quarta-feira (13/3), em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, durante o Salão Desing Movelsul.

Realizado a cada dois anos, desde 1996, o concurso é resultado de convênio com o Laboratório de Produtos Florestais do Ibama (LPF), que possui um catálogo com cerca de 300 espécies já pesquisadas, das mais de três mil madeiras da Amazônia.

 
O trabalho vencedor concorreu com 514 participantes de toda a América Latina, que utilizaram muiracatiara-rajada, peroba-mica, tuari, pau-amarelo, goiabão, curupixá, louro-tamaquaré, tamimbuca e quaruba-cedro.

Segundo Maria Helena Souza, coordenadora do projeto Madeiras da Amazônia - Móveis e Design, "a grande maioria destas espécies pode substituir as madeiras consagradas, extintas ou em risco de extinção, porque possuem as mesmas características (beleza, tonalidades, desenhos, durabilidade e resistências) encontradas, por exemplo, no mogno, na cerejeira, na sucupira, na imbuia, entre tantas usadas na fabricação de móveis e de objetos de decoração". Maria Helena explica que o objetivo do LPF é contribuir para uma mudança radical no modelo de exploração das madeiras para móveis no Brasil, caracterizado pelo uso exaustivo de umas poucas espécies, levando-as à extinção, em detrimento de uma grande maioria, pouco conhecida e desprezada pelas indústrias do País.
Além da realização do Prêmio, o Ibama mantém um acervo de 50 modelos de móveis fabricados com madeiras alternativas, desenvolvidos por diversos
designers, para apresentação em exposições e feitas do setor. Uma dessas criações é a mesa de reuniões de diversas tonalidades, fabricada pelos próprios técnicos do LPF, com seis espécies alternativas (andiroba, pau-amarelo, tatajuba, roxinho, tauari e jatobá), que decora o gabinete do ministro do Meio Ambiente.

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O sal da terra: alternativa sócio-ecológica em favor da arquitetura

Entra ano, sai ano e o problema do déficit habitacional nunca sai de pauta da classe política brasileira. Menos mal, se considerarmos, com otimismo, que os políticos não param de pensar no assunto. Agora até que eles o tirem do papel, para resolver o problema definitivamente, são outros quinhentos. E que não sejam quinhentos anos - é o que deseja o cidadão esperançoso.

Enquanto a solução nacional para o problema da moradia popular não se apresenta por este ou aquele motivo, há entre os profissionais da área tecnológica quem dedique parte de sua vida a provar a viabilidade de métodos construtivos alternativos, visando somente beneficiar as camadas menos favorecidas da população, como também conseguir grande economia e otimização de processos tecnológicos sofisticados. Há ainda quem trabalhe pelas duas metas ao mesmo tempo, como é o caso dos profissionais que fundaram há cerca de sete anos a ABC Terra - Associação Brasileira de Construtores com Terra, uma organização não-governamental que busca a aplicação social de suas pesquisas na área da chamada "arquitetura com terra".

A primeira tentativa

Dois desses profissionais, os arquitetos Sylvio Barros Sawaya, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e ex-presidente da ABC Terra, e Paulo Montoro, atual presidente da ONG, vêm trabalhando na pesquisa de construções com terra crua desde 1984. Naquela época, estavam envolvidos num projeto da CDHU e da Secretaria Estadual de Habitação, que solicitava a um grupo de profissionais e a criação de um protótipo de tijolo prensado feito com terra crua. Desse projeto nasceram dois modelos de casa, de fato construídos dentro do campus da Universidade de São Paulo.

"Uma das casas - lembra Sylvio - era térrea e a outra tinha dois pavimentos. Esta foi utilizada temporariamente como creche, em uma favela ao lado da USP. Um dia, no governo posterior, mandaram derrubar a creche. Só que, em virtude da excelência da matéria-prima, a dificuldade na demolição foi tão grande que o fato influenciou nossa intenção de resgatar no Brasil a secular prática das construções feitas com terra crua."

Segundo os arquitetos da ABC Terra, "a produção em larga escala daquele tijolo feito com terra crua dependia de vontade política, mas, infelizmente, os construtores e fabricantes de cimento tinham as suas razões para não apoiar o projeto e ele caiu no esquecimento".

Sucesso internacional

"Não há desculpas contra a terra crua - explica Sylvio -. Nos Estados Unidos, a matéria-prima é utilizada na construção de mansões. E ainda tem a questão econômica: o produto é encontrado no próprio local onde se vai construir".

No exterior, os estudos sobre o uso da terra em técnicas construtivas tradicionais não são recentes. Em trabalho publicado em 1995, a professora doutora Sheila Walbe Ornstein, pesquisadora senior do Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo (NUTAU), ligado ao departamento de Tecnologia da Arquitetura da FAU-USP, informava que "inúmeros exemplos significativos desta técnica construtiva milenar são encontrados na China, na França, na Itália, na Espanha, na América Latina, entre outras regiões. Tais construções enfatizam a antiga habilidade do homem em executar, com um material encontrado no próprio local - a terra crua -, edificações para diversas finalidades, particularmente a moradia".

As taipas, os adobes, as alvenarias de tijolos, as paredes e muros monolíticos, os formatos de cúpulas e as abóbadas, as questões da estabilização mecânica ou química e da impermeabilização da terra fazem parte do acervo das pesquisas e da literatura de instituições sérias, como o CRATerre - Centre International de la Construction em Terre, sediado em Grenoble, na França, e o Habitat, sediado em Nairobi, no Quênia.No sudoeste dos Estados Unidos (Novo México, Arizona e sul da Califórnia) e na América Latina a utilização da terra em construções remonta ao período colonial, sendo que, no caso brasileiro, a arquitetura da época é riquíssima em exemplos do uso da terra como material de construção utilizado por portugueses e africanos.

Na década passada, eventos sobre a arquitetura com terra foram realizados em outros países, como Portugal e Bolívia, o NUTAU realizou em 1995 um primeiro encontro técnico, com a participação de importantes entidades como o já citado CRATerre (França), o Politécnico di Torino (Itália), o Habit Rural do Burundi (África), centros de pesquisa e universidades da Bahia, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Minas Gerais, além da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), a Instituição Moura Lacerda e empresas particulares interessadas na fabricação de tijolos e blocos de terra crua.

Na opinião da dra. Sheila, "a terra crua, como material básico de construção - não só em edificações como em outras modalidades da construção civil -, ganhou nas últimas décadas vários adeptos, porém o preconceito no Brasil ainda é notório, possivelmente decorrente da desinformação laboratorial e da prática".

Um milhão de casas

Apesar do preconceito, Sylvio Sawaya e Paulo Montoro contam que as pesquisa sobre o assunto no Brasil nunca pararam e sempre acabam provando a viabilidade da terra crua. Em 1992, eles realizaram um estudo sobre habitação popular para o Instituto Latino-Americano, que contava com uma linha de financiamento governamental. A área de pesquisa envolveu as cidades de Campina Grande, Rio Verde e Pindamonhangaba onde se optou pela terra como matéria-prima para construção de conjuntos habitacionais. Motivo: o baixo custo do produto.

"Há exemplos que não podem ser subestimados" - afirma Sylvio. Nos Estados Unidos, o papa da matéria, o especialista David Easton, já provou ao mundo que é possível construir uma moradia popular em 4 dias, usando técnicas avançadas no manejo da terra. Sabemos de uma entidade norte-americana, a Adobe Today, que já fez mais de um milhão de casas com terra. No sul de Portugal, tudo se constrói com terra crua, que depois é caiada. No mundo todo se usa esse material, que vem de graça da natureza, sem compatibilidade com a realidade de cada região.

Além do baixo custo e da qualidade do material, Paulo Montoro lembra outras três vantagens da terra crua. "A construção com terra cruas baixo impacto ambiental: no lugar de onde se tira a terra podem ser feitas as fundações da casa. A construção com terra utiliza pouca energia - cerca de ¼ do que se consome nas obras que utilizam concreto e 1/10 nas obras que utilizam ferro. E, finalmente, há a questão política-filosófica" a terra e democrática, participativa e descentralizadora, porque está em todo lugar e é de todos".

Como esta não é, definitivamente, uma reportagem de cunho técnico - os interessados por esses aspectos podem consultar o site da ABC Terra (www.world.nethall.com.br/abcterra) - restam então as perguntas finais: além a ABC Terra, há outras organizações trabalhando pela implementação desse tipo de arquitetura junto aos poderes públicos? Se há, em que pé se encontram as conversões? Paulo Montoro, que só fala por sua entidade, diz que há uma luz no fim do túnel, mas não quer antecipar nada antes dos fatos. Ou seja, esse pedaço da história que fica para uma outra vez.

Fonte: Revista Crea-SP
Redação

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Fonte: Folha de São Paulo (www.folha.com.br)
O Estado de São Paulo (www.estado.com.br)
Jornal do Brasil
Crea-SP
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