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MATERIAL ECOLÓGICO NÃO DEVASTA
ORÇAMENTO
Optar pelos materiais
chamados ecológicos nem sempre pesa mais
no bolso. De madeira de reflorestamento a carpete
de amido de milho, itens ecologicamente corretos
começam a ganhar a preferência do público
e podem ajudar a levantar uma casa sem devastar
também o orçamento.
Para Márcio Augusto Araújo, consultor
do Idhea (Instituto para o Desenvolvimento da Habitação
Ecológica), dizer que os produtos ecológicos
são necessariamente mais caros é um
engano. "Pode ser apenas exploração
da marca ecológica", comenta.
Dentre todos os itens, a madeira é a que
pode custar mais. As certificadas e provenientes
de áreas de reflorestamento chegam a ter
preços 20% maiores do que as outras.
"O processo de certificação é
demorado e custoso, porque é preciso se adequar
a um sistema mais rigoroso de produção,
que envolve cuidados com o ambiente e com os funcionários",
explica Fabio de Albuquerque, diretor superintendente
da Ecolog, que comercializa produtos feitos com
madeira certificada.
O administrador de empresas Luiz Eduardo Gros, resolveu
fazer sua casa de campo com madeira de reflorestamento
e afirma que ficou 15% mais caro do que seria com
madeira comum.
"Sou a favor do manejo sustentado." Ele
só recuou quando viu o preço do sistema
de reaproveitamento de água. "Inviável."
CUSTOS...
Para a arquiteta
Flávia Ralston, a madeira do eucalipto é
a que sai mais em conta no mercado. "O que
influência no preço é seu tratamento
e o grau de tecnologia utilizado no projeto",
afirma.
Alternativas a materiais que correm risco de extinção
vêm da Amazônia. "São tão
boas quanto as tradicionais, mas não tão
conhecidas", completa o arquiteto Guilherme
Wiedman, listando cumaru, garapeira, muracatiara
e tatajuba como exemplos.
O peso no orçamento depende da quantidade
de madeira. Uma "log home" (casa feita
totalmente com toras de madeira roliça) é
mais cara do que aquela em que apenas a estrutura
é de madeira.
De acordo com a Tora, empresa especializada nessas
casas, "o custo do produto com madeira de reflorestada
e tratada é maior. Não em função
da matéria-prima, mas sim dos serviços
técnicos e da qualidade do produto final".
Mas a arquiteta Lisiane Pinto Nogueira, destaca
que, apesar de as cifras aumentarem no orçamento,
o sistema da Tora evita o desperdício e economiza
em custos, pois a construção é
mais rápida.
Por Bruna Martins
Fonte: Folha de São Paulo (www.folha.com.br)
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PROCURA
ABATE PREÇO DA MADEIRA CERTIFICADA
Quem trabalha com
madeira certificada afirma que, como há mais
empresas atuando no ramo, o preço não
deve demorar a cair.
"Há três anos havia seis empresas
certificadas, e hoje são quase cem",
contabiliza Nagib Orro, sócio-proprietário
da Orro & Christensen, que faz móveis
com madeira certificada.
Para Fabio de Albuquerque, da Ecolog, a conscientização
do consumidor é vital para pressionar a queda
dos preços. "A madeira é mais
cara porque a demanda é maior do que a produção.
"De acordo com dados do Imazon (Instituto do
Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), o consumo
de madeira certificada no Estado de São Paulo
é de 1,2 milhão de metros cúbicos
ou 20% do total que vai para as obras.
"O preço só vai cair quando os
clientes procurarem mais esse tipo de material,
puxando um aumento no número de produtores",
conclui Albuquerque.
DECORAÇÃO...
Na esteira da discussão
sobre a madeira, a decoração também
sai mais cara quando a preocupação
ecológica entra em jogo.
A Valcucine, por exemplo, importa mobiliário
italiano, feito de madeiras de áreas de manejo
florestal e de materiais recicláveis (como
alumínio e vidro). As madeiras não
são tratadas com produtos químicos,
e sim com óleo, tinturas naturais e cera
de abelha.
Uma de suas linhas de cozinhas é feita com
cerca de 84% a 90% de material reciclável.
O diretor Luiz Roberto Guimarães, afirma
que os projetos são mais caros porque toda
a preocupação que preserva o ambiente
é custosa.
Mas nem tudo o que é verde deve ser caro.
O carpete feito com amido de milho, por exemplo,
sai por um preço 10% menor do que o de sua
versão em náilon, segundo o fabricante
Interface.
Por esse caminho também vai o tijolo de solo
e cimento (feito de terra, cimento e areia). "por
esse modular e auto-encaixável, colabora
para uma obra limpa, com pouco desperdício",
ressalta Márcio Augusto Araújo, consultor
do Idhea (Instituto para o Desenvolvimento da Habitação
Ecológica).
E, para banir de vez o amianto da cobertura, as
telhas ganham novos materiais. Dois que já
estão sendo usados são tipos de pasta
de dente e embalagens de leite longa vida reciclados.
Já o arquiteto Guilherme Wiedman testou em
sua tese de doutorado a viabilidade de fazer telhas
com fibras de coco. Aprovadas em testes no IPT (Instituto
de Pesquisa Tecnológicas), elas estão
em fase de viabilização comercial.
"A fibra é bonita e recebe muito bem
acabamentos como outras madeiras, além de
a telha ter alta resistência", comenta
o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade de São Paulo Carlos Zibel.
NA PRÁTICA...
O engenheiro André
Rubini Sobanski, usou vários desses materiais
novos. Em sua nova casa, paredes foram feitas com
tijolos de solo e cimento, telhas e forros de material
reciclado e madeiras como o cumaru e a muracatiara.
"É difícil separar o joio do
trigo quando se procura materiais alternativos.
Procurei consultoria [do Idhea]", revela o
engenheiro.
Na hora de fazer as contas, ele avalia que o mais
caro foi instalar um sistema de tratamento de água
e que, apesar de ser mais caro, o tijolo de solo
cimento rendeu economia de material e mão-de-obra.
"Pude gastar o que economizei com o tijolo
em outros cômodos, mas, se a casa fosse mais
ecológica, sairia mais cara."
Por Bruna Martins
Fonte: Folha de São Paulo (www.folha.com.br)
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PRESERVAÇÃO
AMBIENTAL COMEÇA NO PROJETO
Às vezes,
diminuir o impacto ambiental de uma construção
não custa quase nada a mais. A preocupação
parte do projeto.
"Pode-se favorecer a iluminação
e ventilação naturais para diminuir
os gastos com energia", recomenda Alcir Vilela
Júnior, professor da faculdade Senac de Engenharia
Ambiental.
"Além da preocupação com
material, deve-se pensar no quanto a construção,
a manutenção e a demolição
vão impactar o ambiente", diz Vanderlei
John, professor da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo.
Diminuir ou reciclar o entulho, contratar empresas
autorizadas e certificadas pela prefeitura para
fazer o "bota-fora" e ter locais adequados
para descartar solventes são algumas dicas
de Jorge Manubens, vice-presidente da Racional Engenharia.
"O modo de processar a obra também precisa
ter o mesmo espírito ecológico",
comenta.
"Usar materiais da região também
pode ajudar no desenvolvimento sustentável
daquele local, como a palha de coco e o sisal no
Nordeste", completa a arquiteta Flavia Ralston.
Por Bruna Martins
Fonte: Folha de São Paulo (www.folha.com.br)
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PRODUTOS
ECOLÓGICOS: INSTITUTO SEPARA AUTÊNTICOS
DE OPORTUNISTAS
Produto ecológico
é aquele que tem o mínimo de interferência
no ambiente, segundo Márcio Augusto, consultor
do Idhea. Seguindo o raciocínio, pode-se,
por exemplo, utilizar matérias-primas regionais
e reincorporar dejetos sem degradar o ambiente.
Mas é difícil separar o produto que
realmente tem baixo ou médio impacto ambiental
daquele que é fruto de marketing e pega carona
na onda ecológica. "No Brasil há
certificação para madeira e produtos
orgânicos, mas nenhuma para os ecológicos",
diz Araújo.
A madeira de reflorestamento, por exemplo, é
identificada por um selo do FSC (Forest Stewardship
Council). No site do Imaflora (Instituto de Manejo
e Certificação Florestal e Agrícola),
por exemplo, há uma lista de empresas certificada
no Brasil (www.imaflora.org.br).
"Na especificação na nota fiscal,
deve haver o número da certificação
e o símbolo do FSC", avisa José
Luiz Lopes, gerente da Leo Madeiras.
O Idhea, por exemplo, se pauta por parâmetros
europeus sobre construção sustentável
para avaliar o impacto ambiental dos produtos.
"Só recomendamos produtos com laudos
de institutos reconhecidos, mas, por outro lado,
esses só atendem a normas da construção
e não a aspectos ecológicos",
ressalva Araújo.
Os critérios mais consensuais para avaliar
se o produto é de fato ecológico são
o material de que é feito (se é natural
e renovável), a energia gasta para fazê-lo
e os resíduos que ele gera.
PÉ ATRÁS...
Alguns produtos
já são amplamente usados na construção,
como tintas à base de água, reguladores
de vazão e sanitários com caixa acoplada.
Mas os mais novos ainda não conquistaram
a confiança do consumidor. "Para muitos,
o reciclado é lixo. Ainda há quem
pergunte se as telhas de leite longa vida têm
mau cheiro", exemplifica Araújo.
Para Alcir Vilela Júnior, professor da Faculdade
Senac de Engenharia Ambiental, essa desconfiança
é natural. "Esses produtos precisam
de mais tempo e aplicação para ter
a aceitação do cliente."
Por Bruna Martins
Fonte: Folha de São Paulo (www.folha.com.br)
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CONHEÇA
ALGUNS PRODUTOS ECOLÓGICOS
-
Assoalhos
e deck's
Podem ser feitos em madeira como tatajuba, muiracatiara,
roxinho, curupixá, pequiá, cumaru
e garapeira; são resistentes ao tempo,
à umidade e à ação
do sol.
-
Conduíte
reciclado
Fabricado com embalagens de agrotóxicos
descartadas e recicladas; material 100% inerte,
não oferece risco no uso.
-
Forro
reciclado
Feito com materiais 100% reciclados, é
impermeável, isolante termoacústico,
resiste à umidade e a agentes químicos,
aceita pintura e impermeabilizante.
-
Impermeabilizante
vegetal
É produzido à base de poliuretano
vegetal, formado por um derivado do óleo
de mamona e um componente de origem petroquímica;
inodoro, tem elevada resistência química
e mecânica e não incorpora solventes
agressivos.
-
Blocos
reciclados de concreto
Elaborados a partir da areia descartada de fundições;
têm alta resistência e dão
um excelente acabamento.
-
Carpete
de amido de milho
Tecido biodegradável derivado do amido
de milho, pintado com tinta biodegradável
e colado com adesivo à base de água;
com boa durabilidade (garantia de 15 anos), tem
aspecto similar ao do náilon.
-
Isolante
térmico
Não possui solventes e substâncias
agressivas, é impermeabilizante, não
inflamável, possui antifungo e resiste
a raios ultravioletas.
-
Madeira
de reflorestamento
As espécies usadas no país são
o eucalipto e o pinus; são resistentes,
mas requerem tratamento para evitar ataque de
cupins, brocas, fungos etc.
-
Miniestação
de água e esgoto
Não requer uso de energia elétrica,
degrada a carga org6anica contida na água
e evita doenças e contaminação
do lençol freático.
-
Piso
ecocerâmico
Produzido com matérias-primas minerais
naturais e minerais reaproveitadas, não
leva pigmentos à base de metais pesados,
e toda a água utilizada em sua elaboração
é tratada e reciclada.
-
Solvente
ecológico
Obtido de óleos cítricos, é
usado para diluir esmaltes sintéticos,
tintas a óleo e vernizes, tem baixa toxicidade,
não contém benzeno, é biodegradável
e possui aroma de frutas cítricas.
-
Telha
de fibra de coco
As placas são moldas com resina de tanino
e depois recebem uma película plastificadora
isolante; resistente, aceita revestimentos como
madeira ou tinta.
-
Telhas
de material reciclado
Feitas com embalagens de leite longa vida ou tubos
de pasta de dentes; têm elevada resistência
mecânica e à ação dos
raios solares, são 100% impermeáveis
e leves.
-
Telha
de taubilha
Artesanais, nascem do reaproveitamento de sobras
de maçaranduba, seringana e guajará;
não requerem produtos químicos para
conservação e têm alta durabilidade.
-
Verniz
ecológico
Produto a base de poliuretano vegetal, formado
por derivado do óleo de mamona e componente
de origem petroquímica; possui elevada
resistência, não libera vapores tóxicos
e não agride a camada de ozônio.
Por Bruna Martins
Fonte: (Folha de São Paulo)
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USAR
MATERIAIS DE DEMOLIÇÃO É ECOLÓGICO,
MAS DEVE-SE FICAR ATENTO AOS PREÇOS
Pouco importa se o estilo é arrojado ou
conservador. Quando o assunto é material de
demolição, decoradores de todas as escolas
vasculham as cinzas dos depósitos para ressuscitar
peças. E os especialistas fazem coro: mais
importante que saber garimpar e ter bom gosto para
adaptar os itens sem quebrar a harmonia.
Para testar a hipótese de que há espaço
parra esse material em vários estilos de decoração,
a Folha convidou os arquitetos Ana maria vieira Santos
e Léo Shehtman, para percorrer alguns depósitos
paulistanos. Ambos se definem como contemporâneos,
embora a primeira seja dona de um estilo mais sóbrio,
e o segundo tenha na ousadia seu traço mais
marcante.
"Fugir do convencional e assumir a diferença
é o ponto de partida", afirma Vieira Santos,
e Shehtman concorda. Outros consensos: é importante
valorizar a peça, mostrando seus "defeitos"
e sua procedência; os objetos devem ser sempre
usados como detalhe, e não é de bom-tom
que sejam maioria no ambiente o significado e a utilidade
da peça.
MATERIAIS 'REENCARNAM' COM NOVA FUNÇÃO...
A melhor maneira de
valorizar o "tesouro" encontrado no depósito
de material de demolição é achar
uma utilização diferente daquela que
a peça tinha antes de vir abaixo. "É
preciso saber inovar. Esse é o ponto forte
da decoração feita com esse tipo de
material", explica Shehtman.
No processo, vale tudo. Banheiras viram fontes de
jardim, janelas passam a ser usadas como biombos,
dormentes de linha de trem se transforma em batentes
de portas e janelas, gradis aparecem como belo tampos
de mesas.
São inúmeras as possibilidades de adaptação.
"A imaginação é o limite.
Disponde de bons profissionais de marcenaria e serralheria,
é possível adaptar os objetos de acordo
com o ambiente, sem descaraterizá-los",
explica a arquiteta Carolina Albuquerque.
Outra dica para produzir uma releitura é utilizar
itens de demolição como matéria-prima
para idéias novas. Um exemplo clássico
é a utilização de ripas de pinho-de-riga
na construção de móveis, lambris,
bancadas de bar, molduras de lareira, "borders"
de mesa, assoalhos e até cabeceira de cama.
"Os tijolos também são uma matéria-prima
que imprime estilo à decoração.
Antes coberto pelo reboco, tinham apenas a função
estrutural. Agora ficam à vista, em paredes
de ambiente nobres, como a sala de jantar e a de visitas",
lembra Albuquerque.
HISTÓRIA...
Tão importante
quanto saber escolher é conhecer os cuidados
com a manutenção das peças. Isso
evita futuros problemas e, muitas vezes, é
o que mantém o aspecto original dos objetos.
A maioria dos depósitos vende o material já
pronto para ser utilizado. Quando isso não
acontece, o correto é recorrer a oficinas especializadas
em restauração.
"É fundamental não descaraterizar
as peças. Sinais como buracos de prego na madeira,
por exemplo, devem ser mantidos. Tudo que é
visual não deve ser transformado, apenas o
que representar um risco de manutenção
para o material. É interessante ficar evidente
a origem e o tempo das peças", conta a
arquiteta Ana Vieira Santos.
Para o também arquiteto Gil Carvalho, "o
bacana é tirar partido e mostrar que são
peças de demolição, exclusivas
e originais".
PREÇO...
Mas
toda essa história tem um preço, que
pode variar de R$ 30 a R$ 15 mil por artigo, com chance
de extrapolar esse limite, dependendo da procedência
do objeto. O valor é calculado de acordo com
a época, o lugar, o tipo de arquitetura e as
pessoas que habitaram a construção original.
"Tudo tem um contexto. Quando adquirimos os materiais,
sabemos exatamente onde, quando e como foram utilizados.
Muitas vezes, a história de vida de uma família
é o que determina o preço final do produto",
explica Iracema Rodrigues Arcanjo dos Santos, proprietária
de O Velhão, um dos maiores depósitos
de "antigüidades" de São Paulo.
"Essas peças agregam cultura, conhecimento
e fragmentos da história. Isso valoriza a decoração
com material de demolição", define
a arquiteta Bya Barros.
Apesar da importância do passado, muitos arquitetos
e decoradores chegam a um depósito estimulados
muito mais por fatores econômicos do que históricos.
"Em geral, as peças são mais baratas,
mas pode acontecer de uma ou outra ter um preço
mais elevado, em função de sua procedência",
ensina o arquiteto e paisagista Alex Hanazaki.
GARIMPO EXIGE OLHO CRÍTICO E PACIÊNCIA...
Ter paciência para procurar é um
dos principais critérios quando o assunto é
garimpar peças e objetos nos bagunçados
depósitos de materiais de demolição.
Em segundo lugar está o olhar crítico
para saber escolher.
As madeiras não podem estar corroídas
por cupins ou mofadas. Também é bom
manter distância de cerâmicas e azulejos
com rachaduras. Telas sem encaixe perfeito devem ser
evitadas.
Outro elemento que pode trazer problemas no momento
da aplicação são os tijolos.
A arquiteta Carolina Albuquerque aconselha que seja
feita uma pesquisa.
"É preciso calcular antes e verificar
se o depósito dispõe da quantidade necessária.
Caso contrário, existem duas saídas:
criar um detalhe decorativo com dois ou mais tipos
diferentes ou procurara em outros depósitos."
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ONDE ENCONTRAR...
-
Armazém
do Arquiteto:
al. Gabriel Monteiro da Silva, 57, Jardim Paulistano,
tel. 0/xx/11/3083-6964; mesas, arcazes, armários
e aparadores.
-
Aroeira Móveis:
r. Vieira Maciel, 49, Jardim Paulista, tel. 0/xx/11/3887-8621;
portas, janelas, caixilhos, móveis, vitrais,
dormentes, cruzetas e vigas.
-
O Bagulhão:
al. Do Pamaris, 294, Moema, tel. 0/xx/11/5041-2579;
vitrais antigos e novos.
Cemitério do Azulejo: r. Tamoios, 50, Jardim
Aeroporto, tel. 0/xx/11/5034-3868
-
Construvelho:
av. Prudente de Moraes, 2.285, Suzano (Grande
São Paulo), tel. 0/xx/11/4748-8778; portas,
janelas, grades, vitrais, tijolos, telhas e madeiras.
-
Depósito
Evidência:
r. Marechal Tito, 5.805, Itaim Paulista, tel.
0/xx/11/6562-1560; portas, janelas, vitrôs
e grades.
-
Depósito
Gonçalves:
av. Engenheiro Antônio Eiras Garcia, 2.1000,
Jardim Maria Luiza, tel. 0/xx/11/3733-4821; tijolos,
portas, janelas, vitrôs e grades.
-
Galpão
Demolições:
rodovia Raposo Tavares, km 22,5, tel. 0/xx/11/4612-4494;
portas, janelas, tijolos e dormentes.
JAF Demolições e Antigüidades:
r. Alvarenga, 1.139, Butantã, tel. 0/xx/11/3815-7687;
peças de ferro e madeira, janelas e portas.
-
Museu das
Telhas:
r. Professor Vaía de Abreu, 339, Vila Olímpia,
tel. 0/xx/11/3846-0070.
Rodrigues e Teles: av. Rebouças, 1.605,
tel. 0/xx/11/3085-0285; vitrais, peças
de ferro e portas antigas de pinho-de-riga.
-
O Velhão:
estrada de Santa Inês, 3.000, Santana, tel.
0/xx/11/4485-1964; portas, janelas, grades, caixilhos,
assoalhos, móveis, postes, madeiras, colunas
e blocos de cimento e tijolos.
Por Isabela Leal Fonte:
(Folha de São Paulo)
RECICLADO,
ENTULHO BARATEIA A RECONSTRUÇÃO...
Reciclar os resíduos
da demolição ajuda a preservar o ambiente
e, ao mesmo tempo, o bolso do construtor, que economiza
dinheiro. É o que demonstra o projeto Reciclar
para Construir, desenvolvido pelo departamento de
engenharia de construção civil da Escola
Politécnica da USP (Universidade de São
Paulo).
"Moídos, os resíduos minerais (tijolo,
concreto, argamassa e material cerâmico) frutos
da demolição substituem todo o agregado
convencional do concreto, principalmente brita e areia",
explica o engenheiro Sérgio Zordan, que participa
do projeto.
Segundo ele, algumas construtoras grandes já
usam esse recurso em suas obras. Mas o consumidor
que está erguendo sua casa também pode
se beneficiar.
"O ideal é separar toda a fração
mineral da construção e, com uma marreta,
triturá-la até o tamanho de uma pedra
de brita. Assim, pode-se usar normalmente no contrapiso",
afirma Zordan.
Ele recomenda ainda "que não haja mistura
de terra ou outros materiais orgânicos, para
não reduzir a resistência". Para
mais informações: www.reciclagem.pcc.usp.br.
Por Nathalia Barboza
Fonte: Folha de São Paulo (www.folha.com.br)
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SAIBA
MAIS: MADEIRA AMAZÔNICA AGORA POSSUI CÓDIGO
DE BARRAS PARA DETER ILEGALIDADE
O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis) lançou
um sistema informatizado de controle da atividade
madeireira que promete dificultar a exploração
ilegal na Amazônia.
A idéia do Sisprof (Sistema Integrado de Monitoramento
e Controle dos Recursos e produtos Florestais) é
substituir a partir de março de 2003 as autorizações
para transporte de produtos florestais, ou ATPFs,
por um selo em código de barras que contém
informações sobre a origem da madeira,
a espécie e o volume que está sendo
transportado. |
Essa informações poderão ser
verificadas por fiscais do Ibama durante o transporte
- usando uma leitora de códigos de barras comum
- e deverão ser conferidas a partir de informações
disponíveis na base de dados do Sisprof quando
a madeira for vendida para uma serraria, por exemplo.
Se não baterem, o dono da serraria não
poderá vendê-las depois.
A sistema de autorização hoje em vigor,
que usa ATPFs, está sujeito a fraude. Segundo
o Ibama, cerca de 60% de todos os produtos florestais
comercializados têm origem ilegal. Para o Greenpeace,
80% da madeira exportada pelo Brasil é clandestina.
"As ATPFs são como um cheque em branco
para o madeireiro", diz Paulo Barreto, do Imazon
(Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia),
em Belém. |
Para obter uma ATPF, o madeireiro precisa solicitar
uma licença de exploração ao
Ibama, dizendo quantos metros cúbico de que
espécie ele pretende explorar naquele ano.
A autorização é concedida com
base nessa declaração, que nem sempre
é averiguada em campo devido à falta
de fiscais. Cada ATPF dá o direito de transportar
de 10 a 12 m³ de madeira.
A fraude acontece de várias formas: primeiro,
devido à falta de fiscalização
na estrada, o madeireiro usa uma só autorização
para transporte vários carregamentos. "Como
a ATPF não tem código nem numeração,
ele faz dez viagens", disse à Folha Paulo
Fontes, coordenador de gestão de recursos florestais
do Ibama.
Outro trambique possível é usar ATPF
para uma madeira mais barata para transportar mogno,
por exemplo. Ou, simplesmente comprar ATPFs no mercado
negro. Na Amazônia, segundo um relatório
da ONG Amigos da Terra, uma autorização
custa até R$ 15 no "paralelo".
Fontes diz que, com o selo, que deverá substituir
todas a ATPFs dentro de seis meses, isso deve acabar.
"vamos poder acompanhar o fluxo da madeira. O
comprador precisará dar baixa [obter um OK
do Ibama] nos selos do que ele está comprando
para obter um outro selo para vender". Se o vendedor
trapacear, prejudica o comprador e não poderá
vender para ele outra vez.
Barreto diz não ver muita diferença
entre o selo e a ATPF. "Antes era um cheque,
agora são cédulas", afirma. Em
Minas Gerais, onde o selo começou a ser usado
[em carvoarias], o pessoal 'economizava' selos e explorava
o cerrado do sul da Bahia." Para ele, o código
de barras só funcionará se a fiscalização
em campo aumentar - algo difícil na Amazônia.
Um sistema mais eficiente de controle, segundo o engenheiro
florestal do Imazon, é o que começará
a ser testado pelo Programa Pró-Manejo, também
do Ibama, no primeiro semestre de 2003: o rastreamento
eletrônico de caminhões e jangadas com
carregamento de madeira.
Por meio de satélite, seria possível
localizar a qualquer momento os veículos e
saber quanto cada veículo estaria transportando,
e para onde. Se um caminhão (que transporta
cerca de 10 m³) declarar que está transportando
menos madeira, os fiscais já teriam uma pista
de onde está a irregularidade, já que,
por uma questão de custo, as cargas são
sempre as máximas. "O que estou propondo
é eliminar autorizações em papel."
PRODUTOS MADEIREIROS
AGORA TÊM SELO DE ORIGEM...
Em seis meses, o
comércio ilegal de ATPFs deve se extinguir,
graças à informática e aos satélites.
ATPFs são Autorizações para Transporte
de Produtos Florestais, papéis-base do atual
sistema de fiscalização do setor madeireiro,
que costumam ser fraudados, sustentando um forte esquema
de corrupção na comercialização
da madeira, em geral, e do mogno, em especial. Tais
papéis serão substituídos por
um novo Sistema Integrado de Monitoramento e Controle
dos Recursos e Produtos Florestais (ou Sisprof), lançado
hoje, em Brasília, pelo Ibama.
"Consideramos o sistema imune a fraudes porque
ele se baseia na emissão de um Selo de Origem
Florestal (SOF), a ser impresso em gráficas
de segurança, com nove itens de controle de
falsificações, como o papel moeda",
afirma o engenheiro florestal Paulo Fortes, do Ibama.
Cada selo deverá custar R$ 1 e servirá
de autorização para o transporte de
um metro cúbico de madeira, seja qual for a
espécie, origem ou destino da madeira.
PREÇO...
O preço é equivalente ao de uma ATPF,
que custa R$ 10 e serve para 10m3 a 12 m3. A diferença
é que o selo não pode ser fraudado,
tem código de barras e permite rastrear a origem
da madeira, com a conferência, em tempo real,
da veracidade das informações prestadas
pelo transportador, comerciante ou exportador.
A expectativa é de que o preço do selo
seja suficiente para custear todo o sistema e rastrear
cerca de 30 milhões de metros cúbicos
de madeira, hoje extraídos da Amazônia.
No caso do mogno, o Sisprof facilitará o cumprimento
das novas exigências de controle, derivadas
da inclusão da espécie no Apêndice
II da Convenção sobre o Comércio
Internacional de Espécies de Fauna e Flora
Ameaçadas (Cites). As regras internacionais
são diferentes das necessidades nacionais,
mas a rastreabilidade e garantia de origem são
partes importantes do processo.
Fortes apresentou o Sisprof em Santiago, no Chile,
durante a última reunião da Cites, no
início do mês, e afirma que não
há sistemas operacionais semelhantes, em nenhum
outro país.
DISTRIBUIÇÃO
EXTERNA...
Como dupla garantia
de que selos verdadeiros não serão vendidos
para "esquentar" madeira ilegal, como atualmente
acontece com as ATPFs, a distribuição
não será feita pelo Ibama. "A autorização
é requerida através de um sistema informatizado;
os dados são conferidos num cadastro constituído
com informações geoprocessadas dos planos
de manejo, já monitorados por satélite.
Se estiver tudo em ordem, é expedida uma autorização
de confecção dos selos, correspondente
à quantidade de madeira a ser transportada.
A autorização vai direto para a gráfica
de segurança, que envia os selos prontos ao
requerente por correio, como é feito hoje com
passaportes e outros documentos", afirma Fortes.
"É uma emissão quase personalizada
e os correios vão se responsabilizar pela entrega".
Os selos de origem florestal começarão
a ser distribuídos em março. A expectativa
é de que a implantação do sistema
se complete em seis meses, quando então as
ATPFs deixariam de valer para a madeira. Com o tempo,
o mesmo sistema seria implantado para outros produtos
florestais como o palmito, carvão, sementes
e cipós. "Como 90% dos problemas de fiscalização
estão relacionados à madeira, este será
o primeiro produto trabalhado", diz Fortes.
A equipe técnica do Ibama, que desenvolveu
o sistema, testou e aperfeiçou os selos durante
um ano. A elaboração de todo o Sisprof
levou cerca de 4 anos.
SISPROF
- O OLHO ELETRÔNICO DO IBAMA...
Estima-se que mais
de 60 por cento dos produtos e subprodutos florestais
comercializados no país sejam ilegais. Para
reverter essa situação e fechar o cerco
contra a exploração, o transporte, e
o comércio irregulares desses produtos o Ibama
utilizará tecnologia de última geração:
satélites e informática. É o
SISPROF - Sistema Integrado de Monitoramento e Controle
dos Recursos e Produtos Florestais, que será
apoiado na ponta por um Selo de Origem Florestal que
substituirá as atuais ATPFs - Autorizações
para Transporte dos Produtos Florestais. A prioridade
do revolucionário sistema eletrônico
é incentivar o manejo sustentável para
manter a integridade e a perenidade das florestas.
A meta do Ibama é que os produtos florestais
só saiam da mata para o comércio se
identificados com o inédito e informatizado
Selo de Origem Florestal (SOF), imune a fraudes, que
o ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho,
e o presidente do Ibama, Rômulo Mello, lançaram
em 26/11/02, como parte do novo sistema que funcionará
em tempo real como o "olho eletrônico do
Ibama".
O SISPROF é a grande arma de fiscalização
eletrônica do Ibama para manter a integridade
das florestas, reduzir os desmatamentos ilegais, monitorar
as áreas de reserva legal e de preservação
permanente. Em elaboração na diretoria
de Florestas do Ibama há quatro anos, o sistema
foi idealizado por um grupo de técnicos do
Instituto, coordenados pelo engenheiro florestal Paulo
Fontes, para incentivar o manejo sustentável
em detrimento das práticas predatórias
dos recursos naturais.
O revolucionário sistema é uma ferramenta
de gestão florestal que será usada,
também, para desburocratizar e facilitar o
acesso dos usuários aos recursos florestais.
Eles poderão enviar seus projetos para o Ibama
analisar e autorizar a exploração em
planos de manejo florestal, uso alternativo do solo,
licença ambiental rural para propriedades,
ofícios de aprovação e pendências
para planos já analisados, como realizar consultas
pela Internet onde encontrarão informações
atualizadas dos procedimentos para executar corretamente
projetos florestais.
Na inauguração do sistema, o presidente
do Ibama afirmou que o SISPROF é mais um instrumento
de desburocratização, modernização
e informatização dos serviços
colocados à disposição da sociedade
que "privilegiará o bom usuário
e o bom empresário". Ele também
anunciou que o Ibama recebeu mais 75 viaturas para
atender o SISPROF e as atividades de fiscalização
- num esforço contínuo de melhorar as
condições técnicas e dos serviços
oferecidos pelo órgão aos cidadãos.
Baseada nas imagens dos satélites, a parte
do geoprocessamento no SISPROF foi preparada para
fiscalizar e monitorar as áreas das propriedades
rurais com permissão para extração
florestal e execução de outros projetos
do setor, permitindo ao Ibama atuar preventivamente
e impedir possíveis infrações.
Para isso, o sistema será sustentado por um
banco de dados centralizado no Ibama-sede, em Brasília,
que manterá o cadastro atualizado destas propriedades.
Também pela Internet e por monitoramento remoto,
o SISPROF acompanhará se os projetos estão
sendo executados corretamente. Os computadores regionais
ficarão interligados à rede central
instalada no Ibama-sede, em Brasília, com capacidade
para trabalhar com imagens e softwares do tipo ArcView
e ArcInfo - os mais modernos e eficientes programas
de geoprocessamento dirigidos para monitorar e fiscalizar
as áreas com projetos florestais em execução.
O banco de dados do SISPROF já funciona em
caráter experimental em todas as capitais dos
nove estados da Amazônia Legal, totalizando
15 das 23 bases que serão instaladas para cobrir
e dar atendimento prioritário aos usuários
do Ibama em um raio de 200 km quadrados cada uma.
Segundo Paulo Fontes, nestas regiões já
foram cadastrados cerca de seis mil propriedades rurais,
abrangendo uma área de 28 milhões de
hectares e 2,8 mil planos de manejo, equivalentes
a 4,8 milhões de hectares.
"O monitoramento on-line das propriedades, via
satélite, é uma das mais eficientes
ferramentas de gestão porque permitirá
ao Ibama fiscalizar em tempo real a exploração
e o fluxo dos produtos florestais nos planos de manejo
sustentável, impedindo e/ou barrando as irregularidades"
ressaltou o coordenador-geral de Gestão dos
Recursos Florestais, Paulo Fontes, responsável
pela elaboração e funcionamento do SISPROF.
Três pilares sustentam o SISPROF: geoprocessamento,
banco de dados, e vistorias técnicas dos planos
de manejo - estas fazendo o cruzamento das informações
para comprovar em campo se as ações
foram ou não realizadas. Paulo Fontes adiantou
que as vistorias são indispensáveis
para validar os dados de campo inseridos no sistema
que dependem do monitoramento e do controle do uso
dos recursos florestais.
SELOS DE
ORIGEM FLORESTAL...
Colados à
nota fiscal, os selos deverão comprovar a origem
e a legalidade dos produtos e dos subprodutos florestais.
A meta do Ibama é que os recursos florestais
só saiam da mata, selados. São cinco
tipos de selos contendo nove itens de segurança.
Eles serão usados para identificar madeira
oriunda de manejo sustentável e de desmatamento,
para o transporte do comércio interno e internacional.
Praticamente imune a fraudes, o selo será a
ponta do SISPROF. Confeccionado em papel e tinta térmica
especiais, barra de código monitorada com pistola
tipo de supermercado, o modelo é totalmente
seguro, mas simples o suficiente para que os próprios
fiscais detectem qualquer irregularidade ainda na
fase de exploração do produto e barrem
a tentativa de falsificação na própria
floresta, garantiu Paulo Fontes. Na dúvida
da legalidade do selo, o fiscal contará com
o apoio de peritos treinados na sua identificação.
Cada tipo de selo terá uma tonalidade: verde,
para identificar se o produto é proveniente
de manejo sustentável; vermelho, de desmatamento;
marrom, para transferência no comércio
interno; e, azul, para exportação.
O Selo para Exportação do Ibama funcionará
como a prova de origem legal do produto para os importadores.
"Dará ao comerciante a certeza de legalidade
do produto", adiantou Paulo Fontes. Inicialmente,
a obrigatoriedade do selo será para madeira
em tora e serrada, pronta para comercialização
e beneficiamento. Progressivamente, o selo será
exigido para todos os produtos e subprodutos florestais.
Com o SISPROF implantado em todo o país, Paulo
Fontes espera que o Ibama tenha o primeiro perfil
do fluxo da matéria prima florestal, possível
com o cruzamento das várias fontes de informações
de tudo o que sai da floresta para o comércio
interno e externo que passará a ser fiscalizado
pelos internautas do sistema.
Também faz parte do Sisprof o controle da prestação
de contas das empresas ao Ibama. Mesmo com tanta tecnologia
de ponta, o Ibama não dispensará o trabalho
em campo. Este trabalho, porém, será
facilitado pelo Sisprof, que dará aos fiscais
informações e orientação
corretas sobre os locais onde há evidência
de fraudes nas autorizações do Instituto.
O Selo de Origem Florestal foi criado a partir de
uma experiência inédita e de total sucesso
implantada pelo governo de Minas Gerais para o controle
da exploração e do comércio de
carvão desde 1993, época em que aprovou
a Lei Florestal Estadual.
Julio Silva de Oliveira, mineiro formado em Educação
Física, é o inventor do Selo Verde.
Ele desenvolveu o projeto quando trabalhava no Instituto
Florestal de Minas Gerais com Humberto Candeias Cavalcanti,
atual Diretor de Florestas do Ibama, que o trouxe
para o Programa de Prevenção aos Desmatamentos
no Arco do Desflorestamento - ProArco/Ibama. Incentivado
por Humberto, Julio colocou o modelo à disposição
do Instituto.
"Se o Selo Verde funciona para o carvão
proveniente da madeira, é sinal que funcionará
também para impedir a exploração
e o comércio ilegais de todos os produtos e
subprodutos florestais", acredita Julio, que
enumerou várias tentativas de falsificação
das notas fiscais seladas do setor carvoeiro de Minas
Gerais, todas descobertas com facilidade, comemorou.
Para desenhar o selo, o Ibama contratou um design
do Rio de Janeiro, com experiência em confecção
de cédulas.
Por Claudio Angelo
e Liana John
Fonte: Folha de São Paulo (www.folha.com.br)
O Estado de São Paulo (www.estado.com.br)
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SAIBA
MAIS: SÃO PAULO DESPERDIÇA MADEIRA AMAZÔNICA
São Paulo é,
individualmente, o maior consumidor de madeira amazônica
de todo o planeta, conforme dados da Organização
Internacional de madeira Tropical (ITTO, em inglês),
com sede no Japão, e do Instituto Homem e natureza
(Imazon), em Belém. São 5,2 milhões
de metros cúbicos de madeira em tora transformados
todos os anos, em construção civil,
mobiliário, decoração e outras
utilidades do dia-a-dia. O que se faz com tanta madeira?
Alguns exemplos mostram que a voracidade dos paulistas
por madeira amazônica não representa
um consumo nobre.
Cedro-rosa, madeira da Amazônia apreciada em
decoração, é vendida em toras
na capital paulista por R$ 1.200 o metro cúbico.
Onde?/ na avenida Marquês de São Vicente,
no número 277, ao lado das obras inacabadas
do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), pivô
do escândalo que mantém preso o juiz
Nicolau dos Santos Neto. O vendedor, Ary, informa:
"Vendo a tora e ela é cortada no formato
que o cliente quiser". De fato, ao lado das toras
há pilhas de tábuas, pilares e pontaletes
em todas as medidas.
Cambará, cedro-mangue e jaguará, também
madeiras amazônicas, são usadas na construção
civil. Escoram formas de concreto em obras públicas
e particulares. Um exemplo e o Viaduto Antártica,
na zona oeste, recentemente danificado por um incêndio
no refeitório de seus operários - feito
em madeira, naturalmente. Usos pouco nobres? Sim,
mas se as tábuas de 20 centímetros de
largura custam menos de R$ 3 o metro linear, é
um dos materiais mais baratos que os construtores,
de qualquer porte, podem comprar. Tão baratas
que podem ser usadas uma única vez e descartadas.
Anualmente são comercializados 28 milhões
de metros cúbicos de madeira amazônica
em tora. Desse total, apenas 4 milhões vêm
de planos de manejo aprovados pelo Ibama. Todos os
24 milhões de metros cúbicos restantes
vêm de desmatamentos legais e ilegais.
E quanto se desmata? O Instituto Nacional de Pesquisas
(Inpe) contabiliza 2 milhões de hectares de
floresta amazônica desaparecendo todos os anos
para serem convertidos em terra nua, pasto ou plantação.
O resultado: 12 metros cúbicos de madeira por
hectare de floresta amazônica riscados do mapa.
Mesmo nas áreas mais rarefeitas são
centenas de metros cúbicos, em troncos de diâmetro
maior que 45 centímetros, de um mínimo
de 40 espécies diferentes.
Por Roberto Kishinami
O Estado de São Paulo (www.estado.com.br)
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SAIBA
MAIS: FSC CERTIFICA FLORESTA COMUNITÁRIA EM
XAPURI
O primeiro selo verde
para um projeto madeireiro comunitário no Brasil
será entregue em Xapuri, no Acre, para moradores
da floresta onde viveu e trabalhou Chico Mendes. A
certificação FSC (Conselho de Manejo
Florestal), a de maior credibilidade internacional,
garante que a madeira foi retirada de forma ambientalmente
sustentável, socialmente justa e economicamente
viável.
O certificado será entregue à Associação
dos Moradores e Produtores do Projeto Agro-extrativista
Chico Mendes, proprietária da floresta, pelo
Imaflora, representante no Brasil da Rainforest Alliance
- Smartwood Program, certificadora credenciada pelo
FSC. A madeira certificada irá abastecer o
pólo moveleiro de Xapuri, onde já existe
uma indústria de móveis e objetos de
madeira certificada, a Aver Amazônia.
O processo de certificação contou com
apoio do WWF-Brasil, organização não-governamental
ambientalista, que cobriu os custos de auditoria e
equipamentos, regularização de documentos
e capacitação para o manejo conforme
os padrões do FSC. "Nossa colaboração
foi da ordem de R$ 30 mil, mas o projeto já
vinha caminhando e teve muito mais colaboradores",
explica Luís Menezes, do WWF.
Segundo Leônidas Ribeiro, coordenador do Pólo
Industrial de Manejo Florestal de Xapuri, a certificação
de 900 hectares (ha) de floresta amazônica nativa
irá beneficiar 9 famílias da Associação
Chico Mendes, no primeiro momento, chegando a 19 famílias
até o fim do ano, num total de mais de 130
pessoas. "O objetivo é conservar a floresta
e proporcionar melhor qualidade de vida para os seringueiros
tradicionais, que irão complementar a renda
obtida com a extração da borracha e
a coleta de castanha."
Ribeiro explica que a idéia é atrair
os pequenos marceneiros da região para o pólo
madeireiro, oferecendo, além de madeira certificada,
qualificação profissional. "Queremos
produzir um móvel com melhor acabamento e abastecer
o mercado local com produtos de melhor qualidade,
além de abrir novas frentes comerciais. Também
buscamos concentrar toda a cadeia produtiva na região,
trabalhando a madeira, nessa primeira fase, e mais
tarde fazer o mesmo com a borracha e a castanha".
A expectativa é que o pólo madeireiro
crie entre 50 e 100 empregos diretos em Xapuri neste
primeiro ano. Ribeiro conta que o pólo industrial
irá absorver toda a produção
da Associação Chico Mendes, que deve
chegar a 500 m3 em 2002. "Em 2001, foram extraídos
somente 21 m3 de madeira, mas era uma fase experimental,
para a elaboração do projeto de certificação",
conta Ribeiro. As principais espécies de árvores
colhidas nessa floresta são cedro, breu, maçaranduba,
cumaru ferro, tauari e louro abacate.
PROJETO SOCIAL...
O Brasil possui hoje
1.157.465 ha de florestas certificadas, sendo 333.313
ha de floresta amazônica nativa e o restante
de plantações (reflorestamento), além
de uma pequena área de mata atlântica
nativa. O selo FSC é muito valorizado nos mercados
europeu e norte-americano e significa um passaporte
para a exportação.
Walter Suiter, secretário-executivo do FSC
no Brasil, conta que existem atualmente mais 8 projetos
comunitários em processo de certificação
no País - 2 no Acre, 2 em Rondônia, 2
no Pará e 2 no Amapá. "A diferença
entre os projetos empresariais e os comunitários
é o alcance social, pois nestes últimos
a comunidade vai desfrutar mais diretamente das vantagens
econômicas da certificação."
Segundo Suiter, mesmo sendo empreendimentos menores,
os projetos comunitários estão sujeitos
às mesmas exigências dos empresariais.
"O impacto ambiental dos grandes empreendimentos
e maior, mas a certificação dos projetos
comunitários é importante para que possam
competir em igualdade de condições no
mercado", diz.
Por Maura Campanili
O Estado de São Paulo (www.estado.com.br)
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SAIBA
MAIS: MÓVEL DE MADEIRA CERTIFICADA GARANTE
MERCADO CRESCENTE
A Orro & Christensen descobriu na produção
de móveis e artefatos de madeira certificada
pelo Conselho de Manejo Florestal , o Forest Stewardship
Council (FSC) um novo nicho de mercado a explorar.
Pamplona diz que países
como Inglaterra e Alemanha valorizam mais o produto
certificado. Esse é, na sua opinião,
um dos caminhos mais diretos de ampliar as exportações
do setor.
Entre os R$ 12 milhões investidos pelo setor
e seus fornecedores na modernização
e capacitação das indústrias
moveleiras, parte vai para o manejo florestal e reflorestamento,
diz.
A Orro & Christensen utilizou o aglomerado da
Eucatex e o MDF da Duratex na fabricação
da linha WWF de móveis. Os dois fornecedores
são certificados pelo FSC.
Para este ano, a Associação Brasileira
das Indústrias de Móveis (Abimóvel)
espera crescimento de 20% nas exportações
e 15% no faturamento. Em 2001, o setor exportou US$
483 milhões e faturou R$ 9,7 bilhões.
Os móveis de madeira correspondem a 83% deste
volume.
Fonte: Jornal do Brasil
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SAIBA
MAIS: PRÊMIO DESTACA MÓVEIS DE MADEIRA
ALTERNATIVA
Uma mesa fabricada
em louro-faia, da arquiteta paulista Júlia
Krantz, foi a vencedora do Prêmio Ibama/Movelsul
de Madeiras Alternativas, criado para incentivar moveleiros
a valorizar e a utilizar as cerca de três mil
madeiras alternativas da Amazônia brasileira.
A premiação será na próxima
quarta-feira (13/3), em Bento Gonçalves, Rio
Grande do Sul, durante o Salão Desing Movelsul.
Realizado a cada dois anos, desde 1996, o concurso
é resultado de convênio com o Laboratório
de Produtos Florestais do Ibama (LPF), que possui
um catálogo com cerca de 300 espécies
já pesquisadas, das mais de três mil
madeiras da Amazônia. |
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O trabalho vencedor
concorreu com 514 participantes de toda a América
Latina, que utilizaram muiracatiara-rajada, peroba-mica,
tuari, pau-amarelo, goiabão, curupixá,
louro-tamaquaré, tamimbuca e quaruba-cedro.
Segundo Maria Helena Souza, coordenadora do projeto
Madeiras da Amazônia - Móveis e Design,
"a grande maioria destas espécies pode
substituir as madeiras consagradas, extintas ou em
risco de extinção, porque possuem as
mesmas características (beleza, tonalidades,
desenhos, durabilidade e resistências) encontradas,
por exemplo, no mogno, na cerejeira, na sucupira,
na imbuia, entre tantas usadas na fabricação
de móveis e de objetos de decoração".
Maria Helena explica que o objetivo do LPF é
contribuir para uma mudança radical no modelo
de exploração das madeiras para móveis
no Brasil, caracterizado pelo uso exaustivo de umas
poucas espécies, levando-as à extinção,
em detrimento de uma grande maioria, pouco conhecida
e desprezada pelas indústrias do País.
Além da realização do Prêmio,
o Ibama mantém um acervo de 50 modelos de móveis
fabricados com madeiras alternativas, desenvolvidos
por diversos |
designers, para
apresentação em exposições
e feitas do setor. Uma dessas criações
é a mesa de reuniões de diversas tonalidades,
fabricada pelos próprios técnicos do
LPF, com seis espécies alternativas (andiroba,
pau-amarelo, tatajuba, roxinho, tauari e jatobá),
que decora o gabinete do ministro do Meio Ambiente.
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O
sal da terra: alternativa sócio-ecológica
em favor da arquitetura
Entra ano, sai ano e o problema do déficit
habitacional nunca sai de pauta da classe política
brasileira. Menos mal, se considerarmos, com otimismo,
que os políticos não param de pensar
no assunto. Agora até que eles o tirem do papel,
para resolver o problema definitivamente, são
outros quinhentos. E que não sejam quinhentos
anos - é o que deseja o cidadão esperançoso.
Enquanto a solução nacional para o problema
da moradia popular não se apresenta por este
ou aquele motivo, há entre os profissionais
da área tecnológica quem dedique parte
de sua vida a provar a viabilidade de métodos
construtivos alternativos, visando somente beneficiar
as camadas menos favorecidas da população,
como também conseguir grande economia e otimização
de processos tecnológicos sofisticados. Há
ainda quem trabalhe pelas duas metas ao mesmo tempo,
como é o caso dos profissionais que fundaram
há cerca de sete anos a ABC Terra - Associação
Brasileira de Construtores com Terra, uma organização
não-governamental que busca a aplicação
social de suas pesquisas na área da chamada
"arquitetura com terra".
A primeira tentativa
Dois desses profissionais, os arquitetos Sylvio Barros
Sawaya, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da USP e ex-presidente da ABC Terra, e Paulo Montoro,
atual presidente da ONG, vêm trabalhando na
pesquisa de construções com terra crua
desde 1984. Naquela época, estavam envolvidos
num projeto da CDHU e da Secretaria Estadual de Habitação,
que solicitava a um grupo de profissionais e a criação
de um protótipo de tijolo prensado feito com
terra crua. Desse projeto nasceram dois modelos de
casa, de fato construídos dentro do campus
da Universidade de São Paulo.
"Uma das casas - lembra Sylvio - era térrea
e a outra tinha dois pavimentos. Esta foi utilizada
temporariamente como creche, em uma favela ao lado
da USP. Um dia, no governo posterior, mandaram derrubar
a creche. Só que, em virtude da excelência
da matéria-prima, a dificuldade na demolição
foi tão grande que o fato influenciou nossa
intenção de resgatar no Brasil a secular
prática das construções feitas
com terra crua."
Segundo os arquitetos da ABC Terra, "a produção
em larga escala daquele tijolo feito com terra crua
dependia de vontade política, mas, infelizmente,
os construtores e fabricantes de cimento tinham as
suas razões para não apoiar o projeto
e ele caiu no esquecimento".
Sucesso internacional
"Não há desculpas contra a terra
crua - explica Sylvio -. Nos Estados Unidos, a matéria-prima
é utilizada na construção de
mansões. E ainda tem a questão econômica:
o produto é encontrado no próprio local
onde se vai construir".
No exterior, os estudos sobre o uso da terra em técnicas
construtivas tradicionais não são recentes.
Em trabalho publicado em 1995, a professora doutora
Sheila Walbe Ornstein, pesquisadora senior do Núcleo
de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo
(NUTAU), ligado ao departamento de Tecnologia da Arquitetura
da FAU-USP, informava que "inúmeros exemplos
significativos desta técnica construtiva milenar
são encontrados na China, na França,
na Itália, na Espanha, na América Latina,
entre outras regiões. Tais construções
enfatizam a antiga habilidade do homem em executar,
com um material encontrado no próprio local
- a terra crua -, edificações para diversas
finalidades, particularmente a moradia".
As taipas, os adobes, as alvenarias de tijolos, as
paredes e muros monolíticos, os formatos de
cúpulas e as abóbadas, as questões
da estabilização mecânica ou química
e da impermeabilização da terra fazem
parte do acervo das pesquisas e da literatura de instituições
sérias, como o CRATerre - Centre International
de la Construction em Terre, sediado em Grenoble,
na França, e o Habitat, sediado em Nairobi,
no Quênia.No sudoeste dos Estados Unidos (Novo
México, Arizona e sul da Califórnia)
e na América Latina a utilização
da terra em construções remonta ao período
colonial, sendo que, no caso brasileiro, a arquitetura
da época é riquíssima em exemplos
do uso da terra como material de construção
utilizado por portugueses e africanos.
Na década passada, eventos sobre a arquitetura
com terra foram realizados em outros países,
como Portugal e Bolívia, o NUTAU realizou em
1995 um primeiro encontro técnico, com a participação
de importantes entidades como o já citado CRATerre
(França), o Politécnico di Torino (Itália),
o Habit Rural do Burundi (África), centros
de pesquisa e universidades da Bahia, Rio de Janeiro,
Santa Catarina e Minas Gerais, além da Associação
Brasileira de Cimento Portland (ABCP), a Instituição
Moura Lacerda e empresas particulares interessadas
na fabricação de tijolos e blocos de
terra crua.
Na opinião da dra. Sheila, "a terra crua,
como material básico de construção
- não só em edificações
como em outras modalidades da construção
civil -, ganhou nas últimas décadas
vários adeptos, porém o preconceito
no Brasil ainda é notório, possivelmente
decorrente da desinformação laboratorial
e da prática".
Um milhão de casas
Apesar do preconceito, Sylvio Sawaya e Paulo Montoro
contam que as pesquisa sobre o assunto no Brasil nunca
pararam e sempre acabam provando a viabilidade da
terra crua. Em 1992, eles realizaram um estudo sobre
habitação popular para o Instituto Latino-Americano,
que contava com uma linha de financiamento governamental.
A área de pesquisa envolveu as cidades de Campina
Grande, Rio Verde e Pindamonhangaba onde se optou
pela terra como matéria-prima para construção
de conjuntos habitacionais. Motivo: o baixo custo
do produto.
"Há exemplos que não podem ser
subestimados" - afirma Sylvio. Nos Estados Unidos,
o papa da matéria, o especialista David Easton,
já provou ao mundo que é possível
construir uma moradia popular em 4 dias, usando técnicas
avançadas no manejo da terra. Sabemos de uma
entidade norte-americana, a Adobe Today, que já
fez mais de um milhão de casas com terra. No
sul de Portugal, tudo se constrói com terra
crua, que depois é caiada. No mundo todo se
usa esse material, que vem de graça da natureza,
sem compatibilidade com a realidade de cada região.
Além do baixo custo e da qualidade do material,
Paulo Montoro lembra outras três vantagens da
terra crua. "A construção com terra
cruas baixo impacto ambiental: no lugar de onde se
tira a terra podem ser feitas as fundações
da casa. A construção com terra utiliza
pouca energia - cerca de ¼ do que se consome
nas obras que utilizam concreto e 1/10 nas obras que
utilizam ferro. E, finalmente, há a questão
política-filosófica" a terra e
democrática, participativa e descentralizadora,
porque está em todo lugar e é de todos".
Como esta não é, definitivamente, uma
reportagem de cunho técnico - os interessados
por esses aspectos podem consultar o site da ABC Terra
(www.world.nethall.com.br/abcterra) - restam então
as perguntas finais: além a ABC Terra, há
outras organizações trabalhando pela
implementação desse tipo de arquitetura
junto aos poderes públicos? Se há, em
que pé se encontram as conversões? Paulo
Montoro, que só fala por sua entidade, diz
que há uma luz no fim do túnel, mas
não quer antecipar nada antes dos fatos. Ou
seja, esse pedaço da história que fica
para uma outra vez.
Fonte: Revista Crea-SP
Redação
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Fonte: Folha de
São Paulo (www.folha.com.br)
O Estado de São Paulo (www.estado.com.br)
Jornal do Brasil
Crea-SP
Bruna Martins Fontes/Isabela Leal/Claudio Angelo/Liana
John/ Roberto Kishinami/Maura Campanili
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