Censo
diagnóstico da fauna que usa a rodovia SP 139
Objetivos
O
Conselho Consultivo do Parque Estadual “Carlos Botelho”
adotou como tema prioritário para suas atividades
o estudo dos reflexos decorrentes da readequação
da rodovia SP-139 nos programas de Visitação
Pública/Ecoturismo, Educação Ambiental
e Pesquisa Científica. Foram formados três
grupos de trabalho sobre cada um dos programas acima
citados.
Notadamente, com relação à Pesquisa
Científica, o grupo de trabalho responsável
elaborou um projeto para ser apresentado junto à
Comissão Técnico Científica do
Instituto Florestal, o qual visa avaliar qualitativa
e quantitativamente o uso do trecho da rodovia SP 139
que corta o Parque Estadual "Carlos Botelho"
pela fauna e fornecer subsídios para mitigar
o impacto da readequação da rodovia e
conseqüente aumento do tráfego sobre a mesma.
Justificativa
Sendo
o Parque Estadual "Carlos Botelho" uma unidade
de conservação que possui uma grande diversidade
e abundância faunística a presente proposta
se justifica pela necessidade de conhecer a fauna que
utiliza a rodovia SP 139 a fim de tomar medidas que
mitiguem o impacto causado pela sua perenização
e conseqüente aumento de tráfego.
Revisão
bibliográfica
O
Parque Estadual "Carlos Botelho", localizado
nos municípios de São Miguel Arcanjo,
Sete Barras, Capão Bonito e Tapiraí (24°00’
- 24°15’ Sul; 47°45’ - 48°10’ Oeste), tem
uma área de 37.644 hectares e integra desde 1992
a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica - UNESCO.
Apresenta uma das mais altas taxas de biodiversidade
do país e constitui, junto com o Parque Estadual
Intervales, o Parque Estadual do Alto do Ribeira e a
Estação Ecológica de Xitué
um dos maiores corredores de Mata Atlântica protegidos
do Brasil.
A rodovia SP 139 (Figura 1) liga São Miguel Arcanjo
a Sete Barras e foi concluída em 1937; possui
ao todo 112 km, 52 km asfaltados. O Parque Estadual
"Carlos Botelho" é cortado por 33 km
de rodovia sem asfalto e atualmente em péssimas
condições, possuindo devido a isso um
tráfego muito reduzido. Atualmente a SP 139 está
sendo perenizada, e a melhoria nas condições
da rodovia resultará em aumento do tráfego
de veículos e sua velocidade.
A
morte de animais por atropelamento em estradas é
um problema comum em muitos países, tais como
os Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Brasil
(Vieira, 1996). O número de mortes de mamíferos
que ocorre nas estradas brasileiras não pode
ser desprezado, segundo Vieira (1996). O autor estimou
mais de 2.700 animais mortos por ano nas estradas do
cerrado, sendo as espécies mais afetadas os canídeos
Cerdocyon thous e Dusicyon vetulus, o tatu Euphractus
sexcinctus e o furão Galictis cuja. As duas primeiras
espécies usam freqüentemente as estradas
para se deslocar e forragear, um fator que provavelmente
causa a alta freqüência de mortes destes
animais por atropelamento. No Parque Estadual “Carlos
Botelho”, muitas espécies de mamíferos
usam a estrada para deslocamentos extensivos e outras
atividades tais como marcação territorial
(Beisiegel, 2000, ver Tabela I), e suas populações
devem ser mais vulneráveis ao impacto do aumento
de tráfego na SP 139.
Para alguns grupos de répteis e anfíbios
o impacto do aumento do tráfego em estradas pode
ser ainda maior do que para mamíferos. Rosen
e Lowe (1994) verificaram que o número de serpentes
vivas observadas na Route 85, estrada que cruza o deserto
de Sonora (EUA) diminuiu quase dez vezes nos cinqüenta
anos que se seguiram à pavimentação
da rodovia. Os autores predizem que o aumento da malha
de estradas com tráfego intenso pode chegar a
causar a extinção local de certas espécies
de serpentes, e afirmam que “da perspectiva da conservação
de répteis, estradas de tráfego intenso,
e principalmente estradas pavimentadas de alta velocidade,
são claramente impróprias para áreas
naturais tais como reservas, parques, monumentos e refúgios
de vida selvagem, onde a conservação das
espécies e ecossistemas é uma prioridade”
(p. 148). Para anfíbios, o impacto do aumento
do tráfego em rodovias pode ser ainda mais grave:
estes animais parecem estar sofrendo um declínio
populacional mundial e a mortalidade em estradas parece
ser um dos fatores causadores deste declínio
(Fahrig et al., 1995).
A morte de animais por atropelamento, associada a outros
impactos promovidos pela estrada, tais como facilidade
de acesso a caçadores, palmiteiros e turistas,
pode tornar-se um fator de declínio populacional
importante para a fauna que utiliza as estradas no PECB
caso o manejo da SP 139 não seja cautelosamente
planejado.
Material
e métodos
A
Tabela 1 (em anexo) apresenta, para cada espécie
ou táxon superior, o tipo de contato esperado
durante o censo. Um estudo piloto foi realizado nos
dias 14 e 15/12 de 2002 e 7 e 8/2/2003, com o objetivo
de obter fidedignidade entre os observadores e testar
a metodologia proposta, principalmente quanto à
adequação do esforço de amostragem
pretendido, já que é necessário
obter um número de observações
suficientemente alto para cada espécie ou taxon
superior para que as densidades populacionais estimadas
tenham um baixo intervalo de confiança (Sutherland,
1996).
Será utilizado o método de transecto linear,
como detalhado por Sutherland (1996). Esse método
consiste em caminhar lentamente por trilhas retas, registrando
os animais observados, a distância em relação
à trilha e ao observador do primeiro animal avistado
e o ângulo formado entre este animal, a estrada
e o observador. A própria rodovia será
utilizada como transecto. O registro de distâncias
de avistamento e de distância percorrida permite
o cálculo da área amostrada e a densidade
populacional é calculada em função
do número de avistamentos nesta área.
Para efetuar os cálculos de densidade populacional
utilizaremos o programa DISTANCE 3.5 (Ó Thomas,
L., Laake, J. e Derry, J., 1988-1999). Para animais
cuja probabilidade de detecção visual
fora da rodovia é muito baixa ou nula, tais como
anfíbios e répteis (Thompson et al., 1998)
a largura da rodovia será utilizada como distância
de detecção total.
A rodovia será dividida em 8 trechos de 4 quilômetros
de extensão, sendo cada um deles percorrido por
uma equipe de 3 pessoas, em dois horários: no
começo da manhã (7-11 h) e à tarde
(14-18 h). Cada equipe andará 4 km em cada período
de 4 horas durante o dia, de forma que toda a extensão
da rodovia será coberta em um dia. Será
realizado também um censo noturno, no começo
e fim da noite (iniciando-se às 19 e às
4 horas, respectivamente), tanto à pé
quanto pelo método “quantitativo de percorrer
a estrada” (quantitative road cruising, Eisenberg et
al., 1979; Fahrig et al., 1994; Rosen e Lowe, 1994),
que consiste em percorrer a estrada de carro, lentamente
(20-30 km/h). Este método permite a observação
de animais noturnos que teriam tempo de fugir ao ouvirem
a aproximação dos pesquisadores à
pé. Cada percurso será repetido durante
os meses de maio de 2003 a maio de 2004, no segundo
sábado de cada mês.
Rastros e fezes serão utilizados para calcular
índices de densidade populacional. Tais índices
serão utilizados para comparar diferentes trechos
da rodovia entre si e para comparar a densidade populacional
das espécies na rodovia ao longo dos meses. Para
o cálculo das densidades populacionais será
utilizado o programa Distance 3.5 (Ó1998-1999
Research Unit for Wildlife Population Accessment, University
of St. Andrews).
Os animais encontrados mortos serão identificados
a nível de espécie no local ou coletados
(ou fotografados) para posterior identificação.
Para estas espécies serão calculados os
índices DOR e LOR (dead on road e live on road;
Rosen e Lowe, 1994) que permitem uma estimativa do impacto
da rodovia sobre as populações, ao longo
dos meses.
Para completar o levantamento da fauna que usa a rodovia
e potencialmente será impactada pelo aumento
do tráfego de veículos, utilizaremos armadilhas
fotográficas (CamtrakkerÒ). Dez destas
armadilhas serão colocadas ao longo da estrada,
com intervalos de aproximadamente três quilômetros
entre elas, suficientemente próximas à
pista para garantir que os animais fotografados representam
espécies que sofrem a influência da proximidade
da rodovia, porém em locais que não sejam
vistos da rodovia para evitar o roubo das câmeras.
As armadilhas fotográficas podem registrar a
presença de espécies indistiguíveis
pelos rastros, tais como as “catitas” Monodelphis americana
e M. scalops (Marsupialia: Didelphidae), espécies
raras já registradas por armadilhas fotográficas
no PECB. Também é possível o registro
de espécies principalmente arborícolas
como o gato-maracajá, Leopardus wiedii. Além
disto, as armadilhas fotográficas registram a
hora precisa depassagem dos animais, fornecendo subsídios
adicionais para medidas de proteção.
A localização exata de todos os avistamentos,
indícios e animais mortos encontrados será
obtida com o uso de um aparelho de GPS. Assim serão
mapeadas as áreas de importância para cada
grupo da fauna e as áreas onde já ocorrem
atropelamentos.
Os animais e seus indícios serão identificados
com a maior precisão possível (a nível
de espécie, sempre que possível) com o
auxílio de guias e listas de espécies
para a Mata Atlântica e o PECB (fotos de um trabalho
realizado no PECB para anfíbios; Marques et al.,
2001, para serpentes; Frisch, 1981 e Barbosa, s/d, para
aves; Becker e Dalponte, 1991, para rastros de mamíferos;
Emmons e Feer, 1997, para mamíferos).
Resultados
preliminares do estudo piloto
A
grande quantidade de espécies da fauna com alguma
evidência de uso da SP 139 (Tabela 2) encontrada
com um esforço de amostragem de apenas dois finais
de semana reflete a grande diversidade e abundância
da fauna do PECB. Muitas das espécies que usam
a estrada (por exemplo a anta, todos os felinos e o
guaxinim) são consideradas ameaçadas de
extinção e devem ser alvo de atenção
especial (Secretaria do Estado do Meio Ambiente, 1998).
O cálculo das densidades populacionais das espécies
que utilizam a rodovia SP 139 ainda não foi efetuado,
sendo necessário o esforço de mais meses
de coleta para permitir cálculos com baixos intervalos
de confiança. Entretanto, os resultados preliminares
já demonstram o uso intenso da SP 139 pela fauna
(Tabela 2, Figuras 2 a 4), já havendo mortes
de animais por atropelamento (Figura 3). Uma característica
comum aos animais encontrados mortos é a lentidão
do deslocamento no solo, apontando para a necessidade
de placas e/ou outras medidas que advirtam os motoristas
da necessidade de uma baixa velocidade ao percorrer
a rodovia.
Estes resultados apontam para a necessidade de medidas
mitigadoras do impacto da rodovia sobre a fauna ainda
antes da inauguração da mesma e o próprio
estudo piloto já representa uma contribuição
para a tomada destas medidas, tendo mapeado vários
“carreiros” (locais utilizados constantemente pela fauna
para entrada e saída da mata; ver Figura 4) e
trechos onde o uso da estrada pela fauna é mais
intenso.
Tabela
2: Resultados preliminares do estudo piloto, mostrando
a fauna que utiliza a SP 139 e o tipo de evidência
de uso encontrada.
Espécie |
Nome
popular |
Animal
vivo
observado ou ouvido |
Rastros
e/ou carreiros |
Animal
morto |
MAMÍFEROS |
|
|
|
|
Didelphis
sp. |
gambá
ou guaxica |
|
x |
x |
Dasypus
sp. |
tatu
galinha |
|
x |
|
Cebus
apella |
macaco-prego |
x |
|
|
Procyon
cancrivorus |
guaxinim
|
|
x |
|
Cerdocyon
thous |
lobinho |
x |
x |
|
Leopardus
cf. tigrinus |
gato
do mato |
x |
x |
|
Leopardus
pardalis |
jaguatirica |
|
x |
|
Puma
concolor |
onça
parda |
x |
|
|
Agouti
paca |
paca |
x |
x |
|
Dasyprocta
azarae |
cutia |
|
x |
|
Guerlinguetus
ingrami |
esquilo |
x |
|
|
Rodentia
sp. |
roedor |
|
|
x |
Tapirus
terrestris |
anta |
|
x |
|
Mazama
spp. |
veado |
|
x |
|
|
|
|
|
|
AVES |
|
|
|
|
Aramides
sp. |
saracura |
x |
x |
|
Columbidae
sp. |
pomba |
|
|
x |
Tinamus
solitarius |
macuco |
x |
x |
|
Penelope
sp. |
jacu |
x |
|
|
Psitacidae
spp. |
maitacas,
papagaios, etc |
x |
|
|
Caprimulgidae
spp. |
curiango |
x |
|
|
Trochilidae
spp. |
beija-flor |
x |
|
|
Ramphastos
dicolorus |
tucano
de bico verde |
x |
|
|
Campephilus
sp. |
pica
pau de cabeça vermelha |
x |
|
|
Trogon
sp. |
surucuá |
x |
|
|
Cacicus
chrysopterus |
xexéu |
x |
|
|
Procnias
nudicollis |
araponga |
x |
|
|
Piroderus
scuttatus |
pavó |
x |
|
|
Chiroxiphia
caudata |
tangará |
x |
|
|
|
|
|
|
|
RÉPTEIS |
|
|
|
|
Xenodon
sp. |
jararaquinha |
|
|
x |
Colubridae
sp. |
cobra |
x |
|
x |
cf.
Helicops carinicaudatus |
|
|
|
x |
Teiidae
sp. |
teiú |
x |
|
|
|
|
|
|
|
ANFÍBIOS |
|
|
|
|
Bufo
sp. |
sapo |
|
|
x |
Anura
spp. |
rãs,
pererecas |
|
|
x |
|
|
|
|
|
ARTRÓPODOS |
|
|
|
|
Arachnida
sp. |
armadeira |
|
|
x |
Insecta
sp. |
cigarra
|
|
|
x |
Coleoptera
spp. |
besouro |
|
|
x |
Hymenoptera
spp. |
formigas
de correição |
|
|
x |
|
|
|
|
|
MOLUSCOS |
|
|
|
|
Pulmonado |
Caramujo |
|
|
x |
|
|
|
|
|
ANELÍDEOS |
|
|
|
|
Oligochaeta
sp. |
Minhocoçu |
|
|
x |
Bibliografia
Barbosa, A. C. Aves
do Parque Estadual Carlos Botelho. Em “Levantamento
da Biodiversidade nas Unidades do Instituto Florestal
do Estado de São Paulo”, obtido na Base de Dados
Tropical, sem data.
Beisiegel, B. M. (2000). Uso da rodovia SP 139 pelos
mamíferos. Relatório não publicado
apresentado ao PECB.
Becker, M. e Dalponte, J. C. Rastros de mamíferos
silvestres brasileiros: um guia de campo. Brasília:
Editora Universidade de Brasília, 1991.
Eisenberg, J. F., O'Connell, M. A. e August, P. V. (1979).
Density, productivity, and distribution of mammals in
two Venezuelan habitats. Em: Eisenberg, J. F. (Ed.),
Vertebrate ecology in the northern Neotropics. Washington,
D.C.: Smithsonian Institution Press. 187-207.
Emmons, L.H. e Feer, F. Neotropical rainforest mammals:
a field guide. Chicago: University of Chicago Press,
1997.
Fahrig, L., Pedlar, J., Shealag, E., Taylor, P. e Wegner,
J. (1995). Effect of road traffic on amphibian density.
Biological Conservation, 73, 177-182.
Frisch, J. D. Aves Brasileiras. Volume I. São
Paulo: Dalgas-Ecoltec Ecologia Técnica e Comércio
Ltda, 1981
Marques, O. A. V., Eterovic, A. e Sazima, I. Serpentes
da Mata Atlântica. Guia ilustrado para a Serra
do Mar. Ribeirão Preto: Holos, 2001.
Rosen, P. e Lowe, C. (1994). Highway mortality of snakes
in the Sonoram desert of Southern Arizona. Biological
Conservation, 68, 143-148.
Secretaria do Estado do Meio Ambiente. Fauna ameaçada
no Estado de São Paulo. São Paulo: SMA/CED,
1998.
Sutherland, W. J. (1996). Ecological census techniques
: a handbook. Cambridge: Cambridge University Press,
1996.
Thompson, W. L., White, G. C.e Gowan, C. (1998). Amphibians
and reptiles. Em: Thompson, W. L., White, G. C. e Gowan,
C. (Eds.), Monitoring vertebrate populations. San Diego:
Academic Press. 233-261.
Vieira, E.M. (1996). Highway mortality of mammals in
central Brazil. Ciência e Cultura, 48, 270-272.
Cronograma
físico
A tabela abaixo mostra
o cronograma previsto até Abril de 2004. A coleta
será realizada no segundo final de semana de
cada mês. A duração total do censo
ainda não foi determinada; consideramos necessária
uma duração mínima de um ano. O
censo diurno será realizado no sábado
e o noturno, na noite de sábado (descida para
Sete Barras) e madrugada de domingo (subida para a sede).
A análise dos dados será realizada de
duas formas: uma análise preliminar concomitante
à coleta de dados em cada mês, com o objetivo
de avaliar a necessidade de medidas imediatas tais como
a colocação de placas de advertência
e redutores de velocidade em determinados locais, e
uma análise global em intervalos de seis meses.
Mês |
Coleta
de dados |
Análise
global dos dados |
Maio / 2003 |
24
e 25/5 |
|
Junho / 2003 |
14
e 15/6 |
|
Julho / 2003 |
12
e 13/7 |
|
Agosto / 2003 |
9
e 10/8 |
|
Setembro / 2003 |
13
e 14/9 |
|
Outubro / 2003 |
11
e 12/10 |
X |
Novembro / 2003 |
|
|
Dezembro / 2003 |
13
e 14/12 |
|
Janeiro / 2004 |
10
e 11/1 |
|
Fevereiro / 2004 |
14
e 15/2 |
|
Março / 2004 |
13
e 14/3 |
|
Abril / 2004 |
10
e 11/4 |
X |
Origem dos
recursos
O projeto será
apresentado a várias financiadoras potenciais,
tais como à Companhia Suzano de Papel e Celulose,
SP-Vias, Rotary Club e Prefeituras dos Municípios
envolvidos.
Orçamento
O orçamento
está previsto para doze pessoas, formando quatro
equipes de três.
Contrapartida do parque:
Alojamento e transporte para as equipes.
Alojamento: seis a dez pessoas dormirão na hospedaria
da Sede do Parque em São Miguel Arcanjo, nas
noites de sexta para sábado e sábado para
domingo do segundo fim de semana do mês. Duas
a seis pessoas dormirão no Núcleo de Sete
Barras na noite de sábado para domingo do segundo
fim de semana do mês.
Transporte: Necessitaremos de um veículo que
leve as equipes ao ponto de início do trabalho
de cada uma, no segundo sábado de cada mês,
às sete horas da manhã, descendo em direção
a Sete Barras, e suba a estrada recolhendo as equipes
à tarde, desça novamente às sete
da noite e suba às quatro da manhã do
domingo, totalizando duas viagens de ida e volta ao
Núcleo Sete Barras.
Quantidade
e descrição |
Material
necessário para a
implantação do projeto |
Material
de consumo mensal |
|
|
|
|
|
4
Cilibis |
R$
80,00 |
R$
320,00 |
|
|
4 Baterias
de moto para os cilibis |
R$
120,00 |
R$
480,00 |
|
|
4 Guias
para identificação de mamíferos
(Emmons e Feer, 1997) |
US$
26,00 |
US$
104,00 |
|
|
4 Guias
para identificação de serepentes
(Marques et al., 2001) |
RS$
30,00 |
R$
120,00 |
|
|
4 Guias
para identificação de rastros
(Becker e Dalponte, 1991) - xerox (livro esgotado) |
R$
10,50 |
R$
42,00 |
|
|
12 Capas
de chuva |
R$
30,00 |
R$
360,00 |
|
|
4 Bússola
Silva |
US$
60,00 |
US$
240,00 |
|
|
4 GPS
Garmin |
R$
840,00 |
R$
3.360,00 |
|
|
10
rolos de fitas para marcar trilhas |
US$
1,65 |
US$
16,50 |
|
|
1 Trena
de 50 m |
R$
63,00 |
R$
63,00 |
|
|
4
Binóculos |
R$
600,00 |
R$
2.400,00 |
|
|
4 passômetros |
R$
200,00 |
R$
800,00 |
|
|
4 pranchetas |
R$
3,50 |
R$
14,00 |
|
|
4 canetas
marcadoras permanentes |
R$
4,00 |
R$
16,00 |
|
|
1 Palm
Top Palm M 515 |
R$
1.699,00 |
R$
1.699,00 |
|
|
10 Armadilhas
fotográficas Camtrakker |
U$
399,95 |
U$
3.999,50 |
|
|
1 Freezer
horizontal Eletrolux 500 litros H 500 |
R$
1.129,00 |
R$
1.129,00 |
|
|
1 recarregador
de pilhas |
R$
110,00 |
R$
110,00 |
|
|
Quantidade
e descrição |
Material
necessário para a
implantação do projeto |
Consumo
mensal |
|
|
|
|
|
10 pares de pilhas recarregáveis
para as armadilhas fotográficas |
R$
22,00 |
R$
220,00 |
|
|
Alimentação
para doze pessoas |
|
|
R$
17,00 |
R$
204,00 |
Combustível para o
transporte das equipes na SP 139 (duas viagens
de 33 km) |
|
|
R$
1,00/litro de diesel |
R$
50,00 |
Xerox de fichas de coleta
de dados (20 cópias/mês) |
|
|
R$
0,25 |
R$
5,00 |
4
folhas de acetato para desenhar rastros |
|
|
R$
1,50 |
R$
6,00 |
Gesso para a preservação
de rastros |
|
|
|
R$
4,50 |
Formol para a preservação
de animais mortos encontrados na estrada |
|
|
|
R$
50,00 |
Sacos
de lixo para a coleta de fezes e animais mortos |
|
|
|
R$
5,00 |
Luvas descartáveis
e máscaras para a manipulação
de animais mortos e fezes |
|
|
|
R$
20,00 |
4 Filmes de 24 fotos |
|
|
R$
11,00 |
R$
44,00 |
4 Revelações |
|
|
R$
19,20 |
R$
76,80 |
10
Filmes de 12 fotos para as armadilhas fotográficas |
|
|
R$
8,00 |
R$
80,00 |
10 Revelações |
|
|
R$
9,60 |
R$
96,00 |
7 Diárias para os pesquisadores |
|
|
R$
120,00 |
R$
840,00 |
5
Diárias para estagiários e motorista |
|
|
R$
25,00 |
R$
125,00 |
Total em US$ (material
importado) |
|
US$
4.360,00* |
|
|
Total em R$ |
|
R$
11.133,00 |
|
R$
1.606,30 |
TOTAL
GERAL (estimando a duração do censo
em 12 meses) : US$ 4.360,00*+ R$ 30.408,60 |
* Não estão
incluídas as taxas de importação.
Cronograma
de desembolso
Verba para a aquisição
do material necessário para a implantação
do projeto(U$ 4.360,00 + R$ 11.133,00):
até 5 de Maio de 2003.
Material de consumo mensal (R$ 1.606,30): Até
a segunda feira anterior ao censo, em cada mês
(ver tabela abaixo).
Mês |
Desembolso
da verba relativa ao consumo mensal |
Maio / 2003 |
|
Junho / 2003 |
|
Julho / 2003 |
|
Agosto / 2003 |
|
Setembro / 2003 |
|
Outubro / 2003 |
|
Novembro / 2003 |
|
Dezembro / 2003 |
|
Janeiro / 2004 |
|
Fevereiro / 2004 |
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Março / 2004 |
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Abril / 2004 |
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Justificativa
dos itens incluídos no orçamento
Cilibis e baterias de
moto para os cilibis: melhor forma de iluminação
para o censo noturno, já que são muito
mais potentes do que lanternas comuns.
Guias de identificação de mamíferos,
répteis e rastros: serão utilizados na
identificação dos animais e seus indícios.
Capas de chuva: permitirão o trabalho sob chuvas
de intensidade moderada.
Bússolas: para medir o ângulo entre os
animais vistos e a estrada; esta medida é utilizada
na estimativa de densidade populacional pelo método
de transecto linear.
GPS: para o georeferenciamento dos dados coletados.
Fitas marcadoras: para carreiros, latrinas, etc.
Trena: para treino de fidedignidade das distâncias
estimadas.
Binóculos: para identificação dos
animais.
Passômetros: para estimativa da distância
percorrida pelos animais na estrada através de
seus rastros.
Pranchetas: para apoiar as fichas de anotações.
Canetas marcadoras: para anotações nas
fitas plásticas e para desenhar rastros sobre
acetato.
Palm Top: para otimização da coleta de
dados e análise imediata dos dados coletados.
Armadilhas fotográficas: para registrar espécies
da fauna que utilizam a SP 139 mas não são
registradas por outros métodos.
Freezer horizontal: para conservar animais mortos até
sua identificação e taxidermização.
Recarregador de pilhas e pilhas recarregáveis:
para utilização nas armadilhas fotográficas.
Filmes e revelação: para registro de rastros,
animais atropelados, animais observados e para uso nas
armadilhas fotográficas.
Diárias para os pesquisadores: estamos solicitando
uma diária por mês, para o dia de coleta
de dados (avaliada pela tabela FAPESP) para cada um
dos membros da equipe, com exceção de
Beatriz de Mello Beisiegel, que é bolsista da
FAPESP (processo 00/14591-0).
Estamos também solicitando uma diária
por mês para cada um dos estagiários que
devem participar do projeto, completando as quatro equipes
de três pessoas cada, e para um motorista que
deve transportar as equipes nas duas viagens até
Sete Barras.
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Anfíbios |
Anura |
sapos, rãs, pererecas |
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Répteis |
Squamata |
Serpentes, lagartos |
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Aves |
Galliformes |
Penelope obscura |
DC |
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Gruiformes |
Aramides spp |
DC |
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AM |
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Mamíferos |
Marsupialia |
Principalmente Didelphis |
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Primates |
Cebus apella |
D |
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A |
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Brachyteles arachnoides |
D |
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A |
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Alouatta fusca |
D |
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A |
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Xenarthra |
Dasypus spp. |
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MA |
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Cabassous sp. |
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MA |
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Bradypus variegatus |
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A |
Improvável |
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Tamandua tetradactyla |
NC |
|
AR |
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Lagomorpha |
Lepus sp. |
NC |
E |
ARM |
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Silvilagus brasiliensis |
NC |
E |
ARM |
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Rodentia |
Coendou prehensilis |
NC |
|
ARM |
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Guerlinguetus ingrami |
D |
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AM |
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Agouti paca |
N |
A |
ARM |
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Dasyprocta azarae |
D |
|
ARM |
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Pequenos roedores |
N |
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M |
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Carnivora |
Cerdocyon thous |
NC |
E |
ARMF |
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Speothos venaticus |
DC |
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ARM |
Improvável |
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Eira barbara |
DC |
|
ARM |
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Conepatus sp |
DC |
|
ARM |
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Galictis sp |
NC |
|
ARM |
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Nasua nasua |
D |
|
ARM |
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Procyon cancrivorus |
D |
A |
ARM |
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Panthera onca |
DCN |
E |
ARMF |
Avistamentos de felinos são
improváveis |
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Puma concolor |
DCN |
E |
ARMF |
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|
Leopardus pardalis |
CN |
E |
ARMF |
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Leopardus wiedii |
CN |
? |
ARMF |
Rastros e fezes de pequenos
felinos não são diferenciáveis
para observadores inexperientes |
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Leopardus tigrinus |
CN |
E |
ARMF |
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|
Herpailurus yagouaroundi |
DCN |
E |
ARMF |
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Perissodactyla |
Tapirus terrestris |
CN |
E |
ARMF |
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Artiodactyla |
Tayassu tajacu |
D |
A |
ARM |
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|
Tayassu pecari |
D |
A |
ARM |
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Mazama americana |
DCN |
E |
ARM |
Rastros de Mazama spp são
muito semelhantes |
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Mazama gouazoubira |
DCN |
E |
ARM |
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Tabela 1: Fauna a
ser potencialmente amostrada durante o censo. Inclui
o período de atividade (D=diurno, C=crepuscular,
N=noturno); uso esperado da rodovia (E = espécie
que usa a rodovia para deslocamentos extensivos, A=
espécie que apenas atravessa a rodovia); tipo
de contato com a espécie esperado durante o censo
(A= avistamento de animais vivos; M= animais mortos,
provavelmente atropelados; R= rastros e F = fezes).
Os dados se baseiam no uso das estradas internas do
PECB pela fauna (Beisiegel, 2000).
Equipe Executora:
Orientação - Beatriz de Mello Beisiegel
- Pós Doutoranda, Departamento de Ecologia do
IB-USP
Alexandre Bastos Fernandes Lima - Associação
Promuriqui
Camila Câmara Pianca -pós graduanda, Esalq
- USP
Célio Paulo Ferreira - Biólogo
Francisco Balboni - APAZ
Kátia Pisciotta - Fundação Florestal
Paula Fogaça - Bióloga - APAZ
Wagner Gomes Portilho - Fundação Florestal
Instituição: Instituto
Florestal - Parque Estadual Carlos Botelho
Atividades a serem desenvolvidas por cada autor:
Beatriz de Mello Beisiegel - redação e
orientação do projeto e participação
na coleta de dados e análise dos mesmos.
Demais membros da equipe: coleta e análise dos
dados.
Palavras-chave: Mata Atlântica;
ecologia de populações; censo por transecto
linear; avaliação de impacto ambiental
Resumo do objetivo: Avaliar qualitativamente
e quantitativamente o uso do trecho da rodovia SP 139
que corta o Parque Estadual "Carlos Botelho"
pela fauna e fornecer subsídios para mitigar
o impacto da readequação da rodovia e
conseqüente aumento do tráfego sobre a fauna.
Resumo da justificativa: Sendo o Parque Estadual "Carlos
Botelho" uma unidade de conservação
de grande diversidade e abundância faunística,
a presente proposta se justifica pela necessidade de
conhecer a fauna que utiliza a rodovia SP 139 a fim
de tomar medidas que mitiguem o impacto causado pela
sua perenização e conseqüente aumento
de tráfego.
Local de implantação do projeto:
Parque Estadual “Carlos Botelho”, na Sede em São
Miguel Arcanjo e no Núcleo Sete Barras.
Início previsto: Maio de 2003.
Término previsto: Maio de 2004