Neste local existe uma estrutura já montada
para sua pesquisa, como um sistema de trilhas
e um grupo de estudo já habituado à
presença de observadores humanos, ambos
processos estabelecidos por pesquisas desenvolvidas
anteriormente na mesma área, incluindo
aqui trabalho desenvolvido pelo pesquisador
Maurício Talebi. A importância
da realização de estudos com as
espécies raras da Mata Atlântica
é uma das abordagens que independentemente
revela a realização deste projeto.
Entretanto, o muriqui é considerado uma
espécie bioindicadora, ou um termômetro
do estado de conservação de seu
ambiente, e as informações oriundas
das espécies com estudos em natureza
são todavia escassas.
O muriqui é uma espécie de primata
neotropical endêmica da Floresta Tropical
Atlântica brasileira. Sua alimentação
é essencialmente herbívora, sendo
o mais folívoro entre os Atelídeos,
com exceção de Alouatta (Rosenberg
& Strier, 1989). Possui o maior tamanho
corporal entre todos os primatas neotropicais,
e demonstra especializações no
trato digestivo, incluindo características
de dentição, compatíveis
tanto para folivoria como para frugivoria, sendo
de destaque um largo ceco intestinal para a
digestão fermentativa (Hill, 1962; Hladik,
1978; Chivers & Hladik, 1980).
Quanto à conservação da
espécie, possui o alarmante status de
ser uma das espécies mais ameaçadas
de extinção entre todos os mamíferos
neotropicais ( é a espécie bandeira
da conservação internacional de
primatas no Brasil e divide com o mico-leão-dourado
[Leontopithecus rosalia], a posição
de primatas mais ameaçados do Brasil).
Contribuem para esta condição
ameaçadora a contínua e drástica
degradação e perda de seu ambiente
natural e, as dificuldades encontradas para
a manutenção e reprodução
da espécie em regime de cativeiro.
No final da década de oitenta foi estabelecido
um programa de criação e reprodução
em cativeiro no Centro de Primatologia do Rio
de Janeiro (CPRJ-FEEMA), com intuito de no futuro
possibilitar um estoque de indivíduos
que possibilitem a viabilização
de projetos de reintrodução em
vida livre. A dieta nutricionalmente balanceada
é um fator fundamental para o bem-estar
destes animais e é indispensável
para o sucesso de um programa reprodutivo ex-situ
(Pissinatti et al, 1994). Até o presente
momento, o sucesso reprodutivo e de manutenção
de muriquis recém nascidos em cativeiro
é baixo e as variáveis envolvidas
neste processo são todavia ainda desconhecidas.
Segundo um senso realizado em 1986, cerca de
600 indivíduos vivem nos limites do parque.
(*texto baseado no projeto de pesquisa "Conteúdo
Nutricional da Dieta e Aspectos do Comportamento
Alimentar do Mono-carvoeiro").