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Que energia é essa?
Energias Alternativas
 
 


O que são fontes de energia?***

A energia que vem do fundo da Terra (Geotermia)

A energia que vem do óleo vegetal (Bio-óleo)

A energia que vem do ar (Ar comprimido)

A energia que vem do metano (Biogás)

A energia que vem do lixo (Reciclagem)

A energia que vem do lixo (Biomassa)

A energia que vem do hidrogênio

Outras fontes de energia (artigos)

 

O que são fontes de energia?

Entende-se por energia a capacidade de realizar trabalho. Fontes de energia, dessa forma, são determinados elementos que podem produzir ou multiplicar o trabalho: os músculos, o sol, o fogo, o vento etc.

Através do uso racional do trabalho, especialmente na atividade industrial, o homem não apenas sobrevive na superfície terrestre – encontrando alimentos, abrigando-se das chuvas ou do frio etc –, mas também domina e transforma a natureza: destrói florestas, muda o curso dos rios, desenvolve novas variedades de plantas, conquista terras ao mar, reduz distâncias (com modernos meios de transporte e comunicação), modifica os climas (com a poluição, as chuvas artificiais etc), domestica certos animais e extermina outros.

As primeiras formas de energia que o homem utilizou forma o esforço muscular (humano e de animais domesticados), a energia eólica (do vento) e a energia hidráulica, obtida pelo aproveitamento da correnteza dos rios. Com a Revolução Industrial, na Segunda metade do século XVIII e no século XIX, surgem as modernas máquinas, inicialmente movidas a vapor e que hoje funcionam principalmente a energia elétrica. A eletricidade pode ser obtida de várias maneiras: através da queima do carvão e do petróleo (usinas termelétricas), da força das águas (usinas hidrelétricas), da fissão do átomo (usinas nucleares) e de outros processos menos utilizados.

As chamadas modernas fontes de energia, ou seja, as mais importantes, são: o petróleo, o carvão, a água e o átomo. As fontes alternativas, que estão conhecendo um grande desenvolvimento e devem tornar-se mais importantes no futuro, são o sol (energia solar), a biomassa e os biodigestores, o calor proveniente do centro da Terra energia geotérmica), as marés, o xisto betuminoso e outras.

É importante ressaltar que as fontes de energia estão ligadas ao tipo de economia: quanto mais industrializada ela for, maior será o uso de energia. O carvão mineral foi a grande fonte de energia da Primeira Revolução Industrial, e o petróleo foi a principal fonte de energia do século XX e continua a desempenhar esse papel, apesar de um recente e progressivo declínio. Tanto o petróleo como o carvão mineral são recursos não renováveis, isto é, que um dia se esgotarão completamente; eles também são muito poluidores, na medida em que seu uso implica muita poluição do ar. Por esses dois motivos eles estão em declínio atualmente, em especial o petróleo, que foi básico para a era das indústrias automobilísticas e petroquímicas. Vivemos na realidade numa época de transição, de passagem do domínio do petróleo para a supremacia de outras fontes de menos poluidoras e renováveis, ou seja, que não apresentam o problema de esgotamento. Este pensamento está pelo menos na cabeça dos ambientalistas de todo o planeta, mas a realidade ainda é um mundo dominado pelos combustíveis fósseis.

A série “Que energia é essa?” irá trazer as principais fontes de energia usadas em nosso planeta; como surgiram, onde são usadas, qual a dependência humana dessas fontes e muito mais. Neste capítulo conheceremos algumas fontes de energia chamadas “Alternativas”.

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Brasil usa calor da Terra só para diversão

O Brasil esconde no subsolo um potencial energética estimado em 3 mil megawatts, o equivalente a um quarto da capacidade de geração geotérmica, calor que flui do interior da Terra. O levantamento, pioneiro, foi feito pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT).

Por enquanto, o país usa apenas 150 megawatts dessa energia, a maior parte em balneários para o lazer. Na Costa Rica, 50% da energia elétrica é produzida a partir da geotermia. No México, já chega a 15%.

Países desenvolvidos como Japão, Estados Unidos e Itália têm planos para substituir boa parte da energia produzida por usinas hidrelétricas, termelétricas e nucleares pela de fontes geotérmicas. Esta é uma fonte limpa relativamente barata e inesgotável. Ainda que seja promissor, o potencial geotérmico brasileiro é baixo se comparado a países com vulcanismo no passado geológico recente ou que ainda têm esta atividade, segundo o geólogo Alcides Frangipani, do IPT.

A geotermia é o calor que permaneceu desde a formação da Terra, há 4,6 bilhões de anos, quando o planeta era um corpo incandescente girando em torno de um sol recém-nascido. A esse calor “primitivo” acrescenta-se a energia liberada por átomos radioativos que se desintegram.

O aproveitamento geotérmico se dá pela captação de água quente em perfurações feitas a até 2 mil metros. São águas provenientes de chuvas que se infiltram no solo e, ao serem aquecidas, tendem a retornar à superfície.

Em regiões vulcânicas ou de rochas com boa condutividade térmica, a temperatura dessas águas chega aos 300ºC, sob pressões elevadas. No Brasil, as regiões mais promissoras são as ilhas de Fernando de Noronha e Trindade, vulcões adormecidos há 1,8 milhão de anos, um período curo para o tempo geológico.

Nessas ilhas, a temperatura da água chega a 150ºC. Em Fernando de Noronha o IPT planeja utilizar essas energia para dessalinizar água do mar. Na maior parte do Brasil pode ser encontrada água em torno de 70ºC, segundo Frangipani, com as mais diversas aplicações, inclusive produção de energia elétrica. Nesse caso, um líqüido com baixa temperatura de volatização, como o fréon, é aquecido e movimenta uma turbina. O poço pioneiro para aproveitamento geotérmico no Brasil foi perfurado em Presidente prudente (a 580 km de São Paulo). Com 1.400 metros de profundidade, ele produz 100 mil litros/hora a 63ºC. Um segundo poço, com 1.900 metros, gera 250 mil litros/hora a 68ºC. os dois já beneficiaram sete de um conjunto de treze unidades previstas, incluindo indústrias, hospitais e hotéis. Em Cornélio Procópio (PR), a empresa de café Iguaçu também usa geotermia para secar grãos.

ENERGIA PRESERVA AMBIENTE...
A geotermia está deixando a ficção científica para entrar no cotidiano, afirma o pesquisador Alcides Frangipani, do IPT. Fenômenos como efeito estufa e chuva ácida, provocadas, entre outras fontes, por usinas que queimam óleo e carvão para produzir eletricidade, tendem a acelerar a mudança.

Os primeiros estudos nessa área surgiram nos anos 1940/50. Mas em 1907 a Itália já tinha perfurado um poço pioneiro, em Larderello, no centro-norte do país.

Nos anos 60, os EUA fizeram um levantamento interno e só consideram promissoras as regiões que ofereciam água acima de 90ºC. Atualmente, de acordo com Frangipani, a tendência é considerar temperaturas menores, em torno de 50ºC, para exploração.

Pesquisadores do Laboratório Nacional de Los Alamos, no Novo México, já consideram a possibilidade de extrai calor até mesmo em áreas com poucas chuvas, um recurso conhecido como “tecnologia de rochas secas”. É necessário perfurar dois poços paralelos. Em um deles injeta-se água fria da superfície e, no outro, recolhe-se a água aquecida pelas rochas profundas.

Essa tecnologia poderia beneficiar o Estado do Ceará, no Brasil, que tem uma ligação geológica com a ilha de Fernando de Noronha. O potencial térmico no Ceará é alto, mas há pouca disponibilidade de água.
Fonte: O Estado de São Paulo
Por Ulisses Capozoli

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Edifício em Manhattan tira energia do subsolo

Na rua 64, a leste do Central Park, mansões de mármore e pedra calcária pertencentes a milionários como Edgar Bronfman Jr., Ivana Trump, Gianni Versace e outros nomes famosos enfileiram-se num quarteirão inteiro, cheio de Rolls Royces pretos e limusines de luxo.

Afora esse quarteirão é também o local onde está sendo escavado os dois buracos mais profundos de Nova York. A profundidade de cada um deles ultrapassa a altura do World Trade Center, (as torres gêmeas que foram derrubadas em 11 de setembro pelo atentado terrorista) e era um dos edifícios mais altos dos Estados Unidos.

Os buracos foram cavados no mês passado até a profundidade de 457 metros no leito da rocha firme para explorar a energia armazenada na pedra para um prédio de US$ 8 milhões. O edifício está sendo construído por Theodore W. Kheel, advogado trabalhista, filântropo e empresário ecológico. Até agora, os buracos mais profundos da cidade eram túneis de água, alguns dos quais avançam até 174 metros abaixo da superfície.

O prédio abrigará meia dúzia de fundações beneficentes, mas seu objetivo, segundo Kheel, é também ilustrar como a tecnologia de economia de energia e métodos de construção que respeitam o meio ambiente podem ser compensadores.

SEM POLUIÇÃO...
A água bombeada para dentro e para fora dos buracos debaixo da rua 64 Leste fluirá através de tubulações no edifício, refrigerando ou aquecendo cada uma das salas o ano inteiro. Esse bombeamento do calor geotérmico gerará também água quente para os banheiros, quase sem poluição ar e apenas com uma pequena tarifa mensal de energia elétrica.

A instalação do sistema de energia térmica custará pouco mais do que um sistema de calefação e ar condicionado convencional, mas o reduzidos custos de manutenção compensarão essa diferença em poucos anos. “Não vamos mudar o mundo com um pequeno edifício”, disse Kheel. “Mas podemos dar o exemplo: o uso de energia geotérmica é um benefício para o ambiente e uma tremenda economia de eletricidade.”

Embora este seja o primeiro bombeamento de calor geotérmico em Manhattan, a tecnologia já foi usada por empresas e proprietários de casas em outras partes da cidade e em todo o país.

Os buracos na rua 64 foram cavados, a um custo de cerca de US$ 100 mil, por John Barnes, um perfurador de poços de Bayside, Queens, que instalou o primeiro sistema geotérmico em seu escritório há anos atrás. “Todos pensavam que eu estava pirado”, disse Barnes. Mas a economia de energia foi enorme. No ano passado, Barnes instalou em Queens e Long Island mais de uma dúzia de sistemas menores.

ECOMONIA...
Até mesmo a Consolidated Edison (Com Ed), companhia que fornece eletricidade para a cidade de Nova York, está contente com o projeto de Kheel, principalmente porque o sistema geotérmico permitirá que o edifício seja resfriado nos dias mais quentes sem o aumento da demanda de energia dos condicionadores convencionais de ar.

A Com Ed pagou as tarifas de vários consultores de energia que ajudaram a planejar o sistema, informou Frank Napoli, engenheiro da companhia energética. “As análises feitas por eles mostraram que esta é a melhor solução possível para o prédio” disse. “O solo tem uma temperatura estável durante o ano todo, por isso a gente pode captar o calor durante o inverno o jogá-lo de novo dentro da terra no verão.”

O sistema empregado na Foundation House, como será chamado o edifício de Kheel, tira sua energia do calor solar acumulado no subsolo. A partir de cerca de 1,8 metro até 300 metros ou mais de profundidade, a rocha funciona como uma bateria de armazenamento da energia solar a longo prazo, mantendo uma temperatura de cerca de 15 graus, ou seja, mais ou menos um meio termo entre as temperaturas mais quentes e mais frias experimentadas na superfície, segundo Carl Orio, presidente da Water and Energy Systems Corporation, de Atkinson, New Hampshire, planejador da unidade.

GELADEIRA
De acordo com Orio, um bombeamento de calor geotérmico pode aquecer uma sala – ou a água – a mais de 15 graus, ou refrigerar uma sala usando o mesmo processo de conversão de calor que refrigera uma geladeira. Dentro das serpentinas de um conversor de calor instalado em cada sala, a água que vem dos buracos do poço transmite seu calor a um fréon parecido com gás comprimido, que se torna cada vez mais quente. O fréon circula então por meio de ventiladores, para aquecer uma sala, ou através de serpentinas adjacentes a tubos com água potável, para produzir água quente.

Para refrigerar, o ar quente de uma sala é soprado através de um conversor de calor semelhante, transmitindo a energia à água e diminuindo a temperatura da sal. O calor indesejado volta à Terra.

Os sistemas variam dependendo das condições locais. Alguns consistem de uma malha rasa de tubos subterrâneos na qual o fluido circula para coletar ou repelir o calor. Para empresas ou casas com muito terreno, uma opção é furar muitos poços relativamente rasos. O Stockton State College, por exemplo, perto de Atlanta City, instalou um sistema de calefação e refrigeração geotérmica de US$ 5 milhões em 1993 usando 400 poços de 130 metros de profundidade.

Mas em lugares onde o metro quadrado de terreno custa muito caro, como em Manhattan, a única opção é ir direto ao fundo. A profundidade dos poços foi determinada pela quantidade de calor e de resfriamento que as bombas de calor devem fornecer.

CANUDOS...
São introduzidos canos de plástico de 10 centímetros de diâmetro até chegar ao fundo. Os canos agirão como canudos de 400 metros, permitindo que as bombas do prédio retirem a água aquecida pela rocha que os circunda. A água que volta do prédio flui por fora dos tubos, reciclando o calor de volta à rocha.

Adrian Tuluca, arquiteto e especialista em energia de Norwalk, Connecticut, encarregado dos modelos de computador dos custos e benefícios do projeto, disse que algumas vantagens são particularmente convenientes ao local onde está o prédio. Como o quarteirão está num distrito histórico, nenhum equipamento de telhado, como as torres e ventiladores convencionais de ar condicionado, pode ser visível. Nos sistemas geotérmicos, não existe nada disso. “O sistema preserva o ambiente visual quase tanto quanto o ambiente ecológico”, disse Tuluca.

Há limites para essa tecnologia. Os arranha-céus são simplesmente grandes demais é o número de poços teria de ser enorme para fornecer a calefação e refrigeração adequadas. Assim mesmo, o potencial inexplorado do calor subterrâneo – tanto em Nova York como no resto do país -, é enorme, segundo o Departamento Federal de Energia.

As bombas de calor geotérmico estão proliferando desde um hotel Holiday Inn, em Albany, até o complexo hoteleiro Galt House, em Louisville, Kentucky. A ala leste do Galt House, com bombas de calor, tem custos de energia US$ 25 mil mais baixos do que os custos de outras ala idêntica, mais antiga, com calefação e refrigeração convencionais.

Mais de US$ 100 milhões serão gastos nos próximos cinco anos por um consórcio financiado pelo Departamento de Energia e pela indústria de energia para aumentar o número de novos sistemas geotérmicos de 40 mil por ano para 400 mil por ano. “A Foundation House pode ser a primeira em Manhattan”, disse Kheel. “Mas, certamente não será a última.”

Fonte: O Estado de São Paulo
Por Andrew W. Revkin (The New York Times)

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A energia geotérmica no Brasil e no mundo

COMO ACHAR O ‘CORPO QUENTE’...
A busca por “corpos quentes” envolve várias etapas e equipamentos sofisticados. Os 18 quilômetros quadrados da ilha de Fernando de Noronha serão submetidos a pelo menos quatro fases. Com o uso de gravímetros – aparelho na forma de cilindro que mede a variação do campo gravitacional terrestre -, os pesquisadores iniciam a “caça” às fontes. Quando um gravímetro passa sobre um corpo quente, ele indica uma variação desse campo. Essa região é chamada de anomalia gravimétrica.

Outra fase é medir a alteração do campo magnético. Uma fonte de água quente tem suscetibilidade magnética (grandeza física que mede a magnetização de uma substância) mais baixa. Isso também evidencia sua presença. O Chamado método geofísico ainda inclui dois outros recursos. Um deles é colocar sobre a superfície um gerador de campo de eletricidade. Esse campo “penetra” no solo e chega até um receptor, colocado adiante do gerador. Nos corpos quentes, a resistividade elétrica é também mais baixa. Essa grandeza física mede a resistência à passagem de corrente elétrica em uma material.

Como o petróleo, uma fonte exige condições geológicas. Uma delas é uma camada (capeadora) de rochas que mantenham a água na forma de um reservatório e funcione como isolante térmico. Outra camada de rochas, a selante, deve fazer papel semelhante ao de uma tampa.

OUTROS PAÍSES USAM POTENCIAL GEOTÉRMICO...
Mesmo pouco aproveitado, o Brasil tem um potencial geotérmico de Tr6es mil megawatts, o que, equivale a um quarto da energia elétrica fornecida pela usina de Itaipu.

A Itália já no começo do século passado, iniciou a produção de energia elétrica a partir da fonte de Larderello, onde o vapor da água chega a 200 graus centígrados. Cierro Prieto no México chega a 240 graus e alcança uma potência de 700 megawatts. El Tatio, no Chile, atinge a casa dos 300 graus e gera também cerca de 700 megawatts, trezentos a menos que a fonte de Yellowstone, nos Estados Unidos.

El Salvador tem 75% de seu consumo de energia baseado em fontes geotermais. No México, Costa Rica e Nicarágua esse percentual gira em torne de 50%. Segundo Valiya Hanza, chefe do Laboratório de Geotermia do IPT, fontes acima de 150 graus centígrados são aproveitadas para gerar eletricidade. A partir de 50 graus, as fontes já tem uso industrial.

A França batizou a energia geotermal de “energia nacional”. O país não tem produção de petróleo e as fontes de água quente são uma solução viável para parte do consumo elétrico. No centro urbano de Paris, onde se pode encontrar a bacia geotérmica parisiense, três usinas geotermais, com 47, 70 e 77 graus centígrados, aquecem desde conjuntos habitacionais – um deles com cerca de oito mil moradores – até hotéis.

No Brasil, as fontes são encontrada entre 400 a 1.500 metros de profundidade. A ausência de regiões vulcânicas no território brasileiro explica as baixas temperaturas das fontes. Em Taubaté (oeste de São Paulo), uma indústria de laminação de madeira usou, uma fonte geotermal para o processo de cozimento das toras de madeira. Em Cornélio Procópio (SP), uma indústria de café solúvel se abastece em dois poços. Uma fonte como a de Presidente Prudente (63ºC, a 1.400 metros de profundidade) pode atingir cinco megawatts.

ABRIGO SUBTERRÂNEO ARAMZENA O CALOR DO SOL PARA USO NO INVERNO...
Como os esquilos, que guardam comida para o inverno, pesquisadores estão planejando o primeiro projeto nos Estados Unidos para armazenar o calor do Sol no verão e usá-lo para aquecimento no inverno. A estocagem deve ser feita sob o solo, usando para isso espessas camadas de argila, de rocha ou fossas subterrâneas de água. Esses três métodos têm sido usados com sucesso na Europa em sistemas semelhantes estocagem de energia a longo prazo.

O projeto é desenvolvido por uma equipe da Universidade Massachusetts (nordeste dos EUA), liderada pelo professor de engenharia mecânica Edward Sunderland. Segundo Dwayn Breger, outro membro da equipe, a maior parte da energia térmica poderá ser recuperada de seis a sete meses mais tarde. O calor será capturado por coletores solares, do tipo usado comumente em sistemas de aquecimento de água em casas. Os coletores ocuparão 30 mil metros quadrados.

Um fluido anticongelante será bombeado através dos coletores e chegará a 70 graus centígrados. Após o aquecimento, o fluido vai para longos canos que estão dentro de uma camada de argila com 30 metros de espessura. A camada estará a partir de 1,5 metro abaixo do solo, com quatro mil metros quadrados da área.

Fonte: Folha de São Paulo
Por Cassio Leite Vieira

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Bio-óleo vira alternativa ao petróleo

OS ÓLEOS VEGETAIS...
Os óleos vegetais podem ser extraídos da mamona, do babaçu, do dendê, da soja, do algodão, do girassol, do amendoim etc. A tecnologia ainda está pouco desenvolvida, devido à falta de investimentos nas últimas décadas, mas as potencialidades são enormes, pois esses óleos têm maior poder calorífero que o álcool, podendo substituir o óleo diesel, o querosene e a gasolina especial nos aviões. Em muitos países já se experimentou com sucesso alguns tipos de óleos vegetas em caminhões, máquinas e até aviões; só que esses estudos ainda não atingiram a escala industrial, ou ainda não geraram a produção em massa de motores especiais e o fornecimento do óleo para bastecêolos. Mas isso é uma questão de tempo.

Palha de cana, casca de arroz, capim, casca de café, serragem, enfim, resíduos agrícolas que iriam para o lixo são a matéria-prima do bio-óleo, um novo combustível que pode se tornar uma alternativa ao petróleo.

O óleo, desenvolvido por pesquisadores do Nipe (Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético), da Unicamp, está em produção em escala piloto na Copersucar (Cooperativa de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo).

Uma das opções de aplicação do novo produto é substituir o óleo diesel na geração de energia em usinas termelétricas, por exemplo. No entanto, segundo José Dilcio Rocha, pesquisador do Nipe, essa seria apenas uma utilização secundária, pis o nicho de mercado mais promissor para o bio-óleo estaria na substituição ao fenol petroquímico.

Hoje, o Brasil consome cerca de 60 mil toneladas de fenol por ano. O produto é usado para a composição de resinas fenólicas (espécie de cola industrial) utilizadas principalmente como ligas na produção de madeira compensada.

No mercado, a tonelada do produto fica em torno de US$ 750. O bio-óleo desenvolvido pela Unicamp custa US$ 100.

A indústria alimentícia é outro destinatário para a nova tecnologia, pois o óleo também pode ser utilizado para dar sabor de defumado a alimentos. “No Brasil essa aplicação é praticamente inexpressiva, mas nos EUA e no Canadá há bastante espaço”, afirma Rocha.

Especialistas informa que o produto não é indicado como substituto direto do petróleo como combustível para veículos. “O teor calorífico é mais baixo que o do petróleo, o que inviabiliza essa aplicação”, explica o pesquisador no Nipe.

PROCESSO DE FABRICAÇÃO...
Para obter o óleo vegetal, a matéria-prima – já beneficiada sob a forma de pó fino – é submetida a uma temperatura de até 500ºC dentro de um reator. O processo, denominado pirólise rápida, transforma os resíduos sólidos em líquido combustível.

“O Brasil é um país rico em biomassa. Ao transformarmos resíduos agrícolas em óleo, além de criarmos um produto com alto valor agregado, estamos produzindo um combustível ecologicamente correto”, diz Rocha.

O objetivo dos pesquisadores é estimular a construção de fábricas em regiões vizinhas a usinas de álcool, papel e celulose ou de beneficiamento de arroz e café.

Entretanto, o resíduo agrícola de maior interesse para os pesquisadores é a palha de cana-de-açúcar. Com a intensificação da colheita mecanizada, o produto será abundante – e até o momento não tem aplicação industrial.

A Bioware, companhia que pertence a um pólo de empresas incubadoras da Unicamp, procura parceiros para lançar o produto em escala comercial.

Para a construção de uma unidade industrial com capacidade de beneficiamento de 300 kg/h, e estimado um investimento de R$ 3 milhões, com expectativa de retorno em dois anos.
Mais informações: Bioware, telefone: 0/xx/19 3788-4996

Fonte: Folha de São Paulo
Por Cíntia Cardoso

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Alternativa nordestina: mamona produz o biodiesel

Um combustível renovável, ecologicamente correto, que possa ser produzido a partir de mamona planta nas regiões de seca do Nordeste, ajudando o sertanejo a ter uma fonte de renda.

Essa é a base do projeto da transformação do óleo de mamona (planta que resiste bem à estiagem) em óleo diesel, que pode ser usado em qualquer motor, como os de tratores ou os de caminhões, sem nenhuma adaptação.

Pesquisadores das universidades federais do Ceará, Piauí, Rio de Janeiro e a Nutec (Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial), vinculada ao governo do Ceará, estão envolvidos na implantação e na difusão do programa.

E a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) defende a criação de um plano nacional para a produção de biodiesel a partir de óleos vegetais.

O biodiesel pode ser produzido a partir de todo óleo vegetal e até animal, como óleo de peixe. No caso do combustível feito a partir de óleo de mamona, que tem uma viscosidade maior, ele precisa ser misturado na proporção de 20% de biodiesel para 80% de diesel comum para ser usado. Na sua combustão, não há emissão das substâncias mais poluentes (que contêm enxofre), encontradas nos combustíveis fosseis.

Segundo o criador do biodiesel, o professor aposentado da universidade Federal do Ceará, Expedito Parente, o projeto pode avançar para outras regiões do país além do nordeste. O biodiesel pode inclusive ser usado em geradores de energia, neste momento de escassez, ajudando a reduzir a importação de petróleo”, afirma. Um módulo-piloto do programa já está funcionando na Embrapa Meio-Norte, em Teresina, no Piauí. Ele é conduzido pelo pesquisador Francisco de Brito Melo.

Além da mamona, o feijão caupi, variedade mais resistente à seca, está sendo plantado intercalado com a mamona para aproveitar o espaço a ser uma alternativa de renda e de alimento no sertão.

As experiências efetuadas no módulo da Embrapa, cuja área é de 1 ha, já mostram que a mamona de 300 a 400 milímetros de chuva no seu ciclo, que é de cinco meses.

“No semi-árido, chove em média de 600 a 700 milímetros em cinco meses. Em época de seca a média é de 400 milímetros em cinco meses”, afirma Melo. Depois de extraído o óleo, a sobra (chamada de torta ou farelo) ainda pode ser usada como ração animal. No caso da mamona, é preciso desintoxicar o farelo antes de transformá-lo em ração. É possível também transformar a madeira do caule em adubo. A mamona produz de 15 a 20 toneladas de madeira por hectare, segundo Melo.

A Nutec está desenvolvendo ainda uma usina-piloto para a produção do biodiesel, coordenada pelo professor Expedito Parente. A intenção é produzir de 2000 a 3000 litros por dia de combustível dentro de 90 dias, mas ainda são necessários R$ 500 mil para concluir a instalação.

O governo federal já recebeu uma proposta para o financiamento de cem cooperativas de agricultores no Piauí que plantariam a mamona. De acordo com o projeto, 100 mil agricultores poderiam ser beneficiados. “O projeto, além de ser uma alternativa ímpar para a escassez de petróleo, é uma possibilidade concreta de convivência com a seca”, diz José Maia Filho, presidente da APPM (Associação Piauiense das Prefeituras Municipais).

O biodiesel foi desenvolvido há mais de 20 anos, por Parente.
“O projeto não foi adiante por causa da ênfase na época ao Programa Nacional do Álcool (Proálcool)”.
Mesmo assim, mais de 300 mil litros foram usados em testes por grandes montadoras.
“Na Alemanha, no entanto, experiências similares foram adiante, e hoje o país tem cerca de 800 bombas de biodiesel nos seus postos de combustível, produzido com base na colza (uma variedade de couve)”, diz Parente.
Segundo ele, na Amazônia o biodiesel pode servir como combustível para barcos e ser usado em geradores e comunidades em áreas isoladas. No Centro-Sul, o seu uso pode ajudar a diminuir a poluição nos grandes centros urbanos.

Fonte: Folha de São Paulo

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Embrapa lança máquina que produz diesel vegetal

A Embrapa e a Universidade de Brasília lançaram na última quinta-feira protótipo de uma máquina que aumenta as chances de baratear o óleo diesel vegetal e oferece aos agricultores uma opção de auto-suficiência energética. Com altas temperaturas e uso de um catalisador, o equipamento é capaz de converter óleo de soja, de girassol, dendê ou até de fritura em óleo diesel vegetal. Os pesquisadores inventaram um catalisador que permite uma maior produção de óleo e eliminação de impurezas. A cada litro de óleo à base de fibras vegetais é possível extrair 700 ml de óleo diesel vegetal, informa o professor do Instituto de Química da UnB, Paulo Suarez, um dos responsáveis pelo projeto. Depois é só abastecer o veículo ou trator a diesel, sem necessitar adaptar o motor. O agricultor pode passar a produzir o seu próprio combustível.

Ontem, durante o lançamento, um ônibus movido 100% a óleo diesel vegetal transportou o ministro da Agricultura, Marcus Vinícios Pratini de Moraes, e demais autoridades da sede da Embrapa até a unidade de Recursos Genéticos e Biotecnologia da empresa. No percurso de cerca de 800 metros, o ministro avaliou que o novo modelo pode ser uma boa alternativa para agricultores, principalmente da Amazônia e Centro-Oeste que, por estarem distantes do centro consumidor, são penalizados com altos custos do transporte do combustível.

O pesquisador da Embrapa Elias de Freitas Junior explica que outra vantagem do produto é reduzir a emissão de gases do efeito estufa em comparação com o diesel tradicional. Ele observa que a extração do petróleo retira gás carbônico do subsolo e depois o lança para a atmosfera contribuindo para o efeito estufa. Já o óleo diesel vegetal, assim como o álcool, contribui para capturar esses gases. “Temos um combustível verde”, entusiasma-se o pesquisador, informando ainda que o projeto vem sendo desenvolvido há um ano e meio.

Desde março, dois motores, um alimentado por diesel convencional e outro por diesel vegetal, têm funcionado por períodos idênticos. “Até agora, nenhum problema com o motor de diesel vegetal”, garantiu o pesquisador. Isto indica, na opinião dele, que não há acumulação de gordura dentro dos motores, um dos problemas apontados por críticos do biodiesel.

A equipe conseguiu desenvolver um catalisador que permite reduzir a temperatura necessária para produzir o óleo. Ao invés dos 350º C, inicialmente utilizados no processo, os pesquisadores conseguiram empregar uma temperatura de 200º C. O biodiesel não é uma proposta nova no Brasil, surgiu ainda na época do Proálcool. Volta a se apresentar como uma alternativa, diante da alta do dólar e da crise no Oriente Médio, que encarece o petróleo. A Secretaria de Agricultura de São Paulo tem testado óleo de girassol em tratores.

Fonte: O Estado de São Paulo
Por Sandra Sato

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País terá primeira usina de óleo de mamona

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a 90 quilômetros de São Paulo, acaba de assinar com a Gel Garanhuns Empreendimentos, de Pernambuco, contrato de transferência de tecnologia para a produção de óleo de mamona e extração de seus derivados. A empresa, que faz projetos de irrigação, está investindo US$ 600 mil para montar a primeira usina processadora de óleo de mamona do País em escala industrial. Inicialmente, a unidade vai produzir uma resina especial que substitui com vantagens os derivados de petróleo na produção de vernizes, próteses e lentes de contanto, entre outros.

“É o primeiro passo para o Brasil se tornar auto-suficiente na produção de derivados de óleo de mamona”, disse à Agência Estado o reitor da Unicamp, Carlos Vogt. Embora seja um grande exportador de óleo bruto, o País ainda precisa importar seus derivados. De janeiro a junho deste ano, o Brasil exportou 22,6 mil toneladas de óleo bruto, representado uma receita de US$ 18,1 milhões. Em contrapartida, nos primeiros quatro meses do ano forma importadas 3,2 mil toneladas de derivados, ao custo de US$ 6 milhões.

A Gel Garanhuns vai instalar a usina processadora próximo ao município de Petrolina (PE). A fábrica terá capacidade para produzir 100 mil litros de resina por mês. Dos US$ 600 mil, metade será aplicada nas instalações e a outra metade na transferência de tecnologia. “Estamos otimistas quanto ao retorno porque este mercado ainda, não foi explorado no Brasil”, diz o diretor comercial da Ger Garanhuns, Marcos Dourado Azevedo.

TECNOLOGIA...
A transferência de tecnologia também envolve o Instituto Agronômico de campinas (IAC), a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) e o laboratório Khel Indústria e Comércio, de São Carlos, a 235 quilômetros de São Paulo. O Khel é responsável pela situação do óleo de mamona na resina R21, que serve de matéria-prima à indústria de química fina e é 50% mais barata que o seu similar derivado do petróleo.

“Além de custar menos, a R21 não é tóxica e nem poluente”, garante o diretor do laboratório, Eduardo Khel. Com esta resina é possível fabricar lentes de contato, próteses e um material semelhante ao silicone, destinado à cirurgia plástica. “A grande vantagem é que estes produtos não são tóxicos, ao contrário de seus similares derivados do petróleo”, explica Khel.

O óleo de mamona também já vem sendo usado na aviação. Dele se extrai fluidos para freios, tintas mais resistentes aos raios ultra-violeta e um aditivo anti-congelante para o combustível. Na indústria já foram testados com sucesso pela Fiat, Ford e Scania. As resinas plásticas a partir do óleo de mamona reduzem em 20% o peso dos veículos.

PRODUTIVIDADE...
A Gel Garanhuns pretende plantar 800 alqueires de mamona para abastecer a usina processadora. Será utilizado o cultivar Guarani, desenvolvido pelo IAC. “Esta variedade produz quatro toneladas por hectare, enquanto a mamona nativa faz 500 quilos por hectare”, diz o agrônomo Nicolau Banzatto, que há 35 anos realiza pesquisa no IAC.

A produção de sementes ficará a cargo da Cati, enquanto a Unicamp desenvolveu os equipamentos para beneficiamento. “A mamona representa uma nova opção de riqueza para o País”, destaca o especialista em extensão rural da Cati, Luis Olavo de Carvalho. “E um negócio mais rentável que a soja, desde que se domine o processo de industrialização”, acrescenta.

Atualmente, o Brasil é o terceiro produtor mundial de mamona – atrás apenas da Índia e da China -, com 133 mil toneladas por ano – 70% cultivados na Bahia.

Fonte: O Estado de São Paulo
Por Clayton Levy

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Ar comprimido serve de combustível para carro

Um carro movido a ar comprimido e óleo de cozinha que não emite um pingo de poluição e do qual se pode encher o tanque com menos de R$ 3. Não é sonho de ambientalista nem delírio de taxista. O carro existe, criado pela Motor Development International (MDI). A pequena empresa de Luxemburgo busca parceiros no Brasil para a construção de sete fábricas e concessão de serviços técnicos para distribuição de peças e venda de “combustível”- nesse caso, ar comprimido.

Projetado pelo engenheiro francês Guy Negre, o carro não funciona apenas com ar sugado do ambiente. O motor de 25 cavalos e quatro cilindros é alimentado por três tanques com capacidade para 90 metros cúbicos de ar comprimido, que é injetado para movimentar os pistões e depois eliminado a uma temperatura de –15ºC, podendo inclusive ser reaproveitado no sistema de ar condicionado. Como não há combustão, não há poluição. Na verdade, o ar sai mais limpo do que quando entrou, pois é filtrado no processo de compressão. O carro, obviamente, não é dos mais possantes, mas representa uma opção econômica e ambientalmente saudável para o tráfego urbano. A autonomia do veículo é de 300 quilômetros, com velocidade máxima de 110 quilômetros por hora. O reabastecimento pode ser feito em casa mesmo. É só ligar o carro na tomada para ativar um compressor embutido de 5 quilowatts, que carrega os tanques em três horas – como se fosse um telefone celular, fora de casa, a opção mais rápida seria bomba de ar comprimido instaladas em opostos de gasolina. Nesse caso, o reabastecimento levaria três minutos. Segundo o diretor comercial da MDI na América Latina, Miguel Celades Rex, a empresa já recebeu mais de 1.500 pedidos de compra no Brasil pela internet. Por enquanto existe apenas protótipos, em, quatro modelos: carro familiar, táxi, van e picape. “A tecnologia está pronta, só falta produzir”, disse o diretor.

Fonte: Folha de São Paulo
Por Herton Escobar

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Gás produzido em aterros vira energia

Unir o útil ao agradável. Tendo esse objetivo em mente, a Prefeitura de São Paulo fechou contrato com duas empresas para, até o fim do ano, dar uma destinação ambientalmente correta para o gás metano (CH4) expelido pela degradação do lixo nos aterros sanitários da cidade, usando-o como fonte alternativa de energia.

Apesar de terem notas boas de IQR, Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos, usado para avaliar a qualidade da destinação do lixo, os aterros São João e Bandeirantes nunca trataram o metano. Produzido naturalmente na decomposição da matéria orgânica, por ação do ar, da luminosidade, da umidade ou de bactérias, o gás é simplesmente jogado na atmosfera, onde muitas vezes se queima espontaneamente e provoca danos ambientais e à saúde.

O metano é um dos gases que contribuem para o aumento do efeito estufa – o aprisionamento da radiação solar da atmosfera, que provoca o aquecimento excessivo do planeta, mudanças climáticas e, a longo prazo, pode causar tragédias como a inundação de cidades litorâneas. A queima incompleta do gás - como a que acontece quando ele entra em contato com o oxigênio do ar – produz monóxido de carbono (CO), que é tóxico.

Aproveitando-se da atual crise no setor energético, a Secretária do Verde e do Meio Ambiente do município conseguiu interessados para tocar um projeto que estava na “gaveta” desde a gestão Paulo Maluf (1993-1996).

A geração de energia serviu como compensação econômica. As empresas que venceram a licitação não receberão nenhum centavo para transformar lixo em eletricidade. O ganho virá com a venda de energia para a Eletropaulo (companhia distribuidora). A estimativa oficial é que os gases captados no São João e no Bandeirantes gerem juntos 14 mil kWh – quantidade de energia suficiente para abastecer cerca de 14 mil casas de classe média. As empresas que farão o conversão do gás em eletricidade vão produzir exatamente o que a prefeitura consome em seus prédios e devolver essa energia gasta à realidade. Foi a forma de enquadrar a “planta de metano” às regras de produção da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
A Enterpa Engenharia Ambiental será responsável pelo processo no aterro São João, e a Biogás Energia Ambiental S.A. fará a conversão no Bandeirantes.

A prefeitura, por sua, também terá um lucro, além do ambiental. Para explorar o metano, as empresas pagarão, cada uma, um valor simbólico de R$ 3.500. A Secretaria de Serviços e Obras, que cuida da destinação do lixo, também irá economizar por não ter mais de fazer alguns serviços de manutenção nos aterros. Na Europa e nos Estados Unidos, o uso do lixo orgânico para geração de energia é mais comum. Nesses casos, porém, o uso do metano já foi em grande parte substituído pela queima direta dos resíduos, cujo poder calorífico é maior que o do gás.

O projeto a ser desenvolvido em São Paulo começa com a captação do gás por meio de tubos subterrâneos no aterro e sua canalização para uma estação de controle. Lá são controlados fatores de risco como o teor de oxigênio (O2) em contato com o metano, de forma que ele não fique numa concentração tão alta a ponto de provocar uma explosão. Depois disso, o metano é purificado, para que sejam eliminadas substâncias como o gás carbônico (CO2) e impurezas, também produto da degradação do lixo, mas que não são combustíveis.

Finalmente, o gás vindo do lixo é canalizado para uma pequena usina, onde fará funcionar um motor de combustão ao qual está acoplado um gerador de energia.

Outras alternativas possíveis para o metano são a sua compressão e posterior utilização como combustível em carros e sua aplicação na indústria para aquecimento de caldeiras, por exemplo. Tais usos não estão previstos nos atuais contratos, mas são cogitados pelos técnicos da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente.

CATADOR ABANDONOU BOTIJÃO PARA COZINHAR...
Todo o lixo da casa do pernambucano Jocemar Silveira, 29, é atualmente reaproveitado. Os materiais inorgânicos vão para a reciclagem; os orgânicos são usados para produzir gás de cozinha,

A comida preparada com o metano que vem da degradação do lixo tem um sabor especial. Catador em São Paulo há mais de dez anos, Silveira que só estudou até a oitava série do ensino fundamental, construiu sozinho o biodigestor que transforma restos de comida em combustível.

O protótipo, em funcionamento desde abril, abastece as seis pessoas da família de Silveira e é um exemplo do autodidatismo e da experiência prática do catador.

“Pela observação do lixo, percebi que os sacos onde ficavam guardados os resíduos orgânicos, depois de um certo tempo, inchavam e ficam suados, molhados do lado de fora” conta Silveira.

Estudando por conta própria o fenômeno, ele chegou a conclusão de que o “inchaço” era causado pelo gás metano que emana no processo de degradação orgânica e que poderia ser reaproveitado.

“Nós [da Associação de Catadores do Núcleo Habitacional Pedra Sobre Pedra, na sul de São Paulo, presidida por Silveira] pensávamos em dar outra destinação para o material orgânico, além da compostagem”, diz. “O metano é um combustível alternativo, já que o gás de cozinha tradicional [mistura de butano e propano] é derivado do petróleo, um recurso não-renovável”.

O protótipo custou R$ 200, segundo Silveira. O cilindro de 1 m de comprimento e 30 cm de diâmetro onde ficam os restos e o metano foram encontrados no lixo; os mecanismos de controle de pressão e as válvulas reguladoras custaram, ao todo, R$ 180; e a execução do projeto consumiu R$ 20.

O biodigestor levou seis meses para ser concluído. “Já estou economizando até R$ 38 por mês por não ter de comprar dois botijões de gás de cozinha”, diz. Os dois primeiros meses de teste revelaram que 25 quilos de metano – quase um botijão.

“Agora eu preciso de ajuda de universidades, iniciativa privada e poder público para continuar os estudos e produzir em larga escala. Mas, se não conseguir, vou começar sozinho mesmo. Sou um homem prático”, afirma Silveira. A utilização do metano na cozinha é considerada restrita em razão da necessidade de uma pressão muito alta para liqüefazer o gás, de forma que ele se torne mais seguro para o uso doméstico. No estado gasoso, os riscos de explosão são muito maiores em razão da volatilidade.

REGIÃO FRANCESA TEM USINA DESDE 92...
A exemplo de diversas cidades norte-americanas e européias, a comunidade francesa de Cergy-Pontoise, que reúne 11 pequenas vilas a 25 km de Paris, tem, desde 1992, uma grande usina de reaproveitamento de lixo, onde os resíduos orgânicos são usados como fonte alternativa de energia.

A tecnologia, porém, é diferente: chama-se “waste to energy” (do lixo à energia) e consiste da queima direta do material nas casas, e não da utilização do metano produzido naturalmente na sua degradação.

Com a combustão do lixo, são gerados 150 mil MWh, suficientes para abastecer a própria usina e mais 30 mil casas na região, que tem 200 mil habitantes.

Apesar de ambientalistas afirmarem que a incineração do lixo não é uma saída porque ela produz gases estufa, o sindicato que administra Cergy-Pontoise e foi o responsável pela implantação da usina diz que esses gases passam por um tratamento de filtragem e lavagem, indo para a atmosfera com poluentes em níveis abaixo do máximo recomendável.

A queima direta do material orgânico é considerada mais eficiente do ponto de vista energético do que a do metano. Segundo Luciano Basto Oliveira, pesquisador da Coppe/UFRJ (Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia), o aproveitamento do lixo produzido no Brasil – incluindo a reciclagem, a queima do metano e da celulignina, produzida na pré-hidrólise do material orgânico – poderia responder por até 15% da energia consumida no país.

Em Cergy-Pontoise, a conversão do lixo orgânico em energia faz parte de um processo que inclui ainda a triagem de material reciclável e seu encaminhamento para a reutilização e a compostagem do material orgânico.

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Acidez controlada leva ao biogás

Não é de hoje que Prefeituras como a de São Paulo usam o gás metano produzido nos aterros sanitários como combustível para ônibus e caminhões. A tecnologia de produção de gás a partir de esterco é mais recente no Brasil. Em ambos os casos, porém, a cal tem papel importante pois leva a massa orgânica a atingir o nível de acidez adequado à obtenção do gás.

Um dos projetos de maior sucesso da produção de gás em pequena escala é do Zoológico de São Paulo, que coleta as fezes dos animais (elefantes, rinocerontes, girafas etc) para produzir o gás necessário para movimentar caminhões e fazer funcionar a cozinha onde são preparadas as rações dos bichos. Esse gás será usado futuramente também para aquecer as jaulas dos animais, no inverno.

“Os biodigestores reduzem a carga de poluição dos resíduos orgânicos prejudiciais ao ambiente, ao mesmo tempo em que oferecem uma energia alternativa”, explica o engenheiro José Epitácio. Ele ensina que para produzir o gás, o fazendeiro precisa colocar o esterco já diluído dentro do biodigestor, mas com a mistura resultante geralmente é ácida, é preciso corrigir o pH com cal. Colocada no biodigestor, a cal reage com o gás carbônico (CO2), formando bicarbonato de cálcio e alcalinizando o meio, que deve ficar entre pH 6,8 e 7,2. É nessa faixa que se desenvolvem melhor as bactérias responsáveis pela fermentação, que vão digerindo o esterco e produzindo o gás.

Os biodigestores são tão úteis, que apenas na Índia há 160 mil em funcionamento na área rural, enquanto na China eles somam 7,2 milhões e operam inclusive a partir de dejetos humanos.

METANO PURO...
O gás conseguido apresenta de 50% a 70% de metano e 30% a 50% de anidrido carbônico e pequenas parcelas de hidrogênio, amônia e sulfeto de hidrogênio. Para o cálculo do aproveitamento, o engenheiro esclarece que o metano puro tem poder calorífico de 9.010 kcal por metro cúbico, à pressão de uma atmosfera.

Fonte: O Estado de São Paulo

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Unesp vai transformar lixo de saúde em energia

Assumir o tratamento adequado do próprio lixo de saúde e de 30 outros municípios do interior de São Paulo, transformando os resíduos em energia elétrica e reaproveitando o que for possível da parcela inofensiva do material.

É assim que a Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade Estadual paulista) de Botucatu (230 km da capital paulista) vai resolver um quadro de destinação “cheio de irregularidades”, na avaliação da médica Elenice Deffune, coordenadora responsável do Projeto de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da Área de Saúde no Campus de Botucatu.

Financiado pelo BID (Banco Interamericano de desenvolvimento), o projeto prevê a instalação de uma usina para incineração dos resíduos perigosos e seu aproveitamento energético, a exemplo do que já ocorre na região de Cergy-Pontoise, nos arredores de Paris, e em outras cidades da Europa.

A idéia da Unesp é receber, além das 42 t geradas por mês com campus, o lixo de saúde de todos os municípios da região, que hoje é jogado em aterros comuns ou vai para o forno da universidade, “que não está adequado, a gente sabe”, afirma Elenice. E as prefeituras da região não terão, a priori, de desembolsar nem um centavo.

“a implantação da usina não custará menos de US$ 1 milhão [cerca de R$ 2,3 milhões], sendo 15% disso a contrapartida da universidade. Mas nosso ‘lucro’ será a geração energética.” O projeto está em fase de licitação e deve começar a funcionar em 2004.

“Quem gera tem de ter responsabilidade para resolver a destinação final. Quando são simplesmente jogados num lixão ou aterro, esses resíduos acabam comprometendo a qualidade de vida de uma população que já é desprovida de tudo”, diz Elenice.

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Tecnologia pode reduzir poluição na queima de pneus e produzir combustível

PNEUS USADOS PODEM VIRAR COMBUSTÍVEL...
Pneus velhos podem ser utilizados como combustível, é o que diz estudos realizados por um pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), que inventou uma técnica de realizar a queima quase completa do material, reduzindo ao mesmo tempo a emissão de poluentes e gerando mais energia.

Com a utilização de um filtro de cerâmica resistente a altas temperaturas o engenheiro Jefferson Caponero, conseguiu reduzir a emissão de fuligem (partículas de carbono) pela queima de resíduos de pneus em até 99%, isso poderá estimular a reciclagem de pneus, reduzindo o uso de combustíveis fósseis como petróleo, carvão mineral entre outros, diminuindo dessa maneira a quantidade de lixo nos aterros sanitários.

UM PROBLEMA AMBIENTAL...
Há muito tempo que os pneus são um problema para os ambientalistas, que não sabem o que fazer com as unidades descartadas, estima-se que no Brasil sejam descartadas cerca de 30 milhões de unidades por ano, nos Estados Unidos é produzido dez vezes essa quantidade.

O PROBLEMA NÃO É TÃO SIMPLES...
Como os pneus são derivados do petróleo, eles poderiam ser reciclados a fim de gerar energia, pois cada quilo do material tem teor energético de 33 megajaules, ou 6.600 calorias, é mais do que possui o carvão betuminoso, usado como combustível em termelétricas, uma caloria é a quantidade de energia necessária para esquentar um grama de água em 1º C. A questão que não é tão simples recuperar a energia de pneus usados, diversos grupos de pesquisadores tentam obter gás, carvão e óleo combustível através da pirólise que é um tipo de degradação por calor, porém ainda não conseguiram tornar esses produtos competitivos no mercado em relação aos combustíveis fósseis novos.

Uma maneira econômica de se aproveitar essa energia seria simplesmente queimando o pneu num forno, entretanto ambientalmente incorreta, pois com a queima incompleta desses compostos chamados hidrocarbonetos aromáticos, presentes nos pneus produzem uma grande quantidade de partículas de carbono, além de gases tóxicos como o monóxido de carbono (CO), o dióxido de enxofre (SO2) e os óxidos de nitrogênio (NOx), para uma queima ideal e completa deveria ser produzido gás carbônico e água disse o pesquisador da USP, porque durante a reação as moléculas de carbono vão se ligando ao oxigênio que esta presente e as queimas parciais deixam mais carbonos livres, para isso ele testou nos fornos em que os pneus são queimados um filtro cerâmico de carbonato de silício, desenvolvido no Japão, sendo o material capaz de resistir a temperaturas de até 1000º C, possuindo microscópios em que as partículas de carbono e parte dos gases ficam retidas, reduzindo dessa maneira a fumaça, o pesquisador dividiu a queima em duas etapas para torná-las mais completas, diminuindo a quantidade de carbono em suspensão e de monóxido de carbono na fumaça, agora ele está analisando a viabilidade econômica de unir combustão e pirólise para gerar energia.

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As energias biológicas

As fontes de energias biológicas são aquelas produzidas a partir de microrganismos aperfeiçoados ou da biomassa. Biomassa é o conjunto de organismos que podem ser aproveitados como fontes de energia: a cana-de-açúcar e o eucalipto (dos quais se extrai o álcool), diversos tipos de árvores (lenha e carvão vegetal), o plâncton (minúsculos animais e algas que vivem em suspensão nas águas dos rios e mares), alguns óleos vegetais (mamona, amendoim, soja, dendê) etc.

Provavelmente as principais fontes de energia do século XXI serão de origem biológica, produzidas a partir da biotecnologia. A Agência Internacional de Energia (AIE) calcula que dentro de mais ou menos 10 anos cerca de 30% do total de energia consumida pela humanidade será proveniente da biomassa. Em geral, salvo algumas exceções elas são “energias limpas”, isto é, que não produzem poluição e nem se esgotam e, pelo contrário, até podem contribuir para eliminar parte da poluição devido ao uso produtivo que fazem do lixo e outros detritos.

OS BIODIGESTORES...
O biodigestor é um equipamento que reaproveita os resíduos para produzir gás. O gás é liberado a partir da decomposição, feita por certas bactérias, de esterco, palha, bagaço de vegetais e mesmo o lixo, depois de uma separação dos elementos inutilizáveis, vidro e plástico (que podem ser reciclados). O gás assim produzido pode ser usado como combustível para fogões, motores ou até mesmo para turbinas que produzem eletricidade.

Os biodigestores são apropriados para serem construídos não em unidades gigantescas e sim em pequenas unidades espalhadas pelas cidades e pelo meio rural. Na Índia e na China existem milhares de biodigestores no campo e nas cidades. Em muitos outros países, e mesmo no Brasil, são usados biodigestores nas área rurais. Há projetos de construção de biodigestores em grandes cidades, mas eles não conseguem reciclar todo o lixo de uma gigantesca metrópole. Para tal são necessárias centenas ou até milhares de usinas de biogás, de biodigestores.

Tais equipamentos podem vir a constituir uma excelente alternativa para as fontes principais de energia da atualidade – todas mais ou menos poluidoras. Em vez de aumentarem a poluição, eles ajudam a resolver o problema ocasionado pela existência do lixo. E por suas pequenas dimensões (em comparação ao gigantismo das usinas nucleares, hidrelétricas ou termelétricas), as usinas de biogás causam menor impacto ambiental, isto é, não alteram radicalmente o meio ambiente onde são construídas e não oferecem grandes riscos em caso de acidentes.

Tanto o biogás e também a energia solar são considerados fontes de energia “limpas”, isto é, que não ocasionam problemas ambientais ou de poluição. Petróleo, carvão, energia nuclear e energia hidrelétrica são de uma forma ou de outra poluidoras. Contudo, nas últimas décadas pouco esforço se despendeu para desenvolver a tecnologia da produção da energia solar ou do biodigestor, ao contrário das vultosas verbas gastas anualmente com a energia nuclear. Mas com o fim da Guerra Fria e com o novo conceito de grande potência que vai se firmando – são mais um Estado militarizado, com armas nucleares, mas sim uma economia moderna e com tecnologia avançada -, é provável que as pesquisas para aperfeiçoar e implantar novos biodigestores avancem bastante nos anos 90e início do século XXI.

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Biomassa

Formada por bagaço de cana, resíduos agrícolas e farpas de madeira, é uma fonte de energia que causa mínimo impacto ao meio ambiente – todo tipo de geração de energia causa impactos ambientais. No mínimo, ocorre um efeito térmico por causa do calor liberado na atmosfera, contribuindo para o aquecimento do planeta. O Brasil produz cerca de 300 milhões de toneladas de bagaço de cana-de-açúcar por safra. Geralmente parte desse bagaço é queimado a céu aberto, lançando particulados de carbono na atmosfera, enquanto poderia estar produzindo energia, através de equipamentos dotados de filtros para bloquear essas emissões de particulados. Estaríamos resolvendo 2 problemas de uma só vez.

Por Ana Paula Cunha

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Usina do Rio vai gerar energia a partir do lodo do esgoto

A Secretaria de Energia, Indústria Naval e Petróleo e a Companhia de Água e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) assinaram na semana passada acordo de cooperação técnica para a instalação de uma usina piloto de geração de energia a partir do lodo de esgoto. O projeto custará US$ 2 milhões e contará com recursos da UTE Norte Fluminense. A unidade piloto será instalada na Estação de Tratamento da Penha, no Rio, e deverá entrar em funcionamento dentro de nove meses. Ela vai operar de forma experimental por 24 meses e deverá gerar 1 megawatt de energia.

Com este projeto, a UTE vai se beneficiar de um programa que concede um diferimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para usinas termelétricas que se instalem no Estado e invistam em projetos que utilizem fontes alternativas de energia. A Secretaria de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio informou que a tecnologia utilizada na usina permitirá a instalação de novos geradores para ampliar a sua capacidade, depois dos 24 meses de operação experimental.

Fonte: O Estado de São Paulo
Renata Stuani

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A energia que vem do lixo

Resíduos agrícolas, como bagaço de cana, casca de arroz e até estrume das vacas, são alternativas para a crise. Dos resíduos das fazendas brasileiras poderá sair parte da solução para a crise energética em que se encontra o país atualmente.

A ameaça de apagões, por conta do déficit no fornecimento de energia, tem colocado em destaque os projetos de co-geração de energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar executados atualmente pelas usinas paulistas. Este ano, essas usinas deverão gerar apenas 80 megawatts (MW), aproximadamente. O potencial de produção de energia das cerca de 30 usinas da região de Ribeirão Preto, principal área sucroalcooleira do Estado, é de cerca de 1700 megawatts, segundo Iso Brasil, da IR Consultoria, de Ribeirão Preto (SP).

Essa quantidade, afirma ele, seria suficiente para suprir cerca de 10% da energia consumida no Estado de São Paulo. A Coopersucar, que possui o principal centro brasileiro de pesquisa da cana, diz já haver disponível no exterior tecnologia para dobrar esse potencial. “O Brasil tem de partir para a diversificação”, diz Suani Teixeira, professora da USP e coordenadora do Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio).

Ela diz que outros materiais podem gerar energia, como a casca de arroz e os resíduos de madeiras e de indústrias de papel e celulose, além dos óleos vegetais. “O lixo urbano e até mesmo o esterco podem ser aproveitados por biodigestores para gerar eletricidade”, afirma o físico José Goldemberg, professor da USP. Em um país agrícola como o Brasil, diz ele, a energia proveniente de materiais orgânicos pode Ter uma ampla utilização. “Mas precisamos aprimorar essas tecnologias, que foram desprezadas por muito tempo”.

INVESTIMENTOS...
Tecnologia que começou a ser adotada há quase 20 anos, a energia gerada a partir da queima do bagaço da cana é hoje vendida por 12 das cerca de 80 usinas do Estado a empresas do setor elétrico.

Antes de sua utilização para a co-geração de energia, o bagaço era apenas um resíduo da produção sucroalcooleira, sendo utilizado, no máximo, na formulação de algumas rações para o gado.

“Até recentemente, o interesse das usinas na geração de energia elétrica a partir do bagaço era pequeno”, diz Cícero Junqueira Franco, vice-presidente da Companhia Açucareira Vale do Rosário, em Morro Agudo (SP). Ela é hoje a principal usina fornecedora de energia para a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), com quem mantém um contrato de longo prazo.

A Vale do Rosário produziu no ano passado 17 megawatts a partir do bagaço da cana. A empresa pretende este ano aumentar a produção para 30 megawatts. “Os investimentos tendem a aumentar a partir de agora”, diz o consultor Mircea Manolescu.

Outras usinas paulistas também estão ampliando sua capacidade. Na Moema, em Orindiúva, a produção irá saltar de 1,7 megawatts para 10 megawatts este ano.

Já a Santo Antonio, em Sertãozinho, está investindo R$ 17 milhões para aumentar sua capacidade de co-geração de 10 megawatts para 26 megawatts em 2002. “Uma das grandes vantagens é que as usinas geram durante a safra, que vaia de maio a setembro. É justamente nesse período que os reservatórios das hidroelétricas estão vazios”, diz Cícero Junqueira Franco, da Vale do Rosário.

ESTRUME PODE MOVIMENTAR GERADORES...
Instalações que permitem processar materiais orgânicos, os biodigestores não têm o mesmo potencial de geração de energia que possui a queima do bagaço da caba e da casca do arroz. Eles podem, no entanto, ser uma alternativa para pequenas propriedades rurais, segundo o professor Jorge de Lucas Junior, da Unesp de Jaboticabal (SP). No caso de fazendas de produção de leite, por exemplo, as fezes dos animais poderiam contribuir para acender algumas lâmpadas.

O biodigestor extrai dos dejetos o biogás, que pode movimentar motores a combustão, que, nesse processo, fariam o papel de uma turbina. A turbina, finalmente, movimenta o gerador de energia elétrica. “É um processo ainda pouco utilizado, mas que é economicamente viável”, diz o professor.

CASCA DE ARROZ VAI ILUMINAR CIDADES...
Sobra do beneficiamento, a casca do arroz será utilizada este ano por produtores gaúchos para a produção de energia elétrica.
A tecnologia está sendo levada para a região de Uruguaiana (650 km de Porto Alegre) pela BK, uma joint-venture das empresas Brennard e Koblitz, com sede em Recife (PE).

O projeto envolve ainda uma das maiores beneficiadoras de arroz do país, a Zaeli Alimentos. A casca, que representa cerca de 23% do volume do arroz e não tem até agora nenhuma utilidade, será utilizada como combustível das caldeiras em uma usina instalada em terreno cedido pela Zaeli.

O vapor resultante da queima da casca nas caldeiras movimentará as turbinas, que acionarão os geradores de energia. “A lógica é a mesma da queima do bagaço da cana”, afirma o engenheiro da BK Janilson Ribeiro, coordenador do projeto. Segundo ele, a usina de Uruguaiana terá capacidade para gerar 8 megawatts, processando cerca de 9 t de casca por hora. “Isso é o suficiente para abastecer uma cidade de até 60 mil habitantes”, diz.

Segundo Ribeiro, a usina entrará funcionamento a partir do mês de agosto. Outras duas unidades estão sendo construídas no Estado. A primeira será instalada no município de Capão do Leão (300 km de Porto Alegre), e a Segunda, em Dom Pedro (400 km de Porto Alegre). Ribeiro afirma que o Estado tem capacidade para abrigar cerca de dez usinas como essas. Com isso, diz ele, o potencial de produção seria de até 100 MW, o suficiente para atender uma cidade de 650 mil habitantes.

GÁS PODE DOBRAR O POTENCIAL ENERGÉTICO DA SOBRA DA CANA...
Pelos cálculos dos pesquisadores, as usinas não produzem hoje nem 5% de seu potencial de geração de energia elétrica a partir da queima do bagaço da cana, estimado em aproximadamente 1.700 megawatts.

Em fase de estudo na Europa, um novo método de processamento do bagaço, no entanto, poderia dobrar esse potencial. Quem garante é o gerente de tecnologia ambiental do Centro de tecnologia Coopersucar (CTC), com sede em Piracicaba (SP), Régis Lima.

Em vez de queima do bagaço em caldeiras, como se faz atualmente, o método consiste na produção de gases combustíveis a partir dessa matéria-prima. Esses gases fariam girar as turbinas e os geradores das usinas com maior eficiência do que o método empregado atualmente.

Desse processo resultaria ainda o vapor, que também seria utilizado para movimentar geradores, mas no sistema tradicional.
“Com isso, o potencial de produção de energia poderia ser dobrado”, afirma Lima. Segundo ele, a tecnologia está sendo desenvolvida pela TPS, empresa com sede na Suécia, com quem o CTC mantém convênio. A TPS iniciou as pesquisas com a intenção de aproveitar os restos das indústrias madeireiras locais.

“A nosso pedido, eles adaptaram o processo para o bagaço da cana. Os estudos vêm sendo feitos desde 98”, afirma. Segundo Lima, a tecnologia deverá ser utilizada em escala comercial em cerca de cinco anos. De acordo com ele, para que isso ocorra, serão necessários incentivos governamentais que tornem esses projetos economicamente viáveis. “As usinas de cana teriam de gastar muito dinheiro para adaptar o sistema atual, de queima, para o gaseificação do bagaço”. Ele diz ainda que a TPS também está realizando estudos para que a palha da cana seja aproveitada no processo de gaseificação.

“Estamos caminhando para o fim das queimadas na colheita da cana. Com isso, poderemos dar alguma destinação à palha, que hoje é totalmente perdida”, diz.

Fonte: Folha de São Paulo
Por Fábio Eduardo Murakawa

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O hidrogênio

O uso do hidrogênio como combustível está avançando rapidamente, havendo vários protótipos de carros nos países desenvolvidos que são movidos a hidrogênio, que gera eletricidade, e descarregam água em seus escapamentos. Calcula-se que já nesta década existirão modelos comerciais de automóveis elétricos cujo combustível será o hidrogênio líqüido. Será uma fonte de energia barata e não poluidora.

O HIDROGÊNIO DESPONTA COMO A ALTERNATIVA AO PETRÓLEO...
Durante anos, os especialistas vêm dizendo que nos resta somente cerca de 40 anos de petróleo bruto. Agora, alguns dos mais importantes geólogos desse segmento estão sugerindo que a produção de petróleo global poderá atingir seu pico e iniciar um declínio abrupto ainda no final desta década, o que vai elevar os preços do petróleo às alturas.

As tensões crescentes entre os países do Ocidente e os países islâmicos , onde é produzida a maior parte do petróleo mundial, poderá ameaçar o acesso ao produto a preços razoáveis.

Desesperados, os Estados Unidos e outros países poderão se voltar, cada vez mais, para combustíveis fósseis mais sujos como o carvão, petróleo pesado e outros – o que irá somente piorar o aquecimento global e pôr em risco os já maltratados ecossistemas.

Há uma solução melhor: energia do hidrogênio. Desmamar o mundo do petróleo e voltar-se para o hidrogênio, porém, vai requerer um esforço conjunto da indústria, governo e comunidades locais em uma escala comparável aos esforços das décadas de 80 e 90 que ajudaram a criar a Web, a Rede Mundial de Computadores. O hidrogênio é o mais básico e onipresente elemento do universo. É o “combustível eterno”, que, quando queimado, não produz emissões danosas de dióxido de carbono e gera como derivados somente calor e água pura. Tudo o que é preciso fazer é extrair o hidrogênio de vários elementos de forma que seja utilizável em células de combustível.

O hidrogênio usável comercialmente, produzido atualmente, é extraído em grande parte do gás natural. Porém, fontes renováveis de energia – vento, hidro, fotovoltaica, geotermal, biomassa – cada vez mais estão sendo usadas para gerar eletricidade localmente. No futuro, essa eletricidade, por sua vez, será usada para eletronizar água e separar o hidrogênio, que poderá ser usado para energizar células de combustível.

Células de combustível comercial energizadas por hidrogênio estão agora sendo introduzidas no mercado para o uso doméstico, em escritórios e setor industrial.

EM VEÍCULOS...
Os grandes fabricantes de veículos gastaram mais de US$ 2 bilhões no desenvolvimento de carros, ônibus e caminhões movidos a hidrogênio e espera-se que os primeiros veículos produzidos em massa estejam na estrada em poucos anos.

Saber exatamente quando estaremos todos andando em carros movidos a hidrogênio depende de uma série de fatores, entre eles o preço do petróleo nos mercados mundiais, a disponibilidade de postos de reabastecimento de hidrogênio e de numerosas outras questões técnicas decorrente do próprio processo de fabricação.

Mesmo diante desses obstáculos, muitos especialistas em energia acreditam que nas próximas décadas as células de combustível do hidrogênio se tornaram nossa melhor fonte de energia. E o surgimento dessa fonte abrirá caminho para mudanças fundamentais em nossos mercados e instituições políticas e sociais, exatamente como aconteceu com a energia do carvão e do vapor no início da Era Industrial.

A economia do hidrogênio possibilitaria uma vasta redistribuirão de energia. O fluxo de energia de hoje, de cima para baixo, centralizado por empresas petrolíferas e companhias de prestação de serviços de utilidade pública globais, se tornará obsoleto. Na nova era, cada ser humano poderá se converter em um produtor assim como em um consumidor de sua própria energia – a chamada “geração distribuída”.

Quando milhões de usuários conectarem suas células de combustível às grades de energia existentes, usando os mesmos princípios de desenho e tecnologia inteligentes que formam possível a Web, eles podem começar a partilhar energia, criando uma nova forma de uso de energia. Na era da célula de combustível de hidrogênio, até o próprio automóvel poderá ser um “posto de energia sobre rodas”, com uma capacidade de 20 quilowatts.

Como o carro médio fica estacionado a maior parte do tempo, poderá ser plugado durante as horas em que estiver fora de uso à rede de eletricidade interativa da residência, escritório ou à rede principal, fornecendo eletricidade premium de volta à grade.
Quando os usuários finais também se tornarem produtores da sua energia, o único papel para as centrais elétricas existentes é se transformar em “centrais elétricas virtuais” que podem manufaturar e comercializar células de combustível, serviços de energia e coordenar o fluxo de energia pelas grades existentes.

USO DEMOCRÁTICO...
O hidrogênio reduzirá drasticamente as emissões de dióxido de carbono e aliviará os efeitos do aquecimento global. E como o hidrogênio é tão abundante e existe em toda a parte, todos os seres humanos, uma vez que se tenham tornado donos da tecnologia, poderão ser fortalecidos, resultando no primeiro regime de energia verdadeiramente democrático da História. Em nenhum lugar a energia do hidrogênio será mais importante do que no mundo em desenvolvimento. Por incrível que pareça, 65% dos seres humanos nunca fizeram um único telefonema e um terço não tem a cesso à eletricidade ou a qualquer outra foram de energia comercia.

A falta de acesso à energia, especialmente à eletricidade, é um fator chave na perpetuação da pobreza no mundo. Inversamente, o acesso à energia significa mais oportunidade econômica. Na África do Sul, por exemplo, são criados de 10 a 20 novos negócios para cada 100 domicílios eletrificados. A eletricidade liberta o homem das tarefas de sobrevivência diária.. Em países pobres sem recursos, simplesmente encontrar lenha ou estrume suficiente para aquecer a casa ou cozinhar pode levar horas de cada dia.

A eletricidade fornece energia para acionar equipamentos agrícolas, operar pequenas fábricas e lojas de artesanato e iluminar casas, escolas e negócios. À medida que o preço das células de combustível de hidrogênio e dos equipamentos acessórios cais, com inovações e economias de escala, as células se tornarão mais disponíveis, como aconteceu com rádios transistores, computadores e telefones celulares. A meta deve ser o fornecimento de células de combustível estacionárias para cada comunidade e vilarejo do mundo em desenvolvimento.

A meta para a garantia global está em diminuir nossa dependência do petróleo do Oriente Médio e certificar-nos de que todas as pessoas da Terra tenham acesso à energia de que necessitam para manter a vida. A economia do hidrogênio é uma nota promissória para um mundo mais seguro.

Fonte: O Estado de São Paulo
Por Jeremy Rifkin (The New York Times)

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Células de combustível podem revolucionar energia

Pela primeira fez, uma tecnologia de geração de energia, denominada célula de combustível, fornecerá toda força motriz para uma casa, um outro sinal de que as células de combustível estão a um passo de ser aceitas como alternativa econômica às fontes tradicionais de energia.

A idéia de células – que convertem combustível líqüido em eletricidade por meio de uma reação química por meio de uma reação química em vez de por combustão – existe há mais de cem anos. Mas, até recentemente, as células eram tão caras que só eram usadas pela Nasa. A células testadas agora são potentes, flexíveis e confiáveis para funcionar como fonte de energia de custo acessível.

Uma equipe de engenheiros cortará a energia fornecida a uma casa em Latham, Nova York, e passará a usam um componente na varanda que mais parece uma unidade de condicionamento de ar do que a pequena usina química que realmente é. Recentemente ocorreu a primeira venda comercial de uma célula de combustível para acionamento remoto (no Departamento de Transporte de New Jersey, para um sinal de trânsito).

A Ford investiu US$ 420 milhões na Ballard Power Systems, uma empresa de fabricação de células de combustível em Vancouver.
Funcionários do Departamento de Energia acreditam que, dentro de poucos anos, milhares de lares venham a obter energia elétrica de células de combustível. “Em 97, presenciamos significativas revoluções”, disse o secretário de Energia, Federico Pena. “Vamos ver células de combustível em lugares, carros e outros usos muito mais cedo que tínhamos previsto.

As células tornaram-se mais acessíveis por causa dos aperfeiçoamento feitos nos componentes usados para provocar uma reação química básica – a combinação de oxigênio e hidrogênio para fazer água.

O cerne da célula de combustível usada na residência de Latham é chamado membrana de troca de próton. Quando um átomo de hidrogênio – um próton e um elétron – é pressionado contra essa membrana, o próton passa através dela e o elétron é deixado para trás. Isso cria uma carga positiva em um lado da membrana e uma carga negativa no outro; junte-as e o resultado será um fluxo de eletricidade. Michael Walsh, um engenheiro mecânico que é consultor da Plug Power, a firma que está conduzindo o teste em Latham, mora na casa.

Mas apesar de todas as evoluções, as células ainda são muito caras. As montadoras, que provavelmente serão as maiores usuárias de uma célula de combustível eficiente, dizem que elas ainda custam em torno de cem vezes mais que um motor de combustão interna. A Chrysler, por exemplo, calcula que cada célula de combustível dimensionada para um carro que compra custa US$ 170 mil.

A Plug Power não revela o custo do protótipo. A Plug Power prevê que possa vender células de combustível para residências no ano 2000, ao custo de US$ 3 mil a US$ 5 mil cada. A Detroit-Edison, proprietária de parte da Plug Power, planeja comprar de 30 mil a 50 mil unidades.

Fonte: O Estado de São Paulo
Por Matthew L. Wald (The New York Times)

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Brasil terá sistema para energia do mar

O Brasil poderá ter no ano que vem o primeiro sistema de geração de energia oceanelétrica (de ondas) adaptado ao tipo de onda do Atlântico Sul.

O sistema foi concebido pelo engenheiro Nelson Parente Jr., da Empresa Brasileira de Reciclagem, e foi apresentado em São Paulo durante a Conferência Global, encontro científico ambiental promovido pela Iuappa (União Internacional das Associações para Prevenção da Poluição do Ar).

Segundo Parente, o sistema poderá gerar até 400 kW de energia aproveitando ondas pequenas, como as do litoral brasileiro. As usinas do tipo em operação hoje, no hemisfério Norte, só respondem a ondas grandes.

A energia das marés, do movimento diário de subida e descida das águas do mar, é uma fonte que vem gerando eletricidade em alguns países: Japão, Inglaterra, França e outros. São ainda usinas de pequeno porte, que aproveitam a força das águas marinhas para mover turbinas e gerar energia elétrica para localidades pequenas e costeiras. Mas os investimentos nessa forma de energia, que começaram a surgir somente nos anos 80, vêm aumentando em vários países desenvolvidos e ela deverá se expandir bastante nas próximas décadas.

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Pesquisadores convertem luz em combustível não poluente

Um grupo de pesquisadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos), estão desenvolvendo um meio para converter a energia proveniente da luz, não em eletricidade, como nas células fotoelétricas, mas em combustível. Mais precisamente, um processo químico capaz de "congelar" a energia da luz na forma de hidrogênio.

Embora ainda esteja longe de obter resultados com potencial uso prático, a pesquisa abre portas para a futura investigação de uma nova abordagem de produção de H2.

MÉTODOS UTILIZADOS...
Os métodos mais usados para a produção do combustível são a eletrólise da água ou de hidrocarbonetos. Nesses casos, uma corrente elétrica quebra as moléculas e separa o hidrogênio.

O hidrogênio molecular é considerado por muitos como o melhor combustível possível, uma vez que sua queima, além de ser altamente energética, tem como resultado a produção de água. Seu equivalente, a gasolina, tem rendimento inferior e lança compostos poluentes no ar. Ambos são altamente inflamáveis.

O QUE SERÁ UTILIZADO...
Será necessário moléculas de ácido clorídrico (HCl) e o brômico (HBr), misturados com moléculas responsáveis pela reação, chamadas de catalisadoras, um composto montado em volta de dois átomos de ródio.

Após a mistura, é literalmente jogado uma luz sobre o experimento. Fótons bem energéticos (partículas de luz ultravioleta), são disparados contra o catalisador, que, por ganhar energia, perde um de seus pedaços, que se torna uma molécula de monóxido de carbono. Quando um espaço fica vago na molécula, ela quebra o ácido em volta e absorve os átomos de hidrogênio livres para se combinarem, formando o gás H2. Depois os cientistas usam uma outra maneira para separar o cloro ou o bromo do catalisador, e começam o processo novamente.

ÚLTIMOS RESULTADOS...
Os resultados, publicados na última edição da revista "Science", mostraram pela primeira vez uma produção eficiente de H2, a partir de um ácido, embora ela ainda não seja expressiva o suficiente para se tornar comercial. Foram geradas cem vezes mais moléculas de H2, do que o número de moléculas de catalisador utilizadas. A produção total de hidrogênio molecular a partir do experimento foi de 0,002 litro.

FALTA MUITO TRABALHO...
Pesquisadores reconhecem, que ainda há muito para que seja desenvolvido sobre a aceleração de ação do catalisador e resolver o que fazer com os subprodutos indesejados da reação, como as moléculas de monóxido de carbono e os átomos de cloro e bromo.

Os resultados são fruto de um trabalho longo e insistente sobre a problemática. Os pesquisadores estão nisso há quatro anos e fizeram a descoberta inicial dois anos atrás.

Mesmo assim, os cientistas de Massachusetts vêem futuro na pesquisa, pois ela dá aos químicos um ponto de partida para desenvolver a química da produção de hidrogênio molecular por meio de um catalisador (molécula que acelera uma reação).

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Energia positiva: a utilização de fontes renováveis está sendo cada vez mais discutida

Depois da Cúpula de Johannesburgo, a utilização de fontes renováveis esta sendo cada vez mais discutida. A campanha global “Escolha energia positiva” procure levar energia limpa para o mundo inteiro.

As últimas descobertas científicas confirmam aquilo que muitos suspeitavam há tempos: as ameaças das mudanças climáticas são ainda piores do que imaginávamos. Os impactos do aquecimento global estão muito bem documentados e incluem ameaças econômicas e sociais, além dos perigos ambientais. A existência de países localizados em áreas baixas do Pacífico está ameaçada. Muitas espécies de mamíferos e pássaros correm o risco de ser extintos e ecossistemas inteiros, como é o caso dos mangues e recifes de corais, podem desaparecer.

Essas alterações são causadas, principalmente, pela queima de combustíveis fósseis. A indústria, a produção de energia e o transporte queimam quantidades gigantescas de petróleo, carvão mineral e gás natural, gerando anualmente bilhões de toneladas de gás carbônico (CO²) que são lançadas na atmosfera.

O Greenpeace acredita que todas as companhias de energia do mundo deveriam substituir, gradativamente, a produção, utilização e investimento em combustíveis fósseis por fontes renováveis de energia.

Uma grande passo no sentido de reduzir as emissões de CO² e outros gases responsáveis pelo efeito estufa é a ratificação do Protocolo de Kyoto.

É essencial que os Estados Unidos, responsáveis por quase 40% das emissões mundiais de CO² atualmente, comprometam-se a levar adiante ações e práticas internas que reduzam as emissões de gases estufa e tragam o país de volta ao processo de kyoto. A atual posição dos Estados Unidos quanto a essa questão é apoiada e, muitas vezes, direcionada por empresas e indústrias norte-americanas, em especial por aquelas ligadas ao petróleo.

No entanto, até mesmo as empresas têm reconhecido a necessidade urgente de olhar para esta questão com atenção redobrada. Uma declaração conjunta, feita durante a Rio +10, colocou o Greenpeace e o Conselho Mundial Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável do mesmo lado desta batalha: “apesar de nossas conhecidas diferenças, estamos bastante frustrados com a falta de vontade políticas e de decisões governamentais para cumprir os compromissos feitos há dez anos no Rio, incluindo a Agenda 21. Considerando a gravidade dos riscos impostos pelas mudanças climáticas e a necessidade de reduzir as emissões dos gases estufa, estamos, neste momento, superando nossas diferenças em outros assuntos e pedindo que os governos sejam responsáveis e tracem um plano para acabar com as mudanças climáticas, tendo como base a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e o Protocolo de kyoto. Tanto o Greenpeace quanto o Conselho Empresarial acreditam que este primeiro passo é essencial”.

QUAIS AS CAUSAS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS?
A Terra é cercada por uma delicada camada de gases que filtram o calor do Sol e mantêm a vida no planeta. Esses gases ajudam a equilibrar as condições climáticas da Terra, como a temperatura e as chuvas.

Esse fenômeno natural é chamado de efeito estufa. A atividade humana está intensificando o efeito estufa através da emissão de bilhões de toneladas a mais de CO² e de outros gases estufa. Como resultado, a temperatura global está aumentando, o que desestabiliza todo o clima.

AS DEMANDAS DO GREENPEACE...
A ratificação do Protocolo de Kyoto
A aceleração do processo de Kyoto. Após dar o primeiro passo, os governos precisam agora prosseguir, a fim de que os países industrializados reduzam suas emissões de gases do efeito estufa, o que significaria um corte de pelo menos 80% das emissões até 2050. Uma maior compreensão com relação às fontes renováveis de energia e seu papel na substituição da energia proveniente de combustíveis fósseis.

ENERGIA LIMPA JÁ!
A campanha “Escolha Energia Positiva” do Greenpeace está promovendo um maior entendimento sobre as fontes renováveis de energia. Esta é a única saída para o perigoso ciclo das mudanças climáticas. Aumentar a confiança em combustíveis fósseis significa aumentar as emissões de CO² e outros gases do efeito estufa, o que enfraquece qualquer esforço feito para proteger o clima da Terra. Saiba mais sobre as fontes renováveis de energia:

O PODER DO VENTO...
vento existente nos seis continentes do planeta é suficiente para suprir o consumo mundial de energia em mais de quatro vezes o nível atual de consumo. A energia eólica já é uma história de sucesso e gera eletricidade para milhões de pessoas, empregos para dezenas de milhares de seres humanos e bilhões de dólares de lucro.

Na China, a capacidade de geração de energia através do vento deve dobrar em 2002. Desde o início dos anos 70, o governo dinamarquês apóia o desenvolvimento e a implementação de uma forte indústria de energia eólica, especialmente através de abatimentos em impostos e investimentos públicos. Na Dinamarca, existem mais pessoas trabalhando na indústria de energia eólica do que na pesca

Na Mongólia, geradores portáteis de energia eólica são bastante usados por povos nômades em lâmpadas, rádios e outros aparelhos elétricos.

O PODER DO SOL...
A luz solar que ilumina a terra a cada hora é suficiente para suprir as necessidades humanas por um ano inteiro. Há muitas maneiras de utilizar esta fonte de energia:

Coletores solares térmicos, que podem aquecer a água e o ar para casas e instalações industrias; ou energia solar fotovoltaica (PV), que gera eletricidade diretamente a partir da luz do sol. Simples, confiável, segura, e silenciosa, é uma eletricidade livre de qualquer poluição.

Países em desenvolvimento instalaram mais de um milhão de sistemas domésticos de energia solar.
Existem aproximadamente 150 mil sistemas domésticos de energia solar no Quênia, mais de 100 mil na China, 60 mil na Indonésia e mais de 300 mil lanternas solares na Índia.

O PODER DA BIOMASSA...
Plantações podem ser cultivadas especificamente para a produção de combustíveis e a compostagem de material vegetal também pode ser usada para produzir gás metano, que, por sua vezes, pode ser utilizado como combustível. No entanto, cultivos geneticamente modificados não devem ser usados com essa finalidade, bem como não devem haver emissões tóxicas (provenientes, por exemplo, do uso de agrotóxicos) resultantes da queima desse tipo de combustível. Resíduos florestais e agrícolas também podem ser usados para produzir eletricidade e aquecer, sem causar o aumento dos níveis de CO².

O PODER DAS PEQUENAS HIDROELÉTRICAS...
Os projetos de usinas hidroelétricas de pequena escala usam o fluxo natural das águas dos rios para gerar eletricidade. Unidades hidroelétricas familiares contam com pequenas turbinas que usam o fluxo da água para gerar eletricidade para casas.
Mais de 100 mil famílias no Vietnã usam pequenas turbinas de água para gerar eletricidade.

Mais de 45 mil pequenos projetos de pequenas hidroelétricas estão sendo usados na China, gerando energia para mais de 50 milhões de pessoas.
Fonte: Greenpeace
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Energia vinda de fontes renováveis requer tecnologia revolucionária

Não há hoje nenhuma tecnologia no mundo capaz de substituir os combustíveis fósseis na produção de energia a ponto de conter o processo que está levando ao aquecimento global. Para buscar uma solução, dizem cientistas americanos e canadenses, será preciso apostar alto em coisas que ainda não existem – e que parecem ter saído diretamente dos filmes de ficção científica.
O grupo liderado por Martim Hoffert, um físico da Universidade de Nova York, analisou diversas estratégias atualmente apontadas como formas de produção de energia limpa, mas chegou à conclusão de que nenhuma delas (biomassa, fissão nuclear, ventos, fotovoltaica terrestre), mesmo em esforços combinados, vai substituir a contento os 12 terawatts anuais consumidos pela humanidade hoje (85% dos quais são derivados de combustíveis fósseis), muito menos os 30 estimados para daqui a 50 anos.

Em estudo publicado na revista “Science” (www.sciencemag.org), os pesquisadores argumentam que alternativas como fusão nuclear (incluindo reatores mistos de fusão e fissão) e estações de captação de energia solar montados no espaço são possíveis caminhos – contanto que comece agora um esforço no sentido de desenvolver a tecnologia.

“Estamos bastante convencidos de que nenhuma tecnologia atual vai resolver”, diz Hoffert. “E nós não somos pessimistas. Estamos apenas tentando ver quais revoluções tecnológicas poderão responder ao problema.”

As idéias que podem enfrentar o desafio já existe, mas será preciso usá-las de forma combinada e após torná-las tecnologicamente viáveis. Fusão nuclear, por exemplo, é a forma de produção de energia que alimenta as estrelas, fusionando átomos de hidrogênio que se transformam num de hélio, com grande liberação de energia no processo. Mas o melhores experimentos com fusão só conseguem empatar a reação – ou seja, gastar a mesma quantidade de energia que seria gerada pela fusão nuclear para iniciá-la.

Por seu potencial rendimento teórico, a fusão pode ser o grande caminho para o futuro, mas não sem antes haver um grande investimento em pesquisa e desenvolvimento pra torná-las viável.

PAINÉIS SOLARES NO ESPAÇO...
A energia fotovoltaica, obtida com painéis solares, não oferece grande rendimento na Terra. Levada ao espaço, onde os painéis recebem mais radiação solar e não estão sob uma atmosfera cheia de nuvens, metade do tempo sem a luz do Sol, pode ajudar, mas não resolver. Estima-se que 660 estações com superfície total igual à do Rio Grande no Norte, em órbita geoestacionária (sempre sobre o mesmo ponto da Terra), poderiam coletar 10 terawatts.

Em outras palavras, será preciso mais que uma estratégia para substituir a energia produzida à custa da emissão de gás carbônico, principal causador do efeito estufa, que deve elevar a temperatura global em 1,5ºC a 4,5ºC nos próximos cem anos. “Com um esforço vigoroso em pesquisa e desenvolvimento, um conjunto de tecnologias pode resolver o problema, mas não há uma única bala mágica agora que possa eliminar o aquecimento global”, diz Ken Caldeira, do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, na Califórnia, também autor do estudo.

Pelo menos o problema parece solúvel. “É complicado, mas não impossível. Dependerá muito de vontade política”, diz Hoffert.
“A humanidade é capaz de evitar o desastre”, afirma Caldeira. “A questão é se a humanidade tem a sabedoria para evitá-lo.”
Por Salvador Nogueira

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Fonte:Folha de São Paulo*
Diário de Bordo Greenpeace**
Sociedade e Espaço – Geografia Geral***
Revista Néz Adventure****
O Estado de São Paulo*****
Pick-upau – 2003 – São Paulo – Brasil

 
 
 
 

 

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