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Que Energia é essa?

Carvão

 
 
 

O que são fontes de energia?

Entende-se por energia a capacidade de realizar trabalho. Fontes de energia, dessa forma, são determinados elementos que podem produzir ou multiplicar o trabalho: os músculos, o sol, o fogo, o vento etc.

Através do uso racional do trabalho, especialmente na atividade industrial, o homem não apenas sobrevive na superfície terrestre – encontrando alimentos, abrigando-se das chuvas ou do frio etc –, mas também domina e transforma a natureza: destrói florestas, muda o curso dos rios, desenvolve novas variedades de plantas, conquista terras ao mar, reduz distâncias (com modernos meios de transporte e comunicação), modifica os climas (com a poluição, as chuvas artificiais etc), domestica certos animais e extermina outros.

As primeiras formas de energia que o homem utilizou forma o esforço muscular (humano e de animais domesticados), a energia eólica (do vento) e a energia hidráulica, obtida pelo aproveitamento da correnteza dos rios. Com a Revolução Industrial, na Segunda metade do século XVIII e no século XIX, surgem as modernas máquinas, inicialmente movidas a vapor e que hoje funcionam principalmente a energia elétrica. A eletricidade pode ser obtida de várias maneiras: através da queima do carvão e do petróleo (usinas termelétricas), da força das águas (usinas hidrelétricas), da fissão do átomo (usinas nucleares) e de outros processos menos utilizados.

As chamadas modernas fontes de energia, ou seja, as mais importantes, são: o petróleo, o carvão, a água e o átomo. As fontes alternativas, que estão conhecendo um grande desenvolvimento e devem tornar-se mais importantes no futuro, são o sol (energia solar), a biomassa e os biodigestores, o calor proveniente do centro da Terra energia geotérmica), as marés, o xisto betuminoso e outras.

É importante ressaltar que as fontes de energia estão ligadas ao tipo de economia: quanto mais industrializada ela for, maior será o uso de energia. O carvão mineral foi a grande fonte de energia da Primeira Revolução Industrial, e o petróleo foi a principal fonte de energia do século XX e continua a desempenhar esse papel, apesar de um recente e progressivo declínio. Tanto o petróleo como o carvão mineral são recursos não renováveis, isto é, que um dia se esgotarão completamente; eles também são muito poluidores, na medida em que seu uso implica muita poluição do ar. Por esses dois motivos eles estão em declínio atualmente, em especial o petróleo, que foi básico para a era das indústrias automobilísticas e petroquímicas. Vivemos na realidade numa época de transição, de passagem do domínio do petróleo para a supremacia de outras fontes de menos poluidoras e renováveis, ou seja, que não apresentam o problema de esgotamento. Este pensamento está pelo menos na cabeça dos ambientalistas de todo o planeta, mas a realidade ainda é um mundo dominado pelos combustíveis fósseis.

A série “Que energia é essa?” irá trazer as principais fontes de energia usadas em nosso planeta; como surgiram, onde são usadas, qual a dependência humana dessas fontes e muito mais. Neste capítulo conheceremos a fonte de energia chamada “Carvão”.

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O carvão

O carvão é bastante utilizado tanto para gerar energia elétrica em usinas termelétricas quanto como matéria-prima para produzir aço nas siderúrgicas. Os altos-fornos dessas indústrias exigem um carvão mineral de alta qualidade, que não possuam resíduos: um carvão com alto poder calorífero (que produz muito calor, muita energia), com elevada concentração de carbono. Além desses usos, do carvão mineral pode-se obter gás de uso doméstico (gás de rua). Existe o carvão vegetal, produzido pelo homem através da queima de madeira e de uso bem menos importante (padarias, restaurantes e residências), mas é o carvão mineral – que também foi produzido pela queima de florestas, embora não pelo homem e sim pela natureza, há milhões de anos – que possui maior poder calorífero e tem uso industrial intenso.

Esse recurso natural – o carvão mineral – aparece em terrenos sedimentares, especialmente nos dos períodos carbonífero e Permiano, da era Paleozóica*. Existem diferentes tipos de carvão, alguns de melhor qualidade como fonte de energia (os que têm maior porcentagem de carbono)m e outros de poder calorífero inferior. A turfa é o que possui menor teor de carbono; a seguir vem a linhita, depois a hulha, que é o tipo mais abundante e mais consumido no mundo (por volta de 80% do total), e por fim o antracito, o mais puro (95% de carbono) mas também o mais raro, representando apenas cerca de 5% do consumo mundial.
 
 

 

O carvão mineral foi importantíssimo do século XVIII ao final do XIX, épocada Primeira Revolução Industrial. Os países pioneiros no processo de industrialização, como a Inglaterra, a Alemanha, os Estados Unidos e a França, são todos bem servidos em reservas carboníferas. Com o desenvolvimento da indústria automobilística – que usa derivados do petróleo como combustíveis e também na fabricação dos pneus e plásticos diversos -, pouco a pouco o carvão foi cedendo lugar ao petróleo como grande fonte de energia mundial. Assim, no final do século XIX, em 1880, 97% da energia consumida no mundo provinha do carvão, mas noventa anos depois, em 1970, somente 12% desse total provinha desse recurso natural; depois da chamada “crise do petróleo”, ocorrida em 1973, a elevação dos preços de óleo fizeram com que o carvão fosse novamente valorizado, pelo menos em parte, e ele voltou a subir um pouco, representando cerca de 25% da energia total consumida no globo nos anos 80 e 90.
Como se vê, a importância do carvão declinou mas ele continua tendo um sensível peso nos dias atuais, principalmente para as indústrias siderúrgicas e para a obtenção de energia elétrica através de usinas termelétricas.
 
 
Os maiores produtores mundiais desse recurso mineral são a China, os Estados Unidos, a Rússia, o Cazaquistão, a Índia, a Polônia, a Alemanha, a África do Sul e a Austrália.

O carvão, o mais abundante combustível fóssil** do mundo, vem sendo usado pelo menos há 2.000 anos. Os chineses queimavam carvão e há indícios de que os romanos da época clássica também o fizeram. Mas com o advento do petróleo e sua intensa exploração, até 1973, os preços de combustível eram tão baixos que, em muitos casos, minas de carvão ainda produtivas foram abandonadas, pois não valia a pena realizar exploração em grandes profundidades, devido aos altos custos dessas operações. A partir de 1973, porém, com os sucessivos aumentos nos preços do petróleo, o carvão voltou a ser bastante utilizado, tendo muitos países voltado a explorar minas já desativadas.

Apesar de ser uma fonte de energia explorada há longo tempo, esse produto ainda existe em grandes quantidades. Calcula-se que as reservas mundiais sejam suficientes para mais de cem anos de consumo, contando com o aumento da procura em torno de 5% ao ano (porcentagem alta e pouco provável). Os recursos mundiais de carvão situam-se provavelmente entre 8 e 10 trilhões de toneladas. Porém, esse carvão nuca será extraído totalmente. Grande parte desse minério estende-se em camadas finas ou profundas demais para serem exploradas. Além disso, em alguns casos seria necessário usar mais energia para retirar os últimos resíduos de carvão da profundeza da terra do que a própria energia que são capazes de produzir.

Embora não exista ameaça de escassez de carvão em âmbito mundial, algumas áreas são relativamente pobres. A Europa passa pelo que se poderia chamar de crise do carvão. A extração do carvão europeu constitui hoje 36% do total mundial, mas a Europa tem apenas 6% das reservas mundiais de carvão mineral.

A América Latina e a África, por outro lado, enfrentam uma grande carência desse recurso. Juntas elas possuem apenas 1% do carvão mineral do mundo.
 
 
Alguns poucos países contêm mais de 80% de estimado suprimento mundial de carvão. A Rússia e o Cazaquistão somados têm cerca de 50%, enquanto os Estados Unidos dispõem de 18% e a China 10%.

Apesar de sua concentração geográfica, o carvão é um combustível relativamente abundante. Ele continua a ter um papel importante nesta fase de transição, mas existem graves restrições ao uso desse recurso em face do acúmulo de CO2 na atmosfera e de outros problemas ambientais que acompanham tanto sua extração como sua combustão: minas subterrâneas podem levar a terremotos, resultantes de acomodações de terras superficiais, podem envolver problemas de drenagem e impõem graves ameaças à saúde e à segurança dos mineiros, que enfrentam a morte lenta pela “doença negra” (ocasionada pela vida em minas, onde se respira um ar muito poluído) ou a morte súbita num desmoronamento.

*Era Paleozóica: a história natural de nosso planeta, que teria em torno de 4,5 bilhões de anos, costuma ser dividida em quatro eras geológicas: Pré-Cambriana ou Primitiva, Paleozóica ou Primária, Mesozóica ou Secundária e Cenozóica. Cada uma dessas eras é dividida em vários períodos. A era Paleozóica começou há uns 500 milhões de anos e durou cerca de 300 milhões de anos, sendo que nos seus últimos períodos (Carbonífero e Permiano) é que ocorreu soterramento de enormes florestas, que originaram com o tempo o carvão mineral.

**Fóssil: vestígio ou resto petrificado ou endurecido de seres vivos que habitaram a Terra em tempos remotos. O carvão mineral é resultado da fossilização de vegetais, especialmente as grandes florestas da era Paleozóica. O petróleo também tem origem fóssil, de restos de microorganismos soterrados em certas áreas sedimentares.

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O carvão no Brasil

O hemisfério sul, em geral, não apresenta grandes reservas de carvão mineral, e as reservas brasileiras, além de pequenas, são de baixa qualidade, pois apresentam baixo poder calorífico e alto teor de cinzas, dificultando seu aproveitamento como fonte de energia. As maiores reservas situam-se no Rio Grande do Sul (Vale do rio Jacuí) e a maior produção encontra-se em Santa Catarina (vales dos rios Tubarão e Araranguá) por apresentar as únicas reservas aproveitáveis na siderurgia (carvão metalúrgico). A produção do Paraná não tem grande destaque, dada a baixa qualidade do produto. O carvão mineral produzido no Rio Grande Sul (carvão-vapor) é usado basicamente no processo de aquecimento de caldeiras.

A baixa qualidade do carvão brasileiro, juntamente com o fato de ser latamente poluente e apresentar elevados custos de transporte, determinou seu aproveitamento como fonte energética apenas em épocas de crise.

Assim, a crise do petróleo fez com que a atenção se dirigisse para as reservas sulistas, particularmente de carvão-vapor, até então tratadas como entulho por falta de consumo. Dentre as medidas tomadas nos anos 70 para o incremento da produção e do consumo de carvão, destacam-se:

 
 
  • Financiamento e facilidades para as companhias carboníferas elevarem o nível técnico da extração;
  • Instalação de termelétricas, preferencialmente em áreas próximas àquelas produtoras de carvão (o que justifica a maior concentração de tais usinas no sul do país);
  • Incentivos a vários setores industriais para que substituíssem o óleo diesel por carvão-vapor, no processo de aquecimento de suas caldeiras (caso das indústrias de cimento);
  • Desenvolvimento do setor carboquímico, para o aproveitamento dos subprodutos derivados do processo da extração do carvão (caso, por exemplo, da pirita carbonosa, composta de ferro e enxofre)

Tais medidas promovem a elevação da produção e do consumo de carvão mineral no Brasil, particularmente até 1986, quando o declínio do preço do petróleo desacelerou o processo de expansão.

No Sul de Santa Catarina, localizam-se as reservas de carvão mineral (cerca de 2,2 bilhões de toneladas), a maior riqueza do subsolo estadual, valorizada ainda mais com a crise mundial de energia. A produção catarinense de carvão bruto é utilizada para alimentar termoelétricas como a de Capivari (em Tubarão) e siderúrgicas como a de Volta Redonda, no Rio de Janeiro e a Sidersul (Siderúrgica Sul Catarinense), a mais importante do Estado, voltada para a produção de aço laminado.

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Fonte: Geografia do Brasil – Dinâmica e Contrastes*
Pape, Programa Auxiliar de Pesquisa Estudantil (ed. DCL)
Isto é/Superinteressante/Jornal da Tarde/Folha de São Paulo
Conhecer Atual (ed. Nova Cultural)
Pick-upau – 2003 – São Paulo – Brasil

 
 
 
 

 

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