RECOMENDAÇÕES
TECNOLÓGICAS PARA REDUZIR QUEIMADAS - (EMBRAPA)
· Tecnologias
para reduzir a prática das queimadas
· Tecnologias para reduzir queimadas
em sistemas de Lavoura/Pecuária
· Tecnologias para reduzir queimadas
em Sistemas de agricultura Familiar
· Como Queimar: a queimada controlada
TECNOLOGIAS
PARA REDUZIR A PRÁTICA DAS QUEIMADAS
O fogo é amplamente
utilizado na agricultura brasileira. Na história
da pecuária nacional, é prática
comum, na região dos Cerrados e da Amazônia
Legal, a utilização de queimadas das
áreas com pastagens, visando a renovação
ou recuperação da pastagem, a eliminação
de plantas daninhas e adição de nutrientes
ao solo, oriundos do material vegetal queimado. À
primeira vista, a pastagem rebrotada surge com mais
força e melhor aparência do que a inicialmente
existente. Entretanto, ao longo dos anos, essa prática
provoca degradação físico-química
e biológica do solo, e traz prejuízos
ao meio ambiente.
A prática da queimada obriga o produtor a reduzir
a lotação animal, pela diminuição
da capacidade produtiva das forrageiras, como conseqüência
da desnutrição vegetal e das más
condições do solo (especialmente a compactação)
para o crescimento das raízes. A forrageira,
neste tipo de exploração, além
de apresentar sistema radicular pouco desenvolvido
e com baixas reservas de carboidratos, perfilha pouco
e fixa CO2 ineficientemente, prejudicado pelo reduzido
tamanho de sua folha e pela desnutrição.
Por outro lado, o superpastejo permanente, pode reduzir
o número de plantas da pastagem, descobrindo
o solo e contribuindo para a sua compactação
e para a redução da capacidade de infiltração
de água, a qual passa a escorrer pela superfície,
arrastando os nutrientes e as partículas superficiais
do solo. Isso aumenta o estado de degradação
da pastagem. Os solos dos Cerrados e da Amazônia
Legal, em sua maioria, são susceptíveis
à erosão e com baixa fertilidade.
Diante dessa situação, os produtores
precisam usar sistemas de produção adequados
para manter a capacidade produtiva dos solos e sua
competitividade, dentro de um mercado globalizado.
Como se originam as queimadas? Tudo indica que suas
causas são essencialmente agrícolas
e, em geral, as queimadas ocorrem em áreas
já desmatadas. Assim, perante a opinião
pública e a imprensa, o produtor rural é
o vilão das queimadas. O controle do fogo e
a diminuição das queimadas merecem uma
atenção especial, devido aos impactos
negativos que provocam sobre o meio ambiente, como
poluição, problemas na saúde,
prejuízos em redes de eletrificação
e em cercas, e queima de áreas não previstas,
devido ao fogo fora de controle, causando enormes
prejuízos a vizinhos e reservas ecológicas.
O fogo não deixa de ser um instrumento de manejo,
mas o Ministério da Agricultura e do Abastecimento
engajou-se, de forma proativa, na redução
das queimadas no Brasil. A queima apresenta aspectos
positivos, mas pode ser substituída, com vantagens,
pelo uso de tecnologias alternativas.
A Embrapa dispõe de várias tecnologias
que, se devidamente usadas, e com apoio governamental,
podem reduzir de forma expressiva, a prática
das queimadas como instrumento de manejo, trazendo
benefícios ao meio ambiente e à sociedade.
Tecnologias para
reduzir queimadas em sistemas de pastagens nativas
e cultivadas.
As pastagens, tanto
nativas como cultivadas, têm seu crescimento
influenciado pelas condições climáticas
de calor, na Região Sul e de chuva, nas demais
regiões, especialmente Nordeste, Centro-Oeste
e Norte.
Em ambas, as queimadas visam à eliminação
de macegas que se acumulam no campo, ao longo dos
anos, o que reduz o consumo e provoca o pastejo desuniforme
pelos animais. Nas áreas nativas, a queima
estimula a remineralização da biomassa
e a transferência de nutrientes minerais para
a superfície do solo, sob a forma de cinzas,
constituídas por óxidos de cálcio,
potássio, magnésio e outros elementos
minerais. Como conseqüência, ocorre o aumento
imediato da produção da forragem, mas
ela decresce nos anos posteriores, principalmente
quando a queima é anual e realizada na mesma
área.
Em pastagens cultivadas, a queima é uma prática
indesejável, pois a sua produção
deve ser transformada em carne, leite e lã,
e o fogo pode, inclusive, eliminar as forrageiras
leguminosas.
A melhor forma de utilizar a massa produzida pelas
forrageiras é através do manejo, com
animais. Em geral, o manejo deve ser feito de forma
a acumular matéria seca nos períodos
críticos do inverno, no Sul, e da seca, nas
demais regiões. É preciso planejar as
sobras para utilização no período
crítico, uma vez que o consumo dos animais
é menor e essas sobras têm menor valor
nutricional.
Aqui estão algumas soluções que,
além de evitar o fogo, podem aumentar o desfrute
do rebanho e a renda do produtor.
Uso da uréia pecuária
Para que essa tecnologia dê resultado, é
fundamental dispor de pastagens com boa disponibilidade
de forragem, ou seja, bastante pasto seco. Ela é
bastante simples e de baixo custo, consistindo em
misturar a uréia pecuária com o sal
mineral. Essa mistura tem por objetivo fornecer a
proteína de que o animal precisa e não
encontra na pastagem seca, cujo teor protéico
é baixo. O uso da uréia pecuária
no sal estimula o animal a aumentar o consumo de forragem.
Com esse manejo, os animais podem ter algum ganho
de peso, mas seguramente, se eles perderem peso, será
muito menos do que sem o uso da uréia pecuária.
Além disso, se os animais consomem maior quantidade
de forragem na estação seca, menos ficará
de sobra, e o pasto não mais precisará
ser queimado para eliminar o excesso de material morto.
Quando usar: o
fator tempo
O uso da uréia
pecuária deve ser feito quando o pasto floresce
e começa a secar. Isso acontece a partir de
maio/junho, nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Na Região Nordeste, a partir de julho e, na
região Norte, a partir de agosto/setembro.
Nesse momento, e sem esperar que os animais comecem
a perder peso, inicia-se o fornecimento de uréia
pecuária no sal mineral, da seguinte forma:
· na primeira semana, deve-se misturar 9 kg
de sal mineral com 01 (um) kg de uréia pecuária;
· na segunda semana, 8 kg de sal mineral e
2 kg de uréia pecuária;
· na terceira semana, 7 kg de sal mineral e
3 kg de uréia pecuária;
· na quarta semana, 6 kg de sal mineral e 4
kg de uréia pecuária.
Cuidados com a
mistura
Consumida em quantidade
excessiva, a uréia pecuária é
tóxica para os animais, daí a necessidade
de misturar bem os dois ingredientes. O composto de
sal mineral e uréia pecuária deve ser
fornecido de forma contínua, sem interrupção,
até o início das chuvas. É preciso
evitar o fornecimento da mistura com uréia
pecuária a animais famintos e cuidar para que
a água não se acumule no cocho, pois
a uréia pecuária molhada se transforma
rapidamente em compostos tóxicos aos animais.
O sintoma da intoxicação é o
empanzinamento, que é tratado com vinagre ou
suco de limão, fornecido goela a baixo.
Ao usar essa tecnologia, o produtor vai observar que,
graças ao maior apetite do gado, não
é mais necessário usar o fogo para eliminar
a macega das pastagens nativas, ou a massa seca não
consumida das pastagens cultivadas. Assim, o produtor
melhora a produção e contribui para
conservar o meio ambiente, tornando sua atividade
sustentável.
Uso da "mistura múltipla"
A "mistura múltipla"
é um suplemento alimentar para gado bovino
composto pela mistura de sal mineral com ingredientes
que servem como fonte de energia (milho), fonte de
proteína natural (farelo de soja) e fonte de
nitrogênio não protéico (uréia
pecuária).
Para melhores resultados do uso da mistura múltipla,
é fundamental dispor de pastagens com boa disponibilidade
de forragem, ou seja, bastante pasto seco. Ela é
mais completa do que a tecnologia da uréia
pecuária, pois busca atender mais plenamente
às exigências nutricionais dos animais.
Ao receber essa mistura, os animais são estimulados
a aumentar o consumo de forragem, mesmo que ela esteja
seca, fibrosa e com baixo teor de proteína.
Para preparar 100 kg da mistura múltipla, são
usados os seguintes ingredientes e quantidades:
Ingredientes |
Quantidade |
Farelo de algodão |
15 kg (ou farelo
de soja) |
Milho triturado |
27 kg (ou sorgo,
ou milheto, ou farelo de arroz) |
Uréia
pecuária |
10 kg |
Fosfato
bicálcico |
16
kg (ou superfosfato triplo, ou farinha de osso)
|
Sal
comum |
30
kg |
Flor de enxofre |
1,3 kg |
Sulfato de
zinco |
600 gramas
|
Sulfato de
cobre |
80 gramas |
Sulfato de
cobalto |
20 gramas |
Essa mistura deve
ser fornecida aos animais de forma contínua
e à vontade, sem interrupção,
especialmente no período crítico da
seca. Cada animal consome, em média, de 200
a 300 gramas por dia. A mistura múltipla não
deve ser dada aos animais famintos.
Para a lotação de uma unidade animal
por hectare (equivalente a dois bezerros, com 225
kg cada um), o custo médio dessa mistura gira
em torno de R$20,00 por hectare, considerando um período
seco de 120 dias. O ganho de peso esperado, com base
na experiência já obtida por produtores
na região do Cerrado, é de até
R$24,00 por hectare, em 120 dias.
Durante o período seco, o animal perde peso,
pois consome menor quantidade de matéria seca.
Com isso, sobra mais macega, ou o pasto não
é aproveitado, induzindo o produtor a queimar
a sobra. Utilizando a tecnologia da "mistura
múltipla", além do ganho de peso
dos animais, ou menor perda, o produtor melhora a
produção, não usa o fogo e contribui
para melhorar o meio ambiente, tornando sua atividade
sustentável.
"Banco de
Proteína" como complemento de pastagem
nativa
A tecnologia "Banco
de Proteína" como complemento de pastagens
pode substituir, com vantagem, a prática da
queimada.
Como funciona
O "Banco de Proteína" é um
sistema integrado onde uma porção da
área da pastagem nativa ou cultivada é
reservada para leguminosas forrageiras de alto valor
nutritivo. O acesso dos animais aos bancos de proteína
pode ser livre, ou limitado a alguns dias por semana
ou horas por dia, ao longo do ano, ou em determinadas
épocas. O uso dos bancos de proteínas
tem o propósito estratégico de corrigir
a deficiência de proteína e fornecer
forragem de melhor qualidade aos animais.
As leguminosas utilizadas devem ser de alta produtividade,
com alto valor nutritivo e elevado teor de proteína,
de crescimento rápido e boa capacidade de rebrota,
resistência à seca e alta palatabilidade
. Entre as várias opções de leguminosas,
podem ser usadas a leucena, o estilosantes, o guandu,
a puerária e outras. A Embrapa Cerrados testou
e recomenda o uso de leucena e estilosantes (cv. Mineirão).
A área de leucena deve ser subdividida para
pastejo, pois a leucena não persiste sob pastejo
contínuo. Os períodos de pastejo e descanso
variam. Tem sido usado 07 a 14 de pastejo, e 35 a
70 dias de descanso, durante a época seca.
O estilosantes fica verde durante a seca, prestando-se,
portanto, para pastejo durante essa época.
A subdivisão da área de estilosantes,
em piquetes, é recomendada, visando a suprir
forragem durante toda a época seca.
O emprego do banco de proteínas (na proporção
de 0,3 hectare/animal) de leucena ou de estilosantes,
durante todo o ano, como complemento de pastagem nativa
(4,7 hectare/animal) permite que novilhas zebus atinjam
o peso de cobertura (300 kg) aos 24 meses, durante
a estação de monta controlada.
O mesmo acontece quando a leucena (na proporção
de 0,15 hectare/animal) é usada durante o período
de chuva, associada ao uso do estilosantes (0,15 hectare/animal),
durante o período de seca, como complemento
de pastagem nativa (4,7 hectare/animal). Nesse sistema,
há ganho de peso ao longo de todo o ano.
Com o emprego de banco de proteína, a área
de pastagem nativa pode ser reduzida de 4,7 para 3,2
hectare/animal, sem haver prejuízos acentuados
no peso final dos animais, com uma queda de 379 para
368 quilos.
A tecnologia do banco de proteína associada
à pastagem nativa tem duas grandes vantagens.
A primeira é não precisar queimar as
pastagens nativas, pois, com a carga animal adequada,
não ocorre acúmulo de macega ou forragem.
Para que isso ocorra, é necessário dividir
a pastagem nativa em piquetes, fazer uma distribuição
estratégica de aguadas e saleiros, e formar
lotes de animais adequados para utilizar a forragem
consumível em determinado período de
tempo. Essa não é uma tarefa fácil
e exige habilidade e experiência do proprietário
ou gerente da fazenda. A segunda vantagem é
o aumento da produção, pois as fêmeas
podem ser cobertas aos dois anos de idade e os machos
têm maior ganho de peso.
As produções anuais médias de
quatro anos, de leucena e estilosantes, são
ao redor de 2.666 e 2.640 kg/hectare de matéria
seca consumível, respectivamente.
Considerando teores de proteína bruta de 23
e 12%, respectivamente, na forragem de leucena e de
estilosantes, estima-se que as produções
anuais de proteína bruta são de 613
e 317 kg/hectare, correspondendo a cerca de 2.043
(40,86 sacos) e 1.057 (21,14 sacos) kg/hectare/ano
de farelo de algodão, com 30% de proteína
bruta, respectivamente. Para efeito comparativo, a
alternativa de substituição de torta
de algodão por banco de proteína, na
suplementação de pastagem nativa, confere
ao produtor uma economia de insumo da ordem de R$112,00
por animal. Os custos de implantação
de banco de proteínas de leucena e estilosantes
foram de R$209,00 e r$142,00 por hectare, respectivamente.
Restabelecimento
da capacidade produtiva das pastagens
A prática da
queimada é utilizada para limpeza da pastagem,
em substituição à roça,
por causa do baixo custo operacional. A utilização
de queimadas em áreas de pastagens cultivadas
tem, como objetivo, eliminar restos de massa seca
com grande conteúdo de talos, que não
foram consumidos pelos animais durante a estação
seca, e, ao mesmo tempo, propiciar nova rebrota, com
forragem de melhor qualidade.
As alternativas tecnológicas desenvolvidas
para o restabelecimento da capacidade produtiva das
pastagens contemplam, em sua grande maioria, correção
e fertilização do solo, associadas à
sua movimentação, com implementos agrícolas.
O uso das culturas de milho, milheto, arroz e soja,
implantadas em pastagens degradadas e dentro de recomendações
técnicas específicas, tem possibilitado
o restabelecimento da capacidade produtiva das pastagens,
e a produção de grãos durante
um ou mais ciclos de cultivo.
Na recuperação de pastagens, sem o uso
de culturas anuais, deve-se incluir uma leguminosa
forrageira. A leguminosa incrementa a produção
de forragem, nas chuvas, pela maior oferta de nitrogênio,
e elimina a perda de peso dos animais, na seca. Sua
permanência no pasto depende da exclusão
da queima, uma vez que um dos efeitos do fogo é
a destruição das leguminosas.
Os procedimentos e investimentos adotados no restabelecimento
da capacidade produtiva das pastagens e da infra-estrutura,
e a necessidade de reverter a forragem produzida em
produto animal, faz com que os produtores adotem sistemas
de prevenção ao fogo. A forragem produzida
em pastos cultivados, quando associada a outras práticas
de manejo (uréia pecuária e sal, uso
de mistura múltipla), constitui-se fonte alimentar
indispensável para os rebanhos.
Outra vantagem altamente benéfica e restritiva
às queimadas é a possibilidade de aumento
de produtividade nas áreas atualmente cultivadas,
sem a necessidade de novas derrubadas da vegetação
nativa que, invariavelmente, conduzem ao uso do fogo.
Os custos das diferentes técnicas de restabelecimento
da capacidade produtiva das pastagens variam de R$300,00
a R$450,00/ha. Por outro lado, os custos de recuperação
são amortizados pelas produções
médias por hectare de 4.000 kg de milho, 1.800
kg de arroz e 1.600 kg de soja. A recuperação
direta da pastagem, sem o uso de cultivos anuais,
apresenta custo de aproximadamente R$180,00. Essas
técnicas são usadas pelos pecuaristas,
de acordo com a sua tradição e infra-estrutura
de produção.
Adubação
de manutenção associada ao manejo das
pastagens
Esta tecnologia pode
ser aplicada para pastagens cultivadas de Andropogon,
Brachiaria e Panicum. Consiste na aplicação
anual ou, a cada dois anos, de fertilizantes solúveis
de fósforo e de potássio, em cobertura,
no início da estação chuvosa.
A quantidade de fertilizantes a ser aplicada deve
ser baseada em análises das plantas e dos solos.
A análise foliar deve ser efetuada preferencialmente
em duas épocas do ano: uma, no período
chuvoso (janeiro - fevereiro) e a outra no período
seco (julho - agosto), em amostras de lâminas
foliares coletadas na primeira ou segunda folha totalmente
expandida, do ápice para a base da planta.
A aplicação pode ser efetuada em cobertura,
à lanço, na superfície das pastagens,
após análise do solo e se possível
de análise foliar. Deve-se dar preferência
aos adubos solúveis, tais como: superfosfato
simples, superfosfato triplo e cloreto de potássio.
A análise do solo deve ser efetuada nos meses
de abril a junho, na profundidade de 0 a 20 cm para
avaliação da fertilidade e de 20 a 40
cm para estimar a fertilidade e a acidez subsuperficial.
As quantidades de fertilizantes a serem aplicadas
devem ser calculadas com base na análise de
solo e recomendadas por um técnico da região
que conheça as características dos solos
e das condições de manejo animal da
propriedade e ou da região.
A aplicação de adubos nitrogenados deve
seguir duas orientações. Primeiro, se
a pastagem for para uso mais intensivo, como engorda
ou recria de animais, a aplicação de
nitrogenados deve ser feita no decorrer do período
chuvoso, sendo apenas uma aplicação
para doses de até 75 kg/ha de N e parcelada
em duas ou três vezes se a dose for acima de
100 kg/ha de N. Num segundo caso, se o proprietário
pretende alongar a produção da pastagem
no período seco, a aplicação
deve ser feita no final do período chuvoso.
Esta última alternativa permite maior produção
de material verde no período seco, diminuindo
o risco de queimadas. A decisão sobre a utilização
da adubação nitrogenada deve ser tomada
de acordo com o sistema de produção,
dando preferência às atividades de recria
e engorda, que permitem um retorno do investimento
em tempo mais curto.
Recuperação
de pastagens degradadas
Nas últimas
décadas, grande parte das florestas da Amazônia
brasileira destinou-se a implantação
de pastagens para criação de gado de
corte. Em função de transformações
ocorridas no solo, do uso de germoplasma inadequado,
de falhas no estabelecimento, da pressão biótica
e de problemas de manejo da pastagem, esses pastos
dificilmente mantêm a sua produtividade inicial,
depois de oito anos.
As operações de recuperação
podem incluir o uso de implementos agrícolas
no preparo do solo, adubação e plantio
de forrageiras geneticamente selecionadas. Na fase
de estabelecimento são necessários o
controle de invasoras e pragas, além da cautela
nos primeiros pastejos.
A integração da pastagem com cultivos
anuais pode cobrir parte dos custos de recuperação
e, com plantio de espécies perenes, pode-se
tornar a exploração mais sustentável.
Contudo, substanciais melhorias nos manejos da pastagem
e do rebanho são necessárias para maximizar
os resultados da recuperação.
Pastejo rotacionado
intensivo com adubação
Atualmente a pecuária,
além de ser competitiva, tem de ser sustentável
biológica, ecológica, social e economicamente.
Somente com o binômio profissionalismo e tecnologia
se poderá alcançar esse objetivo.
A intensificação da pecuária
na Amazônia, via adubação, dispensa
plenamente a utilização da prática
da queimada como ferramenta de manejo de pastagem,
por possibilitar o aproveitamento do excesso de forragem
que, em outras situações, seria queimado.
Permite, ainda, que a forrageira domine as ervas daninhas
da pastagem, outra justificativa para as queimadas.
O Pastejo rotacionado intensivo com adubação,
em pastagem cultivada de Brachiaria brizantha cv.
Marandu, permite produzir o "Novilho Precoce",
usando-se pressão de pastejo de até
3,5 Unidades Animais de 450 kg por hectare/ano, cujos
animais chegam a pesar 500 kg de peso vivo, com idades
entre 24 e 30 meses e rendimento de carcaça
de 54%. A margem de lucro é de aproximadamente
R$400,00 por hectare/ano, bastante superior à
média brasileira no segmento recria-engorda
para bovinos.
Com suplementação alimentar durante
ano inteiro, utilizando uréia pecuária,
cultivos da fazenda (cana-de-açúcar,
outras gramíneas) e subprodutos da agroindústria
(cama de frango, farelos de trigo, arroz, milho e
tortas de dendê, coco, babaçu) em pastejo
rotacionado intensivo, com adubação,
em Brachiaria brizantha cv. Marandu, pode-se produzir
o "Novilho Superprecoce", usando-se pressão
de pastejo de até 5 Unidades Animais de 450
kg hectares/ano. O peso vivo de abate é de
500 kg, entre 18 e 24 meses de idade, com rendimento
de carcaça de cerca de 54%. A margem de lucro
é da ordem de R$500,00 hectares/ano, suplantando
em oito vezes a média brasileira no segmento
recria-engorda para bovinos.
Diversificação
de espécies forrageiras
Uma tecnologia simples
e interessante, que evita a queima de pastagens, é
a diversificação de espécies
forrageiras, na propriedade. Ela permite ofertar maior
quantidade de forragem, durante a estação
de chuvas, e ainda preserva aquelas que mantêm
sua qualidade ao longo da estação do
ano, para uso no período seco. A diversificação
de espécies forrageiras, nas pastagens da propriedade,
não significa incrementar o custo de produção:
ela apenas proporciona maior racionalização
no processo de produção de forragem.
São, também, reduzidos os riscos de
pragas e doenças que podem assolar os cultivos
de uma espécie. A exploração
do potencial de produção das diferentes
espécies e de suas características diversas
elimina a necessidade de adoção do fogo,
como prática de manejo nas áreas cultivadas.
Como exemplos de diversificação, o uso
de espécies como Andropogon gayanus, para a
estação de chuvas, e as espécies
de Brachiaria e Panicum, para o período de
seca, otimiza a capacidade produtiva dos solos, reduz
os efeitos de pragas e possibilita ofertar forragem
de qualidade, ao longo do ano. Isso não quer
dizer que as Brachiaria e os Panicum não devem
ser usados no período de chuvas. O que se busca
é um uso racional e planejado, de forma a sobrar
massa nos pastos dessas espécies, que são
melhor consumidas pelos animais, no período
seco.
A diversificação de espécies
na propriedade tem abrangência irrestrita no
Território Nacional. É uma prática
que precisa ser amplamente difundida entre os produtores.
A forragem produzida em pastos cultivados, quando
associada a outras formas de manejo, como o diferimento
de pastos e a suplementação energética
e protéica, constitui-se fonte alimentar indispensável
para os rebanhos. Assim, toda forragem produzida poderá
ser convertida em produtos como carne, leite e lã,
prevenindo e reduzindo a prática das queimadas.
Controle das cigarrinhas-das-pastagens
A diversificação
de pastagens, com a utilização de gramíneas
forrageiras resistentes às cigarrinhas, é
um dos fatores que contribui para reduzir a prática
das queimadas.
Uma vez que a bovinocultura de corte no Brasil é
basicamente extensiva, as alternativas para o controle
de pragas de pastagens não podem ser tais que
intensifiquem o sistema de produção:
é preciso pensar em proposições
que sejam de baixo custo e de fácil adoção.
Vale ressaltar que, em grande parte, o problema causado
pelas cigarrinhas, no país, é fruto
de extensas monoculturas estabelecidas com gramíneas
forrageiras, como, por exemplo, a Brachiaria decumbens.
A diversificação das pastagens, com
a utilização de gramíneas forrageiras
resistentes às cigarrinhas constitui, hoje,
a melhor alternativa de controle dessa praga, adaptando-se
perfeitamente ao sistema de produção
usado pelo produtor.
Algumas gramíneas resistentes e recomendadas
são Bracharia brizantha cv. Marandu, Andropogon
gayanus cv. Planaltina, Panicum maximum cv. Tanzânia,
P. maximum cv. Mombaça, P. maximum cv. Massai
e Paspalum atratum cv. Pojuca.
Diferentes gramíneas apresentam características
e exigências próprias, e podem se destinar
a diferentes objetivos. Considerando esses aspectos,
sugere-se que, na medida do possível, a inclusão
dessas gramíneas seja feita durante a formação
de novas áreas, ou na época da renovação
das pastagens.
Pastagens diversificadas e bem manejadas reduzem sobremaneira
o risco representado pelas cigarrinhas e demais insetos
pragas de pastagens e garantem níveis adequados
de produtividade, sem necessidade de uso do fogo para
o controle dessas pragas.
Controle de carrapatos
A queima da pastagem,
como prática para o controle de carrapatos,
foi utilizada por muitos anos. Entretanto, essa prática
deixou de ser recomendada devido aos danos causados
ao meio ambiente, pela destruição da
flora e fauna, que superam os benefícios do
controle do carrapato.
Atualmente existem outras alternativas de controle
do carrapato, como a rotação de pastagem,
utilização de pastagem com poder de
repelência e morte de larvas do carrapato, raças
bovinas resistentes, descarte de animais mais infestados,
agentes biológicos como fungos, bactérias
e aves. Porém, o controle mais efetivo se faz
por meio da utilização de produtos químicos.
São vários os princípios químicos
disponíveis, hoje no mercado, cuja aplicação
(dose, via, período residual e restrições)
se faz de acordo com as recomendações
do fabricante.
A aplicação dos carrapaticidas pode
ser feita visando atingir o pique inicial da população
de carrapatos utilizando os produtos tradicionais
como os piretróides e organofosforados, no
início do período chuvoso, repetindo
por mais três vezes a intervalos de 21 dias,
ou seguido pela mudança de pastagem para uma
área não contaminada.
Mais recentemente, foi lançada no mercado uma
vacina contra o carrapato (Vacina Gavac). Esta vacina
apresenta eficácia de 60% e ainda é
considerada de alto custo. Porém, é
uma alternativa inovadora e recomendada para o controle
do carrapato. Sua utilização se faz
aplicando-se uma dose e repetindo-se após quatro
semanas, seguida por aplicações semestrais.
Pastejo Misto
O pastejo misto consiste
no pastejo por mais de uma espécie de ruminante
na mesma área de pastagem, permitindo a exploração
da grande diversidade de espécies forrageiras
presentes na pastagem nativa. A preferência
diferenciada entre espécies permite melhor
utilização das forragens, evitando o
acúmulo de biomassa seca. De forma geral, os
bovinos e ovinos tendem a pastejar mais gramíneas,
enquanto os caprinos têm a tendência de
escolher as espécies lenhosas para o seu consumo.
Bovinos e caprinos consomem mais gramíneas
no verão, enquanto os ovinos o fazem no inverno.
As ervas perfazem a maior parte da dieta geral durante
a primavera e as ramas são mais procuradas
pelos caprinos.
Para o ecossistema Caatinga, as melhores opções
de combinação animal seriam ovinos e
caprinos na Caatinga nativa; caprinos e bovinos na
Caatinga rebaixada, e ovinos, caprinos e bovinos em
Caatinga raleada. Para muitos lugares do semi-árido
brasileiro, a melhor opção poderia ser
o rebaixamento da vegetação lenhosa
e o pastejo por bovinos e caprinos.
Quanto à taxa de lotação, recomenda-se,
para a Caatinga rebaixada, o pastejo de caprinos e
bovinos, na proporção de um bovino para
quatro a seis caprinos. As técnicas de manipulação
da vegetação da Caatinga e de pastejo
múltiplo proporcionam substanciais incrementos
na produção de forragem e no desempenho
animal, com resultados sociais e ecológicos
promissores. Os índices produtivos são
inferiores aos das pastagens tropicais cultivadas,
mas superiores aos de outros ecossistemas semi-áridos.
Para áreas como a Amazônia, onde o crescimento
da pastagem é muito rápido, no período
das chuvas, a associação com ovinos
tem sido uma boa prática. Os ovinos conseguem
rebaixar o pasto mais do que os bovinos, permitindo
um aumento da produção por hectare e
um melhor aproveitamento da pastagem produzida, evitando
o uso do fogo para eliminar o excesso de massa.
Feno
A fenação
consiste na desidratação parcial, ao
sol, de plantas forrageiras, inteiras ou picadas,
que vão formar o feno. Trata-se de uma estratégia
inteligente de compensar o crescimento das forrageiras,
armazenando, para a seca, o excesso produzido nas
águas. O valor nutritivo de um feno depende,
basicamente, do estágio de maturação
em que estava a planta, quando foi cortada. Isso porque
o valor nutritivo da planta é condicionado
pela idade: à medida que amadurece, a planta
perde qualidade, pois sua digestibilidade vai diminuindo.
O feno pode ser preparado a partir de gramíneas
ou de leguminosas. A relação caule/folha
é muito importante. Por exemplo: capins que
apresentam muitas folhas para pouco caule, como as
braquiárias, são mais indicados para
a preparação de feno, por serem as folhas
mais nutritivas, por perderem água com mais
facilidade do que os caules, e por reduzirem o tempo
de preparação do feno.
Embora as leguminosas apresentem valor nutritivo superior
ao das gramíneas, sua fenação
é dificultada pela perda de folhas e a demora
na secagem das hastes. A fenação tardia
de leguminosas ocasiona grande perda de folhas e,
consequentemente, maior perda de nutrientes, ao passo
que a precoce pode originar um feno com alto teor
de umidade, sujeito à contaminação
por fungos.
O feno pode ser preparado por processo mecânico
ou manual, e armazenado na forma de medas ou de fardos,
em galpões cobertos ou no próprio campo,
cobertos com lona ou descobertos. As perdas vão
depender do método de armazenagem. Qualquer
que seja o método utilizado, devem ser tomadas
todas as precauções para evitar a ocorrência
de fermentação, que favorece o aparecimento
de fungos tóxicos para os animais.
Um bom feno deve apresentar alto valor nutritivo,
coloração natural da folha (verde, sem
áreas de mofo ou escuras), boa relação
caule/folha, não conter material estranho e
apresentar cheiro característico, sem odor
de mofo, de amônia ou de podridão.
Para fenar, os dias ideais são os ensolarados,
com céu azul e sem nuvens (veranico), com baixa
umidade relativa do ar e muito vento. Deve-se procurar
sempre manter alta relação entre o valor
nutritivo e a produção de matéria
seca de forragem. Como o alto valor nutritivo normalmente
coincide com forragens novas, com alta umidade e baixa
produção de matéria seca por
hectare, o ideal seria um meio termo, visando a perder
um pouco no valor nutritivo e ganhar na produção
de matéria seca.
Para fazer a fenação, é preciso
observar as seguintes etapas:
corte pela manhã, depois que o orvalho tenha
secado;
secagem no campo ou em galpões, revirando o
material com ancinho, durante o dia, e enleirando-o
à noite, caso ele não tenha atingido
o ponto de fenação (15% a 20% de umidade);
armazenagem na forma de medas ou de fardos, em galpões
cobertos ou no próprio campo, cobertos com
lona, ou, até mesmo, a descoberto.
A prática do feno utiliza a forragem em excesso,
produzida e não consumida nas áreas
das pastagens. Essa tecnologia pratica, portanto,
reduz a necessidade do uso do fogo, usado para eliminar
o excesso de material morto nas pastagens.
Silagem
Consiste na conservação
das plantas forrageiras, por meio de processo de fermentação
na ausência de oxigênio (anaeróbica),
em depósitos adequados, chamados silos. Existem
vários tipos de silos: trincheira, meia-encosta,
cisterna, aéreo e de superfície. A exemplo
da fenação, a ensilagem é um
excelente método de conservação
da forragem, e pode ser feita com vários tipos
de plantas, como milho, sorgo, capim-napier e forrageiras.
Quando existe sobra excessiva de pasto, o seu armazenamento
na forma de silagem é uma opção
interessante, pois impede o excesso de matéria
seca de fácil combustão nas áreas
de pasto. No preparo da silagem, é importante
considerar alguns aspectos determinantes da qualidade
do produto final:
Ponto de corte: a matéria seca do material
a ser ensilado deve girar em torno de 30% a 35%. No
milho, eqüivale a grãos em ponto farináceo,
ou ponto de pamonha duro. O corte do capim-napier
com esse nível de matéria seca significa
perda excessiva de valor nutricional. Por isso, recomenda-se
cortá-lo com cerca de 1,8m de altura, e deixá-lo
murchar por 6 a 12 horas, até atingir umidade
entre 20% e 25%, antes de fazer a ensilagem. As gramíneas
também devem ter entre 20 a 25% de umidade,
na hora da ensilagem.
Tamanho da partícula: geralmente, ela deve
ficar entre 2,5 e 3 cm, a fim de facilitar a eliminação
do ar e a compactação. Entretanto, quanto
mais seco estiver o material a ser ensilado menor
deve ser o tamanho da partícula.
Enchimento do silo: de preferência, ele deve
ser feito no mesmo dia do corte. Não sendo
possível, encher em forma de cunha (silo trincheira),
compactar bem e cobrir durante a noite. O silo de
superfície deve ser fechado no mesmo dia, para
evitar grandes perdas, sendo preferível ter
vários silos pequenos, que possam ser enchidos
e fechados no mesmo dia, a ter um silo grande, cujo
enchimento demora vários dias. O fechamento
é feito com lona de plástico, sobre
a qual é colocada uma camada de 10 cm de terra.
A silagem pode ser utilizada normalmente, após
um período de 30 dias depois do fechamento
do silo.
O segredo da boa silagem está na boa qualidade
de forragem e também na rapidez das operações
de colher, picar, encher, compactar e fechar o silo.
Quanto mais rápidas forem feitas essas operações,
maior será a chance de obter um alimento bem
conservado, com boa palatabilidade e alto valor nutritivo.
A utilização de forragens como silagem
também é uma alternativa ao uso do fogo
pela melhor utilização do material forrageiro
que, de outra maneira, poderia acumular-se nas pastagens.
Feno em pé
Uma forma simples,
e de baixo custo, de se prover uma reserva alimentar
para o período seco, consiste em subutilizar
o pasto, no período de crescimento intenso,
de modo a que um excedente fique reservado para uso
estratégico, no período de escassez,
em pé, na própria área. Este
é o chamado "feno em pé".
Esta é uma forma de deixar, deliberadamente,
massa acumulada no campo, para ser usada durante o
período seco. A sua utilização
deve ser bem planejada para que a área com
feno em pé, não se torne um foco de
incêndio. O uso de aceiros e a localização
das áreas para feno em pé longe das
divisas da propriedade é imprescindível.
A tecnologia permite a associação com
outras técnicas de suplementação
em pasto, como a uréia pecuária, mistura
múltipla e o banco de proteína. A condição
indispensável para se fazer feno em pé
é a existência de massa abundante nas
pastagens, embora de baixa qualidade. A Brachiaria
decumbens é, entre os capins mais comuns, a
forrageira que melhor se presta para ser reservada
dessa forma. O capim Marandu é outra opção,
por manter melhor aceitabilidade e qualidade. Os Panicum
(capins de touceiras) são mais exigentes no
manejo, mas podem ser usados.
Em sua forma mais simples, a subutilização
do pasto pode ser feita apenas ajustando a lotação
de forma que, no início da seca, haja um excedente
compatível com as necessidades dos animais,
naquele período. Isto pode ser feito em regime
de pastejo contínuo ou rotacionado. Mais recomendável,
porém, é se vedar parte da área
de pasto, em época apropriada, no período
de crescimento, para obter, no início da seca,
cerca de 4 toneladas/hectare de matéria seca.
Um bom critério é deixar as folhas do
pasto na altura da coxa (60 a 80 cm), pois acima dessa
altura ocorre muito desperdício (talos demais).
O tempo de vedação vai depender da fertilidade
do solo. Assim, em solos muito depauperados pode ser
necessária a vedação durante
todo o período de chuvas, porém, com
adubações, ela pode ser feita de meados
de janeiro até início de março,
em função da taxa de crescimento do
capim.
A forma mais recomendada é a vedação
escalonada, um terço em fevereiro, para uso
nos dois primeiros meses de seca e dois terços
em março, para uso no período restante
de seca. Ela visa a explorar, um pouco melhor, a qualidade
do material acumulado.
É importante lembrar que a vedação
dessa forma pode requerer a associação
da área vedada com uma outra, explorada de
forma intensiva e com uma espécie forrageira
de alto potencial produtivo, onde todos os animais
(ou a maioria) estarão concentrados. Isso permitirá
que a pastagem da área vedada cresça
e acumule massa, sem animais. A extensão da
área vedada e da explorada intensivamente deve
ser calculada em função das necessidades
dos animais em matéria seca, nos respectivos
períodos, e do potencial de crescimento das
forrageiras em questão. A experiência
do produtor é importante para fazer esse ajuste
de área e animais.
Como o feno em pé é planejado para ser
usado durante o período de seca, seu consumo
elimina a necessidade do uso do fogo.
Controle de plantas
invasoras
Controle manual de
plantas invasoras de pastagens
Áreas de pastagens cultivadas, mal-formadas
ou mal manejadas, normalmente apresentam alto grau
de infestação de plantas invasoras,
as quais, se não combatidas, competirão,
com as plantas forrageiras, por água, luz e
nutrientes, contribuindo para a redução
da produção de forragem e, conseqüentemente,
para a diminuição da capacidade de suporte
da pastagem. Na tentativa de controlar as plantas
invasoras, sem maiores custos, o produtor rural usa
queimar periodicamente essas áreas. Essa queima,
entretanto, dependendo da freqüência, pode
iniciar o processo de degradação das
pastagens por perda de nutrientes e alterações
nas relações solo-planta-água.
Uma das alternativas para o controle de invasoras
de pastagens, e que pode substituir as queimadas,
é o método de controle manual dessas
plantas, com o uso do enxadão. O uso do enxadão
na limpeza de pastagens é uma tecnologia simples
e de fácil adoção, possível
de ser utilizada em todas as propriedades rurais brasileiras.
Ela pode ser realizada em qualquer época do
ano, o que permite melhor utilização
da mão-de-obra. No caso de invasoras anuais,
elas devem ser combatidas antes de dar sementes, o
que evitaria a ressemeadura natural dessas espécies.
A utilização do controle manual, em
substituição à queimada, possui
ainda a vantagem de não destruir o capim, que
poderá servir de alimento para o gado, principalmente
na época seca do ano, quando, normalmente,
há escassez de forragem. Com esse procedimento,
evita-se também a poluição ambiental
e contribui-se para o aumento do emprego no meio rural.
Os custos para a execução do serviço
vão variar com as espécies de invasoras
predominantes e o grau de infestação
da pastagem. É muito comum roçar os
pastos, para diminuir a competição das
invasoras. A roçagem pode ser manual ou mecânica.
Esse processo não elimina a maioria das invasoras,
apenas controla o seu crescimento, favorecendo o crescimento
das forrageiras. É interessante que, juntamente
com o controle das invasoras, seja feita uma adubação
da pastagem, que irá permitir melhor crescimento
da forrageira, tornando-a mais agressiva e competitiva,
auxiliando no controle das invasoras.
Controle químico
de plantas invasoras de pastagens
No controle de plantas
invasoras de pastagens, o uso de herbicidas é
uma outra alternativa para substituição
das queimadas. Entretanto, essa tecnologia é
um pouco mais complexa e requer o acompanhamento de
um técnico para orientar nas dosagens, épocas,
nos métodos e cuidados a serem tomados na aplicação,
no armazenamento e no descarte das embalagens usadas.
O controle químico tem a vantagem, da mesma
forma que o controle manual, de não destruir
o capim e possibilitar o seu melhor desenvolvimento,
resultando em aumento na disponibilidade de forragem
para o gado e, consequentemente, maior produção
animal por área. Se ele não for realizado
corretamente, pode poluir o meio ambiente, sobretudo
os cursos d'água, sendo, imprescindível
seguir orientação profissional.
Os custos de utilização são variáveis,
e dependem do grau de infestação das
invasoras e do produto utilizado. O controle de invasoras
com herbicidas tem ampla abrangência geográfica,
podendo ser utilizado em todas as regiões do
Brasil. Normalmente, eles são recomendados
para grandes áreas de pastagens, onde o controle
químico se torna mais barato do que o controle
mecânico. É importante associar o controle
químico à adubação da
pastagem, favorecendo o crescimento da forrageira,
que se tornará mais competitiva, auxiliando
no controle das invasoras.
(voltar)
TECNOLOGIAS
PARA REDUZIR QUEIMADAS EM SISTEMAS DE LAVOURA/PECUÁRIA
O desenvolvimento
da agricultura e sua intensificação
trouxe novos conhecimentos que, aos poucos, foram
sendo utilizados pelo produtor. Fazem parte desse
contexto a formação de pastagens, via
agricultura; a utilização de restos
de lavoura; a necessidade da palhada para o plantio
direto; em suma, a integração das atividades
de lavoura e pecuária, que, na realidade, são
complementares. Essa integração traz
muitos benefícios, entre os quais, a diminuição
do uso do fogo para eliminar restos culturais e a
melhoria do estado e da capacidade das pastagens,
substituindo outras degradadas e/ou infestadas por
invasoras.
Recuperação
de pastagens pelo consórcio grão-pasto
(Sistema Barreirão)
Para manter a capacidade
produtiva dos solos e sua competitividade, dentro
de um mercado globalizado, os produtores precisam
usar sistemas de produção adequados.
Para tanto, o plantio do pasto consorciado com grãos,
conhecido como "Sistema Barreirão",
tem-se mostrado técnica e economicamente eficiente,
como método de reforma de pastagens. Ele oferece
capacidade de suporte animal superior e, simultaneamente,
produz grãos com produtividade e qualidade.
Os benefícios da pecuária para a agricultura
prendem-se ao fato de que as plantas forrageiras,
utilizadas para as pastagens, produzem densa vegetação
e grande quantidade de massa seca que recobre o solo.
Têm, ainda, a capacidade de melhorar as propriedades
físicas, químicas e biológicas
do solo, aumentando a eficiência da adubação
química, contribuindo positivamente para a
sustentabilidade agrícola. Essas plantas apresentam
raízes profundas e absorvem nutrientes que
normalmente se perderiam por lixiviação
e/ou percolação. Os nutrientes absorvidos
pelo sistema radicular são transferidos para
os tecidos vegetais, e consumidos pelos animais sob
pastejo. Assim, eles retornam, em parte, para o solo,
por meio dos dejetos dos animais.
É possível afirmar que se, por um lado,
a agricultura eleva os teores dos nutrientes na camada
arável, pela sua maior exigência em nutrientes,
por sua vez, as pastagens proporcionam melhoria nas
propriedades físicas, diminuindo a densidade
do solo, aumentando a macroporosidade e a capacidade
de infiltração de água. Por meio
da agricultura, torna-se mais fácil a recuperação
ou a renovação da pastagem, pois ela
possibilita a produção de grãos,
em curto espaço de tempo. Além disso,
a formação da pastagem após a
agricultura é rápida e a custos menores,
o que torna esta prática sustentável,
dos pontos de vista econômico e ambiental.
Nesse sistema, são fundamentais a correção
da acidez do solo, a adubação correta
e a escolha das cultivares/variedades que melhor se
adeqüem ao sistema e sejam recomendadas para
a região. As culturas mais utilizadas são
o milho, arroz, sorgo e milheto. Quando se usa arroz
de sequeiro, é preciso diminuir o espaçamento
para 30 a 45 cm, e aumentar a densidade de sementes
na linha. Isto porque o arroz é menos competitivo
do que as outras culturas mencionadas. O milho, sorgo
e milheto são plantados de acordo com as recomendações
convencionais.
As forrageiras mais utilizadas são as braquiárias,
o Andropogon e os Panicum. Por ser mais econômica,
a semeadura é feita simultaneamente. A Braquiária
é semeada na fileira da cultura, e o Andropogon
e o Panicum semeados a lanço.
A densidade das forrageiras não deve ser alta,
pois elas competem com as culturas e diminuem a produção
de grãos. A densidade ideal deve ser de 4 a
6 plantas, por metro quadrado.
As braquiárias devem ser misturadas com o adubo,
no momento em que se vai plantar. A mistura não
deve ser feita com antecedência, pois o adubo
prejudica a germinação. É preciso,
também, evitar a guarda das misturas, por muitos
dias.
As médias de rendimento, por hectare de arroz
de sequeiro e milho, em áreas onde o "Sistema
Barreirão" foi testado, foram de 33,5
sacos de arroz e 61,5 sacos de milho.
A relação custo/benefício para
arroz varia de 0,83 a 1,27, ou seja, para cada R$100,00
gastos no sistema, o produtor recupera de R$83,00
a R$127,00. No caso do milho, a relação
custo/benefício varia de R$0,80 a R$1,06. Essa
relação considera apenas a produção
de grãos. Não está contado o
benefício ao solo, principalmente a adubação
e o desfrute das pastagens recuperadas, expresso em
maior produção de carne.
Entre os benefícios ecológicos obtidos
com o Sistema Barreirão, podem ser citados:
melhor cobertura, menor desgaste do solo e maior oferta
de alimentos à fauna herbívora;
redução da necessidade de abertura de
novas áreas, particularmente na Amazônia,
por questões eminentemente econômicas;
redução do assoreamento dos rios e das
várzeas, devido à maior infiltração
de água no solo, menor erosão, maior
estabilidade na altura da água dos rios e aos
menores riscos de enchentes, nos centros urbanos;
aumento do volume de água de melhor qualidade,
no lençol freático;
redução no uso de defensivos, para o
controle de invasoras perenes e de cupinzeiros de
monte.
Manejo da palhada
A integração
do sistema lavoura/pecuária cresceu muito,
nos últimos anos, especialmente em regiões
onde ocorre um período seco prolongado, durante
o ano. As vantagens acontecem nos dois sentidos, tanto
para a lavoura como para a pecuária. A exploração
tecnificada da agricultura produz uma quantidade maior
de resíduos, o que, muitas vezes, se torna
um problema para o plantio seguinte.
A integração com a pecuária vem
resolver esse problema. O gado consome os restos de
várias culturas, especialmente, de milho, arroz,
soja e sorgo.
O sistema é simples, e outras tecnologias podem
ser agregadas ao uso das palhadas, como o uso de cercas
elétricas, em áreas não cercadas;
o uso da uréia pecuária ou da mistura
múltipla, para tornar o consumo da palhada
mais efetivo, e o uso de categorias animais menos
exigentes, como vacas secas.
Outra alternativa para quem possui equipamentos de
fazer feno é enfardar os restos culturais.
Os fardos podem ser empilhados na própria lavoura,
ou então ser transportados e empilhados nos
pastos onde serão consumidos pelos animais.
Esses procedimentos em relação aos restos
culturais, além dos benefícios para
o gado, contribuem para diminuir o uso do fogo como
instrumento de manejo, proporcionando um sistema de
exploração sustentável e benéfico
ao meio ambiente e à sociedade.
Para o sistema plantio direto, a palha é fundamental.
Quando esse sistema é utilizado, a palhada
não deve ser utilizada pelos animais, e os
cuidados para que não queime, no período
seco, devem ser redobrados.
Plantio Direto
O plantio direto é
a tecnologia que mais está crescendo no País
(mais de 8 milhões de hectares em 1999), e
consiste em plantar as lavouras, sem fazer o revolvimento
ou preparo do solo, como tradicionalmente se faz,
e com a presença de cobertura morta ou palha.
Os requisitos básicos para fazer plantio direto
são: 1 - solo devidamente corrigido; 2 - presença
de palha ou plantas que servem de cobertura morta;
3 - máquinas apropriadas para esse sistema,
as quais podem ser manuais (matraca), de tração
animal, ou de tração mecânica.
Por que os solos
devem estar corrigidos?
A maioria dos solos
brasileiros é ácida, com baixos teores
de cálcio e magnésio, e com presença
de alumínio tóxico. Esses fatores impedem
ou limitam que a cultura expresse o seu potencial
de produção, por isso, é importante
corrigir a acidez do solo usando calcário,
que deve ser espalhado e incorporado, pelo menos nos
primeiros 20 cm do solo.
Em seguida, vem a correção da fertilidade
do solo, que pode ser feita ao longo dos anos. A correção
da acidez e da fertilidade favorece o desenvolvimento
das raízes, e as culturas têm condições
de produzir mais e com maior segurança. Por
isso, o plantio direto, em solos já trabalhados
na forma convencional, tem apresentado produtividades
superiores aos cultivos convencionais.
Por que é
preciso ter palha para o plantio direto?
A palha, ou palhada,
representa a essência do plantio direto e contribui
para:
· diminuir a erosão do solo;
· aumentar a infiltração da água
no solo, com menos escorrimento superficial, amenizando
as enchentes;
· manter a umidade do solo, reduzindo a evaporação;
· proteger o solo da ação direta
dos raios do sol;
· estabilizar a temperatura do solo;
· reciclar a matéria orgânica;
· ajudar no controle de plantas invasoras,
fator decisivo para o sucesso do plantio direto.
As culturas que mais produzem palha são as
gramíneas: milho, sorgo, milheto, arroz, aveia,
trigo, centeio e as forrageiras. Algumas são
plantadas com esse fim específico, como a aveia
e o milheto.
Outras espécies também são usadas
com a finalidade de produzir palha ou cobertura morta,
como os adubos verdes (crotalária, nabo-forrageiro,
mucuna, guandu).
Atendidas essas duas condições, é
preciso ter as máquinas que foram desenvolvidas
para fazer plantio direto. Muito progresso já
foi feito na fabricação dessas máquinas,
quer de tração animal, quer de tração
mecânica.
O plantio direto também pode ser usado na integração
lavoura/pecuária. Um exemplo é a rotação
de soja com pastagens, como o capim Tanzânia.
Antes do período das chuvas, faz-se a roçagem
do pasto. Após quatro semanas, aplica-se o
dessecante (herbicida). Após três semanas,
é feito o plantio direto da soja. Depois da
colheita da soja, planta-se, como cultura de safrinha,
o sorgo ou milheto. Plantar a soja por dois, três
ou quatro anos, de acordo com a rotação
das glebas da propriedade. No último ano da
lavoura, faz-se a sobressemeadura do capim, sem revolvimento
do solo.
O plantio direto é uma tecnologia simples,
de custo menor, mas envolve uma série de componentes,
entre os quais o principal fator é a mudança
de comportamento do produtor, tanto na forma de pensar,
como na forma de agir. O produtor passa a ter maior
preocupação com o meio ambiente e a
sua propriedade, desenvolvendo uma agricultura sustentável,
ou seja, com alta produtividade, economicamente viável,
e melhorando sua qualidade de vida, num meio ambiente
ecologicamente equilibrado.
Plantio direto
apresenta muitas vantagens:
· maior efetividade
no controle à erosão e à poluição
dos rios e das represas;
· maior infiltração da água
no solo, recarregando o lençol freático;
· controle de enchentes;
· reduz a poluição dos cursos
de água;
· favorece a estabilidade da produção,
em condições de clima irregular, devido
à maior resistência das culturas aos
períodos de deficiência hídrica;
· favorece a retomada do plantio, após
a chuva, e sua continuação por mais
dias, após a interrupção da chuva;
· reduz a queima das palhadas, pois a palha
é fundamental para o sistema plantio direto;
· reduz os custos de produção
da agricultura, em até 13,8% menos do que a
do sistema convencional;
· reduz a migração da população
rural, especialmente dos agricultores familiares,
para as cidades.
Ao tornar a agricultura sustentável, o plantio
direto traz benefícios ao meio ambiente como
um todo, tanto o rural como o urbano.
TECNOLOGIAS
PARA REDUZIR QUEIMADAS EM SISTEMAS DE AGRICULTURA
FAMILIAR
A agricultura familiar
brasileira, de maneira geral, depende mais da solução
de problemas estruturais do que de novas tecnologias.
Entre esses múltiplos problemas, três
são cardeais: educação, organização
e energia elétrica. Não há nenhuma
comunidade rural, que tenha tido algum tipo de sucesso
agro-sócio-econômico e ambiental, que
não tenha, antes, resolvido a questão
educacional dos filhos e dos adultos. Como o tamanho
do negócio de cada produtor é relativamente
pequeno, torna-se difícil competir com os grandes,
em que predominam escalas econômicas de produção
viáveis. A organização econômica
da produção é o único
caminho para a sobrevivência produtiva, seguida
da energia elétrica, através da qual
é possível entrar em contato com o mundo
globalizado, processar produtos primários,
armazenar excedentes, receber informações
tecnológicas do ambiente externo, auferir mais
conforto e uma qualidade de vida mais próxima
da dos urbanos.
A prática da queimada na agricultura é
de responsabilidade do pequeno e do grande agricultor.
Como os pequenos são mais numerosos, recai
sobre eles a culpa pelo maior número de focos
de incêndio.
O agricultor familiar, objeto dessa campanha, é
tido como um produtor familiar de transição
e periférico, responsável pela prática
intensa das queimadas. Ele se caracteriza por ter
pouca terra, praticar agricultura e pecuária,
cultivar de 5 a 20 produtos, ter como fator de produção
principal a mão-de-obra da família,
usar pouca assistência técnica, usar
tecnologia tradicional e defasada, ter baixa produtividade
e praticar uma agricultura de pousio.
Para esse segmento, que na região amazônica
engloba 600 mil estabelecimentos agropecuários,
as recomendações básicas são
diversificar e intensificar a produção.
Como os agricultores familiares têm sistemas
de cultivo multivariados, fazendo as mais diversas
combinações de produtos, em consórcios
os mais variados, que mudam de agricultor para agricultor,
e de região para região, torna-se impraticável
falar de cada uma das tecnologias a serem aplicadas
por todos eles. A partir de orientações
básicas, os técnicos multiplicadores,
orientarão os produtores sobre cada sistema
de produção, em particular. Caso necessitem
de informações técnicas específicas,
poderão buscá-las nos diversos centros
da Embrapa, na Emater local e em instituições
outras, privadas ou não, afins nesse negócio.
Aliados a essas orientações básicas,
dois instrumentos tecnológicos, desenvolvidos
pela Embrapa, são de extrema utilidade no desenvolvimento
da pequena agricultura: os Zoneamentos Agroecológicos
e o Plano de Desenvolvimento Agrícola Municipal
(PDAM).
Diversificação
da produção
Para minimizar os
riscos e garantir a sustentabilidade do seu agronegócio,
o produtor familiar tem dois caminhos a seguir:
1) especializar-se
com um produto muito tecnificado, com alto valor agregado
e garantia de mercado;
2) diversificar sua produção, procurando
aproveitar as oportunidades de mercado, com as possibilidades
da oferta ambiental dos recursos naturais disponíveis
em sua propriedade.
Em ambas as situações,
produzir é fácil. Produzir com qualidade
é difícil. Produzir com qualidade e
comercializar é complicado. Produzir com qualidade,
comercializar e ganhar dinheiro é profissionalismo.
Produzir com qualidade, comercializar, ser competitivo,
ganhar dinheiro e melhorar a qualidade de vida, é
um privilégio de poucos.
Por isso, é difícil ser um agricultor
sustentável. Além das questões
estruturais da educação, organização
e energia elétrica, duas outras são
determinantes para o sucesso do empreendimento: capacidade
gerencial do negócio e conhecimento do mercado.
Gerência, entendida no sentido mais amplo: organização
do empreendimento, controle de qualidade, custo de
produção e preço competitivo.
Já o mercado pode determinar o fracasso ou
sucesso de um empreendimento. Aqueles que iniciam
o negócio pelo mercado, e não pela produção,
têm mais chance de sobreviver.
Sistemas agroflorestais
O que é
um sistema agroflorestal?
O uso de sistemas agroflorestais - ou seja, plantios
envolvendo culturas alimentares e madeireiras - é
uma importante alternativa de produção
para pequenos e médios produtores. Pode melhorar
a capitalização do produtor devido à
própria diversidade de culturas envolvidas.
Na Amazônia, a Embrapa desenvolveu diversos
modelos agroflorestais para os pequenos produtores.
Sua principal vantagem é definir uma programação
de plantio e colheita de forma a permitir ao agricultor
manter um fluxo constante de renda, durante todo o
ano e, ainda, preservar boa parte da mata natural
que cobre seu terreno.
Um exemplo de sistema agroflorestal foi descrito no
Guia Rural Embrapa, da Editora Abril (1991):
"Ele funciona da seguinte
maneira: logo após a derrubada planta-se melancia,
abóbora, mandioca, hortaliças, milho,
banana e feijão. No primeiro ano, colhe-se
feijão e milho. Também já são
comercializadas, imediatamente após a colheita,
a melancia, abóbora, mandioca e hortaliças.
No início do segundo ano, com a banana já
crescida e prestes a produzir, plantam-se mudas de
espécies florestais, como o mogno, a castanheira,
o freijó, o taxi-branco, a tatajuba, a quaruba.
São plantadas, também, espécies
frutíferas, como o cupuaçu e a manga.
Nas entrelinhas, ainda se produz milho, feijão
e abóbora. No segundo ano, a receita vem da
banana, das hortaliças e dos cereais. No terceiro
ano, já é tempo de pensar em nova derrubada,
enquanto a área antiga, que seria mesmo abandonada,
ainda continua produzindo algum cereal, mandioca e
banana. Na nova derrubada o sistema se repete. Quando
ao cabo de oito anos o produtor volta para a primeira
área, ele já terá disponível
uma boa quantidade de madeira para vender".
Dois importantes projetos de exploração
agroflorestal foram testados nos Municípios
de Irituia, no Pará e Nova Califórnia,
no Acre (Projeto Reca), com resultados econômicos
e ambientais satisfatórios.
Antes de se fazer a introdução dessas
culturas, é preciso estudar detalhadamente
o mercado consumidor, o local e o regional.
Manejo florestal
No Pará, o
comércio madeireiro se constitui a segunda
fonte geradora de divisas para o Estado, perdendo
apenas para a mineração. Na microrregião
de Paragominas, a indústria da madeira gera
duas vezes mais empregos do que a pecuária.
Para cada 200 hectares de floresta, um emprego é
gerado. Em grande parte da Amazônia, a exploração
da floresta é feita de maneira predatória,
sem reposição, fora da lei e ainda gera
focos de incêndio.
Organizar a cadeia produtiva desse segmento resolveria
quatro problemas:
1 - gerar divisas para o Estado e o País;
2 - gerar empregos na região;
3 - controlar o uso e o desmatamento da floresta;
4 - diminuir focos de incêndio.
O princípio
básico do manejo florestal resume-se em retirar
e repor. Abrange as seguintes etapas:
Como fazer o manejo
florestal
- Fazer o inventário
florestal e mapear o estoque de árvores, demarcando
os seus diversos estágios de desenvolvimento
e aquelas prontas para a derruba, de acordo com a
lei, classificando-as nos tipos: branca, vermelha
e nobre.
- Conhecer a legislação vigente (Código
Florestal - Lei 4.771/65; Dec. 1282 de 1994; Portaria
do Ibama 48 de 1995; e autorizar-se, perante o Ibama,
mediante um Plano de Manejo Florestal Sustentável.
- Conhecer o mercado para as madeiras existentes.
No Pará, as madeiras mais procuradas pelas
serrarias são: maçaranduba, pequiá,
tauari, angelim-vermelho, angelim-pedra, pau-amarelo,
ipê, jatobá e goiabão. Já
as indústrias laminadoras preferem: estopeiro,
faveiro, amesclão e sumaúma. Os mercados
consumidores, em ordem decrescente: Nordeste com 43%;
Sudeste com 39%; Sul com 9%; Norte e Centro-Oeste
juntas com 2%; Exterior com 7%.
- Replantar as árvores retiradas. Consultar
a Emater, Embrapa, cooperativa ou empresa especializada
sobre como produzir a muda, ou comprá-la e
informar-se sobre como plantá-la.
- Fazer os tratos silviculturais para favorecer a
regeneração e aumentar a produtividade,
tais como, corte dos cipós, anelamento, desbaste,
retirada dos galhos secos e até pragas, a cada
dois anos.
- Planejar as trilhas para transporte, a fim de que
a derrubada de uma árvore não acarrete
prejuízo para muitas outras. Quanto menos a
mata for agredida, tanto melhor será a regeneração
das árvores.
- Aproveitar todas as partes das árvores retiradas.
- Fazer o controle contábil da exploração
econômica e ambiental.
- Manter vigilância e tomar precauções
para evitar incêndios na área da exploração.
Reflorestamento
social
A Amazônia brasileira
tem cerca de 55 milhões de hectares de áreas
alteradas, onde podem ser plantadas espécies
madeireiras de crescimento rápido para produção
de celulose, madeira, laminados e carvão vegetal.
Para o reflorestamento dessas áreas, em condições
de pleno sol, algumas espécies são mais
indicadas como parapará (Jacaranda copaia),
morototó (Didymopanax morototoni), taxi-branco
(Sclerolobium paniculatum), castanha-do-pará
(Bertholletia excelsa), paricá (Schyzolobium
amazonicum) e araracanga (Aspidosperma desmanthum).
Espécies fruteiras também podem ser
utilizadas como banana, cupuaçu, manga, caju,
taperebá, como ainda palmáceas tais
como pupunha, dendê, açaí e côco,
café, plantas medicinais e pequenos animais,
entre outras, com objetivo de atender ao consumo familiar
e evitar a aquisição de itens passíveis
de serem produzidos na propriedade.
O enriquecimento de florestas secundárias ou
capoeiras pode ser feito usando as espécies
freijó (Cordia goeldiana), tatajuba (Bagassa
guianensis), mogno (Swietenia macrophylla), quaruba
(Vochysia maxima), andiroba (Carapa guianensis) e
morototó (Didymopanax morototoni).
Intensificação
da exploração
Os pequenos proprietários
queimam intencionalmente, tanto as áreas de
pastagem degradada, para limpeza e reforma da pastagem,
quanto as de capoeira (floresta secundária),
onde fazem a agricultura para sua sobrevivência.
No entanto, é possível reduzir, nas
pequenas propriedades, as taxas anuais de desmatamento
e a prática da queimada na Amazônia Legal.
Para isso, são necessárias opções
tecnológicas adaptadas às condições
sócio-econômicas dos produtores rurais.
Como políticas públicas, poderiam ser
consideradas as facilidades para aquisição
de máquinas e implementos adequados à
região, as sementes e sobretudo os corretivos
e fertilizantes, os quais provocariam o aumento da
produção, permitindo a exploração
continuada da mesma área e, como conseqüência,
maior controle das queimadas.
Por exemplo, um pequeno produtor, que derruba e queima
dois hectares (floresta densa ou capoeira) para plantar
sua roça, e os cultiva por dois anos, deixando-os
depois em descanso por dez anos, precisa de 12 hectares
de novas áreas derrubadas, até que ele
volte à primeira área. Se ao invés
de cultivar a área por dois anos, novas recomendações
tecnológicas permitissem o cultivo da área
por três anos, a área total necessária
para completar o ciclo seria de oito hectares, o que
representa uma redução de 30% na área
derrubada e queimada anualmente. Considerando que
existem 600 mil pequenos produtores na Amazônia,
se todos queimarem dois hectares apenas, serão
queimados anualmente 1.200.000 hectares. É
extremamente promissor investir nesse grupo de agricultores,
para diminuir a taxa de queimadas.
Manejo da capoeira
na agricultura de derruba e queima
O estudo de técnicas
de manejo da vegetação secundária,
a chamada capoeira, no contexto da agricultura familiar,
vem sendo realizado na Amazônia como forma de
aumentar a sustentabilidade desse sistema de produção.
Duas tecnologias já foram geradas. Uma trata
do enriquecimento da capoeira com árvores leguminosas,
visando a aumentar a produção de biomassa
durante o período de pousio entre os ciclos
agrícolas, com espécies como Acacia
mangium, Inga edulis e Sclerolobium paniculatum. Enriquecendo
a capoeira, a partir da fase agrícola, é
possível produzir em três anos uma biomassa
igual a uma capoeira tradicional de cinco anos de
idade.
A outra tecnologia alternativa à agricultura
de derruba e queima, diz respeito ao preparo de área
sem o uso do fogo, por meio da trituração
da biomassa da capoeira com a utilização
de uma máquina (Tritucap), que permite incorporar
essa biomassa como cobertura da terra.
As vantagens desse método sem uso do fogo podem
ser traduzidas de diferentes maneiras: diminui a emissão
de carbono para atmosfera, com redução
na contribuição do efeito estufa; permite
ao agricultor o plantio em outras épocas do
ano, diferentes das atuais; e melhora as propriedades
físicas, químicas e biológicas
do solo, entre outras. Mais ainda, a incorporação
da capoeira como biomassa vegetal no solo, além
de ser mais adequado ao uso da terra, diminui a pressão
para a expansão agrícola sobre novas
áreas de florestas.
Cobertura verde ou morta e compostos orgânicos
A introdução de cobertura verde (especialmente
leguminosas, tipo crotalária) ou cobertura
morta (resíduos de culturas não queimadas)
e fabricação de compostos orgânicos
são tecnologias de baixo custo, que abreviam
o tempo de recuperação da capoeira,
aumentando o volume de biomassa.
Maior uso de corretivos
e fertilizantes
Há uma enorme
vantagem no uso das tecnologias intensivas, como adubação
e correção do solo, permitindo o cultivo
na mesma área por vários anos. Elas
também são imprescindíveis para
o sucesso da exploração de vários
produtos recomendados e cultivados na região,
desde as culturas tradicionais de arroz, feijão,
milho e pimenta, até culturas nativas, como
as frutas amazônicas, a pimenta longa e o guaraná,
entre outras.
Maior produtividade
das pastagens
A intensificação
da agricultura traz como conseqüência a
melhoria das pastagens dos pequenos produtores. Ao
fazerem a rotação das áreas utilizadas
com agricultura intensiva com pastagens, cujo solo
teve sua fertilidade melhorada, usando fertilizantes
e corretivo, o produtor terá pastagens mais
produtivas e duradouras. O aumento da produtividade
das pastagens vai contribuir decisivamente para evitar
a tradicional prática do uso do fogo, para
limpeza das pastagens. Com os anos, os ganhos para
o ambiente e o solo serão expressivos, além
de fixar o homem no campo.
Cultivo intensivo
de produtos recomendados
Todas as atividades
a serem exploradas precisam de uma boa análise
e de estudo do mercado, assistência técnica
qualificada, controle de qualidade, constância
na oferta, e, por fim, crédito garantido.
Para a região Amazônica, o leque de produtos
que podem ser cultivados é grande, destacando-se
os seguintes:
· Produção
de essências florestais nativas e exóticas
· Produção de plantas medicinais
· Produção de frutas nativas
e exóticas (cupuaçu, acerola, mangostão,
laranja, banana)
· Produção de mudas
· Seringueira em áreas de escape
· Apicultura
· Produção de Pupunha, para palmito
· Produção de Pimenta-do-reino
· Produção de Castanha do brasil
· Produção de Pimenta longa para
extração de óleo de safrol
· Produção de Abacaxi
· Produção de Caju
· Produção de Açaí
para sucos e palmito
· Produção de Cacau
· Produção de Guaraná
· Produção de Café
· Produção de Dendê
· Produção de Castanha-do-brasil
· Produção de Urucum
· Produção de Peixe
· Criação de pequenos animais
Para cada um desses
produtos, as Unidades da Embrapa na Amazônia
Legal dispõem de informações
tecnológicas. Ajustes deverão ser feitos,
de acordo com as regiões e os sistemas de cultivos
adotados por cada produtor.
Zoneamento agroecológico
O zoneamento agroecológico
é um dos instrumentos mais úteis para
orientar os agricultores sobre como utilizar bem os
recursos naturais de sua propriedade e minimizar os
riscos econômicos e ambientais. O zoneamento
orienta sobre o melhor período de plantar,
o local mais adequado para a agricultura e a pecuária,
a localização da reserva ambiental,
a proteção de fontes e dos mananciais
de água e orienta sobre como diminuir os riscos
de degradação de solos.
A disponibilidade de mapas, em escalas adequadas,
ainda não é de fácil acesso para
todos os municípios do país. Entretanto,
é uma metodologia completamente dominada pela
Embrapa e por outras instituições de
pesquisas, que usam instrumental de alta tecnologia
para elaboração de mapas, com relativa
rapidez.
Programa de Desenvolvimento
Agrícola Municipal (PDAM)
O Programa de Desenvolvimento
Agrícola Municipal (PDAM) é um software
desenvolvido pela Embrapa Informática, que,
aliado ao zoneamento agroecológico, permite
o planejamento agrícola do município,
ou parte dele, considerando sua diversidade agroambiental
e sócio-econômica, e acompanhando o desempenho
agropecuário e ambiental do município.
Trata-se de um instrumento estratégico de fácil
acesso e manuseio, necessitando apenas de um computador
simples e um técnico treinado. O sistema permite
e orienta a coleta de dados, o armazenamento, tratamento,
a análise e sintetização de informações,
para ajudar os tomadores de decisão da agricultura
local. Pode ser usado por prefeituras, sindicatos
rurais, cooperativas ou associações
de produtores.
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COMO
QUEIMAR: A QUEIMADA CONTROLADA
A produção
agrícola na Amazônia exige a remoção
da floresta ou da vegetação secundária,
o que significa desmatar e queimar. Queimar é
o sistema mais barato para limpar uma área,
por isso, é a solução mais adotada.
Mas queimar não significa incêndio. Incêndio
é a queimada sem controle. Na impossibilidade
de se evitar o fogo completamente, há que se
orientar tecnicamente as queimadas necessárias.
A queimada controlada é uma técnica
mundialmente utilizada para a prevenção
de incêndios, só realizada com autorização
do órgão competente. Além de
eliminar a matéria seca dos desmatamentos,
ou o excesso de forragem seca, ou macega, das pastagens
nativas e cultivadas, a queimada orientada tem a grande
função de servir como barreira para
os incêndios naturais ou provocados pelo homem.
A queima controlada só deve ser realizada em
áreas definidas, com isolamento prévio
através de aceiros, onde o fogo orientado é
utilizado como ferramenta para consumir a macega ou
o excesso de material combustível. Funciona
como um método barato de limpeza das pastagens
nativas, favorecendo a rebrota e a germinação
de sementes e melhorando o valor nutritivo e o consumo
de forragem pelos animais domésticos e silvestres.
Aceiros
Aceiros são
faixas, ao longo das cercas ou divisas, cuja vegetação
foi completamente removida da superfície do
solo, com grade ou lâmina acoplada ao trator,
ou com ferramentas manuais, com a finalidade de prevenir
a passagem do fogo e a ocorrência de incêndios
indesejáveis.
Os aceiros são feitos manual ou mecanicamente,
dependendo do tamanho da área ou propriedade
a ser protegida, e da disponibilidade de máquinas
e/ou mão-de-obra.
Ao longo das cercas, é recomendável
que se limpe uma faixa de, pelo menos, 2 metros de
largura, em ambos os lados, para proteger o arame,
evitar a queima de estacas e balancins e reduzir ao
mínimo a chance de perder o controle do fogo.
· Além
de proteger as cercas, o aceiro contém o fogo
Em áreas de
capoeira ou mato e, também, em pastagens, são
feitas 2 faixas limpas, de 2 metros de largura cada,
entremeadas por uma faixa com vegetação
de 4 metros. Primeiro, queima-se esta faixa com vegetação
e depois queima-se o restante da área. Essa
técnica evita que o fogo ultrapasse o aceiro,
provocando incêndios. Como na confecção
desse tipo de aceiro se utiliza a queima controlada,
é necessária a licença do órgão
competente, para o uso do fogo.
· A faixa para
queimada controlada ajuda na contenção
das queimadas
Os aceiros devem ser
feitos no início do período seco, quando
a vegetação começa a secar. É
a época recomendada para prevenir a entrada
do fogo em pastagens e nas matas. Recomenda-se fazer
os aceiros ao longo de cercas divisórias com
outras fazendas, cercas divisórias de pastos
ou invernadas, dentro da fazenda e ao longo das cercas,
junto a estradas rodoviárias.
Dez Mandamentos
da Queimada Controlada
Para se queimar com
racionalidade, é preciso seguir os Dez Mandamentos
da Queimada Controlada.
1) Obter autorização
do Ibama para queima controlada. Documentos necessários:
a) Comprovante de propriedade ou de justa posse do
imóvel onde se realizará a queima; b)
Cópia da autorização de desmatamento
quando legalmente exigida; c) Comunicação
de queima controlada.
2) Reunir e mobilizar os vizinhos, para fazer queimada
controlada e em mutirão, de maneira que um
possa ajudar o outro. Assim, o calor será menor
e o solo será menos impactado com a temperatura.
3) Evitar queimar grandes áreas de uma só
vez, pois as distâncias dificultam o controle
do fogo.
4) Fazer aceiros, observando as características
do terreno e altura da vegetação. Em
terreno inclinado, o fogo se alastra mais rapidamente,
devendo-se construir valas na parte mais baixa, para
evitar que o material em brasa saia da área
queimada. A largura dos aceiros deve ser 2,5 vezes
a altura da vegetação em regiões
de pastagens e/ou Cerrado ou, no mínimo, 3
metros, para o caso de queima controlada.
5) Limpar completamente o aceiro, sem deixar restos
de folhas ou paus, de qualquer natureza, no meio da
faixa.
6) Prestar atenção à força
e direção do vento, à umidade
e às chuvas.
7) Só queimar quando o vento estiver fraco.
Nunca comece um fogo na direção contrária
dos ventos. Inicie no sentido dos ventos. Se a queima
for realizada após as primeiras chuvas, é
possível evitar o risco de o fogo escapar e
evitar os danos causados pelo acúmulo de fumaça
no ar.
8) Queimar em hora fria. De manhã cedo, no
final da tarde, ou à noitinha, é mais
seguro, pois a temperatura é mais baixa e a
vegetação está mais úmida.
9) Nunca deixe árvores altas, sem serem cortadas,
no meio da área a ser queimada. Elas demorarão
a queimar, permitindo que o vento jogue fagulhas à
distância, provocando incêndios em áreas
vizinhas, sobretudo, se forem pastagens.
10) Permaneça na área da queimada, após
o fogo, pelo menos, por duas horas, a fim de verificar
se não haverá pequenos focos de incêndio,
na vizinhança, provocados pelos ventos. Tenha
sempre disponível, para ser utilizado, em caso
de ter de controlar o fogo, o seguinte material: a)
enxada; b) abafador; c) foice; d) bomba costal; e)
baldes com água.
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