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Recursos Hídricos
ÁGUA: ABUNDÂNCIA E ESCASSEZ
 
 

12 de abril de 1961. O Major Yuri A. Gagarin dá a volta completa em torno da Terra em 1 hora e 40 minutos.
"A Terra é azul!". A mensagem remete-nos à proeminência da água. Ela recobre ¾ da superfície do nosso planeta e constitui também ¾ do nosso organismo. Entre todos os elementos que compõem o universo, a água é talvez aquele que melhor simboliza a essência do homem, desempenhando um papel fundamental no nosso equilíbrio. Os oceanos, rios, lagos, geleiras, calotas polares, pântanos e alagados cobrem cerca de 354.200 km² da Terra, e ocupam um volume total de 1.386 milhões de km³. Apenas 2,5% desse reservatório, porém, consiste de água doce, fundamental para a nossa sobrevivência, sendo o restante impróprio para o consumo. Além disso, 68,9% da água doce está na forma sólida, em geleiras, calotas polares e neves eternas. As águas subterrâneas e de outros reservatórios perfazem 30,8%, e a água acessível ao consumo humano, encontrada em rios, lagos e alguns reservatórios subterrâneos, somam apenas 0,3%, ou 100 mil km³. O Brasil tem 12% da concentração mundial de água doce. Por que tal abundância de água não nos protege da sua falta? Haverá mesmo falta d'água na Terra? O óciclo hidrolgico, que compreende o movimento da água em suas várias formas, mantém um fluxo permanente com o volume inalterado desde o nascimento da Terra.

O homem, por sua vez, tem se apropriado dos recursos sem a preocupação de preservar os ciclos naturais, como se a existência da água fosse uma dádiva dos céus. A disponibilidade da água tornou-se limitada pelo comprometimento de sua qualidade. A situação é alarmante: 63% dos depósitos de lixo no país estão em rios, lagos e restingas. Na região metropolitana de São Paulo, metade da água disponível está afetada pelos lixões que não tem qualquer tratamento sanitário. No Rio de Janeiro diminuiu-se a oferta de água para fins de uso doméstico e industrial devido à poluição crescente por esgoto urbano. A Região Norte, que tem a maior reserva de água doce do Brasil, é a que mais contamina os recursos hídricos despejando agrotóxicos, mercúrio dos garimpos e lixo bruto nos rios. Segundo dados do IBGE, de 1999, 70,9% dos brasileiros possuem residência; desse total apenas 75% dispõem de água potável e 59% de rede de esgoto; 94% dos esgotos não são tratados e 80% das doenças são causadas ou disseminadas pela falta de saneamento. A água de má qualidade pode ser fatal. A cada ano as doenças provocadas por ela causam 3 milhões de mortos no mundo, crianças na maioria, e provocam mais de 1 bilhão de enfermidades. A população cresce. Cresce também a competição entre a demanda de água para uso doméstico e industrial e a demanda para a produção agrícola.

O suprimento de água potável em algumas regiões do Brasil depende de fontes subterrâneas. As águas subterrâneas brasileiras estão estimadas em um volume de 112 mil km³. O aqüífero Guarani (ou Botucatu) é a maior reserva de água subterrânea brasileira com uma área de 1,2 milhões de km² e um volume de 48 mil km³. Com 70% dentro do território brasileiro e o restante na Argentina, Paraguai e Uruguai, o aqüífero pode oferecer, em regime auto-sustentável, 43 bilhões de m³ anuais, o suficiente para uma população de 500 milhões de habitantes. O problema é que 16% da área de recarga desse aqüífero está localizada no Estado de São Paulo, em áreas críticas quanto aos riscos de poluição.

O Brasil, além dos problemas de poluição dos reservatórios naturais e dos processos desordenados de urbanização e industrialização, tem como causa da degradação da qualidade da água o desperdício provocado por escoamento defeituoso nas tubulações e o desperdício doméstico. Falta uma maior eficiência política dos governos que estabeleça ações públicas e privadas para um melhor gerenciamento dos recursos hídricos. Baseado nisso, o Banco Mundial adotou alguns procedimentos em nível global para melhoria do gerenciamento da água. Eis alguns: · Incorporar as questões relacionadas com a política e o gerenciamento dos recursos hídricos nas conversações periódicas que mantém com cada país e na formulação estratégica de ajuda aos países onde as questões relacionadas com a água são significativas. Apoiar as medidas para o uso mais eficiente da água.

Dar prioridade à proteção, melhoria e recuperação da qualidade da água e à redução da poluição das águas através de políticas "poluidor-pagador" (quem polui paga, na proporção do dano). · Apoiar os esforços governamentais para descentralizar a administração da água e encorajar a participação do setor privado, a participação das corporações públicas financeiramente autônomas e das associações comunitárias no abastecimento de água aos usuários. · Apoiar programas de treinamento para introduzir reformas nos sistemas de gerenciamento de água. No mês de julho deste ano foi sancionada a lei que cria a Agência Nacional de Águas (ANA).

O Homem, o ambiente e a escassez

Luiz Carlos Soares de Souza Rodrigues Filho
Secretaria de Recursos Hídricos - MMA

Hoje em dia nos acostumamos a acompanhar determinadas ocorrências na natureza com acesso a um número maior de informações, seja pela televisão, rádio ou jornais, e assim estamos sempre sabendo de acidentes climáticos onde quer que esses tenham ocorrido. Lembro-me bem das notícias sobre a falta de areia na praia do Arpoador, na cidade do Rio de Janeiro, e os comentários diversos sobre o que fazer e a razão desse desaparecimento de areia. Pouco, ou nada, foi noticiado sobre o fato de que alguns episódios acontecem e se repetem na natureza, e que, associado a isto, a interferência do homem no espaço, muitas vezes por mero desconhecimento, agudiza o problema.

Estamos passando por uma dessas ocorrências da natureza no que concerne a redução do nível pluviométrico e a conseqüente redução de disponibilidade de água em reservatórios. De tempos em tempos a diminuição do volume de água das chuvas ocorre, assim como o inverso, e sempre de forma irregular sobre o território. Em alguns lugares essa chuva faz falta, em outros ocorre de forma menos freqüente e em menor quantidade, embora continue normal em outras localidades.

Nos dias de hoje, com a ameaça de ficarmos sem luz no inverno devido às nossas hidrelétricas estarem com volume de água insuficiente em seus reservatórios, a pergunta maior é: vai faltar água para consumo? Esta notícia vende instabilidade, incerteza e insegurança. Devemos analisar com calma a questão água.

Em primeiro lugar precisamos situar o problema. Faltar água num planeta onde cerca de 75% de sua superfície é de oceanos, é uma certa loucura. O que estamos passando é por um desperdício enorme de água potável, devolução da água usada em qualidades insuportáveis, além do fato de muitas florestas terem sido derrubadas diminuindo parte significativa do componente de evapo-transpiração e fixação da água no solo.

Nos últimos anos a intensidade de chuvas foi menor que a regular, promovendo assim uma pequena diferença do ciclo das águas. Da mesma forma, a demanda por energia e água aumentou no estado do Rio de Janeiro como conseqüência do crescente fluxo de empreendimentos industriais se instalando em nosso território. Em conjunto, as classes C, D e E apresentaram leve crescimento de renda provocando aumento do consumo de eletroeletrônicos e produtos da linha branca, resultando em maior produção e uso desses bens com conseqüente aumento de demanda por energia e água.

A urbanização do território estadual auxilia a concentração de demanda por água, da mesma forma que o deficiente tratamento de efluentes domésticos e industrias aliados a errônea disposição de lixos urbanos, em sua maioria às margens dos rios, promove a poluição dos corpos de água. Assim, o Estado do Rio de Janeiro já começa a apresentar a escassez de água no período de baixa taxa pluviométrica.

Esse problema de escassez vem a consolidar a importância de se fortalecer a nova forma administrativa dos recursos hídricos trazida pelas leis federal e estadual que introduzem a Política de Recursos Hídricos. A grande inovação no processo de gerenciamento dos recursos hídricos pode ser resumido em alguns pontos. Em primeiro lugar a introdução da bacia hidrográfica como área de gerenciamento, diferente da administração tradicional realizada em distritos, municípios e unidades da federação. Outro importante processo inovador é a inclusão da sociedade civil junto ao poder público na formação de um colegiado chamado de Comitê de Bacias Hidrográficas, organizado democraticamente para gerenciar a água de forma descentralizada, integrada e com a participação de todos os membros da sociedade que estejam envolvidos com o uso da água. Põe último, a cobrança pelo uso da água, agora um bem natural de valor econômico.

O Comitê de Bacia tem a atribuição normativa, deliberativa e consultiva de:
1) definir a qualidade da água dos corpos hídricos da bacia.
2) aprovar o plano de bacia hidrográfica, no qual prioriza as outorgas de uso dos recursos hídricos.
3) propor a constituição de Agências de Água, órgão executivo dos comitês.
4) definir a cobrança pelo uso da água. Conforme define a lei, as determinações do comitê são encaminhadas para aprovação do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, órgão encarregado de supervisionar e promover a implementação das diretrizes da Política Estadual de Recursos Hídricos.

Dessa forma, a água será gerenciada como bem de uso múltiplo, com valor econômico e de forma colegiada, devendo promover a redução de desperdício e o tratamento de seus efluentes (águas usadas). Como todos em um futuro próximo vão estar pagando e obedecendo às normas definidas pelos comitês, a água vai se tornar mais limpa nos rios, lagos, lagoas e reservatórios. Assim, as companhias gastarão menos com o processo de tratamento compensando o custo de uso dos recursos hídricos, até hoje não pago.

A ESCASSEZ DA ÁGUA POTÁVEL NO BRASIL EM CONFLITO COM A DEMANDA CRESCENTE A PARTIR DE 1990

A escassez natural da água doce no mundo, agravada pela poluição, crescimento demográfico e uso desordenado dos recursos naturais, fazem da água um bem econômico a cada dia mais escasso, sendo que sua escassez impede o desenvolvimento de diversas regiões, e as alternativas para aumentar a oferta de água estão tornando-se inviáveis. Neste estudo foi realizado uma análise da escassez da água potável no contexto econômico, verificando o aumento da produção e da população em relação ao consumo de água. Analisou-se também, a tarifação do uso da água, sob a ótica da redução da demanda, apresentando formas de cobrança já utilizadas, inclusive em outros países e a legislação referente ao tema. Foram apresentadas fontes alternativas de abastecimento e suas viabilidades econômicas de implantação, além de analisar a questão da educação ambiental como fator de conscientização da escassez e necessidade de preservação dos recursos hídricos. O estudo foi desenvolvido com base em dados obtidos através de pesquisa bibliográfica especializada e periódicos da área de saneamento e economia, além de dados disponíveis nas páginas da internet. Com este estudo, espera-se contribuir para a adoção de medidas que visam a diminuir o consumo de água potável, seja através da tarifação do uso dos recursos hídricos, ou pela adoção de fontes alternativas de abastecimento, ou ainda pela conscientização através da educação ambiental, amenizando assim as conseqüências da crescente demanda por água doce, conflitando com sua escassez a níveis mundiais.

Aproximadamente 2/3 da superfície de nosso planeta é coberta por água. Essa "abundância" aparente nos tem levado a considerar a água como um elemento barato, abundante e inesgotável. Contudo, do total de água disponível, apenas uma pequena parte é adequada para nosso consumo, pois:

  • 97,0 % é água salgada (oceanos);
  • 2,4 % é água congelada (pólos);
  • 0,6 % é água doce (rios, lagos, lençóis freáticos).

Desse 0,6%, são utilizados 93% na Agricultura; 4% na indústria e apenas 3% nas cidades, para consumo humano.

Devido a essa pequena disponibilidade de água doce e ao contínuo crescimento da população mundial, a Organização das Nações Unidas estimam que no ano 2025 um terço dos países do mundo terão seu desenvolvimento freado pela falta de água. Em 1990, 28 países com um total de 335 milhões de habitantes, já enfrentavam essa situação. Para 2025, estima-se que 46 a 52 países terão esse problema, envolvendo uma população de 2,8 a 3,3 bilhões de habitantes (para uma população total estimada em 8 bilhões).
A escassez é acentuada pelo uso crescente e perdulário de um recurso que já não é mais abundante.
O Brasil tem um dos piores índices de desperdício do mundo. Em Israel são empregados 600 m³ de água
para irrigar um hectare por ano. No Nordeste Brasileiro são utilizados 18.000 m³, ou seja, 30 vezes mais. Nas cidades, as perdas de água potável não são menores. Estima-se que 40% do volume de água tratada seja perdida durante a distribuição, devido a vazamentos nas tubulações.
A esse quadro de escassez soma-se a falta de recursos para tratar a água de forma a torná-la potável e própria para o consumo humano. Hoje, temos tristes estatísticas a esse respeito:

  • Conforme a OMS (Organização Mundial da Saúde), órgão da ONU, 80% das internações hospitalares no mundo são devidas a doenças transmitidas pela água;
  • A cada 8 segundos, morre uma criança no mundo devido a uma das seguintes doenças: diarréia, ascaridíase, dracunculíase, opilação, hepatite, meningite, cólera, febre tifóide, amebíase ou outras, todas provocadas por bacilos ou parasitas existentes em água contaminada. Incluindo os adultos, de 5 a 10 milhões de seres humanos, por ano, são vítimas fatais de doenças transmitidas pela água.

 


Fonte: Inpa
Ibama
MMA – Ministério do Meio Ambiente
Secretarias Estaduais de Meio Ambiente
Pick-upau – 2003 – São Paulo – Brasil

 
 
 
 

 

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