Qual será a relação do artesão
e sua obra? Até aonde podemos separá-los? Até
que ponto um pode dar vida ao outro? Quem observa as obras
de José Roberto Félix, um artesão que
vive no vale do Ribeira, na cidade de Eldorado, facilmente
fará essas perguntas. A dedicação ao
trabalho e a necessidade da sobrevivência fazem com
que Félix crie em suas obras uma visão real,
mas ao mesmo tempo otimista da sociedade. Através de
latas de alumínio, peças de bicicletas, computadores
e outras ferramentas inutilizadas pelo homem, ele cria um
novo mundo a ser consumido. Um 'povo de lata' que mostra sem
nenhuma pretensão os sonhos e as fraquezas de um mundo
globalizado, um mundo que a cada dia descarta o presente.
Aliando a criatividade e a matéria-prima retirada do
lixo, Félix transforma um monte de alumínio
e ferro em peças de decoração que voltam
às casas em forma de arte. O que tinha destino certo:
a lata de lixo, agora ganha destaque em estantes e até
halls.
Os temas são simples: o cotidiano e a natureza, que
por muitas vezes não andam juntos, nas obras de Félix
recebem um acabamento único. O artesão, avesso
às câmeras, pouco fala sobre seu trabalho, prefere
que ela própria se defina. Apesar da matéria-prima,
a princípio ser de fácil aquisição,
Félix, conta que muitas vezes é obrigado a consumir
produtos para obter o material. "Muitas pessoas descartam
o lixo de qualquer jeito, elas não sabem o quanto pode
valer uma latinha", afirma. A equipe do Pick-upau bateu
um papo informal com Félix, confira alguns trechos:
Qual a matéria-prima básica utilizada em suas
obras?
Félix - A matéria-prima que eu utilizo
é basicamente sucata, peças de carro, de bicicleta,
latinha de alumínio, basicamente sucata. Aquilo que
na teoria não serve mais.
E
como você faz para conseguir essa matéria-prima?
Félix - A maioria dessa matéria-prima
o pessoal traz para mim, eles sabem que eu uso, então
quando eles vêem sobrando no quintal deles trazem para
cá.
Suas
peças são bem variadas, tanto em formas como
em tamanhos, mas em média quanto tempo você
leva para produzir uma obra inteira?
Félix - Umas duas horas mais ou menos. Se a
peça for grande, um metro de altura por exemplo e dependendo
da técnica e do material utilizado pode demorar até
cinco horas.
Quais as técnicas utilizadas na confecção
das peças?
Félix - Eu uso solda, isso aqui por exemplo
é só na solda, (Félix mostra à
equipe uma peça [Cristo Crucificado] com cerca de meio
metro de altura feita de peças de carro e barras de
ferro), já peças menores feitas com latas de
alumínio eu uso basicamente a colagem simples.
Há quanto tempo você faz esse trabalho?
Félix - Há 25 anos. Eu trabalhava em
São Paulo, costumava comprar peças de gesso
e recobria com sucata, tipo essa aqui, (Félix mostra
uma cabeça de cavalo parcialmente recoberta com latas
de alumínio e antigas moedas), quando vim para cá,
(Eldorado) comecei a montar as peças, a fazer a peça
inteira, em vez de comprá-la pronta.
De onde vem a inspiração para o seu trabalho?
Félix - A inspiração são
temas regionais, músicos, profissões, santos,
mitologia grega, depende da hora, do estado de espírito.
Mas a temática é mais ou menos esta, o cotidiano.
Apoio
Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo
Revista Eco Turismo
Administração da Caverna do Diabo
Grupo Pé no Mato
Estância Turística de Eldorado
PIT - Posto de Informações Turísticas
Tupinambis
Nota
A Pick-upau é uma organização não-governamental
sem fins lucrativos de caráter sócio-ambiental.
Não indicamos nem prestamos nenhum serviço de
turismo. O Portal Pick-upau é especializado em educação
e jornalismo ambiental, apenas divulgamos cultura regional
e ecoturismo como forma sustentável de desenvolvimento
local.
|