JOSÉ GOLDEMBERG
PROPÕE À ONU, EM NOVA IORQUE, A
ADOÇÃO DE 12% DE ENERGIAS RENOVÁVEIS
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Fevereiro de 2001
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Secretário José
Goldemberg propõe à ONU, em Nova Iorque,
a adoção de 12% de energias renováveis
pelo mundo na próxima década
O Professor José Goldemberg, secretário
do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, conseguiu
incluir na pauta da Rio+10, ou Conferência de Joanesburgo,
a ser realizada em setembro próximo na África
do Sul, uma proposta decisiva para uma melhoria do meio
ambiente e qualidade de vida da Humanidade. Depois de
presidir uma conferência de alto nível sobre
energia, promovida pela Global Enviromnent Facility -
GEF (principal fundo financeiro da ONU para o meio ambiente),
nos dias 29 e 30 de janeiro, em Nova Iorque, teve a oportunidade
de participar da reunião plenária do Prepcom,
ou Conferência Preparatória da também
chamada ECO-2002 - também em Nova Iorque e que
teve início no dia 28 de janeiro, com término
previsto para 08 de fevereiro - , e expôs aos delegados
de 180 países ali representados as razões
pelas quais o restante do mundo deve seguir o exemplo
europeu e adotar, no prazo de uma década, até
12 por cento de energias renováveis em sua matriz
energética, “de forma a diminuir o crescente ritmo
das mudanças climáticas globais, combater
a desigualdade social e reduzir a perigosa vulnerabilidade
de uma matriz energética global quase que inteiramente
dependente de oleodutos, refinarias e poços de
petróleo que depois dos atentados de 11 de setembro
último se converteram em alvos potenciais da escalada
de atos terroristas que nos ameaça”.
“Em síntese”, acrescenta Goldemberg, o plenário
da ONU apoiou uma proposta “que visa acrescentar à
matriz energética mundial outros dez por cento
de energias renováveis, elevando para 12% o consumo
de energia solar, geotérmica, eólica e hidroelétrica,
de biogás ou gás de lixo e de biomassa -
ou seja, de plantações de florestas e cultivos
energéticos como a cana-de-açúcar
- em toda Terra, o que pode revolucionar decisivamente
o mercado internacional de energia e desencadear grandes
oportunidades para países como o Brasil, tanto
em geração de empregos como no incremento
de uma economia sustentável que possa diminuir
a exclusão social ou pobreza graças à
conservação criteriosa do meio ambiente
planetário”.
Com 20 participantes e outros 50 observadores internacionais,
a conferência sobre energia presidida pelo secretário
de Meio Ambiente de São Paulo resultou em recomendações
práticas ou medidas concretas, contrariando a tendência
que leva eventos desse porte a se limitarem a meras sugestões
ou diretrizes abstratas. Para tanto, segundo o professor
Goldemberg, foi decisiva a entrada em vigência de
uma resolução nos 15 países da União
Européia, dispondo sobre a necessidade de elevar
o consumo de energias renováveis de dois para doze
por cento em 2010.
A aprovação da proposta, feita por personalidades
como sir Mark Moody Stuart, presidente da Fundação
Shell britânica e membro do Conselho Empresarial
de Desenvolvimento Sustentável, imprimiu um apoio
entusiástico à medida, que em um primeiro
momento deverá beneficiar cerca de um bilhão
de pessoas que dependem de fogões e fornos a lenha
para a cocção de alimentos. A participação
de outras lideranças empresariais, desde Timothy
Wirth, da Fundação das Nações
Unidas, até Maurice Strong, subsecretário
das Nações Unidas e antigo executivo do
Grupo Brascan (representado pela Light no Brasil), acabou
resultando no apoio maciço às energias renováveis.
Como os maiores detentores destas fontes alternativas
aos combustíveis fósseis são países
pobres ou em desenvolvimento, o mundo inteiro será
beneficiado, tanto por estas fontes representarem opções
mais seguras e descentralizadas que os sistemas energéticos
centralizados movidos a petróleo, quanto pelo impulso
econômico que essa opção renovável
dará aos mercados energéticos mais limpos
ou ecoeficientes, privilegiando o desenvolvimento sustentável
e a redução da pobreza em países
dotados de grandes áreas para plantações
de biomassa ou de bacias hidrográficas ainda passíveis
de aproveitamento hidrelétrico.
“Houve uma espécie de êxtase quando o percentual
de 12% foi adotado pelo plenário da conferência
preparatória da Rio+10”, salienta o Secretário
de Estado paulista, uma vez que além de viabilizar
o crescimento sustentável essas energias renováveis
não agridem o clima, não geram chuvas ácidas
ou deflagram episódios agudos de má qualidade
do ar. “Com a vantagem de serem descentralizadas e imunes
aos ataques terroristas, nossas energias renováveis
vão valer mais, remunerar melhor e causar uma série
de transformações positivas em sociedades
como a nossa, o que nos deixa muito esperançosos
quanto aos frutos da Conferência de Joanesburgo,
que repetindo Estocolmo-72 e a Rio-92, pode diminuir as
desigualdades e aumentar a qualidade de vida dos brasileiros
e da Humanidade”, finaliza Goldemberg.
Fonte: SMA Secretaria Estadual de Meio
Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Reportagem: Randau Marques