Segundo Maria do Rosário Fonseca, da CEAM,
o projeto-piloto implantado na Cidade Tiradentes,
na Zona Leste da Capital, deverá melhorar
o seu desempenho em cerca de 35%, quando a comunidade
dispuser de equipamentos mais adequados para a coleta,
como uma prensa para compactar as garrafas de refrigerantes,
conhecidas como pet.
Hoje, afirma Paulo Rogério dos Santos, um
dos membros da Ação Comunitária
Tiradentes, atuando há mais de um ano no
projeto, esse trabalho é feito com os pés.
"Estamos passando por grandes dificuldades,
mas sabemos que em 2001 vamos conseguir superá-las",
diz, com a esperança de poder até
comprar um caminhão para transportar o lixo
aliviando o trabalho de muita gente que leva a carga
nas costas.
Maria das Graças dos Reis, conhecida como
D. Graça, reforça a esperança
de Rogério fazendo um apelo para as grandes
empresas: "Quem tiver condições
pode nos ajudar com doações para a
compra de máquinas e de um caminhão
velho. O trabalho da Ação Comunitária
Tiradentes, além de ajudar a limpar a cidade,
se preocupa também em educar os jovens adolescentes,
tirando-os da marginalidade, e oferecendo-lhe uma
ocupação." Esse trabalho começou
quando as lideranças comunitárias
da Cidade Tiradentes, preocupadas com o problema
do lixo, procuraram a CEAM para desenvolver um trabalho
de conscientização da população.
Para isso montaram salas de estudos, um grupo de
teatro e cadastraram 26 prédios para realizar
a coleta de lixo, selecionando os vários
tipos de resíduos.
A adesão foi grande, com muitos jovens ajudando
na coleta seletiva. Todas as segundas e sextas-feiras,
o lixo dos prédios cadastrados é recolhido
e armazenado em um terreno, para venda posterior.
Os recursos arrecadados são revertidos para
a própria comunidade. Geladeira, fogões,
roupas e brinquedos também são coletados,
sendo destinados para doações.
Para Rosário, que se entusiasma com os resultados
alcançados, a filosofia do projeto de coleta
seletiva baseia-se no princípio conhecido
como 3R: redução, reutilização
e reciclagem. "Ao reduzir, explica, você
estará evitando o desperdício, pois,
se eu tenho tal produto, para que iria comprá-lo
novamente? E, ao invés de jogar no lixo livros
escolares, roupas ou eletrodomésticos, você
poderia doá-los para quem precisa, fazendo
assim a reutilização."
"A reciclagem, prossegue, transforma um material
velho, cujo destino era o lixo, em um produto novo."
E ela faz um alerta: "O consumo, hoje, é
desenfreado. Por isso, é necessário
fazer um trabalho constante de Educação
Ambiental para reverter essa situação
por meio de atividades como peças de teatro
com bonecos feitos com sucatas de todo tipo."
Com essas atividades, a Secretaria de Estado do
Meio Ambiente, por intermédio da CEAM, procura
mostrar que todos são responsáveis
pelo lixo produzido e pelo seu destino final. Não
basta, simplesmente, colocar o lixo no saquinho
e colocar na lixeira. "O problema não
termina aí", afirma Rosário mostrando
a importância dos projetos de coleta seletiva
na preservação do meio ambiente, separando
material aproveitável do não-aproveitável.
O lixo jogado no meio ambiente pode permanecer por
um longo período sem se degradar. Uma lata
de alumínio, por exemplo, leva mais de mil
anos para desaparecer, o papel de três meses
a vários anos e o jornal pode permanecer
por décadas intacto.
Por causa da importância dessa atividade,
a Secretaria do Meio Ambiente ampliou o projeto,
tendo atendido a 1.818 interessados no ano passado.
É o caso de um condomínio na Zona
Sul da Capital, onde foi implantado o segundo projeto
de coleta seletiva.
A Marion Burin e outras moradoras estavam preocupadas
com a quantidade de lixo gerado no condomínio
e, por isso, resolveram instalar coletores de lixo
apropriados, para cada tipo de resíduo.
Isso acontece desde maio de 1998+. O material -
jornais, revistas, papéis e papelões
e latas de alumínio - é recolhido
pelas funcionárias do prédio, que
ficam com uma parte do dinheiro arrecadado. Outra
parte é doada para a Associação
de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE.
"Tivemos muita sorte, pois o pessoal entendeu
que deveria ser feito alguma coisa e até
hoje funciona muito bem", afirma Marion, que
está satisfeita com a aceitação
do programa de coleta seletiva pela maioria dos
moradores. "No começo foi muito difícil,
fizemos palestras, mas poucas pessoas se interessaram.
Pegamos o manual do projeto "Jogo limpo"
e adaptamos para o nosso condomínio. Com
o tempo as coisas foram melhorando", constata
Marion.
TEMPO
DE DECOMPOSIÇÃO DOS MATERIAIS NA NATUREZA
MATERIAL
|
TEMPO |
Lata de alumínio |
Mais de mil anos |
Papel |
Três meses a vários anos |
Restos orgânicos |
Dois meses a doze meses |
Chiclete |
Cinco anos |
Lata de aço |
Dez anos |
Plástico |
Mais de cem anos |
Madeira |
Seis meses |
Vidro |
Mais de dez mil anos |
Cigarro |
Mais de três meses |
Fonte: SMA – Secretaria Estadual de Meio Ambiente
de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Priscilla Simoni Martini Sampaio
|