Panorama
 
 
 

ENTIDADES PROMOVEM ATO DE REPÚDIO CONTRA
O ASSASSINATO DE DEMA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) Brasil
Agosto de 2001

Amanhã, 31/08, em Altamira (PA), uma série de protestos estão programados para denunciar o contexto de corrupção e violência que culminou no assassinato do coordenador do Movimento pelo Desenvolvimento da Transamazônica e do Xingu, Ademir Federicci e contribuiu para deixar o clima ainda mais tenso naquela região do país.

A manifestação terá início às 9:00 horas, na praça do Mirante, em Altamira, com um ato religioso em homenagem ao líder morto em sua casa no último dia 25/08, conforme notícia do ISA de 28/08. Depois haverá uma caminhada pela cidade rumo ao Mercado Municipal, onde lideranças de movimentos sociais farão protestos contra a situação na Transamazônica (área que engloba doze municípios) e no Baixo Xingu. Centenas de pessoas são esperadas, além de representantes de entidades da sociedade civil organizada, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), parlamentares do PT e do PSB e a governadora em exercício do Amapá, Maria Dalva de Souza Figueiredo. Após a manifestação, uma caravana irá para a cidade de Medicelândia, onde Dema foi enterrado, para homenagens.
Leia abaixo a íntegra da carta que está sendo divulgada pelo Movimento pelo Desenvolvimento da Transamazônica e do Baixo Xingu; a Federação dos Trabalhadores na Agricultura – Regional Transamazônica e Xingu; a Comissão Pastoral da Terra; a Comissão Indigenista; o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Medicilândia; e a Fundação Viver Produzir Preservar:

A Amazônia chora a morte de mais um dos seus defensores nos 30 anos da transamazônica

A morte de Ademir Federicci (Dema) é um alerta doloroso. Os setores democráticos do país devem se posicionar com determinação para evitar que a violência contra o ambiente natural e contra vidas humanas se alastre na região. Dema lutava pela permanência de produtoras e produtores familiares na fronteira do latifúndio na Amazônia Oriental. Contribuindo em processos avançados de uso dos recursos naturais.
A guerra pelo controle dos territórios amazônicos se intensifica. O poder econômico está armado e protegido por 40 anos de financiamento com recursos públicos. Nesta guerra não-oficial o Brasil perdeu Chico Mendes, Canuto, Benezinho, Expedito Ribeiro, Dezinho, Padre Josimo, Reijane, Fusquinha e tantos outros valorosos cidadãos. Mas também avançamos. Os movimentos sociais rurais na Amazônia, ameaçam a base de sustentação desses setores. Mas, para avançar, é preciso que essa luta seja compartilhada com todas as forças democráticas do país.
Na Transamazônica e Baixo Xingu, são cerca de 200 mil hectares de florestas acumuladas, grande parte, queimadas, com financiamento da SUDAM. São aproximadamente R$200 milhões desviados para uma elite de maus empresários, conforme vêm sendo apurado pela Polícia Federal. São três grandes bacias hidrográficas ameaçados pelos impactos de barragens e Hidrovias (Xingu, Tocantins e Tapajós). São aproximadamente 18 milhões de hectares de áreas alteradas cobiçadas pelos plantadores de soja e pela indústria de agrotóxicos no Estado do Pará.
Por trás do discurso de “progresso” do atual governo, um rastro sangrento de destruição. A voracidade da apropriação de terras públicas, a ação ilegal das madeireiras, a conivência do Estado com a economia de rapina, ameaçam as condições de reprodução da natureza e das populações que estão excluídas dos círculos de decisão política.
Foi nesse cenário que o Dema foi assassinado no último sábado, em Altamira (PA). Sindicalista com uma trajetória brilhante nas lutas para humanizar a vida no projeto de colonização na Transamazônica, desde o final dos anos 70, a voz de Dema animou milhares de pessoas para manter a estrada em condições de tráfego, para assegurar educação e saúde e, na última década, para proteger as áreas de florestas, os rios e as terras dos índios da ganância de grileiros e empresas destruidoras.
Dema liderou três caravanas da Transamazônica a Brasília, sendo a última, em 1992, quando 300 pessoas da região escreveram com seus corpos “A Transamazônica não pode esperar” no gramado do Congresso. Fruto desse ato, conseguiram recursos para tirar a rodovia do esquecimento, recuperando a estrada e ampliando os serviços de saúde e educação. Esse foi o grande marco do Movimento pela Sobrevivência na Transamazônica (MPST), do qual Dema foi um dos líderes mais destacados.
Como sindicalista, Dema esteve na frente da luta pelo crédito bancário a partir de 1992, participando das mobilizações em todos os “Gritos do Campo” e “Gritos da Terra Brasil”.
Coordenador do Movimento pelo Desenvolvimento da Transamazônica e Xingu (MDTX, ex-MPST), ele estava à frente de 113 organizações rurais e urbanas, empenhados no projeto conhecido como “Consolidação da Produção Familiar e Contenção dos Desmatamentos na Transamazônica e Xingu”, que envolve 13 municípios. Esse projeto deverá melhorar o padrão técnico de uso das áreas já alteradas, proteger as reservas legais e criar de unidades de conservação nas áreas do Iriri - Xingu, ao norte da Transamazônica, em Porto de Moz e Anapu.
Nos últimos meses, Dema estava liderando as discussões sobre a Barragem de Belo Monte, como coordenador do MDTX. Liderou vários debates questionando a precipitação da Eletronorte na condução dos estudos e na privatização da Usina. Em julho, assinou a carta “SOS XINGU: um chamamento ao bom senso sobre a construção de barragens na Amazônia”.
No dia 23 de agosto, como dirigente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará (Fetagri) ele assinou, junto com quatro outros dirigentes, uma carta de apoio às investigações da Polícia Federal na apuração de desvios nos projetos da Sudam.
Dema foi calado no sábado, dia 25 de agosto, com um tiro na boca. O pistoleiro invadiu seu quarto, onde dormia com o filho mais novo e sua esposa. Uma perda irreparável para a família e para a Amazônia. Deixa quatro filhos e milhares de irmãos na causa que ele defendia. Migrante do Rio Grande do Sul, Dema também é uma síntese da história recente da Amazônia.
Esse fato não pode cair no esquecimento. É preciso fortalecer a solidariedade em torno de uma concepção de desenvolvimento que permita que a Amazônia possa servir à humanidade na plenitude de sua diversidade. Um desenvolvimento com oportunidades para os que vivem nas cidades e áreas rurais, com plena cidadania.
Esperamos como materialização da solidariedade de todos que lutam por um mundo melhor e do governo brasileiro que o sonho do Dema seja realizado. Que sejam protegidas as terras indígenas e as áreas de reservas florestais; que a reforma agrária abra caminhos para novas oportunidades econômicas no campo e na cidade; que não construa mais barragens nos rios da Amazônia; e que os recursos públicos sejam utilizados numa política de desenvolvimento de transformação social com equilíbrio ambiental. Não aceitamos retrocessos, queremos a consolidação do desenvolvimento que proteja este grande pedaço do Brasil.
Quarta-feira, 29 de agosto de 2001. MDTX- Movimento pelo desenvolveimento da Transamazônica e Xingu FETAGRI- Regional Transamazônica e Xingu Comissão Pastoral da Terra Comissão Indigenista Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Medicilândia Fundação Viver Produzir Preservar
A seguir a carta que está sendo divulgada pela Fundação Viver Produzir Preservar para angariar fundos para a campanha:
Altamira, 29 de agosto de 2001.

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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