A proteção dos
fragmentos florestais remanescentes de Mata Atlântica
existentes no território paulista, transformando
esses chamados "núcleos de vida" em
unidades de conservação protegidas, é
uma das prioridades do novo presidente da Fundação
para a Conservação e a Produção
Florestal do Estado de São Paulo - Fundação
Florestal, professor Paulo Nogueira-Neto, que assumiu
hoje (14/3) a direção da instituição,
ao lado da engenheira florestal Antonia Pereira de Ávila
Vio, empossada na diretoria-executiva desse órgão
de fomento da Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
Durante a posse de Paulo Nogueira-Neto, um dos precursores
do ambientalismo no Brasil, o secretário do Meio
Ambiente, professor José Goldemberg, fez questão
de deixar um recado aos dirigentes e técnicos
do sistema ambiental presentes à solenidade,
realizada no auditório da CETESB: "As instituições
vinculadas a esta Secretaria têm a função
primordial de trabalhar pela melhoria do meio ambiente
e não ficar apenas limitadas à prática
de atividades universitárias; em segundo lugar,
quero deixar claro que não terei consideração,
ou não encorajarei ou tolerarei, conflitos entre
as instituições".
Na mesma linha de raciocínio, a nova diretora-executiva
da Fundação Florestal, Antonia Pereira
de Ávila Vio, destacou que seu grande desafio
será "buscar o consenso" entre a instituição
que passa a dirigir a partir de hoje e o Instituto Florestal,
na elaboração de um novo modelo de estrutura
organizacional que permita chegar a resultados mais
positivos em benefício da preservação
ambiental.
O professor Paulo Nogueira-Neto, antes mesmo de assumir
a presidência da Fundação Florestal,
já coordenava um grupo de trabalho dentro da
instituição, que vêm identificando
fragmentos florestais isolados que necessitam ser protegidos.
"Já examinamos 485 fragmentos com área
acima de 100 hectares, devidamente identificados pelo
pesquisador Francisco do Nascimento Kronka, do Instituto
Florestal".
Desses, aproximadamente 110 já estariam aptos
a serem transformados em unidades de conservação.
"Desta maneira, vamos propor ao secretário
Goldemberg a proteção desses fragmentos,
transformando-as em Áreas de Relevante Interesse
Ambiental, um instrumento de primeiros socorros, digamos
assim, que não exigiriam desapropriações",
considerou Nogueira-Neto, entusiasmado com a biodiversidade
existente nos fragmentos florestais paulistas representando
uma riqueza ainda não explorada em termos de
novos medicamentos e outros benefícios para a
sociedade.
Outro projeto em desenvolvimento pela Fundação
Florestal e que deverá ganhar novo fôlego
com a chegada do novo presidente é o Plano de
Desenvolvimento Florestal Sustentável - PDFS,
lançado em 1993, para a recuperação
de quatro milhões de hectares com aptidão
florestal, no prazo de 25 anos.
Para atingir esse objetivo, a Fundação
promove parcerias com órgãos governamentais,
associações ambientalistas, consórcios
de municípios e a iniciativa privada, orientando
atividades como a coleta de sementes e produção
de mudas e oferecendo tecnologia para a implantação
de florestas de produção e de conservação.
Com essa finalidade foi firmado nesta semana, um convênio
com a Prefeitura de São Carlos para a produção
de 600 mil mudas de espécies nativas para atender
o projeto "Plantando o Futuro" e na recuperação
de matas ciliares no município.
Perfil profissional
O professor Paulo Nogueira-Neto, biólogo
e conservacionista de renome internacional, lida com
questões ambientais desde a década de
50. Foi o primeiro secretário Especial do Meio
Ambiente do Governo Federal, tendo criado em doze anos
de trabalho, 3,2 milhões de hectares de áreas
preservadas, distribuídas em 23 estações
e reservas ecológicas distribuídas por
todo o país. Ao sair da SEMA, foi secretário
de Meio Ambiente do Distrito Federal, onde teve a oportunidade
de criar a Área de Proteção Ambiental
de Cafuringa.
De 1983 a 1987, foi membro da Comissão Bruntland
para o Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações
Unidas, como um dos dois representantes da América
Latina. Chefiou ou participou como delegado de várias
delegações oficiais brasileiras ao Exterior,
recebendo a Ordem do Rio Branco. Foi duas vezes eleito
vice-presidente do programa "O Homem e a Biosfera",
da UNESCO. Em 1981, juntamente com Maria Tereza Jorge
Pádua, atualmente assessora direta do secretário
estadual do Meio Ambiente, José Goldemberg; recebeu
o Prêmio Paul Getty, a principal láurea
mundial no campo da conservação da natureza,
e o Prêmio Duke of Edimburg, da WWF Internacional
- World Wildlife Fund of Nature. Foi também distingüido
com a Comenda da Arca Dourada (1983), dos Países
Baixos, pela sua atenção conservacionista.
Nogueira-Neto, professor titular de Ecologia Geral do
Instituto de Biociências da USP, onde se aposentou
em 1992, também foi um dos fundadores do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), ao qual pertence
até hoje como representante de organização
não-governamental. No momento, além de
membro do Conselho de Administração da
CETESB, acumula, ainda, as funções de
vice-presidente no Brasil do WWF e da Fundação
SOS Mata Atlântica.
Antonia Pereira de Ávila Vio já passou
pelo extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Florestal - IBDF, onde participou de comissões
para a elaboração do texto constitucional
do Capítulo de Meio Ambiente; chefiou a Área
de Ecossistemas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA. Em
São Paulo, dirigiu a Coordenadoria de Licenciamento
Ambiental e Proteção dos Recursos Naturais
- CPRN e o Departamento Estadual de Proteção
dos Recursos Naturais - DEPRN, órgãos
vinculados à Secretaria do Meio Ambiente. Atualmente,
estava reintegrada aos quadros do IBAMA, exercendo função
técnica na Área de Ecossistemas.
Fonte: SMA – Secretaria Estadual do
Meio Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa (Renato Alonso)