O governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin, participou hoje (17) no
Memorial da América Latina do último
dia da 7ª Reunião do Comitê Intersessional
do Foro de Ministros de Meio Ambiente da América
Latina e Caribe, e expressou seu apoio à
união dos países representados no
evento, em torno das propostas para a Conferência
de Johannesburgo, a Rio+10, que será realizada
na África do Sul no final de agosto e início
de setembro.
O governador lembrou que a busca de um desenvolvimento
sustentável trouxe uma nova era à
história da humanidade e a necessidade do
aprendizado mútuo entre todos, afirmando
que "se termos chegado tarde ao processo de
industrialização implicou alguns prejuízos,
trouxe-nos o benefício de conhecermos a experiência
dos países do Norte e assim evitar a repetição
dos erros que cometeram no passado durante sua industrialização".
Segundo Alckmin, "nosso continente quer o desenvolvimento
que merece, um desenvolvimento que promova a expansão
das atividades produtivas, que se fundamente na
justiça e que supere a exclusão social,
mas que não comprometa as condições
para um meio ambiente saudável".
O governador ilustrou suas palavras dando como exemplo
a política ambiental adotada no Estado de
São Paulo, com um componente conservacionista,
"preservando o que restou da Mata Atlântica
e os outros recursos naturais do estado", com
a manutenção de 88 parques estaduais
que cobrem uma área de 860 mil hectares.
Ao mesmo tempo, para "impedir que as atividades
urbanas e indústrias gerem poluição
que comprometa a qualidade de vida da população",
desenvolve ações por intermédio
da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, CETESB
e Polícia Militar Ambiental, que exercem
vigilância permanente "para evitar que
o progresso e o desenvolvimento que todos desejamos
comprometam irremediavelmente o meio ambiente em
que vivemos".
Alckmin deu como exemplos de sucesso de gestão
ambiental, nos últimos 20 anos, o saneamento
de Cubatão, "antigamente denominada
Vale da Morte e que hoje é um distrito industrial
modelo" e o fato de, nos últimos 10
anos, "com a introdução do álcool
como substituto parcial ou total da gasolina nos
automóveis, a qualidade do ar na Grande São
Paulo ter melhorado consideravelmente, o que tem
consequências positivas na redução
de ocorrências de doenças respiratórias
e óbitos anuais, especialmente entre crianças
e idosos".
O governador foi além: "diminui a poluição,
melhora o meio ambiente e gera emprego. Aqui, temos
não só carros a álcool, mas
também colocamos álcool na gasolina
em percentuais cada vez maiores. Estamos chegando
a 25% de álcool na gasolina. Em São
Paulo também determinamos que o Governo só
pode comprar carros a álcool', completou,
depois de salientar aos participantes do evento,
que teve como objetivo elaborar uma proposta conjunta
da região na Rio+10.
"Mais e mais estamos convencidos da relevância
dos organismos e das reuniões que objetivam
articular posições comuns relativamente
a interesses regionais", afirmou. "Por
direito da sua população, pelo potencial
que oferece, a América Latina e o Caribe
não podem ser reduzidos a mera condição
de 'jardim botânico' do chamado primeiro mundo.
Nem tampouco arcar com o ônus do processo
predatório que caracterizou o seu crescimento
nos últimos dois séculos", sintetizou
o governador.
Goldemberg defende proposta brasileira
de energia
Também presente no evento,
o secretário estadual do Meio Ambiente, professor
José Goldemberg, enfatizou que a proposta
brasileira na área de energia a ser levada
à Rio+10, com a adoção de energias
renováveis, automaticamente leva ao cumprimento
das metas do Protocolo de Kyoto. "Na medida
em que os diferentes países, sobretudo os
que dependem de energias fósseis, se movimentem
para a utilização de energias renováveis,
as emissões de carbono caírão
automaticamente, reforçando os termos do
Protocolo de Kyoto".
"Por outro lado, continuou
o professor Goldemberg, a utilização
de energias renováveis, como já foi
mencionado pela ministra da Venezuela (Ana Elisa
Osorio) e por outros ministros presentes a este
evento, tem reflexos importantes na área
rural, aumentando a segurança de suprimento
dos diversos países e gerando empregos. O
cultivo de cana-de-açúcar no Estado
de São Paulo é um bom exemplo, gerando
centenas de milhares de empregos, sem contar, como
também já foi lembrado pelo governador
Alckmin, que a utilização de álcool
reduz sensivelmente a poluição".
A proposta brasileira é de que, não
só a Comunidade Européia, mas também
outros países aumentem o consumo de energias
renováveis, atenuando não só
o problema do clima mas muitos outros, e possam
fazer parcerias, trocando cotas de suprimentos renováveis
com outros países. Segundo dados de 1998,
citados por Goldemberg, 80% da energia utilizada
no mundo são combustíveis não-renováveis
(óleo 35%, gás 21% e carvão
23%) e os 20% restantes são energia nuclear
(6,5%), utilizada principalmente nos países
ricos; energia de hidrelétricas, que representa
aproximadamente 2,2%; e a biomassa tradicional utilizada
na África (9,9%), produzida por meio de tecnologias
muito primitivas.
As novas energias renováveis que se espera
que sejam utilizadas mais intensivamente são
a biomassa produzida por meio de tecnologias modernas,
como o álcool e a energia eólica,
que hoje representam 2,2% do consumo mundial. A
expectativa é de que o consumo de energia
renovável seja de 10%, em 2010.