As
empresas do setor têxtil no Estado de São
Paulo vão adotar o Programa de Produção
Mais Limpa desenvolvido pela CETESB - Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental para, por meio
de novas tecnologias, novas plantas industriais e
outras medidas, desenvolver processos produtivos com
menor impacto sobre o meio ambiente.
Pedro
Calado  |
Com
essa finalidade, foi assinado na noite da
última segunda-feira (27/5), no Palácio
dos Bandeirantes, um protocolo estabelecendo
uma parceria entre a Secretaria Estadual do
Meio Ambiente, à qual a CETESB está
vinculada, e as indústrias do setor,
representado pela ABIT - Associação
Brasileira da Indústria Têxtil
e de Confecção.
O governador Geraldo Alckmin, que participou
da solenidade, lembrou que o acordo revela
a modernização do setor, que
tem papel significativo na produção
industrial brasileira e que só em São
Paulo responde por mais de 300 mil empregos.
O projeto, segundo o presidente da ABIT, Paulo
Scaff, começa com a garantia de sucesso,
pois está respaldado pelos números
obtidos nas experiências desenvolvidas
em duas empresas na região de Americana,
no período de 1998 a 2000. Segundo
Scaff, além de diminuição
da geração de resíduos
danosos ao meio ambiente, foi registrada a
redução de 15% no consumo de
água e 8% no consumo de energia elétrica
nos projetos desenvolvidos de forma voluntária
pela Cermatex Indústria de Tecidos
Ltda., localizada em Santa Bárbara
d'Oeste, e a Santista Têxtil S.A, em
Americana. |
"Não há governo
que consiga manter o ambiente limpo, se a sociedade
não participar", reconhece Paulo Scaff,
dizendo-se otimista com relação à
adesão das mais de 3.500 indústrias
do setor, em São Paulo.
O projeto terá a duração inicial
de 24 meses e será implementado em sete etapas,
segundo o presidente da CETESB, Dráusio Barreto.
"A primeira etapa é a da apresentação
do Programa de Produção Mais Limpa
para as empresas interessadas, já que a participação
é voluntária. Depois serão
formalizadas as parcerias com as indústrias
que, de fato, queiram implementar o projeto".
A terceira fase é a da capacitação
técnica dos funcionários das empresas
envolvidas, seguindo-se a implementação
propriamente dita das diretrizes e procedimentos
que resultarão na racionalização
de custos, redução de consumo de insumos
energéticos e de matéria-prima e a
conseqüente redução de resíduos
e efluentes.
Estas etapas, segundo o cronograma apresentado pelo
presidente da CETESB, devem ser sucedidas por consultorias
internacionais, elaboração de relatórios
e seleção dos casos mais significativos
para serem implantados definitivamente.
Projeto-piloto
O projeto-piloto de prevenção
à poluição no setor têxtil,
desenvolvido pela Cermatex e Santista, alcançou
resultados expressivos estimulando a expansão
do programa para todo o setor. Entre as medidas
adotadas pelas duas empresas, com a participação
e orientação da CETESB, figuram a
instalação de válvulas de bloqueio
e torneiras com fechamento automático e a
reutilização de água nos setores
de tinturaria e acabamento dos tecidos, que permitiram
a redução do consumo de água
de 111,22 mil m3/mês, em 1997, para 83,73
mil m3/mês no ano de 2000. Em relação
à produção, o consumo de água
passou de 33,89 l/kg de tecido, para 27,68 l/kg,
no mesmo período.
A substituição de lâmpadas fluorescentes
por lâmpadas de vapor metálico e a
instalação de "timer" para
acionamento da iluminação, por sua
vez, resultaram em economia de 473.500 kW/ano no
consumo de energia elétrica. Outra medida,
adotada na estação de tratamento de
efluentes líquidos, com a coleta e comercialização
da soda cáustica utilizada no processo industrial,
permitiu a redução do consumo de ácido
sulfúrico em aproximadamente 95%.
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