Panorama
 
 
 

‘PACIFICANDO O BRANCO’ – LIVRO INVERTE O
PONTO DE VISTA DO DRAMA DO CONTATO

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Maio de 2002

Artigos reunidos em livro que acaba de ser publicado procuram desvendar como 16 sociedades indígenas contemporâneas da Amazônia (*) compreendem o contato com os brancos.

Leia a seguir, a apresentação que a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha escreveu, resumindo o conteúdo da obra organizada pelos antropólogos Bruce Albert e Alcida Rita Ramos.

"Os sinais precursores são objetos manufaturados e germes. Antes mesmo do contato em carne e osso com os brancos, trava-se uma guerra biológica: não é de espantar que brancos e doenças fiquem indissoluvelmente ligados.

É um remake permanente. Alguns grupos viveram o roteiro há séculos, outros estão só nas primeiras cenas. Mudam os trajes, os atores e a linguagem. Como a tragédia clássica, essa que não se repete como farsa, o primeiro contato é um drama que se entende em qualquer época.

Daí em diante, tudo é particular: cada uma das sociedades indígenas elabora à sua maneira e em vários registros sua entrada na modernidade. Em pensamento, palavras, ações e omissões, cada uma participa da construção de sua história, nossa história.

Por várias vezes, em lugares e momentos diferentes, grupos indígenas declararam ter "pacificado os brancos", arrogando para si a posição de sujeitos e não de vítimas. "Pacificar os brancos" significa várias coisas: situá-los, aos brancos e aos seus objetos, numa visão de mundo, esvaziá-los de sua agressividade, de sua malignidade, de sua letalidade, domesticá-los em suma; mas também entrar em novas relações com eles e reproduzir-se como sociedade, desta vez não contra, e sim através deles, recrutá-los em suma para sua própria continuidade.

Todos esses aspectos - a cosmologia, a história e a política -, contrariamente ao que se usa fazer, são tratados aqui de forma integrada. É essa uma das grandes contribuições deste livro, que fará dele uma referência obrigatória.

Dezesseis sociedades do Norte da Amazônia estão aqui falando de nós fazendo sua própria antropologia. De nós. De nós e de nossas emanações. E o projeto deste livro é entender essa antropologia dos outros, é colocar-nos como objetos de outras subjetividades, é compreender o modo pelo qual somos compreendidos.

A antropologia da última década andou muito entretida com seu umbigo, tentando entender seu entendimento dos "outros", relegados para tanto à posição de ectoplasmas de nossos próprios preconceitos e imaginação. Este livro magistral, esperado há vários anos, é um alívio. Mostra como é fecundo se analisar o trabalho simbólico e político de sociedades indígenas, trabalho que resulta em suas "cosmologias do contato" e na forma específica pela qual se apropriam da história e do mundo contemporâneo. "

Pacificando o branco - Cosmologias do contato no Norte-Amazônico, organizado por Bruce Albert, do Institut de recherche pour le developpement (IRD) e Alcida Rita Ramos da Universidade de Brasília, é uma co-edição da Editora da UNESP (Universidade Estadual Paulista), do IRD (Institut de recherche pour le developpement) e da Imprensa Oficial do Estado, 2002, São Paulo, 531 páginas.

(*) Baniwa, Desana, Arapaço, Ticuna, Matis, Kaxinawá, Wakuénai, Yanomami, Makuxi, Wapishana, Waiwai, Waimiri Atroari, Wayana-Aparai, Waiâpi, Arara, Kali´na

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 
 
 

 

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