No período
de 11000 a 1995, ocorreu o desmatamento de 84.600
hectares de Mata Atlântica, no Estado de São
Paulo. No entanto, uma área de aproximadamente
67.000 hectares apresentou um elevado grau de recuperação,
com a ocorrência de espécies características
desse domínio vegetal.
Segundo o presidente do Instituto Socioambiental,
João Paulo Capobianco, em reunião
realizada hoje (21/6) na Secretaria Estadual do
Meio Ambiente, com representantes de organizações
não-governamentais - ONGs, a capacidade de
regeneração revelada nos domínio
de Mata Atlântica é uma constatação
alentadora diante da devastação que
esse tipo de cobertura sofreu desde a descoberta
do Brasil, em 1500, mas especialmente no século
passado. "Um programa de fomento, disse, com
os conhecimentos e técnicas disponíveis,
permitiria a recuperação de áreas
mais extensas para compensar o déficit florestal
hoje existente em nosso Estado." O ambientalista
lembra que a ratificação do Protocolo
de Kyoto, pelo governo brasileiro, representa o
desejo de que o acordo entre em vigor antes mesmo
da realização da Rio+10, em Johannesburgo,
na África do Sul.
Isso possibilitaria a implementação
de programas de reflorestamento para recompor matas
nativas, para a comercialização de
créditos por seqüestro de carbono, beneficiando
empreendimentos florestais em nosso país.
Devastação
A Mata Atlântica cobria,
à época do descobrimento do Brasil,
uma área de 1.306.421 km2, que correspondia
a 15% do território brasileiro. Hoje, em
conseqüência da devastação
sofrida, restaram apenas 7,61% da área original,
ou 99.466 km2, que correspondem a 2,90% do território.
Em São Paulo, dos 197.823 km2 originais restam
somente 17.916 km2, ou 7,61% da Mata Atlântica
que cobria o Estado há cinco séculos.
Estes dados foram relatados pelo presidente do Instituto
Socioambiental, João Paulo Capobianco, advertindo
para a situação em que se encontram
os remanescentes de Mata Atlântica no Brasil.
Os maiores contínuos ainda se encontram em
São Paulo, na região do Vale do Ribeira.
O professor Paulo Nogueira-Neto, presidente da Fundação
Florestal, órgão da Secretaria Estadual
do Meio Ambiente, também presente ao debate,
ressaltou que está sendo desenvolvido um
trabalho para salvar 485 fragmentos florestais já
identificados no Estado de São Paulo, numa
área que se estende de Jundiaí ao
Rio Paraná.
Esses fragmentos deverão ser transformados
em ARIEs - Áreas de Relevante Interesse Ecológico,
que não exigem desapropriações,
tratando-se de tombamentos em que o proprietário
poderá desenvolver algumas atividades como
ecoturismo, ou mesmo criações de gado
em pequena escala.