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CORTES NO ORÇAMENTO, INSTABILIDADE ELEITORAL E PROJETOS APROVADOS A TOQUE DE CAIXA MARCAM O FIM DO GOVERNO FHC

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2002

Hoje, Dia Internacional do Meio Ambiente, não há muito para comemorar. Enquanto o Congresso vem trabalhando em dobro para agradar as bases do governo FHC, as ONGs estão mobilizadas, de olho não só nos projetos desengavetados, contrários à causa socioambiental, como nos que precisam ser aprovados - caso do Projeto de Lei da Mata Atlântica - e ratificados, como Protocolo de Kyoto e a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

O balanço das ações governamentais relacionadas ao meio ambiente, que deverá acontecer na Rio + 10 - Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável - em Johanesburgo, África do Sul, tem levado o governo a trabalhar pela aprovação de projetos que possam enriquecer sua prestação de contas à sociedade na área ambiental. É o caso especialmente da urgência em ratificar o Protocolo de Kyoto, atualmente em tramitação no Senado Federal.

Parados há anos nas Comissões do Senado e da Câmara, muitos projetos de lei voltaram à pauta nos últimos meses. Um deles foi o da Mata Atlântica, que tramita desde 1992 no Congresso. O risco era que ele fosse aprovado na Comissão de Constituição e Justiça com as alterações propostas pelo relator, deputado Fernando Coruja. A Rede de ONGs da Mata Atlântica mobilizou todos os esforços para que o relator acatasse as emendas apresentadas pelo deputado e ex-ministro José Sarney Filho. E foi o que aconteceu em 28/05. De acordo com Sarney Filho, o projeto deverá passar sem problemas pelo plenário da Câmara.

Não é o que os socioambientalistas esperam que aconteça com outros projetos. É que setores contrários à causa socioambiental têm se aproveitado da instabilidade eleitoral do governo para aprovar projetos a toque de caixa nas Comissões do Congresso. Exemplos de aprovações recentes que favoreceram interesses prejudiciais ao meio ambiente e aos direitos indígenas, não faltam. Foi o caso da Proposta de Emenda Constitucional do senador Mozarildo Cavalcanti, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça, em abril. O texto modifica o Artigo 231 da Constituição ao limitar a extensão de áreas dos estados que possam ser reconhecidas como terra indígena (TI) ou unidade de conservação (UC). Outro exemplo preocupante é o projeto de lei que estabelece a parceria agrícola em terras indígenas (TIs) e que pode ser aprovado por Comissões no Congresso, sem ter de passar pelo plenário da Câmara.

Convenção da OIT, Código Florestal e outros estão na lista

O Brasil também não ratificou ainda a Convenção 169 da OIT, de 1989, que em uma de suas partes, trata de direitos indígenas e tribais. Da mesma forma que o Artigo 231 da Constituição Federal, a Convenção da OIT reconhece aos povos indígenas o direito de viver de acordo com sua cultura.

Também estava na pauta da Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da Câmara, outro PL perigoso, o da Mineração em Terras Indígenas, proposto pelo senador Romero Jucá, que tramita no Congresso desde 1995. Ontem, 04/06, felizmente, foi retirado da agenda da Câmara pelo presidente da Comissão, deputado Pinheiro Landim. Ele alegou que o PL gerou manifestações de protesto tanto de ONGs quanto de povos indígenas e da sociedade em geral e deveria sair da pauta. Romero Jucá propunha em seu projeto o estabelecimento de regras para a atividade minerária empresarial em terras indígenas (TIs). Além de contrariar os interesses indígenas, essa questão está no novo texto do Estatuto dos Povos Indígenas e é nesse âmbito que deve ser tratada. O Estatuto, aliás, é outro caso exemplar. Apesar de o governo ter tido a iniciativa de enviá-lo ao Congresso e aos povos indígenas, em abril de 2000, o novo texto continua na gaveta.

A MP 2166, do Código Florestal, é outra preocupação das ONGs ambientalistas que diante de rumores de que a bancada ruralista e parlamentares de Rondônia estariam articulando alterações à MP enviaram carta ao presidente FHC manifestando seus temores. Afinal, o texto final, resultado de consenso, foi exaustivamente discutido pela sociedade civil.

Por conta dessa carta, o Diário da Amazônia de ontem (04/06) trazia uma declaração do senador Mendes Moreira, afirmando que se o governo não atendesse às reivindicações de Rondônia em duas semanas - de incluir o mapeamento sócio-econômico e ecológico como instrumento norteador para o desmatamento e preservação na MP 2166 - haveria "desobediência civil" no estado. A desobediência civil é um ato deliberado expressamente contra a lei.

Vale lembrar também o polêmico tema do acesso aos recursos genéticos e aos conhecimentos tradicionais associados e da repartição de benefícios derivada do uso dos recursos genéticos. A MP que instituía um Conselho de Gestão do Patrimônio Genético para cuidar da questão tornou-se decreto em setembro do ano passado. No entanto, excluiu a sociedade civil, que não tem um representante sequer no Conselho. Quem quiser participar das reuniões como observador tem de se submeter a regras burocráticas, como inscrever-se com dez dias de antecedência.

O jogo de interesses que reina no Legislativo também está instalado no Executivo. Os cortes que o governo federal vem promovendo em seus ministérios, o do Meio Ambiente inclusive, por conta da não-aprovação da prorrogação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) pelo Congresso estão inviabilizando ações, projetos e colocando em risco conquistas obtidas a duras penas - resultado de muita negociação e inúmeras idas e vindas.

Segundo estudo realizado pelo Inesc (Instituto de Estudo Socioeconômicos), os cortes realizados no Ministério do Meio Ambiente podem inviabilizar qualquer política ambiental no Brasil em 2002. Não é para menos. O levantamento mostra que a verba aprovada para este ano, de R$ 1,040 bilhão, foi reduzida para R$ 341,7 milhões, ou seja, um terço apenas do que estava planejado.O estudo mostrou ainda que até 10 de maio, 21 projetos ambientais administrados pela União, receberam em conjunto 1,86% dos recursos previstos no Orçamento deste ano. Para um governo que quer enriquecer sua prestação contas na área ambiental, os números finais podem representar um fracasso, além de ser um péssimo cartão de visitas a ser levado à Rio + 10.

 
 
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa
 
 
 
 
 
 

 

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