A qualidade
do ar no Condomínio Residencial Barão
de Mauá, localizado no Parque São
Vicente, no Município de Mauá, em
cujo subsolo foi constatada a existência de
resíduos industriais perigosos, que provocavam
emanações de gases com elevado grau
de explosividade e toxicidade, não apresenta
hoje diferenças relevantes em relação
à área externa tomada como referência.
Toda a área do condomínio tem sido
alvo de intensas ações de fiscalização
e monitoramento da CETESB - Companhia de Tecnologia
de Saneamento Ambiental, após a constatação,
há cerca de um ano, da grave contaminação
do solo abaixo de alguns dos edifícios de
apartamentos, por substâncias como o benzeno
(considerado cancerígeno), clorobenzeno,
trimetilbenzeno e decano, entre outras substâncias
tóxicas.
Segundo relatório da CETESB, apresentado
na segunda-feira (15/7) aos condôminos, não
há evidências de fontes significativas
de compostos orgânicos voláteis químicos
na área residencial. Tanto o 1,3,5-trimetilbenzeno,
com valor médio de 1,33 micrograma/m3 dentro
e 1,30 micrograma/m3 fora do condomínio,
como o clorobenzeno, com valores inferiores a 1,33
micrograma/m3 em todas as 141 amostras analisadas,
apresentaram concentrações abaixo
do limite de detecção do método.
Com relação ao tolueno, com 8,08 microgramas/m3
dentro e 7,07 microgramas/m3 fora do condomínio,
os valores registrados se encontram abaixo do valor
médio, de 35,3 microgramas/m3, encontrado
em estudo na Região Metropolitana de São
Paulo. Compostos como o n-decano/1,2,4-trimetilbenzeno
apresentaram níveis baixos, próximos
do limite de detecção.
Avaliações em apartamentos
habitados revelaram que as concentrações
de benzeno que, dentre os compostos analisados,
é o que apresenta maior risco à saúde,
são similares às encontradas na área
externa do condomínio, o mesmo ocorrendo
com o 1,3,5-trimetilbenzeno e o clorobenzeno. Apenas
as concentrações de n-decano/1,2,4-trimetilbenzeno
foram ligeiramente superiores aos valores encontrados
nos ambientes externos.
Níveis de explosividade
diminuíram significativamente
Em janeiro, monitoramento realizado
em treze poços de visita nas redes subterrâneas
de águas pluviais e de esgotos revelava a
existência de elevado grau de explosividade.
A partir de fevereiro houve significativa redução
nos índices. Essa tendência se acentuou
em março e em abril, com a eliminação
dos gases e vapores inflamáveis. Mas segundo
o relatório da CETESB, ainda não é
possível afirmar que o processo de geração
de gases no subsolo tenha cessado.
Atendendo às exigências da CETESB,
a SQG Empreendimentos e Construções
Ltda., empreendedora do projeto, realiza o monitoramento
diário dos índices de explosividade
em 64 pontos localizados em caixas de passagem de
água, esgoto e casa de bombas.
Exigências
Além da avaliação
da qualidade do ar, implantação de
sistemas de extração e tratamento
de gases e avaliação ambiental da
área, com o levantamento geofísico
e elaboração de laudos analíticos
que foram exigidas na primeira fase de controle,
a CETESB impôs novas exigências a serem
cumpridas no prazo de 30 a 60 dias.
Nos edifícios construídos na área
de deposição de resíduos ou
que se encontram sobre as plumas mais concentradas
de substâncias orgânicas voláteis,
a SQG deverá, entre outras medidas, inspecionar
e reforçar a vedação nas tubulações
de água, eletricidade, telefonia e esgoto,
bem como nos pisos do andar térreo, além
do piso e paredes dos poços dos elevadores.
O sistema de extração de gases deverá
revisado e ampliado, reforçando as tubulações,
especialmente nas juntas, além de providências
como o reposicionamento dos ventiladores para uma
melhor eficiência.
O sistema de controle dos níveis de explosividade
também deverá ser revisto, com a inclusão
de pontos situados nos poços dos elevadores
dos prédios construídos sobre os resíduos.
As áreas que apresentam resíduos expostos
deverão ser recobertas com uma camada de
solo compactado, com o devido detalhamento quanto
ao material, granulometria, espessura e outros dados,
restringindo-se o uso desses espaços. As
áreas de recreação infantil
deverão ter o solo original substituído
por uma camada de 1,5 m de argila compactada, estando
proibida a introdução de brinquedos
que possam perfurar essa proteção.
A CETESB exigiu, ainda, um novo estudo para o acompanhamento
dos níveis de concentração
dos poluentes já monitorados, com um total
de 55 amostragens, além de novas pesquisas
para o adequado diagnóstico da qualidade
do ar no condomínio.