Durante setembro e outubro próximos,
pesquisadores de várias instituições
brasileiras, em colaboração com instituições
de pesquisa estrangeiras, estarão envolvidos
em uma grande campanha científica no estado
de Rondônia para estudar os impactos das queimadas
e desmatamento durante a fase de transição
do período de seca para o chuvoso.
O tema foi apresentado hoje, no terceiro dia da
II Conferência Científica Internacional
do Experimento de Grande Escala da Biofesra-Atmosfera
na Amazônia (LBA), que se realiza em Manaus
(AM). A pesquisadora da Universidade de São
Paulo (USP), Maria Assunção Dias,
responsável pelo Física do Clima,
um dos sete componentes do LBA, ressaltou que em
áreas desmatadas, convertidas em pastagens,
a chuva cai em menor quantidade em relação
a regiões de floresta. Segundo ela, a floresta
amazônica depende da chuva para se manter.
Em contrapartida, a floresta contribui na formação
de chuva, resultando um equilíbrio natural
perfeito. "Trocar áreas de floresta
por pastos altera essa sintonia. Entre as principais
conseqüências desta alteração
está a mudança no regime de chuva
na região", ressaltou.
Até a implementação dos projetos
do LBA, em 1998, diversas campanhas científicas
foram feitas na região focando o período
de seca. Em 1999, o LBA realizou uma grande campanha
em Rondônia, com o objetivo de coletar dados
durante o período chuvoso, quando se constatou
um menor volume de chuva em áreas impactadas
pela ação do homem. Desta vez, afirma
Maria Assunção, "a idéia
é centralizar os estudos no período
de transição entre os dois períodos
(de seca e chuva), ampliando a coleta de dados e
o número de parâmetros atmosféricos
sobre este processo."
A campanha terá financiamento de R$ 2,7 milhões,
sendo R$ 1 milhão da Fundação
de Amparo à Pesquisa de São Paulo
(Fapesp), R$ 1 milhão da Comunidade Européia,
R$ 500 mil do Ministério da Ciência
e Tecnologia (MCT) e R$ 200 mil da agência
espacial norte-americana Nasa. Em janeiro de 2003,
acrescenta a pesquisadora, será realizada
outra campanha, denominada "Jatos de Baixo
Nível Sul-americanos" (SALLJ), que estudará
a influência de correntes de umidade, que
percorrem um corredor ligando a Bacia do Prata à
Bacia Amazônica, para o clima da região.
O projeto LBA é uma cooperação
internacional liderada pelo Brasil, sob coordenação
da Secretaria de Políticas e Programas de
Ciência e Tecnologia (SEPCT), do MCT, com
o objetivo de criar conhecimentos científicos
acerca do funcionamento do ecossistema amazônico.
O Experimento LBA está dividido em sete componentes
principais: Clima Físico; Ciclos Biogeoquímicos;
Química da Atmosfera; Ciclagem e Armazenamento
de Carbono; Hidrometeorologia; Uso e Cobertura da
Terra; e Dimensões Humanas.