O professor José Goldemberg,
secretário do Meio Ambiente do Estado de
São Paulo, conseguiu o apoio do Governo francês
à proposta brasileira de aumento do uso de
energias renováveis modernas em todos os
países do mundo, que passaria da fração
atual de 2% para 10% em 2010.
Convidado a participar de um encontro preparatório
à Conferência de Joanesburgo na cidade
francesa de Rennes, no início da semana,
Goldemberg foi recebido em audiência pela
ministra de Desenvolvimento Sustentável da
França, Tokia Saïf, que manifestou seu
apoio à proposição brasileira,
que se originou na Secretaria do Meio Ambiente paulista
e é coerente com as propostas da União
Européia.
No encontro, do qual participaram mais de 500 representantes
da indústria, poder público e ONGs
francesas e dos países francófonos,
o secretário do Meio Ambiente fez um retrospecto
da questão ambiental desde a Eco-92. Deixou
claro que se as Nações Unidas colocarem
em vigor a determinação de acrescentar
mais 8% de energias renováveis à matriz
energética que move e aquece o mundo, no
prazo de uma década, os benefícios
e vantagens advindos poderão propiciar a
criação de novas oportunidades de
trabalho em comunidades rurais, oferecendo possibilidades
de manufatura local, contribuindo ainda para aumentar
a segurança do suprimento energético,
já que estas energias renováveis não
requerem importação, como é
o caso do petróleo e derivados.
A utilização de fontes de energia
locais, além de propiciar o acesso à
água limpa e potável e a alimentos
cozidos, viabilizaria a redução do
tempo gasto pelas mulheres e crianças com
atividades básicas de sobrevivência,
como a procura de lenha para o fogo, busca de água
etc.; assim como democratizaria o acesso à
iluminação que permite o estudo em
casa, aumenta a segurança e reduz o desmatamento
para cocção de alimentos.
"Além de serem excelentes criadoras
de emprego", sintetizou Goldemberg, pouco antes
de obter a promessa de apoio da França à
proposta, depois que esta foi encampada pela iniciativa
privada francesa e pelas organizações
não-governamentais reunidas em Rennes. O
secretário lembrou ainda que a proposta contribui
para aumentar a diversidade do suprimento de energia,
assegurando o suprimento de energia sustentável
a longo prazo e reduzindo as emissões atmosféricas
(local, regional e global).