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MORRE EM BRASÍLIA O CACIQUE XAVANTE E
EX-DEPUTADO FEDERAL MÁRIO JURUNA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Julho de 2002

Mário Dzuru’rã, mais conhecido como ‘Juruna’, foi o primeiro e único índio a chegar ao Congresso Nacional. Eleito deputado federal (1983-1986) pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista) de Leonel Brizola, tornou-se famoso e popular. Se de um lado era aclamado por suas investidas na defesa dos direitos indígenas, de outro foi motivo de chacotas e preconceito.

Vítima de uma diabetes crônica, Juruna morreu ontem (17/07) no hospital Santa Lúcia, em Brasília, onde estava internado, por conta de complicações da doença. Vindo da aldeia Namunkurá, situada em Barra do Garças, na área indígena São Marcos (MT), foi precursor e representante máximo de um estilo de política indígena vigente no Brasil, no qual os índios ingressam nas estruturas da sociedade dos brancos, investem no domínio de seus códigos culturais e procuram reverter umas e outros em seu favor.

O xavante apareceu na cena política brasileira na década de 1970, quando passou a transitar por Brasília em busca de melhorias para seu povo e logo engajou-se no nascente movimento indígena no Brasil, que viria a projetar, igualmente, figuras como Álvaro Tukano, Aílton Krenak, Davi Yanomami e Marcos Terena. Juruna ficou conhecido por levar consigo um gravador, recurso que utilizava para registrar declarações de não-índios e cobrar coerência entre falas e ações de personalidades políticas brasileiras. Em 1980, enfrentou a proibição do governo que o impedia, como índio, a viajar ao exterior. Filiado ao PDT, candidatou-se à Câmara Federal em 1982, elegendo-se pelo Rio de Janeiro, com mais de 30 mil votos.

Deputado do partido de Leonel Brizola e do antropólogo Darcy Ribeiro, Juruna prenunciou um amplo movimento de ingresso de índios na política institucional-partidária do país. Até hoje, entretanto, permanece sendo o único índio a ter chegado ao parlamento federal brasileiro.

Em sua trajetória acumulam-se aspectos variados. Aclamado como exemplo de sucesso e representante do movimento indígena nas esferas do poder federal, também foi motivo de chacota e objeto de preconceito, com seu gravador sempre em punho e seu português compreensivelmente falho. Ocupando posição propícia para encabeçar lutas indígenas e indigenistas mais amplas que as relativas à sua própria etnia, sofreu, muitas vezes, críticas destes mesmos setores e de outras parcelas do povo Xavante. Às vezes atrelado às formas clientelistas e fisiológicas de se fazer política no Brasil, exemplificadas, sobretudo, pelas negociações envolvendo cargos e favores no interior da Funai (Fundação Nacional do Índio), também foi um notório e importante defensor dos direitos indígenas.

Encerrada a legislatura de 1983-1986, Juruna não conseguiu se reeleger. Em 1994, transferiu seu domicílio eleitoral para o Distrito Federal mas teve nova candidatura fracassada. Com dificuldades de locomoção, o ex-deputado e líder indígena, que andava de cadeira de rodas nos últimos tempos, estava morando em Guará, cidade-satélite de Brasília. Era apoiado financeiramente pelo PDT e recebia uma pensão vitalícia da União. Sua residência no Distrito Federal era um exemplo de um processo cada vez mais visível na realidade indígena brasileira: a constituição de bases de apoio e hospedagem para familiares e outros índios dispostos a morar, em caráter temporário ou mais permanente, em meios urbanos.
Se Juruna faz parte da recente história política brasileira, quem deve estar mais abatido com sua morte são, decerto, jovens lideranças indígenas, não apenas xavantes, que tinham nele um foco de inspiração e referência.

 
 
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Fernando Fedola L. B. Vianna)
 
 
 
 
 
 

 

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