As
populações tradicionais das Reservas Extrativistas
(Resex) poderão criar animais silvestres destinados
à alimentação e comercialização.
Trata-se de uma proposta inédita cujo objetivo
é aumentar a oferta de proteína para os
habitantes das reservas e permitir a geração
de renda com a venda do excedente de animais que serão
criados em regime semi-intensivo (animais soltos em
grandes áreas fechadas). Os projetos-piloto serão
implantados nas Resex Tapajós-Arapiuns, no Pará,
e Cazumbá-Iracema, no Acre. A infra-estrutura
para receber o projeto já está quase pronta.
As espécies utilizadas inicialmente serão
a capivara e a queixada, cujas carnes apresentam baixos
teores de gordura e grande apelo mercadológico.
Para atender à legislação ambiental,
as reservas deverão se ajustar à legislação
dos criadouros comerciais. A implantação
do projeto será responsabilidade do Centro Nacional
de Populações Tradicionais - CNPT/Ibama.
No Brasil, existem 24 Reservas Extrativistas que somam
quase 5 milhões de hectares de áreas protegidas
- 4.122 milhões só na Amazônia -,
onde a exploração dos recursos naturais
segue os parâmetros sustentáveis, as famílias
têm garantia à terra, as comunidades são
organizadas e capacitadas, a cultura é preservada
e o meio ambiente conservado para as gerações
futuras. Mais de 50 mil pessoas se beneficiam diretamente
com a existência das reservas extrativistas no
país.
"A criação de animais silvestres
para a população das reservas representa
uma importante alternativa alimentar e condição
para que a fauna da região se recupere, pois,
mesmo com a finalidade exclusiva da subsistência
(tolerada por lei), pratica-se uma modalidade de caça
que pode comprometer o futuro das espécies nativas,
pois é feita sem a devida orientação
técnica", afirma o chefe do CNPT, Atanagildo
de Deus Matos.
Pesquisas demonstram que 22% a 77% (53% na média)
da dieta alimentar das comunidades extrativistas é
suprida pela caça. Segundo Atanagildo, os planos
de manejo que serão implantados nas reservas
garantirão a manutenção ou mesmo
a ampliação das populações
de animais nativos de cada região. Nenhuma espécie
ameaçada de extinção será
usada nas reservas.
O CNPT já está treinando os moradores
das reservas para a prática correta do manejo
de animais silvestres. Antes da implantação
efetiva do projeto, os técnicos fazem um amplo
levantamento das espécies e da população
de animais existentes. Depois de iniciar a atividade,
continuam a monitorar os animais com o objetivo de identificar
e controlar os impactos ambientais. Com o acesso regularizado,
espera-se que haja a recuperação de muitas
espécies. Um amplo trabalho de informação
e educação ambiental ocorrerá durante
o desenvolvimento dos projetos.
Fonte:
Ibama (www.ibama.gov.br)
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