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COOPERATIVA DE GURUPÁ (PA) É INVÁLIDA POR MADEIREIRO

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2002

A área invadida havia sido concedida pela Câmara de Vereadores daquele município à Cooperativa Mista Agro-Extrativista de Gurupá (Coomag) para a instalação de uma unidade de beneficiamento de produtos do manejo sustentável.Organizações sociais da região protestam contra a agressão por meio de carta aberta, que reproduzimos a seguir.

MADEIREIRO INVADE TERRA DA COOPERATIVA DOS TRABALHADORES DE GURUPÁ (PA)

"Alguns anos atrás, cerca de 350 famílias de pequenos produtores rurais foram financiados pelo Banco da Amazônia (BASA), através da linha de crédito FNO/PRODEX [Fundo Constitucional de Financiamento do Norte / Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo], para entre outros, trabalharem o manejo de açaizais nativos. Dada a necessidade de agregar valor à sua produção, surgiu a necessidade de instalação de agroindústria de conserva de palmito e uma cozinha industrial para o processamento de polpa de açaí. Para tanto a Cooperativa Mista Agro-Extrativista de Gurupá (COOMAG), junto com seus parceiros, buscaram nos órgãos ambientais a aprovação de planos de manejo sustentável dos açaizais nativos e a certificação florestal (FSC), e nas instituições financeiras e entidades de cooperação recursos para a implantação desta fábrica.

Durante cerca de três anos, sem sucesso, a Cooperativa buscou um terreno para a instalação deste empreendimento junto à administração municipal. No início de 2002, já nesta atual administração de Gurupá e através da parceria que temos com a FASE (Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional), foi contatado um engenheiro civil, Dr. André, que por duas vezes esteve em Gurupá e, junto com os responsáveis da Prefeitura e lideranças do município, indicaram que o local que respondia ao exigido para a instalação de uma indústria de produção de alimentos era um terreno que estava sob a guarda da Comunidade Nossa Senhora da Conceição, no Bairro Xingu.

Reunimo-nos com os comunitários do bairro, apresentamo-lhes o projeto e eles ficaram muito satisfeitos devido ao fato do empreendimento trazer-lhes benefícios. A partir de então trabalhamos para requerer legalmente o terreno que pertence ao patrimônio municipal. Felizmente no dia 10 de maio de 2002, a Câmara de Vereadores, através da Lei Municipal nº 896/2002, concedeu para a Cooperativa este terreno, com uma área de 956 m2, para a instalação da indústria.

Para nossa surpresa, na madrugada do dia 29 de julho último, o madeireiro Max José Campos Alves, sobrinho do madeireiro e prefeito do município de Porto de Moz (PA), Sr. Gerson Campos, e companheiro da Defensora Pública da Comarca de Gurupá, Sra. Nelcinei de Souza Fernandes, invadiu o terreno da Cooperativa, alegando que iria montar ali uma serraria. Serraria esta que há vários anos funciona na foz do Rio Baquiá Branco sem a devida licença do órgão ambiental e sem plano de manejo florestal (com coordenadas -00'59'56.3 S. -051'19'40.7 W, no município de Gurupá).

Diante desta agressão, a Cooperativa tentou por todos os meios negociar com o invasor para que o mesmo desocupasse a área, inclusive envolvendo o executivo municipal que lhe ofereceu área do patrimônio municipal para implantação do empreendimento, exigindo, no entanto, que lhe fosse apresentado o projeto de sua instalação. O invasor chegou a aceitar esta proposta mas, no dia seguinte, continuou com seus trabalhadores limpando e cercando a área da Cooperativa, inclusive derrubando árvores frutíferas, como goiabeiras, murucizeiros e cajueiros, sem que houvesse acordo. Os associados da Cooperativa tomaram a decisão de encaminhar um pedido de manutenção de posse e acamparem na área até que a Justiça determinasse a retirada do invasor.

Na manhã do dia 02 de agosto os associados da Cooperativa acamparam na área. Quando o invasor percebeu que não conseguia continuar cercando a área, como estava fazendo, começou a ofender a todos os associados e moradores do Bairro Xingu, chamando a todos de ladrões e ameaçando de morte, na presença de dezenas de pessoas, os Srs. Pedro Alves Vieira e Manoel Pantoja da Costa, ambos representantes da FASE, o Sr. Agenor Ramos Pombo, Presidente da COOMAG, o Sr. José Vagner Primavera Pinto, Secretário do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Gurupá e o Sr. Manoel Francisco Evangelista de Matos, Secretário Municipal de Agricultura.

A partir deste momento, o invasor passou a fornecer bebidas alcoólicas aos seus trabalhadores e fazer provocações às pessoas que ali estavam acampadas. A Polícia Militar foi chamada e quando chegou na área, foi desacatada pelo invasor e por sua companheira Sra. Nelcinei de Souza Fernandes, dizendo aos policiais: "QUE ELES NÃO TINHAM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA ESTAREM PRESENTES". Diante do desacato a viatura da polícia se retirou do local ficando somente um soldado, o qual foi novamente desacatado pela Defensora Publica da Comarca de Gurupá, que abusando do cargo que ocupa, incitava os trabalhadores do invasor dizendo: "PODEM TRABALHAR, É A DEFENSORA PÚBLICA QUE ESTÁ MANDANDO".

Alguns minutos depois (13 horas) chegou no local a viatura da polícia com o soldado Figueiredo gritando para o outro soldado que no local permaneceu: "VAMOS EMBORA ..." e a partir deste momento a polícia não compareceu mais no local do acampamento. A cerca de 70 metros do acampamento o invasor e seus trabalhadores permaneceram dentro de uma maloca onde funciona um bar, e visivelmente podia-se perceber as pessoas ingerindo bebidas alcoólicas. Às 17:30 horas o invasor e seus trabalhadores começaram a estender uma lona próximo ao portão que dá acesso ao terreno onde estava o acampamento e pregarem madeiras obstruindo o portão e provocando: "QUERO VER SE TEM HOMEM QUE TEM CORAGEM DE VIR TIRAR DAQUI".

Por volta das 18 horas os acampados foram desobstruir o portão e uma pessoa por nome Alfredo, e na seqüência o próprio invasor (Max), avançaram em cima do companheiro e Diretor do Departamento de Meio Ambiente de Gurupá, Manoel Serra de Castro (Duca Castro), criando assim uma confusão generalizada. Durante o tumulto ouviu-se um som que se pressupõe ter sido um disparo de arma de fogo, porém ninguém pode precisar de onde tinha partido. Após acalmar o tumulto que se formou, imediatamente o invasor e sua companheira Nelcinei foram até a Delegacia de Polícia e acusaram que Manoel Serra de Castro havia disparado contra ele um revólver de calibre 38 e que em seguida havia fugido numa lancha voadeira.

A polícia militar não foi na área para investigar se de fato houve o disparo e nem procurou pelo então acusado. Só por volta das 19:30 horas o delegado de Polícia Civil Dr. Francisco Pinto da Silva esteve no local do acampamento e propôs mediar uma reunião com o invasor para as 9 horas do dia seguinte, proposta que foi aceita sem nenhuma restrição pelos acampados.

Devido o tumulto ter atrapalhado o transporte de alimentos para o local do acampamento, os acampados tomaram a decisão de deixar o local e voltar no dia seguinte. Mesmo combinado com o delegado, na reunião do dia seguinte o invasor se comprometeu a abandonar a área e esperar a decisão da Justiça no processo de reintegração de posse pedido pela Cooperativa. Acreditamos não haver motivo para a Justiça não deferir nosso pedido, visto que a concessão obedeceu todos os trâmites legais. Com essa decisão, o acampamento foi levantado por ter sido feito para impedir que o invasor instalasse uma serraria ilegal nas terras da COOMAG.

Para nossa surpresa, no dia 05 de agosto, pela manhã, fomos informados que no dia anterior, a Juíza da Comarca, a pedido do Delegado de Polícia, decretou a prisão preventiva do companheiro Manoel Serra de Castro, acusando-o de fuga, porte ilegal de arma e ameaça a Ordem Pública, ouvindo somente a versão do invasor e seus trabalhadores que provocaram o tumulto.
Diante do exposto pedimos às autoridades que tomem as devidas providências para coibir este e tantos outros delitos provocados por este invasor e sua companheira, a Defensora Pública da Comarca de Gurupá, Sra. Nelcinei de Souza Fernandes.
Assinam a carta:
Cooperativa Mixta Agro-Extrativista de Gurupá
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Gurupá
Associações dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Gurupá
Gurupá 07 de agosto de 2002

 
 
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa
 
 
 
 
 
 

 

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