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ESPECIALISTAS VÊEM REFLORESTAMENTO COMO ATIVIDADE ECONÔMICA E MEIO PARA REDUZIR DESMATAMENTOS

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2002

"Plantar árvores pode ser uma atividade lucrativa, o problema é o fluxo do dinheiro, pois trata-se de um investimento cujo retorno não é imediato, motivo pelo qual durante muitos anos este tipo de negócio foi descartado no País". Quem diz isto é o secretário estadual do Meio Ambiente, professor José Goldemberg, em palestra, na quarta-feira (14/8), no encerramento do Simpósio Internacional Reflorestamento e Desenvolvimento, que se realizou na Escola Politécnica, da Universidade de São Paulo.

É por este motivo que, segundo Goldemberg, a Secretaria do Meio Ambiente investe em florestas de produção, como comprovam os diversos projetos em desenvolvimento por intermédio do Instituto Florestal e Fundação Florestal. O secretário ressalta, porém, que "é importante contar com a sensibilidade dos governos e investidores na recuperação da cobertura vegetal do Estado de São Paulo".

As palavras de Goldemberg se justificam, pois vários palestrantes alertaram que os investimentos existentes, atualmente, não são suficientes para garantir a produção e suprir a demanda das indústrias de papel e celulose, produção de resinas e outras finalidades. Mesmo para o simples uso de madeira bruta na instalação de cercas em fazendas, conforme se constata em algumas regiões, já é necessário comprar os produtos em outros Estados.

O simpósio foi promovido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente, por intermédio do Instituto Florestal e da Coordenadoria de Informações Técnicas Documentação e Pesquisa Ambiental - CINP, e pelo Consulado Geral do Japão em São Paulo, por intermédio da Japan International Cooperation Agency - JICA. O grande número de interessados confirmou o interesse e a relevância dos temas abordados no evento por especialistas brasileiros e japoneses, que atuam em projetos de recuperação ambiental, tanto no Brasil como em outros países, enfocando com destaque as ações desenvolvidas no Estado de São Paulo.

Fomento

Há a necessidade de plantar cerca de 4 milhões de hectares nos próximos 25 anos, segundo dados apresentados pelo pesquisador científico do Instituto de Economia Agrícola, da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, Eduardo Pires Castanho Filho. "Essa meta representa o plantio efetivo de 160 mil ha/ano, correspondentes a cinco vezes os plantios anuais realizados pelas empresas do setor florestal paulista."

Mesmo assim, Castanho mostrou que a avaliação mais recente do programa de fomento florestal no Estado apresenta vários aspectos positivos, divulgando tanto a atividade de plantio de florestas como a concepção de produção sustentada e propagando o melhor aproveitamento do uso do solo com a utilização de áreas impróprias à agricultura e pecuária. Estas ações, demonstrou Castanho, contribuíram para a diminuição da pressão sobre as florestas nativas e proporcionaram maior oferta de matéria-prima florestal.

Classificado como base de planejamento de qualquer empresa que atue no setor, o "Mapeamento e Quantificação do Reflorestamento no Estado de São Paulo", apresentado pelo pesquisador científico do Instituto Florestal, Francisco José do Nascimento Kronka, constitui um instrumento fundamental para se alcançar os níveis propostos pelo técnico da Secretaria da Agricultura.

O trabalho, em formato digital utilizando o Sistema de Informações Geográficas, reúne informações sobre reflorestamento, a partir de imagens de satélites registradas entre 1999 e 2000, e identifica o reflorestamento por gênero das espécies cultivadas. Foram usadas também informações dos proprietários das áreas de reflorestamento, destacando as espécies, tempo de plantio e condições de manejo.

O mapeamento inclui uma análise evolutiva do reflorestamento no Estado de São Paulo e é parte integrante do Programa BIOTA-FAPESP, desenvolvido em cooperação com a Sociedade Brasileira de Silvicultura e SEBRAE. Os levantamentos apresentados durante o simpósio indicam que existem cerca de 85 milhões de árvores plantadas no Estado e que, desse total, 80% são compostos por pinus e o restante é formado por diferentes espécies.

Projetos

Entre os trabalhos apresentados no simpósio, o projeto desenvolvido pelo Instituto Florestal na Estação Ecológica de Mogi-Guaçu mereceu grande destaque e interesse, sendo considerado um exemplo viável de integração de floresta plantada com a preservação e recuperação de espécies nativas. Nesse caso, como mostrou o pesquisador científico José Luiz Timoni, que já dirigiu o Instituto Florestal e atuou como diretor-adjunto na Fundação Florestal, a formação da floresta teve início há 25 anos e só agora começa a produzir.

A Estação Ecológica de Mogi-Guaçu localiza-se na Fazenda Campininha, pertencendo ao Estado desde 1910, quando foi desapropriada para fins de reforma agrária. Só no final da década de 40, no entanto, decidiu-se pela sua destinação a projetos de reflorestamento nos seus 4.510,16 hectares, que se apresentavam bastante degradados. Atualmente a área está dividida em três unidades: a Reserva Biológica, com 479,04 ha de cerrado; a Estação Ecológica, com 980,72 ha formados basicamente pela mata ciliar que margeia o Rio Mogi-Guaçu, com vários tipos de vegetação em regeneração; e a Estação Experimental, que ocupa 3050,41 ha, cultivados com pinus e eucaliptos, além de matas ciliares altamente alteradas acompanhando alguns corpos d'água tributários do Rio Mogi-Guaçu. Esta unidade é utilizada também para inúmeras pesquisas de fauna e flora, além de compor um importante corredor ecológico.

O Projeto Jacarandá foi outro exemplo de atuação que vem obtendo resultados positivos, conforme demonstrou o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, João Ferraz. Realizado por meio de um programa de cooperação técnica entre a JICA e a Agência Brasileira de Cooperação - ABC, com a participação do Ministério da Ciência e Tecnologia, o Projeto Jacarandá se propõe a gerar conhecimentos científicos necessários para promover atividades de reflorestamento em áreas degradadas nos trópicos úmidos, como é o caso da Amazônia.

A proposta do projeto é de recuperar as áreas degradadas na Amazônia Central, tranformando-as em áreas para o plantio de florestas, além de recuperar ecossistemas degradados e reduzir a pressão de desmatamento sobre as florestas primárias.

Reflorestamento na Ásia

Entre os projetos internacionais apresentados, merecem ressalva os casos de reflorestamento desenvolvidos na Ásia, iniciados em meados da década de 60. Segundo o representante da OISCA - Organization for Industrial, Spiritual and Cultural Advancement, Tadashi Watanabe, "a experiência adquirida com a capacitação de recursos humanos nos ensinaram que a preservação do meio ambiente é vital para sustentar um desenvolvimento equilibrado no futuro. Também aprendemos que o reflorestamento é uma atividade do qual todos, sem distinção, podem participar".

Tadashi apresentou exemplos do trabalho realizado pela OISCA. Um deles é o projeto iniciado na Tailândia, em 1980, com o reflorestamento da província de Surin, que é limítrofe com Laos e Cambojia, região duramente castigada por guerras em passado recente. As fotos exibidas mostram uma área totalmente devastada em 1980 e sua transformação em floresta, que abriga diferentes espécies vegetais, aves e insetos, em imagem registrada em 1999.

Outro exemplo é o projeto em uma área de mangue na Ilha de Palawam, nas Filipinas, iniciado em 1989, com financiamento do governo japonês, do Banco de Desenvolvimento da Ásia e a participação da comunidade. Em contrapartida, o governo das Filipinas concedeu às famílias que participaram o reflorestamento um certificado que permite a utilização da área durante 50 anos, transferíveis para seus herdeiros.

Mudanças climáticas

O simpósio não deixou de lado o tema que vem preocupando pesquisadores, ambientalistas e autoridades em todo mundo: as mudanças climáticas, que foram abordadas pela secretária-adjunta de Políticas e Programas de Ciência e Tecnologia do Ministério de Ciência e Tecnologia, Thelma Krug. Ao falar da Situação do Desflorestamento da Amazônia e da Mata Atlântica, a técnica, que é uma das representantes brasileiras nas Conferências das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática, abordou alguns aspectos científicos sobre o tema, principalmente os relacionados ao uso e mudanças do uso da terra e florestas.

Thelma apresentou dados relacionados ao desflorestamento da Amazônia, a partir de uma série histórica de 13 anos, e informações sobre a situação recente dos remanescentes da Mata Atlântica. A pesquisadora abordou também as oportunidades do setor florestal dentro do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.

 
 
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Eli Serenza)
 
 
 
 
 
 

 

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